Ser mentor de qualquer tributo para os Jogos é difícil para todo vitorioso, mas dessa vez as coisas eram pessoais para Dahlia. Antes de chegar ao Capitólio, ela transmitiu todo o conhecimento que tinha em seu arsenal e treinou Lavender como se ela fosse se apresentar em um concurso de beleza. Quando as portas do trem se abriram, a Blossom mais jovem exibiu um sorriso deslumbrante e acenou para a multidão como uma profissional. Então, antes que ela percebesse, sua irmãzinha foi levada para ser paparicada e enfeitada, deixando Dahlia com seus próprios pensamentos conflitantes.

─ O que está acontecendo com essa sua linda cabeça? ─ pergunta Finnick, com ar de brincadeira, caminhando até a garota enquanto ela espera o elevador.

─ Este não é o seu andar, Finn.─ afirma Dahlia, ignorando a pergunta e evitando o olhar do amigo para ficar olhando para frente.─ O que você está fazendo aqui em cima?.

─ Procurando por você .─Ele responde, mais sério desta vez, depois de perceber a tristeza no tom dela.─ Queria dizer que sinto muito pela situação difícil em que você se encontra.

─ Que situação difícil? ─Dahlia pergunta sem emoção, recusando-se a tirar os olhos do metal brilhante do elevador, não importando o quanto Finnick a encarasse.

Com as sobrancelhas franzidas em confusão pelo comportamento estranhamente frio da garota, Finnick esclarece:

─ Lavender vai enfrentar Annie nos Jogos. Sei que deve ser difícil...

─ Não é nada difícil.─Dahlia interrompe frigidamente, com os olhos estreitados e firmes em determinação.─ Farei o que puder para garantir que meus tributos estejam preparados para os Jogos. Você deve fazer o mesmo com os seus. Minha irmã é minha prioridade.

─ E quanto à Annie? ─Finnick pergunta incrédulo, magoado com a compostura distante e formal de Dahlia.

─ E quanto a ela? ─Dahlia retalia, virando-se brevemente para olhar na direção de Finnick antes de o elevador tocar. Ela entra rigidamente, deixando Finnick para trás com a boca aberta.

No momento em que as portas do elevador começam a se fechar, o garoto sai de seu estado de choque e a pega antes que possa ser excluído. Entrando rapidamente, ele olha para Dahlia com um olhar apaixonado.

─ Você prometeu a Cove que cuidaria da irmã dela. Agora vai simplesmente virar as costas para ela quando ela mais precisa de você?.

─ O que você quer que eu faça, Finnick? ─Dahlia cospe com dureza, permitindo que seu exterior endurecido se quebre levemente. É apenas o suficiente para Finnick ver que ela está lutando internamente com essa decisão.─ O que exatamente você espera de mim aqui?.

─ Espero que você continue lutando.─Ele argumenta de volta, com a mandíbula cerrada em frustração com a facilidade com que ela está cedendo.─ A Dahlia que eu conheço não recuaria diante disso. Ela estaria lutando com tudo o que tem para garantir que ambas as meninas tenham a mesma oportunidade de voltar para casa.

─ Bem, talvez eu esteja cansada de lutar. ─Dahlia retruca enquanto se aproxima de Finnick para que ele possa ver a exaustão evidente em seus olhos.─ O que a luta me trouxe? Morte e dor para as pessoas que eu amo. Então, desculpe-me por tentar proteger o que restou da minha família!

Finnick zomba para si mesmo, balançando a cabeça:

─ Então a promessa de Cove não significou nada para você? Eu estive cuidando da Annie todos esses anos para nada? ─Dahlia permanece em silêncio, afastando-se do garoto e olhando para qualquer lugar, menos para seus belos olhos.─ Annie não tem mais nenhuma família para protegê-la! Ela precisa da proteção que você prometeu a ela.

─ A melhor proteção que posso oferecer a ela é não se associar a mim.─Dahlia protesta enquanto tenta manter a distância entre ela e Finnick. Lágrimas de frustração traem sua personalidade distante enquanto Finnick tenta se aproximar dela como se ela fosse um animal ferido.─ Eu destruo tudo o que toco. Ela, e você, estarão muito melhor longe de mim. Já fiz o suficiente.

─ Não vou deixar que você me afaste, Lia.─Finnick declara apaixonadamente, diminuindo a distância entre eles para segurar gentilmente os ombros dela.─ Estamos nisso juntos.─Encostando sua testa na dela, Dahlia não tem escolha a não ser olhar nos olhos dele.─ Somos uma equipe. Então, ou você me diz do que se trata realmente, ou eu mesma descobrirei... De qualquer forma, você não vai escapar de mim tão facilmente.

