XXVII- VERMELHO É A SUA COR
❝𝗧𝗿𝗮𝗻𝘀𝗳𝗼𝗿𝗺𝗲 𝗮𝘀 𝗽𝗲𝗱𝗿𝗮𝘀 𝗾𝘂𝗲 𝘃𝗼𝗰𝗲̂ 𝘁𝗿𝗼𝗽𝗲𝗰̧𝗮 𝗻𝗮𝘀 𝗽𝗲𝗱𝗿𝗮𝘀 𝗱𝗲 𝘀𝘂𝗮 𝗲𝘀𝗰𝗮𝗱𝗮.❞
- Sócrates
DORMIR AO LADO DELE SÓ NÃO É melhor do que acordar, com o meu pescoço sendo coberto por beijinhos. Eu me espreguiço na cama e me jogo sobre ele depois, agarrando o seu corpo relaxado abaixo do meu. Sinto Jisung suspirar e o acompanho. Os seus dedos deslizam sob a derme do meu braço de uma maneira tão carinhosa que me faz parecer um filhote manhoso pedindo por atenção.
E por falar em filhote, Mingi dá um salto e pula direto na cama, fazendo com que nos separemos. Han faz carinho no cachorrinho e depois se levanta, indo para o banheiro. Depois disso, tudo que escuto é um longo silêncio e em seguida o som do chuveiro.
Eu fico de bobeira com Mingi por um tempo, fazendo carinho nos seus fios dourados e pensando em talvez voltar com o meu loiro, mas a ideia não vai para frente.
O barulho da porta abrindo me tira dos meus devaneios, mas quando Jisung sai dela, minha mente inteira retorna a ser uma completa bagunça. O seu abdomen, que cada dia parece ficar mais definido - fruto de uma dieta saudável, quase sempre, e exercícios regulares - ainda com algumas gotas de água, me deixa sem ar. Talvez ele tenha ideia dos meus pensamentos, pela maneira como o observo, ou por eu estar, inconscientemente, mordendo meu lábio.
Como quem também sabe por onde andam os meus pensamentos, Mingi late. Porque isto é exatamente o que eu faria.
- Foi ele quem disse, não eu. - eu ergo as mãos como o típico sinal de rendição. Jisung apenas ri, procurando uma camisa. - Eu vou levantar agora e escovar os dentes. - digo, já me colocando de pé. - Onde tem uma escova de dentes extra?
- Eu deixei a sua junto da minha, dentro da xícara no banheiro. Ela vai ficar aqui esperando você voltar, eu também vou. - ele deixa um beijinho na minha bochecha. - A sua é a verde.
Eu me conduzo ao banheiro. Sobre o vidro da pia, fica uma xícara em tamanho médio, no formato da cabeça do Taz, dos looney tunes. É onde estão uma escova cinza e outra verde.
Sem roupas limpas aqui e não querendo abusar da generosidade de Han e usando outra sua, somente escovo os dentes.
- Você pode me deixar em casa antes de ir para a empresa? - eu pergunto, saindo do banheiro e encontrando Jisung, mas não usando a sua vestimenta padrão e formal.
- Eu não vou hoje. - é o que ele diz.
- Han Jisung... - eu o repreendo com o olhar. - Eles vão ficar putos com você. - digo, mas acho que ele pouco se importa.
A empresa é da família de Jisung e o seu avô é o acionista majoritário, mas os outros também tem um papel relevante na marca. Se os acionistas estiverem insatisfeitos com o desempenho do CEO, eles podem pressionar o conselho para afastá-lo. Mas, para sorte ou azar, esta maior parte é a favor de Jisung.
- Calma, eles não podem culpar um homem por ficar doente. Cof, cof. - ele diz, deixando uma tosse falsa no final da sua frase e rindo.
- Isso não tem graça. - eu resmungo. - Você sabe que eu não gosto de mentiras.
- Mas esta é uma mentirinha do bem, foi só para me permitir ficar mais tempo com você. - ele tenta me convencer. Os seus lábios me convencem, mas não com palavras. - Para onde você quer ir hoje?
- Antes de tudo, para casa. - respondo, sem pensar duas vezes. - Eu preciso tomar um banho e vestir alguma roupa que seja minha.
- Qual é o problema com as minhas roupas? - ele questiona, indignado.
- Nenhum, eu só não quero mais ficar desfilando pela casa com uma cuequinha.
- Eu te ofereci uma calça, foi você quem não quis. - ele protesta. - E só para você saber, você fica linda nessa cueca. - ele sussurra a ultima parte no meu ouvido.
Eu fico mesmo, faz o meu bumbum parecer mais redondinho.
Visto a minha calça de ontem, pego minha roupa suja que Jisung colocou em uma bolsa de loja e estou pronta para voltar. Han pega seu celular, ração, o comedouro e bebedouro portáteis, chaves do carro, coloca o equipamento do cachorro, pega a cadeirinha de transporte e nós saímos de sua casa.
