XXXI - É O FIM
❝𝗣𝗼𝗿𝗾𝘂𝗲 𝗲𝘂 𝘀𝗼𝘂 𝗱𝗶𝗳𝗶́𝗰𝗶𝗹 𝗱𝗲 𝗮𝗺𝗮𝗿, 𝗮𝗰𝗵𝗼 𝗱𝗶𝗳𝗶́𝗰𝗶𝗹 𝗰𝗼𝗻𝗳𝗶𝗮𝗿
𝗤𝘂𝗮𝗻𝗱𝗼 𝗲́ 𝗯𝗼𝗺 𝗱𝗲𝗺𝗮𝗶𝘀, 𝗲𝘂 𝘀𝗶𝗺𝗽𝗹𝗲𝘀𝗺𝗲𝗻𝘁𝗲 𝗳𝗼𝗱𝗼 𝘁𝘂𝗱𝗼
𝗩𝗼𝗰𝗲̂ 𝗾𝘂𝗲𝗿 𝘁𝘂𝗱𝗼 𝗱𝗲 𝗺𝗶𝗺, 𝗲𝘂 𝗻𝗮̃𝗼 𝗽𝗼𝘀𝘀𝗼 𝗱𝗮𝗿 𝘁𝗮𝗻𝘁𝗼
𝗘𝗻𝘁𝗮̃𝗼, 𝗻𝗮̃𝗼 𝘀𝗲 𝗮𝗽𝗮𝗶𝘅𝗼𝗻𝗲 𝗺𝘂𝗶𝘁𝗼 𝗽𝗼𝗿𝗾𝘂𝗲 𝗲𝘂 𝘀𝗼𝘂 𝗱𝗶𝗳𝗶́𝗰𝗶𝗹 𝗱𝗲 𝗮𝗺𝗮𝗿.❞
- Hard to Love - Blackpink (Rosé)
CRESCER. QUANDO SE É CRIANÇA, há um enorme desejo de tornar-se adulto, uma pressa infundada para envelhecer, mas o que nos fazia acreditar que é tão bom assim?
Quando pequena, eu pensava que tornar-me independente iria ser a maior maravilha do mundo. Em momentos de raiva, eu jurava que, quando fosse responsável por mim mesma, iria embora. Hoje que estou longe, quando fico mal, só quero voltar para o passado e receber conforto no colo da minha mãe.
Envelhecer é deprimente. Em um dia você está brincando com os seus bezerros, no outro chorando com o coração partido. A vida adulta é cheia de perrengues e, se eu soubesse disso antes, teria aproveitado melhor a minha infância e não pulado fases. Não há para que tentar acelerar o tempo, pois cada dia que se passa, é um a menos que te resta.
Eu me sinto assim agora, com os dias restantes da minha vida sendo sugados do meu corpo. Dizem que toda boa história tem um pouco de drama, mas o universo está pecando comigo no excesso. Eu devo ter feito algo muito ruim no passado, porque o que eu passo só pode ser castigo ou dívida de jogo, não vejo outra explicação.
- Meus parabéns. - agora é o senhor Renault, advogado de René, quem está parabenizando Jisung pelo seu noivado.
Noivos. Han Jisung e Minatozaki Sana vão se casar.
Isto é notícia real ou sensacionalismo? De que reportagem Dupain estava falando? Jisung sabia deste noivado repentino? Quando ele pretendia me contar? Eu tenho muitas perguntas.
Olho para ele, o moreno só acena e sorri aos cavalheiros, Han nem mesmo está negando. Como eu devo interpretar isso?
Desvio o olhar do seu rosto, não consigo olhar para ele agora, com tanta raiva no meu peito. Permaneço na minha, indiferente a tudo o que está acontecendo, tento não surtar e perder o profissionalismo agora.
Para a minha sorte, não demoramos mais que isto, logo partimos de volta para o hotel. Sigo o trajeto inteiro no mais perfeito silêncio, não quero abrir a boca e falar algo de que eu vá me arrepender no futuro. Preciso organizar às ideias e tentar ser lógica, pensar antes de agir.