Com o coração agitado pelo que Dahlia supõe ser apenas nervosismo, ela respira fundo antes de fazer sua confissão:

─ É minha culpa que elas estejam aqui. O fato de Lavender e Annie terem sido enviadas para os Jogos é o meu castigo.

─ Punição pelo quê? ─Finnick pergunta enquanto suas mãos deslizam para cobrir as bochechas dela. Quando Dahlia tenta desviar o olhar, ele suavemente força seu rosto para cima.─ Vamos lá, florzinha. Não seja tímida comigo agora.─As lágrimas que caem dos olhos de Dahlia são gentilmente afastadas pelo polegar de Finnick, que se concentra apenas nela.─ Por que Snow está fazendo isso?

─ Eu...─Ela não quer admitir isso para Finnick. E se ele a odiar por isso? E se ele finalmente perceber como ela está ficando louca? As dúvidas se agitam e saem do controle em sua mente.─ Eu matei Yarrow Whitewood.

A morte de Yarrow foi manchete no Capitólio, mas nenhum detalhe foi mencionado sobre o sorriso característico da Dahlia Negra esculpido em seu rosto. Isso teria deixado óbvio quem era o culpado. Tudo foi mantido em segredo, o que significa que ninguém sabia quem era o assassino. Apenas que ele havia sido levado rapidamente à justiça para responder por seu crime. Dahlia sabia que não existia justiça em Panem. Apenas desgosto e morte.

Seus olhos se fecham na expectativa da reação de Finnick, mas, em vez disso, ele diz:

─ Bem, você fez um favor ao mundo ─Ela quase ofega em choque, sem esperar essa resposta, e seus olhos se abrem para ver o sorriso orgulhoso no rosto dele.─ O que ele fez?.

─ Talvez o Garoto de Ouro seja mais divertido ─a voz dele assombra sua mente e seus olhos se estreitam automaticamente com a lembrança.

─ Ele ameaçou alguém que eu amo. ─ Dahlia responde vagamente, sem estar pronta para revelar que o matou por Finnick.─ E ele destruiu o bracelete que você fez para mim.

─ Você matou um homem por causa de uma pulseira? ─Finnick dá uma risadinha enquanto Dahlia acena com a cabeça timidamente, só agora percebendo como isso parece bobo.─ Que garota você é, florzinha.─O olhar de adoração que ele lhe dirige faz com que arrepios percorram sua espinha e um sorriso genuíno apareça em seus lábios.─ Não se preocupe. Eu posso fazer outro para você.

─ Obrigada, Finn.─ Dahlia diz com sinceridade, com os dedos pequenos envolvendo os pulsos do menino e serpenteando até cobrir suas mãos.

─ Qualquer coisa por você, Lia.─E Finnick estava falando sério em cada palavra. Não há nada que ele não faria por ela, e isso não o assusta tanto quanto deveria.

Os dois só se separam de seu conforto conectado quando finalmente chegam ao andar térreo. As carruagens e os cavalos estão sendo preparados para o Desfile de Homenagens, enquanto os mentores esperam que suas homenagens apareçam. Finnick coloca a palma da mão na parte inferior das costas de Dahlia e a leva até Alaric e Mags.

─ Então ─Alaric anuncia em voz alta, batendo palmas como se estivesse conduzindo uma reunião de negócios.─ O que vocês decidiram?.

Trocando olhares maliciosos, Dahlia e Finnick acenam um para o outro antes de encarar os mentores mais velhos.

─ Achamos que é hora de fazer outra aliança entre as tributos femininos dos Distritos Quatro e Cinco.

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Depois que o Capitólio recebeu a notícia de que a irmã da Dahlia Negra estava se aliando à irmã de Cove Cresta, os Jogos se tornaram ainda mais aguardados. Todos estavam esperando grandes coisas. Afinal de contas, a Dahlia Negra era responsável pela morte de todas as carreiras em seus jogos. Lavender e Annie sentiram a pressão pesando sobre seus ombros, especialmente quando os olhares dos outros tributos começaram a ser direcionados a elas. Mas Finnick e Dahlia fizeram tudo o que podiam para protegê-las e prepará-las.

