୧ 𝐓𝐡𝐢𝐫𝐭𝐞𝐞𝐧 !
𝟢𝟭𝟯 ── ♪ 𝓒 𝖺𝗉𝗂𝗍𝗎𝗅𝗈 𝓣𝗋𝖾𝗓𝖾 !
Jenna encarou a janela do consultório que visitava havia pouco mais de uma semana e acompanhou uma única gota de chuva que escorreu pela janela.
─ Ainda se sente desconfortável de falar sobre ela?
Sua terapeuta, a senhora Kim, perguntou com a mesma voz calma e melosa que fazia os nervos de Jenna se exaltarem. A americana finalmente se virou para ela, negando e se sentando no divã preto.
─ Quem é ela, Jenna? Sei que a senhorita veio até aqui por conta disso, mas se ficarmos nesse impasse, não poderei te ajudar e sabe disso.
Jenna se manteve em silêncio. Ela ainda podia ouvir a voz de Joy dizendo que era loucura, mas Jenna não queria voltar atrás. Sabia que a terapia era o caminho certo e foi difícil tomar essa decisão. Afinal, teve que admitir que estava errada, mas ela precisava colocar sua mente em ordem e esquecer aquela loucura.
─ A senhora acredita que amar também é deixar ir?
A senhora Kim arqueou as sobrancelhas. Para a velha mulher, Jenna Ortega era uma incógnita difícil de ser decifrada. Por trás daqueles olhos pretos , havia uma grade de prisões que mantinham a tailandesa presa nas correntes do que tinha medo. E Jenna não parecia disposta a deixá-la achar a chave para ser liberta. Batucou a caneta na prancheta e suspirou.
─ Sim, acredito. — Uma pausa. Jenna assentiu. — Foi Joy quem lhe disse isso?
─ Joy me daria um tapa se me ouvisse agora.
Senhora Kim sabia que senhorita Joy Sunday era a melhor amiga da incógnita a sua frente, a única pessoa sobre quem ela falou e que lhe dizia o que os pais de seus pacientes adolescentes geralmente concordavam: era uma perda de tempo.
─ Joy não pode lhe ouvir agora, Jenna. O que quer me dizer?
─ Nada.
A velha senhora suspirou. Ela sabia que teria que ter muita paciência e fazer seu caminho para dentro da mente de Jenna, mas a mulher parecia conhecer cada um de seus truques.
─ O que você faz, Jenna?
Jenna a encarou sem expressão, como se ela fosse a psicóloga e estivesse lhe analisando. A senhora Kim se mexeu desconfortável.
─ Sou professora do ensino médio.
─ E gosta dos seus alunos?
Um sorriso irônico surgiu nos lábios da mulher e ela encostou no divã, dando de ombros.
─ Não sei se vai gostar da resposta pouco educada que darei.
─ Certo. — Ela falou receosa. — Mas todo professor tem seu aluno favorito. A senhora com certeza não é excessão.
─ Não acho que será necessário falar desse assunto.
─ O que Joy-
─ Joy não tem nada a ver com isso.
Algo na postura de Jenna fez com que a senhora Kim ficasse desconfiada.
─ O que pode me dizer sobre sua rotina no trabalho, Jenna?
─ É normal. — Ela deu de ombros. ─ Adolecentes idiotas, colegas de trabalho burros, alunas tentando conseguir outros meios de passar, suborno dos pais para que seus filhos não sejam reprovados para não mancharem a reputação da família.
─ Considera isso normal? — Perguntou um tanto estupefata.
─ É a América, a senhora não via disso quando estava na escola?
Senhora Kim limpou a garganta. Era difícil tratar de alguém que a fazia se sentir intimidada e interrogada. Jenna sabia usar seu poder de intimidação para fugir do que não lhe agradava.
─ Continue falando do seu trabalho, Jenna.
─ Por que quer falar tanto do meu trabalho?
─Porque foi a única coisa que se abriu comigo.
─ Não me abri. É algo que a senhora facilmente faz dando uma olhada nas minhas redes sociais.
─ Não tem informações nas suas-
A senhora imediatamente se calou, mordendo os lábios. Jenna arqueou as sobrancelhas, um certo olhar de malícia em seus olhos.
─ Viu? — Sorriu com escárnio enquanto a terapeuta ruborizava. ─ A senhora já sabia.
─ Como eu disse, você não se abre.
─ Achei que cada pessoa tivesse seu tempo e era o dever da sua profissão esperar.
─ Então deixemos de ser hipócritas. Quem é a menina que você segue?
A expressão divertida sumiu do rosto de Jenna imediatamente. Ela encarou a velha senhora com cuidado e lentamente começou a estalar seus dedos.
─ Por que quer saber da S/n?
─ Bem, ela é a única pessoa que a senhorita segue. Nem mesmo sua melhor amiga-— Repito o que lhe disse alguns segundos atrás sobre tempo.
─ Repito o que lhe disse no início da sessão sobre te ajudar.
─ Talvez ter vindo aqui tenha sido perca de tempo.
Enquanto a mulher se levantava e pegava sua bolsa, a mente de anos da senhora Kim começou a funcionar e as peças se encaixaram como um quebra cabeças digital. Assim que Jenna se virou para colocar o dinheiro da consulta em sua mesa, a mão enrugada da terapeuta segurou com delicadeza o pulso dela. Erguendo as sobrancelhas, Jenna a encarou seriamente.
─ Jenna, S/n é a menina que está apaixonada, não é?
Silêncio. A Ortega apenas a encarou, dando-lhe uma certeza muda.
─ É ela, não é? A senhorita não quer falar sobre isso porque está apaixonada por uma aluna.
Jenna soltou sua mão com brutalidade e desviou o olhar.
─ Por isso Joy acha que é loucura o que está fazendo? Ela ainda não tem 18 anos? Pelo que eu vi no perfil, está próxima.
A americana se virou, possivelmente envergonhada. Suspirando, a velha senhora se levantou e caminhou até ela, pondo a mão em seu ombro.
─ Olhe, sigilo confidencial existe e não sou juíza, eu estou aqui para lhe ajudar e julgamentos não estão inclusos. — Ela apertou seu ombro e se preparou para virá-la. ─ Por favor, se abra comigo.
Para sua surpresa, quando a virou, viu aquela grande e poderosa e imponente mulher em um estado que não esperaria ver nem em mais de 10 sessões de terapia. A Ortega estava longe de estar como estava há cerca de 2 minutos atrás.
Para sua surpresa, Jenna Ortega estava chorando.
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[ Capítulo pequeno? Eu sei, vou trazer outro dps. Não sei em que horário, mas vou atualizar!
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