Ao chegarmos no meu prédio, subimos pelo elevador como costumávamos fazer antes, mas com uma companhia a mais; Mingi.
- Omo! - ouço uma voz feminina esganiçada, antes de conseguir abrir a porta do meu apartamento. - Quanto tempo faz que eu não vejo você, menino Han.
- Olá, senhora Kim. - Jisung cumprimenta educadamente a senhora do 313. - É bom revê-la.
Ela sorri, contente até de mais por ver Jisung. Eu fico quieta, esperando por ele, mas sei que a conversa deve durar bem mais que algumas palavras.
- Eu fiquei sabendo que você agora é chefe de uma empresa importante. - ela diz, empurrando o ombro dele, ri e cobre a boca com a mão, num flerte descarado. - Você atrasava os pagamentos do aluguel, quem diria que na verdade era um riquinho.
- Changbin foi quem esqueceu de entregar o aluguel para senhora e foi só uma vez. - ele se defende. - Não podemos esquecer isso?
- Eu já vou entrando. - resolvo me intrometer, isso vai demorar. - Vocês podem ficar aí e conversar, eu te vejo lá dentro. - digo ao moreno.
Eu escuto um pedido baixinho de socorro de Jisung, mas ignoro. Ele que se vire, eu tive que aguentar ela por muito mais tempo que ele.
- Que cachorrinho fofo, meu Deus! Eu adoro cachorros, mas eu tenho um gato siamês. Engraçado, não é? - ela diz tudo meio rapidamente. - Me diga, querido, quanto ganha um CEO de uma empresa daquele porte? - é a última coisa que eu a escuto dizer antes de fechar a porta atrás de mim, tendo certeza que o papo vai durar bastante.
Dentro de casa, deixo a chave presa no porta-chaves na parede ao lado da porta. Eu deveria ter perguntado para a senhora Kim sobre quando será a instalação das travas eletrônicas no prédio, devemos ser os únicos na cidade ainda usando chaves.
Sem mais o que ter de fazer, deixo o celular sobre a bancada que divide a cozinha da sala e vou para o banheiro. Deixo as minhas roupas sujas no cesto, assim como as novas peças que ganhei de Jisung e não pretendo devolver. Em seguida, vou para o chuveiro.
Finalmente começo o meu dia direito ao tomar um bom banho.
Depois de vestida confortavelmente, vou preparar uma xícara de café na minha cafeteira elétrica, que depois de séculos foi consertada. Depois de pronto é que Han retorna, cansado.
- Nunca mais me deixa sozinho com ela. - ele implora. - Do nada ela me pediu para examinar uma verruga nas costas dela. Eu lá entendo alguma coisa de verrugas?
Eu explodo em uma gargalhada, imaginando a cena.
- Ela tira cada uma. - é o que eu digo, ainda risonha. - Você quer café? - eu ofereço.
- Não, valeu. - ele recusa, tirando a coleira do cachorro e sentando-se com ele no meu sofá. - Da próxima vez vê se não sai sozinha, isso é um castigo.
- Pode deixar, na próxima vez eu trago Mingi comigo. Ele não merece passar por isso. - eu dou a volta no sofá, sentando com os garotos e fazendo carinho no filhote. - Ah, bem melhor! - eu me esparramo no móvel.
Han me olha por completo, sentada toda torta, com as pernas abertas e os braços fracos, com força apenas para segurar o copo térmico.
- Um moletom e um short, tudo o que não tem no meu guarda-roupas. - ele debocha. - Quando você reclamou das minhas roupas, pensei que ia vestir algo que eu não tenho. Sei lá, um vestido.
- Eu só tenho vestidos de sair. - digo, terminando meu café e colocando o copo na mesa de centro, por hora. - Preciso fazer algumas compras, estou esperando a nova coleção da Cheshire sair.
- Por falar em vestido, você ainda tem aquele que usou no dia em que foi ver a minha falecida banda tocar? - ele questiona.
Não, a banda não morreu. Pelo que me informei com o vizinho, eles estão procurando um novo guitarrista, mas ainda sem sucesso.
- Tenho. Por quê? - eu questiono. - Quer emprestado?
- Para o seu governo, as minhas pernas ficariam divinas nele. Mas não, eu só gosto dele. - Han responde. - Eu lembro daquele dia claramente, de como ele veste bem em você. Você fica muito linda. Você é linda.
Não sei como reagir aos seus comentários, fico rubra.
É engraçado pensar em como agi naquele dia, das coisas que eu disse tão confiante e sem-vergonha. Agora eu estou aqui, ficando de bochechas vermelhas ao ouvir suas palavras doces.
Han Jisung me deixa em dois extremos.
- Pff, idiota. - é a minha maneira carinhosa de retribuir os seus sentimentos.
- Vermelho é a sua cor. - ele diz, apertando uma das minhas bochechas, referindo-se ao tom das mesmas.
- É que está frio. - eu procuro uma desculpa para dar ao meu rubor, mas é claro que esta não cola.
- Então vem aqui vem. - ele diz, espalmando o sofá no espaço vazio ao seu lado, entre o cãozinho e ele. - Deixa que eu te esquento.
Levanto-me e troco de lugar, deixando Mingi na ponta. Ele tem uma casa nova inteira para explorar, mas fica ao nosso lado, deitado e em nossa companhia. Ele é um cãozinho externamente companheiro.
Han encosta o seu corpo na lateral do sofá e estica os seus pés para a outra ponta, sem tocar no golden. Eu fico juntinho dele, à frente. Ele passa seu braço ao redor da minha cintura e se envolve no meu corpo.
- Está melhor agora?
- Um pouco. - lê-se muito.
- Sabe como ficaria ainda melhor? - ele interroga. Eu fico curiosa. - Vire-se, eu quero te ver.
Prontamente, atendo ao seu pedido. É difícil me mover em um local tão apertado, mas todo esforço é valioso se for para admirar suas belas orbes castanhas. Fico presa no seu efeito magnético, são como dois imãs me puxando para cada vez mais perto.
A respiração calma de Jisung no meio do silêncio me toma total atenção, tudo que ele faz me cativa. Há um momento em que sua mão livre toca a minha bochecha e faz um carinho gostoso, logo depois é quando ele leva seus lábios aos meus. Sinto minha boca sendo preenchida pela sua como se minha alma ansiasse para fazer o mesmo.
Ele acaricia as minhas costas com uma das mãos, e, com a outra, o meu rosto. Seus dedos dedilham cada traço facial meu, junto dos seus olhos atentos.
- Jiwoo, você quer namorar comigo? - ele propõe. - Só se você não tiver nada melhor para fazer, é claro. - ele dá de ombros, brincalhão.
Não consigo controlar o sorriso. Meus olhos se veem tão alegres que até se eu não estivesse sorrindo seria perceptível a minha felicidade. Falto gritar os meus sentimentos.
- Você é um besta, Jisung. É óbvio que sim! - eu exclamo. - Você teve dúvidas?
Ele não me responde, apenas me beija. É tudo o que eu preciso neste momento.
Beijar Jisung é como ganhar, eu nunca me canso. Ele me conhece, os meus gostos e o meu corpo. Han é perfeito para mim, porque nos encaixamos como peças de um quebra-cabeça. Sozinhos não faz sentido, não tem graça. Juntos é o certo, é majestoso.
É claro que o digo sim. Eu sou completamente apaixonada por este idiota, não quero estar com outra pessoa, apenas ele.
- Na minha cabeça, nós já estávamos namorando antes mesmo do pedido acontecer. - eu me exponho. - Mas a minha resposta continua sendo sim.
- Eu já te considerava minha namorada desde que nos beijamos nas montanhas, mas eu quis oficializar de uma vez por todas. - ele diz. - Me desculpe por não ter feito o pedido super elaborado e mega especial que você merece, eu queria ter preparado algo assim, mas não consegui esperar mais. Eu não podia esperar mais para te chamar de namorada uma vez por todas, sem medo de você me corrigir.
- Eu não sou mais adolescente, não preciso ser pedida em namoro com algum gesto extremante elaborado. - eu o consolo. - Você foi rápido e objetivo, perdemos menos tempo solteiros.
- Mas eu queria fazer. - ele faz biquinho.
- Você quer que eu termine com você agora, para você ter a chance de preparar algo? - eu faço uma sugestão.
- Não, agora já era. - ele diz, desmanchando o bico. - Mas eu vou caprichar no pedido do nosso casamento, prometo. - ele dá a sua palavra, me beijando na bochecha.
- Casamento? - a palavra me assusta. - Nós acabamos de começar a namorar e você já chegou aí?
- Eu estou apenas pensando no nosso futuro. - ele diz, com um olhar inocente. - Nós vamos casar e ser uma família, nós três. - ele refere-se ao cachorro como o terceiro.
- Tsc, tá bom. - eu rio.
- É sério, a gente vai casar. - ele garante.
- E quem disse que eu quero? - questiono, ficando de pé. Eu pego o copo na mesinha e vou em direção à cozinha, o lavar. Han Jisung se ergue do sofá e vem atrás de mim, se arrastando e fazendo drama.
- Pois eu vou fazer um casamento surpresa e você não vai ter escapatória. - ele diz. - Você vai chegar, nossa família e amigos vão estar esperando e a sua única opção vai ser dizer que sim. Igual o casamento daquele famoso lá.
- O que traiu a esposa quinze vezes? - questiono.
- Esquece este detalhe e foca na parte do casamento. - ele pede.
- Espera aí. Se eu vou ser surpreendida, quem vai trair quinze vezes sou eu? - interrogo, confusa. - Jisung, cancela. Não quero.
- Oh, Jiwoo. Por que é que você não quer casar com eu? - ele pergunta, da maneira mais fofa que consegue.
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