XXX - UTOPIA
❝𝗘𝘂 𝘀𝗲𝗶 𝗾𝘂𝗲 𝗻𝗮̃𝗼 𝗮𝗱𝗶𝗮𝗻𝘁𝗮 𝗳𝗶𝗰𝗮𝗿 𝘀𝗼́ 𝗱𝗲 𝗯𝗶𝗿𝗿𝗮
𝗘𝘂 𝘀𝗲𝗶 𝗺𝘂𝗶𝘁𝗼 𝗯𝗲𝗺 𝗾𝘂𝗲 𝘃𝗼𝗰𝗲̂ 𝗲́ 𝘁𝘂𝗱𝗼 𝗾𝘂𝗲 𝗲𝘅𝗶𝘀𝘁𝗲 𝗻𝗮 𝗺𝗶𝗻𝗵𝗮 𝗰𝗮𝗯𝗲𝗰̧𝗮
𝗠𝗲𝘂 𝗰𝗼𝗿𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗾𝘂𝗲𝗿 𝘃𝗼𝗰𝗲̂
𝗘𝘂 𝗾𝘂𝗲𝗿𝗼 𝗺𝗮𝗶𝘀 𝗮𝗶𝗻𝗱𝗮 𝗼 𝘀𝗲𝘂 𝗰𝗼𝗿𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼
𝗘𝘀𝘁𝗲 𝗰𝗼𝗿𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗲𝘀𝘁𝗮́ 𝗲𝗻𝘃𝗲𝗻𝗲𝗻𝗮𝗱𝗼
𝗩𝗼𝗰𝗲̂ 𝗲́ 𝗼 𝘂́𝗻𝗶𝗰𝗼 𝗮𝗻𝘁𝗶́𝗱𝗼𝘁𝗼.❞
- Mixtape: OH - Stray Kids
VOCÊ JÁ FOI TÃO FELIZ AO PONTO de ter medo? A fase em que estamos agora, Jisung e eu, faz-me sentir assim, amedrontada.
Não me lembro de quando fui tão feliz como agora, de quando me senti tão bem o quanto sinto agora. Estar em um país onde não há conhecidos é a melhor parte, poder amar um ao outro livremente, sem segredos, não tem preço. É certo que, neste meio tempo, ainda há Hyunjin e nós escondendo isso dele, mas não deixa de ser bom.
Ainda que a nossa relação esteja um verdadeiro mar de rosas, eu tenho medo pelo que pode vir. A felicidade nunca veio fácil para mim, nunca durou. De todas as vezes, esta é a que mais temo, meu maior pesadelo é que alguém puxe o meu tapete e a realidade me atinja sem piedade.
Eu tento, juro que tento deixar os pensamentos pessimistas de lado, mas não consigo. E por falar em deixar de lado, é o que faço com o roupão branco de cetim, antes de entrar na banheira com Jisung. Nem mesmo a espuma, os sais de banho, a luz baixa amarelada ou a música ambiente de alguma playlist antiga com uma influência forte de bossa nova que o Han logou conseguiu tirar meu foco desta perturbação incessante que são os meus próprios pensamentos.
Diferente de mim, ele parece tranquilo, cantarolando uma música que eu não conheço, mas que soa completamente relaxante. Meu celular notifica do lado de fora, eu me inclino para pegar o aparelho, vendo o nome de Soojin brilhando na tela. Eu iria ver do que se tratava, mas logo fui impedida. Quando senti os lábios macios de Jisung pressionando-se nas minhas costas e surgindo dali os mais harmônicos estalos de todos, meu celular até caiu no chão.
Por enquanto, eu ignoro o que a minha melhor amiga quer, pois, se ela soubesse o motivo, me entenderia.
Ao virar-me de frente para ele, sou recebida pelos seus beijinhos, estes que se espalham por cada traço do meu rosto, até que um último selar é dado nos meus lábios.
- No que você está pensando? - ele questiona, arrumando os fios molhados, atrás das minhas orelhas.
- Em algumas coisas. - respondo, mas ao perceber o quão vaga é a minha sentença, completo: - Sobre nós dois, em como esta viagem está sendo incrível. Eu não quero que acabe.
- Eu sei. Se eu pudesse, ficaria com você aqui para sempre. - ele diz. - Paris é ótima, mas infelizmente a nossa estadia está acabando.
Eu não falava sobre a viagem.
De toda forma, deixo para lá. Talvez ele me ache paranóica por ficar assim, pensando sobre as coisas que não deram errado e sinto que vão. Talvez eu seja mesmo. Eu não posso apenas me contentar com a felicidade?
Céus, agora até eu me acho uma boba. Tudo isso causado pelas ameaças de Huye.
- Nosso último dia juntos aqui, que droga. - eu lamento. - É uma pena que esteja chovendo, eu queria passear com você pelas ruas e ir nos pontos turísticos locais. Nós nem tivemos a oportunidade de ir à ponte dos cadeados, colocar o nosso.
- Prometo que, se não estiver chovendo, colocamos amanhã antes do voo. - ele dá a sua palavra. - Ah~ - Han suspira. - Seria legal vermos o pôr do sol juntos, irmos em exposições artísticas, ouvir música e termos uma dança lenta na rua. - ele faz planos, planos que não funcionarão hoje. - Mas ficar aqui de bobeira com você também é um programa e tanto.
- Você tem razão. Ficar assim com você é uma delícia.
Eu deito a nuca no seu peito enquanto os seus braços me abraçam de uma maneira tão aconchegante que eu poderia até dormir de tão relaxada que me sinto.
Com o passar do tempo, eu esqueço.
Seus beijos, seus toques, o calor do seu corpo, seu cheiro... simples assim Han Jisung me faz esquecer qualquer problema, porque ele é uma hipnose natural, ele me deixa em transe apenas existindo.
Se eu pudesse escolher um poder, seria o de parar o tempo, assim poderia apreciar cada detalhe seu sem pressa alguma e deixar todo o resto do mundo de lado, apenas para amá-lo eternamente.
Eu adoro esta cidade, a liberdade que estar aqui me traz. Só aqui podemos passear de mãos dadas sem nos preocuparmos com alguém nos ver, podemos nos beijar no meio da rua sem causar espanto ou julgamentos, aqui é o único lugar em que nós somos mais que chefe e funcionária, somos um casal (quando Hyunjin não está por perto). Mas, infelizmente, é passageiro. Paris continuará no mesmo lugar, mas nós teremos que voltar para casa.
Quando chegarmos à Coreia, voltaremos a nos comportar como estranhos, fingindo que não nos conhecemos durante o dia, mas nos amando loucamente em segredo durante as noites. Me sinto tão confusa. Para início de conversa, fui eu quem quis manter segredo, mas agora sinto traços de arrependimento.
Era diferente quando Han era apenas o meu vizinho. Eu poderia me encontrar com ele quando quisesse, o beijar e tocar quando desse vontade, até mesmo seria fácil assumir algum tipo de compromisso. Agora é tudo diferente. Se quiser ver ele de uma maneira mais íntima, tem que ser longe de olhares; se quisermos nos beijar, tem que ser escondido; até para assumir um compromisso publicamente é complicado.
Desde que Jisung assumiu o comando da empresa e passou a ser visto como o "líder da família", ele tornou-se uma pessoa pública. A mídia sempre tem algo a dizer sobre ele ou com quem anda, eu não quero toda essa atenção. Nem mesmo ele deseja. Assumir publicamente um namoro com Jisung é me envolver novamente em um meio problemático.
Eu já fui conhecida como apenas a namorada de alguém, foi assim com Huye. A mídia nos perseguia e por mais que eu tentasse ter minha privacidade e manter-me fora dos holofotes, sempre era arrastada para isso. Quando nós terminamos, se tem uma coisa que me deixou tranquila foi todos terem esquecido de mim. Em outro caso pode parecer impossível esquecer de alguém que esteve tentando ficar longe das câmeras por tantos anos, mas isso foi bem fácil, porque eles nunca me enxergaram como uma personalidade e sim como um acessório de alguém.
Mais do que tudo, quero estar com Jisung. Eu estou com ele, assumidamente para os outros ou não, isso não deveria fazer diferença.
- Jisung, posso te fazer uma pergunta? - questiono. - Mais uma, na verdade.
- Pode falar.
- Você gosta da nossa relação como está agora? - pergunto de uma vez.
- Gosto. - ele diz, mas seu tom vacila. - Eu adoro poder estar assim com você, como estamos agora; te beijar, abraçar, chamar de namorada. Mas eu preciso confessar que é um pouco decepcionante ter que manter isso em segredo. Eu queria mostrar para todo o mundo como nós somos o casal mais feliz do mundo. - ele responde honestamente. - Mas eu entendo que você não queira toda a exposição que isso causa e respeito o seu tempo, por mim está tudo bem.
Eu também quero parar de fingir. É por isso que digo que sentirei tanta falta de Paris, porque aqui não usamos máscaras e disfarces.
- Eu estou com saudade do Mingi. - Jisung diz, de repente, inibindo o silêncio que ficou após a sua última declaração.
- O seu amigo ou o cachorro? - pergunto.
- O cachorro de quatro patas. - Han responde. - Será se ele está comendo bem? Soyoung está tomando de conta dele, mas eu fico preocupado, ele é carente e quando eu estou longe fica triste.
- Ele deve estar bem. Se não estivesse, alguém já teria te ligado. - eu digo. - Também estou com saudade, já faz tempo que eu não o vejo. Não sei qual saudade será maior, se é a que tenho dele agora, ou a que vou sentir de passar o dia assim com você, quando voltarmos para Seoul.
- Isso é fácil de resolver. - diz Jisung. - Se você está com tanta saudade nossa assim, é só vir morar conosco.
Eu me viro desajeitadamente na banheira, assustada. Fico de frente para ele, calada por alguns segundos tentando processar o que acabou de acontecer. Foi uma proposta séria?
- Você tem cinco segundos para retirar o que disse, ou eu vou começar a levar a sério.
- Tudo bem. Se você odiou tanto a ideia, a gente finge que eu não sugeri isso. - ele diz, um bocado sem jeito. - Qual é a sua estação favorita? A minha é o verão, tem as melhores músicas.
- Inverno. Eu gosto de me esquentar nos seus braços. - respondo e então balanço a cabeça em seguida, ao perceber que estávamos mudando o rumo da conversa. - Jisung, eu não odiei a ideia. Você só não acha que talvez seja muito cedo? A gente pode estar indo rápido de mais, só estamos namorando a pouco mais de um mês.
- E nos conhecemos fazem quase seis. Dependendo da nossa religião, agora já estaríamos casados. - ele pontua. - Você provavelmente tem razão, pode ser rápido, mas pode ser algo bom também. Nós começamos muito lento, talvez esta seja a hora de dar um passo à frente.
- Nós não começamos muito lento coisa nenhuma, eu te conheci em um dia e no outro já estava na sua cama.
- Aquela foi a exceção. - ele tenta manter o seu ponto. - Depois daquele dia parece que nós demos dois ou dez passos para trás. - Han pontua, mais uma vez correto. - Sabia que às vezes eu acordo no meio da noite e consigo ouvir você dizendo "Nós somos só amigos"? - ele faz graça.
- Vamos deixar esse papo de morar junto de lado por um tempo, okay? - eu sugiro.
- Se é o que você deseja, então tá bom.
- É sim, por enquanto. - eu confirmo. - Não vamos apressar demais, mas isso não quer dizer que não possamos dar o próximo passo da nossa relação.
- O "próximo passo" nós meio quê já demos logo depois de nos conhecermos, antes mesmo desta relação existir... e algumas boas vezes depois também. Mas se você quiser repetir, eu estou inteiramente ao seu dispor.
- Para de ser besta. - eu o repreendo, mas perco a postura ao rir. - Eu estou falando sobre parar de nos escondermos. - explico. - Ainda continuo não querendo deixar o mundo inteiro saber disso e achar que pode nos controlar, mas eu acho que pode ser a hora de contar para as pessoas que a gente ama e parar de fingir estranheza perto dos outros. - sugiro. - O que você acha?
- Não precisa nem mesmo me perguntar, é claro que sim! - Jisung exclama animado, me enchendo de beijinhos. - Nós temos que comemorar isso, vou pedir para trazerem uma bebida aqui.
- Só uma taça. - eu deixo bem claro. - Em algumas horas vamos nos encontrar com o senhor Dupain, eu não quero beber demais e fazer alguma besteira.
- Me diga uma vez que você bebeu e fez besteira. - ele pede, querendo beber.
- Contando do dia em que apareci bêbada na sua porta ou depois?
- Você já está me magoando, Lee Jiwoo. - ele cruza os braços e faz bico. Na minha opinião, tem convivido muito com o Hwang. Mas eu o provoquei, eu nem iria falar sobre aquele dia e sim do aniversário de Ryujin, porém não pude perder a oportunidade. - Eu vou fazer greve! - ele dá o seu ultimato.
(•••)
- Senhor Dupain, é sempre um prazer revê-lo. - Jisung cumprimenta o estilista francês.
Como combinado antes, o senhor René ficou de analisar o nosso plano de negócios e nos dar uma resposta depois, é por isso que estamos aqui agora, em seu escritório. Ele, seu advogado, Jisung, Hyunjin e eu. Depois de Han e eu tomarmos quase uma garrafa inteira de um vinho châteaux, viemos para cá.
- Digo o mesmo, senhor Han. - eles se cumprimentam apertando as mãos. - Eu só fico triste que devido a chuva nós não conseguimos jogar golfe juntos. - ele lamenta.
- É uma pena. - diz o meu namorado. - Venha nos visitar na Coreia quando puder e remarcamos a partida, posso chamar o meu avô para juntar-se a nós também, ele vai adorar.
- Claro, é uma ideia fantástica. - ele concorda.
Os próximos a fazemos as cordialidades somos Hyunjin e eu. Nós apertamos as mãos do estilista e seu advogado, sorrimos e nos sentamos do outro lado da mesa em seguida.
Acomodo-me na cadeira da ponta, ao lado de Hwang. Enquanto Jisung e René conversam, eu aproveito para bisbilhotar o local com o olhar.
O escritório em que estamos é no primeiro andar do seu ateliê. Desde o térreo já pude ver como o local é bonito e elegante, com a sua paleta de cores claras e arquitetura planejada que deixa um ar chique. Parece uma casa de boneca feita para uma princesa, é belíssimo.
Aqui dentro do escritório, é tudo bem organizado. Tem um manequim de busto um pouco mais distante de mim, sem nenhuma criação, mas com croquis desenhados, presos com alfinetes no quadro que fica logo atrás. Atrás do senhor Dupain, está preso na parede uma pintura a óleo do que eu imagino serem ele, seu esposo e os dois gatinhos deles.
Fofos.
Já do outro lado da sala, há outra coisa que me chama atenção, um tabuleiro de xadrez com peças de vidro. Eu nunca tinha visto um assim antes, ele brilha com o reflexo da luz do teto no seu transparente-acinzentado, exibindo assim uma luz arco-íris, como quando refletimos a luz do sol através de um CD, porém um pouco mais fraquinha.
- Você gosta de xadrez, senhorita Lee? - René pergunta ao ver que eu não tirava os olhos das peças.
- Sim, mas eu não sei jogar. - respondo. É um dos poucos jogos que eu nunca aprendi, junto com o Go. Um dia eu quero tentar aprender os dois, mas não sei se tenho paciência. - É um conjunto muito bonito.
- Obrigado. Ganhei de presente de um amigo, nós apostamos ele em um jogo e eu consegui. - ele diz, contente da sua vitória. - E você, gosta de xadrez, senhor Han?
- Eu gosto. - Jisung responde. - Também jogo. Costumava jogar muito antes. Ainda há algumas vezes com Hyunjin, no nosso pouco tempo livre.
- E eu sempre ganho. - Hwang se gaba.
- Então já temos outro jogo marcado para quando nos encontrarmos novamente. - ele diz. Então eu devo aprender até lá. - Agora vamos falar de trabalho.
- Sim, senhor. - Han concorda, assumindo agora uma postura séria.
- Eu estive pensando muito sobre isso. - René diz. - Li a proposta várias vezes e me perguntei sobre tudo o que poderia dar errado, tentei encontrar mil e um defeitos, mas não consegui. A proposta é boa, lucrativa e uma boa oportunidade de me expandir para o mercado asiático, assim como vocês ao europeu. Meu advogado e eu conversamos bastante e eu resolvi aceitar. Vamos trabalhar juntos.
- Que notícia incrível! Estamos muito felizes de poder ter a oportunidade de trabalharmos com o senhor. - Han diz, alegre. - Hyunjin, o contrato, por favor. - ele pede ao secretário, que logo retira o que foi pedido de sua pasta. - Aqui está, podem dar uma olhada.
René passa o contrato para o seu advogado, o senhor Renault. Este lê no mínimo duas vezes tudo que foi redigido, confere cada cláusula, repassa para o seu cliente e depois de alguns minutos nisso, o estilista finalmente assina.
- Vai ser ótimo trabalhar com a sua marca. - Dupain fica de pé.
- Faremos uma grande parceria, senhor. - diz o Han, erguendo-se também para apertar a mão do outro. - Seja bem vindo à nossa família.
- Muito obrigado. Espero que possamos nos ver em breve, para jogar aquela partida de golfe. - ele diz, indicando que esta não é uma promessa que vai esquecer. - Ah, eu já ia me esquecendo. Meus parabéns, Han.
A última parte pega Jisung desprevenido. Por que as felicitações? Hyunjin e eu também não entendemos, por isso nos entreolhamos.
- Parabéns? - Jisung questiona, perdido; confuso. - Parabéns pelo quê?
- Eu soube hoje por um amigo que me enviou a reportagem. - ele contextualiza. - A senhorita Minatozaki parece uma pessoa maravilhosa, meus parabéns pelo noivado.
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