- Está tudo bem? - Hyunjin pergunta, sentado entre nós dois, ainda no carro. - Tem alguma coisa rolando aqui e eu estou ficando de fora? - ele questiona informalmente, por estarmos os três sozinhos com o motorista.
- Eu só estou com sono. - minto.
- Também me sinto exausto. - diz Pinóquio.
Viro o rosto para a janela, desejo sumir. Os pingos de chuva colidindo no vidro me despertam a atenção, meus olhos esquentam, os dutos lacrimais se enchem e eu sinto esta imensa vontade de chorar. Estou engolindo o choro, tentando segurar esta pose falsa de uma mulher séria e emocionalmente bem resolvida, mas quando se trata de assuntos do coração, eu sempre saio como uma criança chorona.
Meu coração bobo quer tanto pensar que isso é apenas uma brincadeira sem graça e super planejada, mas está sendo difícil manter tal pensamento. Necessito de uma explicação, eu preciso entender. Por que essas coisas só acontecem comigo?
Eu sou dramática, sim. Mas, por que eu não posso ter um amor simples e sem complicações? Por que eu sou incapaz de viver um amor tranquilo? Parece que o drama e eu somos como ímãs que se atraem sem controle. Uma vez na vida, eu só queria sossego.
Ao chegar ao hotel, me despeço de Hyunjin e vou para o meu quarto sem falar com o outro. Ele me segue, eu procuro ignorar, amanhã é outro dia.
Sem dizer uma palavra, deixo minha bolsa na cama, sento-me ao lado e procuro tirar os saltos. A sombra fica parada na minha frente, sem dizer nada e aparentemente com medo. Quando eu retiro um dos saltos, vejo que ele se encolhe com medo que eu o arremesse em sua direção. Eu deveria.
- Amorzinho... - ele tenta me engabelar com essa manha. Não vai funcionar. - Você pode falar de uma vez o que está sentindo? Está me assustando.
- Han Jisung. - o chamo pelo nome completo. - Eu acabo de descobrir por um cara de outro país que o meu namorado, vulgo você, está noivo... e de outra mulher! Como que você acha que eu me sinto, hein?
Ele suspira. As palavras parecem faltar por um momento, o sinto receoso em dizer algo.
- Me desculpe por estar te fazendo passar por isso. - ele pede perdão.
Jisung arrasta a bolsa para trás e se senta ao meu lado, eu dou um pulinho para o lado, voltando a manter distância.
- Você sabia disso? - eu pergunto, olhando para baixo e de braços cruzados. - Você sabia sobre o casamento?
Jisung respira fundo, arrasta-se para o lado vagarosamente, o colchão afundando um pouco à medida em que nós nos aproximamos. Ele toca a minha mão sobre o lençol, descansa a sua sobre ela, mas eu a retiro dali.
- Não, é claro que eu não sabia. - ele nega, todavia não parece surpreso. - Eu imaginei que algo assim pudesse acontecer um dia, mas preferi fingir que não.
- Então se casar com uma herdeira multimilionária japonesa e me esquecer já estava nos seus planos? - acabo deixando escapar uma pitada de raiva. - Você poderia pelo menos ter me contado antes, facilitaria muito as coisas agora.
- Jiwoo, você acha que eu gosto disso? - ele questiona. Seu tom de voz é sério, já o seu rosto não sei dizer, pois não o encaro. - Ei, olha para mim. - ele pede.
Eu luto contra a vontade de chorar, me mantenho sob controle e viro o rosto, até parar de frente ao seu. Neste instante, todos os nossos movimentos dentro do quarto parecem ter sido colocados em slow motion, desde o momento em que ele repousa ao meu lado à maneira como eu me esquivo dos seus toques quando ele tenta fazer carinho na minha bochecha.
- O que você pretende fazer a respeito? - evito rodeios, pergunto antes de mais nada, agora sim numa conversa olho no olho.