A dupla não era tão forte quanto as duas garotas dos 66º Jogos, mas os mentores não tinham exatamente o luxo do tempo a seu favor. Annie tinha um coração bondoso e uma natureza gentil, características que não tinham muita utilidade na arena. Lavender, por outro lado, parecia mais ameaçadora e feroz, como sua irmã havia sido. No entanto, ela era jovem e inexperiente, protegida da verdadeira dureza dos Jogos e não tinha a força de vontade que tornava Dahlia tão formidável.

As dahlias vermelhas. Era assim que eles chamavam a aliança. Pela vibração do cabelo de Annie combinada com a escuridão do sangue da Dahlia Negra. No entanto, isso pintou um grande alvo vermelho nas costas das meninas. Elas eram as favoritas para vencer, mas também as favoritas para perder. Como duas crianças poderiam sobreviver quando todos estavam torcendo para que elas morressem?.

─ Você está linda, Lav. ─Dahlia tranquiliza sua irmã, alisando o material vermelho de seu vestido enquanto elas esperam nos bastidores para a entrevista com Caesar.─ Lembre-se apenas do que conversamos. Respostas vagas, sorrisos educados. Dê a eles apenas o suficiente, mas deixe-os querendo mais.

─ Está bem. ─Lavender acena com determinação, respirando profundamente em uma tentativa de acalmar os nervos.

─ Estarei esperando por você do outro lado. ─Dahlia murmura suavemente, enviando à garota um último sorriso antes de Lavender ser levada para o palco. Fiel à sua palavra, Dahlia esperou nos bastidores para que sua irmã tivesse alguém lá para cumprimentá-la. Mas ela não esperava encontrar outra garota lá esperando por Lavender.─ Annie?.

A ruiva se virou rapidamente para encarar a mulher com o rosto corado, preocupada por ter sido pega.

─ Desculpe-me. Eu só queria esperar por Lavender.

─ Está tudo bem. ─Dahlia ri levemente para tentar acalmar os nervos da garota.─ Você não está em apuros. Estou aqui para a mesma coisa.

Um suspiro de alívio escapa dos lábios da ruiva junto com um sorriso caloroso.

─ É um prazer conhecê-la oficialmente. Finnick me contou tanta coisa que sinto como se já o conhecesse.

─ O que quer que aquele garoto tenha lhe contado, eu juro que não é tão ruim quanto parece. ─Dahlia sai correndo, com os olhos arregalados de alarme com o que Finnick pode ter dito.

Annie apenas ri do pânico da vitoriosa e responde:

─ Ele nunca diz nada de ruim sobre você. Você é perfeita aos olhos dele.

─ Posso lhe garantir que estou longe de ser perfeita. ─Dahlia murmura, optando por ignorar as bochechas ardentes e os batimentos cardíacos acelerados.

─ Não para ele. ─Annie confessa suavemente com um brilho de conhecimento em seus olhos.

Até mesmo uma pessoa cega poderia ver a ligação entre os dois vitoriosos e havia rumores há anos de um relacionamento entre eles. Mas em tempos tão perigosos e incertos, é difícil abrir o coração e deixar que alguém se aproxime demais. E com Snow controlando todos os seus movimentos, eles são apenas peões em um jogo muito maior.

Dahlia só é tirada de seu momento de reflexão pela aparição de Lavender nos bastidores.

─ Annie! ─Ela exclama em choque, sem esperar ver sua aliada esperando por ela.

─ Oi, Lav. ─Annie cumprimenta a garota alegremente, abraçando-a com um abraço de boas-vindas.─ Ótimo desempenho lá fora.

─ Você também! ─Lavender retribui quando elas se afastam do abraço.─ Mas eu preciso tirar esses saltos altos. Eles estão matando meus pés.

─ O mesmo. ─Annie gemeu, rindo livremente com Lavender enquanto elas chutavam os saltos para longe. Com um suspiro coletivo de alívio, as duas meninas passam pela Dahlia sem se preocupar com nada, com os saltos pendurados precariamente em seus dedos.─ Não gosto mais de saltos do que quando posso tirá-los.

Dahlia as observa com a sensação inconfundível de que já viu isso acontecer antes. Mais do que ver, ela viveu isso. É como se ela e Cove tivessem renascido em suas irmãs. Ou como se ela tivesse sido transportada de volta para seus próprios jogos e fosse forçada a reviver o trauma mais uma vez. Ela sabe como isso vai terminar, com lágrimas e desgosto, mas não tem poder para controlar.

Que maldição é ver o futuro e saber que não há nada que ela possa fazer para impedir que ele se torne realidade.