- Eu vou... - ele tenta formar uma frase, mas é interrompido pelo barulho do próprio celular.
O aparelho ressoa alto aos toques de alguém, Han o retira do bolso. Na tela, um nome brilha quando acesa, Han Yesung, seu pai. Jisung fica observando a tela até a chamada cair, mas quando volta a acender-se com outra ligação, não se vê em outra escolha que não seja a de atender.
- Eu vou atender esta ligação, me espera aqui. - ele pede, saindo para a varanda e fechando a porta de correr de vidro.
O consigo ver daqui, com o celular no ouvido e uma das mãos massageando as têmporas. Ele diz algo que não consigo ler nos seus lábios, mas que muito rapidamente se cala. Han fica andando de um lado para o outro, então para e se encosta com as costas na grade, virado de frente para o quarto, quando isso ocorre e seus olhos me enxergam o observando, mudo o foco.
Lembro do meu celular que deixei carregando desde que saímos, finalmente encontro sua bateria em cem porcento. Desbloqueio o aparelho e então visualizo às mensagens de Soojin, não houve tempo antes.
"Casamento real: O duque da moda coreana, Han Jisung, e a princesa nipônica, Minatozaki Sana, confirmam noivado", é o que diz na manchete da reportagem que ela me enviou. No artigo fala que os dois ficaram noivos na noite antes de virmos para Paris, durante uma cerimônia super íntima, o que é mentira, porque ele dormiu na minha casa.
Seo tentou me alertar sobre o casamento, eu devia ter visto antes. Mas faria muita diferença? A merda já foi feita e está circulando na internet, o momento em que eu souber não muda no fato de que é real. Nossa, isso me assusta tanto. Não sei o que vai acontecer conosco agora. Talvez o mais ético, acabar.
Eu sou completamente apaixonada por ele, mas é drama de mais. Tudo ao nosso redor parece contribuir para que estejamos separados, eu deveria simplesmente aceitar isso de uma vez. Ele vai casar, não comigo, então eu devo me afastar e esquecê-lo, porque é o correto a se fazer por ele, por ela e por mim.
Han Jisung volta para o quarto, sei disso porquê o barulho da porta da varanda me traz de volta ao mundo físico. Ele retorna para perto de mim, mas fica em pé. Pela sua cara, sei que não é coisa boa.
- Deixe-me adivinhar, o seu papai mandou você casar com ela de uma vez e me esquecer? - eu suponho. Ele nem responde, não precisa, sua cara entrega que é verdade.
Eu estou farta disto, me cansa um velho babaca daquele, que não tem nenhuma relação comigo, conseguir controlar tanto a minha vida também. O que ele faz com Jisung me afeta diretamente, então, querendo ou não, ele continua tendo controle sobre mim, mas não mais.
- Já chega, eu estou farta disto. - digo, me colocando de pé também. - Eu tentei ser paciente, tentei usar uma abordagem não-violenta com as minhas palavras, mas minha paciência tem limite.
Espero que ele diga algo, ou que, ao menos saia do meu quarto e da minha vida de uma vez por todas, mas ele permanece feito estátua.
- Na boa, Jisung, qual é a sua? - eu o questiono, quando tudo o que recebo é o toque violento do silêncio. - Hoje de tarde você me chamou para morar com você, agora de noite descubro seu noivado e que você não pretende fazer nada a respeito. Cara, você me deixa muito confusa. Sério, me responde, eu tenho cara de palhaça por acaso?
Silêncio. Ele não fala, e, como diz o ditado popular "quem cala consente".
Só pode ser brincadeira. Mas nem que seja uma ele sairá bem dessa.
- Eu não espero que você entenda, mas eu estou fazendo o melhor para nós dois. - ele está tentando convencer a si mesmo dessa baboseira.
- E como isso pode ser melhor? - interrogo incrédula. Não me cabe uma explicação adequada que me faria acreditar que é mesmo o melhor a se fazer. - Como estar longe um do outro pode ser melhor?
- Eu sinto muito, amor. Não tem nada que eu possa fazer a respeito.
- Ya! - eu empurro o seu ombro. - Você está de sacanagem? - o empurro novamente, ele nem me olha. - Como você tem coragem de me chamar de amor e dizer uma coisa dessa depois? Eu estou te dando a chance de se explicar, fala de uma vez.
Ele me irrita, me deixa com mais raiva cada vez que falo com ele e sua boca se cala. Eu o dei a oportunidade de me explicar o que está acontecendo, de dividir o problema comigo para resolvermos juntos, mas ele jogou fora.
Ágora é oficial, acabou. E não venham me dizer que eu não tentei.
- Eu lembro de que você reclamava sobre o Minho e como ele era um babaca por ter se casado pelo dinheiro, mas você é igualzinho a ele. - digo, tomada pela raiva. - Eu só espero que você e a sua noiva sejam diferentes em uma única coisa e não me convidem para o seu casamento estúpido. Não espere que eu apareça na igreja e te salve, gritando que tenho algo contra essa união no "diga agora, ou cale-se para sempre", se você não tem coragem para dizer você mesmo o que quer.
Começo a me descontrolar, minha voz sobe um pouco e até já fica mais aguda. Não quero nem ver a veia na minha testa, ela deve estar para explodir. Tudo o que eu não quero é surtar, fazer alguma besteira e perder a razão, mas está impossível de me controlar.
- Por favor, você sabe que eu não quero fazer isso. - ele diz num tom sofrido que me faz querer arrebentar a sua cara.
- E de que importa o que você quer, quando no fim sempre são as vontades dele que você acaba fazendo? - questiono seriamente. - Eu não 'tô nem aí se amanhã eu vou me arrepender da metade das coisas que direi agora, eu não vou medir as minhas palavras, porque você nem mesmo me dá as suas. Eu mereço alguém que queira estar comigo, Jisung. Se você vai continuar vivendo como uma marionete do seu pai, então ótimo, bom para você, mas para mim, isso não é vida.
- Eu lamento, você não imagina o quanto, mas não há nada que eu possa fazer.
- Esta é uma tremenda de uma mentira. Você sempre tem a opção de dizer não, mas não faz porquê é mais cômodo fazer o que ele quer de você. Você é um homem adulto, independente, mas faz tudo por essa sua necessidade de aprovação. - falo tudo o que penso e não penso antes de falar. - Nós poderíamos dar um jeito nisso, mas você está muito ocupado sendo um covarde para perceber que não precisa dele para nada e que o único que te impede de tomar as suas próprias decisões aqui é você mesmo.
Sei que estou sendo muito dura, mas as palavras continuam saindo da minha boca sem controle. Digo tudo o que me vem na mente, pela primeira vez nessa conversa, sem me importar com as consequências.
- Vá embora, Han. - eu peço. - Saia do meu quarto, da minha vida... isso já deu para mim. Por favor, vá embora e não deixe as coisas ainda mais difíceis.
- Jiwoo... - ele diz o meu nome. Espero uma resposta sua, mas nada mais que isso vem.
- Se você quiser ficar, eu deixo, desde que você me diga que não vai mesmo se casar com ela. - o dou a última oportunidade, continuo insistindo nessa relação, mesmo sabendo que é o seu fim.
Ele me observa com esses seus olhos penosos, eu tento não me abalar por isso.
Há uma parte de mim que espera ansiosa pela sua resposta, imaginando que ele dirá que não vai deixar essa união acontecer, que vai lutar por nós, que não poderia ficar com outra pessoa que não seja eu. Esta parte boba e inocente, some ao ar quando o peso do silêncio é maior que o das suas palavras.
O vazio do silêncio. Han não diz nada. Ele está desistindo de mim, do que temos, exatamente como me prometeu que não faria.
- Acabou. - dou a minha última palavra. - É o fim para nós dois, Han Jisung.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro