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XXIX - TIRO, PORRADA E BOMBA

❝𝗔 𝘃𝗶𝗼𝗹𝗲̂𝗻𝗰𝗶𝗮, 𝘀𝗲𝗷𝗮 𝗾𝘂𝗮𝗹 𝗳𝗼𝗿 𝗮 𝗺𝗮𝗻𝗲𝗶𝗿𝗮 𝗰𝗼𝗺𝗼 𝗲𝗹𝗮 𝘀𝗲 𝗺𝗮𝗻𝗶𝗳𝗲𝘀𝘁𝗮, 𝗲́ 𝘀𝗲𝗺𝗽𝗿𝗲 𝘂𝗺𝗮 𝗱𝗲𝗿𝗿𝗼𝘁𝗮.❞

- Jean-Paul Sartre

DIZEM QUE TODO MUNDO ACABA brigando alguma vez na vida, que geralmente acontece na época do colégio, como um rito de passagem.

Eu nunca briguei. Tipo, nunca mesmo saí no soco com alguém.

Quando eu era pequena e vivia no interior, todas as outras crianças eram tão boas comigo, eu me dava bem com a maioria. Certo que nem sempre a minha vida foi tão tranquila. Ser a garota nova do interior em uma cidade grande foi um inferno. Foi difícil superar o bullying, mas eu nunca parti para a violência. Sofri quieta, calada, até Soojin tomar a frente da situação e denunciar.

Em qualquer ambiente, eu sempre tentei ser amigável com todos, não me metia nas discussões dos outros e até quando a coisa era comigo, eu fugia. Nunca pensei em bater em ninguém, eu sempre fui fraca. Toda vez que uma discussão começava, me sentia ansiosa. Eu odeio isso, e, de tanto fugir de briga, quando uma aconteceu bem na minha frente, eu simplesmente não soube como reagir.

A forma como Jisung partiu para cima de Huye foi tão inesperada que me assustou. O meu coração bateu forte, mas foi de desespero.

De repente minha mente se tornou um borrão. Han socava a cara de Myung como se ela fosse um saco de boxe. Minhas mãos tremiam, minha garganta tapava-se sem conseguir nem ao menos pedir para parar. A cada segundo eu ficava mais nervosa, as pessoas começavam a parar para observar.

Jisung também não estava gostando da situação. Han o agrediu de uma maneira tão dolorosa que até ele sentiu nos seus dedos, mas isso não o agradou, a forma como os seus lumes me fitavam demonstravam que até ele teve medo de onde esses impulsos surgiram. Então ele recuou, saiu de cima do outro, que usou toda a força do corpo para se erguer do chão, ainda que sem muito equilíbrio.

O meu namorado me encarava de uma forma um tanto penosa e assustada, seus lábios tremendo sinalizando que queria dizer algo, ou talvez só sair dali. Eu também possuía o mesmo desejo, mas assim como ele, algo prendia os meus pés e a minha língua.

Huye cospe no chão e de sua boca sai sangue, assim como o que escorre das suas narinas. Ele cambaleia nas próprias pernas, estala o pescoço e nos encara com desgosto. Não é preciso que nada seja dito para que suas intenções fiquem claras, mesmo assim ele diz.

- Você pode ter certeza que isso não vai ficar assim.

Eu ouço estalos. São câmeras, flashes. Turistas e locais registando o que acabou de acontecer. E daí que eles não entendem nosso idioma ou sabem quem somos? A briga que tiveram foi a linguagem de sinais mais universal de todas.

- Jisung, vamos embora. - eu finalmente consigo pedir. - Eu ouvi uma pessoa ligando para a polícia.

Ele demora alguns segundos a mais que o comum para me entender, mas quando compreende, não diz nada, apenas balança a cabeça para cima e para baixo. O puxo para longe da multidão, mas antes ouvimos as últimas palavras do estrume.

- Aproveitem esses três dias, porque eles serão os últimos que vocês estarão juntos. - ele ameaça. - Eu vou acabar com essa relaçãozinha de merda. Estão me ouvindo?

Seja lá o que a sua mente doentia esteja tramando, eu estou pouco me fodendo.

Han e eu vamos para o carro e no mesmo silêncio em que entramos, ficamos. Ligo o som e o deixo bem baixinho, quase que inaudível, apenas para não deixar o clima pesado ou forçá-lo a tentar preencher o vazio. Eu dirijo, aliás. Jisung não parece estar em condições, ele está incomunicável, quieto demais. Não digo nada, respeito o seu espaço.

Nós chegamos ao hotel, eu deixo o carro na mão de um valet, o mesmo em que o meu namorado tinha conversado quando saímos.

No aconchego do local aquecido, posso retirar o casaco. O seguro no antebraço enquanto subimos elevador à cima. No fim do corredor em que paramos, estão nossos quartos. Sigo ao lado de Jisung. Quietos, porém juntos.

A porta do seu quarto fica um pouco mais distante que a minha, eu o acompanho até lá. Ele continua apático ao mundo físico, eu preciso ficar ao lado dele agora e cuidar dos seus machucados. Mas ao contrário do que eu esperava, quando chegamos, antes de abrir a porta, ele para, não me olha nos olhos e diz:

- Está tarde, é melhor você ir dormir.

Eu pisco os olhos lentamente. Ele está me expulsando ou eu entendi errado?

- Você está me mandando embora? - eu questiono. - Não quero te encher de perguntas agora, logo depois de tudo isso, então vou fazer apenas uma: Eu fiz alguma coisa errada?

- Eu... - sua tentativa de completar a frase falha. - Você não fez nada de errado. - ele diz, no lugar. - Sou eu quem está ferrando com tudo, fui eu quem estragou a nossa noite, eu que parti para cima dele, não você. Eu arruinei o nosso momento romântico.

- Entendo como você se sente agora, mas eu discordo. Você não estragou, estava tudo excelente, foi ele quem ferrou com a minha vida desde o dia em que apareceu nela. - eu digo o melhor que consigo. - Me deixa entrar. Vamos conversar.

Han suspira, ele cede.

O cartão magnético destrava sua porta e nós dois logo entramos. Ele vai direto para a sua cama, dá a volta e senta-se nela, de costas para a porta e de frente para a janela de vidro fechada, mas com as cortinas presas.

Deixo meu casaco preso no cabideiro perto da porta, Han joga seu paletó sobre a cama mesmo. Eu me sento no colchão fofinho, do lado contrário ao dele. Deslizo pelo edredom até os pés da cama, onde apoio minhas costas ao sentar. Observo a curva que as suas costas fazem quando ele esconde o rosto entre as mãos, sustentadas pelos cotovelos apoiados nas suas próprias coxas.

- O que houve? - eu pergunto com calma, não quero o deixar ainda mais estressado.

Ele não responde. Sua respiração fica mais pesada.

- Você pode dizer, Jisung. O que quer que seja. - falo mansinho, tentando passar algum conforto. - Você não é obrigado a falar nada, pode ficar em silêncio, se assim preferir. Eu só não quero que você me afaste. Não suporto ficar distante de você.

O silêncio permanece, mas por menos tempo. Em certo ponto, o vazio é preenchido pelo som do seu choro contido. Eu não sei se prefiro mesmo assim.

- Jiwoo... - ele vira o rosto para mim, exibindo como está molhado. - Eu só não quero te machucar. - ele diz. Mesmo com lágrimas pingando, seu tom consegue se manter razoavelmente estável.

Sabendo que minhas palavras não serão o suficiente, eu resolvo agir. Vou em sua direção e o abraço por trás. Ele segura os meus punhos fechados.

- Eu estou tão envergonhado. Não sei de onde surgiu tanta raiva em mim, eu não sou assim. - ele para de falar quando um nó se forma na sua garganta.

- Eu sei que você não é, Jisung. - eu digo tranquila, ao contrário dele, que chora mais e mais. - Eu, mais que todos sei, você não é assim. Está tudo bem.

Ele se desmancha nos meus braços em mais lágrimas.

É compreensível o seu desespero. É trauma.

Han sempre esteve no outro papel, o de quem é agredido. Desde pequeno foi assim, quando a violência não era física, era psicológica. Sua infância foi perturbadora, tudo o que sofreu nas mãos do seu pai o deixou traumatizado.

As consequências de uma agressão se manifestam de diferentes maneiras em diferentes indivíduos. Para Han, toda a dor, a angústia, a ira, tudo isso ficou reprimido. Ele odiava o seu pai, o que ele fazia, por isso não queria ser igual. Por isso, agir assim, mesmo que com o babaca do meu ex, trouxe todas as memórias de volta.

A violência nunca é a solução. Para Jisung, é mais como um fantasma. Quando a raiva tomou conta do seu corpo e ele bateu em Huye, isso fez ele se sentir como o seu pai. No mesmo instante, ele se odiou.

- Eu não quero ser igual a ele, eu não quero me tornar ele. - ele diz, desesperado.

Eu o solto, apenas para ficar ao seu lado e conseguir o abraçar melhor. Acaricio as suas costas, mantenho o corpo perto e o asseguro de que estou aqui com ele.

- Você sabe que eu nunca, nunca, nunquinha encostaria um dedo em você. - ele volta a dizer, com dificuldade. - Eu fiquei com tanto medo de te machucar. Eu não queria bater nele, não sei porquê fiz isso. Eu não sou o cara que bate, Jiwoo, a vida toda sou sempre eu quem apanha.

- Eu sei, amor. - digo tranquila, acariciando as marcar nas suas costas. - Você não é o seu pai, nunca vai ser.

- Mas e se isso for uma prova de quem eu realmente sou e eu só não quero aceitar?

Eu afasto os nossos corpos o suficiente para que ele possa ver o meu rosto, mas que mesmo assim eu continue pertinho dele. Eu olho bem nos seus olhos, dou um sorriso simples e beijo-lhe a bochecha.

- Meu bem, existe uma grande diferença entre comportamento e personalidade. - respondo calmamente. - Personalidade é aquilo que é constante, enquanto o comportamento isolado. Você teve um comportamento agressivo, mas você nunca foi uma pessoa agressiva ou má.

- Eu tenho medo de me tornar igual a ele. - ele me confessa.

- Você não vai. - digo convicta.

- Como você pode estar tão certa do que diz? - ele questiona. - Você me viu. Eu estava descontrolado, fui um tremendo idiota.

- Se cobre um pouco menos, querido. Até mesmo eu não via a hora de dar um soco naquela cara babaca dele. - eu digo, expondo este lado irado meu também. - És o ser mais extraordinário que eu já conheci, Ji. Você não tem nada de parecido com aquele cara, você é melhor.

Neste ponto da nossa conversa, ele já parece um pouco mais calmo. Jisung deita na cama e me convida para ficar ao seu lado. Eu não recuso.

- Eu me senti tão puto ao ver ele falando sobre você daquela maneira. - ele diz, um pouco mais relaxado, observando a sua corrente prateada balançando entre os seus dedos. - Eu não dei a mínima quando ele me insultou, mas quando foi com você, não me segurei.

- Ele é um babaca. Nem ligo. - dou de ombros.

- Eu queria ter o seu autocontrole. - ele diz.

- "Autocontrole"? Que piada. Eu sou descontrolada e impulsiva 'pra caramba. - admito. Esta nunca foi uma falha que admirei em mim, tampouco que eu me negue a perceber. - Não fiquei quieta por manter o controle, mas por estar com medo. Você acha mesmo que eu ganharia uma briga com ele?

Ele reflete sobre o assunto. Está claro que eu estou em desvantagem, biologicamente falando.

- Eu vou bater em todos os babacas que te ofenderem, para que você nunca mais tenha medo.

- Você não precisa bater em ninguém. - eu recuso a oferta.

- Ufa, ainda bem. - ele suspira aliviado. - Porque eu odeio isso. - ele diz. - Nunca mais na minha vida eu me meto em brigas, principalmente numa em outro país.

- Pois é. Nós poderíamos ser deportados. - eu lembro deste pequeno detalhe. - Huye ainda pode falar com a polícia, mas duvido que ele faça isso, ou que alguém se importe mesmo com estrangeiros.

- Você acha que ele vai mesmo fazer alguma coisa contra nós dois? - ele pergunta preocupado.

- Pode apostar que sim. - eu respondo. - Mas não se preocupe com ele, Huye só quer atenção, ele não vale a pena. O que temos sim, vale.

- Ele é péssimo, um lixo. - Jisung insulta o imbecil do meu ex-namorado. - Sorte a sua que conseguiu alguém melhor. - ele quer dizer ele mesmo. - Seu dedo para homem era o pior de todos.

- Sorte quem tem é você, por encontrar uma namorada tão bonita, companheira, compreensiva como eu, e, o mais importante, que não desiste de você. - eu o corrijo. - Eu quero estar com você, Jisung. Para isso, preciso que você saiba que eu estou do seu lado, que pode conversar comigo. Eu te entendo, na maioria das vezes eu não sei como expressar bem o que eu sinto, mas quero que a gente nunca pare de tentar.

- Eu também quero estar ao seu lado, Jiwoo. Quero acordar todos os dias e ver você assim, como vejo agora. - ele diz, virado de frente para mim, ambos deitados de lado na cama. - Eu te prometi antes que nunca desistiria de você, espero que você não desista de mim também, mesmo com todos os meus defeitos.

- Eu não vou. - garanto. - Nunca.

(•••)

No dia seguinte, acordo quase na hora de sair. Han e eu ficamos conversando até tarde. Eu fiquei um pouco mais no seu quarto, com a desculpa de tratar dos seus machucados, mas a verdade é que eles eram mínimos e quase invisíveis. O mais aparente foi um pequeno corte no canto direito do seu lábio inferior, nada que com um beijinho não cure.

Escolhemos um lugar ótimo para almoçar, eu quem escolhi. Um restaurante ao ar livre, próximo ao Rio Sena, onde obtém-se uma visão privilegiada desta cidade bonita. É certo que eu preciso ser imparcial, o lugar tem sim os seus defeitos, o cheiro de boa parte da cidade é um deles, por exemplo, mas é indiscutível que Paris inteira é belíssima. A arquitetura parisiense é invejável, eu poderia morar aqui por anos e nunca me cansaria de dizer como a cidade é linda.

Nesta tarde ensolarada, Jisung e eu esperamos o estilista. Hyunjin estaria conosco também, mas precisou ir direto para a construção da franquia francesa, resolver alguns assuntos da inauguração. O senhor Dupain chega um pouco depois de nós dois.

Damos início à essa pequena reunião informal com as apresentações, individuais e comerciais. O intuído deste encontro é justamente conhecermos uns aos outros. Se vamos trabalhar juntos, devemos conhecer a equipe. Para ser mais cômodo para todos, René sugeriu que conversássemos em inglês.

- Vocês escolheram um ótimo lugar. - ele diz. - Meu esposo e eu costumávamos andar de mãos dadas bem ali. - ele aponta para as margens do rio. - Ao fim dos passeios sempre vínhamos comer aqui.

- Se este lugar te lembra família, então escolhi o lugar certo, porque a Cheshire é como família para nós também. - eu digo. - Que bom que gostou.

- Esta foi uma resposta bem astuta. - René elogia. - A perspicácia é uma boa qualidade.

- Merci, monsieur. - agradeço na sua língua.

- Senhor Dupain, eu soube que és um verdadeiro fã de golfe. É verdade? - Jisung questiona, mudando um pouco a conversa do rumo que eu estava dando a ela. Talvez seja melhor assim, falar de negócios depois. - O que acha de marcarmos um jogo enquanto estivermos por aqui?

- Eu não sabia que jovens se interessavam por golfe. - ele comenta surpreso. O estilista deve ter os seus cinquenta anos, ainda é cedo para ele se considerar um idoso, mas é esperável que esse seja um esporte de velhos.

- O meu avô é um verdadeiro entusiasta. Ele e eu costumávamos jogar muito no passado, mas creio que ainda não perdi o jeito.

- Eu adoraria que marquemos então. - ele aceita o convite. - Também me alegra saber que tem uma relação boa com o seu avô, família é importante.

Jisung e René parecem ter uma boa comunicação. Eles vão discutindo sobre golfe, e, como este é um esporte ao qual eu não entendo nada, me abstenho da conversa. Vez ou outra eu dou um sorriso ou completo com alguma onomatopeia, como se estivesse por dentro do conteúdo.

Nós comemos, pedimos sobremesa e expandimos os assuntos. Por esta também ser uma transação comercial, vez ou outra faço um comentário certeiro, fazendo menção ao trabalho. Isto não parece incomodar o senhor Dupain, arrisco até dizer que ele acha divertido como eu consigo encaixar esse assunto ao longo da conversa.

No meio de tudo, o celular de Han chama a atenção, vibrando sobre a mesa. Nós todos olhamos para a tela, é uma ligação do seu pai.

- Você pode ir atender, pode ser importante. - o francês diz.

O outro olha para a tela ainda incerto sobre o que fazer. Esta é uma reunião importante e o clima estava agradável, mas Jisung já fica tenso apenas de ler o nome do pai. Mesmo assim, ele sai para escutar seja lá qual for a babaquice da vez.

- Com licença. - pede o Han.

Após a saída do terceiro, ficamos René Dupain e eu, sentados ao redor da mesa. Eu tomo o meu suco de laranja natural, enquanto ele intercala o seu olhar entre a figura de Jisung afastado de nós e eu, com um sorriso no rosto.

Pergunto-me o motivo do sorriso, mas sinto que já vou descobrir. Ele dá um gole na sua coca de cereja, sorri novamente, aproxima-se um pouco mais e me sussurra:

- Vocês formam um belo casal!

Um comentário simples como este faz meu coração dançar feliz. Porém, nós concordamos em manter segredo, e, demostrar tanta alegria assim, seria nos expor, então eu solto um riso contido e logo nego.

- Nós não somos um casal. - pelo menos não um que as pessoas possam saber.

- Oh, me desculpe. - ele não parece acreditar muito no que digo, mas pede mesmo assim.

- Não tem problema, não precisa se desculpar. - sou eu quem deveria estar te pedido desculpas por mentir de maneira tão descarada. - O senhor disse que é casado. - mudo de assunto. - Se me permite perguntar, já faz quanto tempo?

- Hmm... - ele para para contar. - O casamento gay só foi legalizado na França em 2013, mas nós já estamos juntos por quase trinta anos.- então responde, sorridente.

- Wow. Qual é o segredo para um relacionamento tão duradouro?

- É preciso ter muita paciência. - ele responde, sem pensar duas vezes.

Eu não discordo. O meu relacionamento mais longo foi com Huye e eu realmente tive que ter muita paciência, mas lógico que deixou de ser saudável há muito tempo e eu insisti bem mais do que eu deveria. O que eu quero dizer é que, para todos os efeitos, paciência é um ponto-chave.

- O casamento é bem mais difícil do que as pessoas estão dispostas a contar, sabe? - ele diz. Não, eu não sei, mas quero ouvir. - Quando se está namorando, todo mundo é mais carinhoso, afetivo, romântico... porque é preciso conquistar o parceiro. Mas no casamento as coisas deixam de ser assim.

- Porque já se presume que o outro já foi conquistado e não é preciso mais de tanto esforço? - eu suponho.

- Sim. - ele responde. - Mas isso é um erro, o amor precisa ser conquistado todos os dias, para que ele nunca acabe. O amor não pode esfriar.

- Talvez o segredo seja não casar então. - eu brinco.

- Isso com certeza teria evitado muitas brigas sobre não deixar a toalha molhada sobre a cama, ou passar as noites em claro criando coleções e deixando o parceiro de lado. - ele se expõe. - Diálogo também é fundamental. Está tudo bem errar. Um erro não define quem você é, a maneira como você lida com ele que sim.

- Tem toda razão, senhor. - eu concordo com ele. - Acredito que essas regrinhas de relacionamento também se adequem ao mundo dos negócios, a parte sobre paciência e comunicação. Trabalhar na Cheshire é assim para mim, tem os seus altos e baixos, mas com paciência e uma boa comunicação entre a equipe, pode-se fazer qualquer coisa.

- Gosto que seja honesta, senhorita Jiwoo. - ele diz. - Não são todos que admitem que há uma parte ruim naquilo que promovem, a maioria só está interessada em vender o seu.

- Tudo na vida tem dois lados, não é sobre fingir que o ruim não existe, mas nos esforçarmos para tirar o máximo de bom que conseguirmos dele.

- Eu aprecio isso.

Logo em seguida, Jisung retorna à mesa. Ele está um pouco esquisito, mas eu pareço ser a única a notar. Lhe falta energia, ele parece cansado e arrisco a dizer triste também, bem contrário a como estávamos antes. Efeitos de falar com alguém de energia tão carregada.

"Energia carregada", a vida com ceticismo era bem mais simples.

- Perdão pela demora. - Han se desculpa, ajeitando-se na cadeira. - O que tanto eu perdi até aqui?

- Não se preocupe, íamos começar a falar sobre negócios agora. - o francês responde. - Digam-me, como exatamente querem trabalhar comigo?

Meu namorado e eu consertamos a postura no mesmo instante, passando uma imagem mais profissional e menos casual. Eu aproveito para pegar o plano de negócios na minha bolsa e Jisung vai explicando parcialmente sobre como pretendemos expandir os negócios por aqui.

- Como o senhor já deve saber, em alguns meses estaremos inaugurando a nossa filial parisiense. - Jisung recorda. - Nós queremos fazer isso da melhor maneira e quem melhor para isso que o melhor da França?

Dupain recebe contente o elogio.

- Para a nossa primeira coleção, pensamos em você como o nosso estilista principal. Você trabalhará com a melhor equipe, ficará à frente de todo o processo criativo e a margem dos lucros é excelente. Você pode conferir na página quinze. - Han aponta o plano de negócios. - Tudo o que precisa saber está nessa apostila, mas se tiver qualquer dúvida, é só entrar em contato conosco.

- Está bem. Eu vou dar uma olhada e conversar com o meu advogado sobre isto. - ele dá a sua resposta temporária. - Agora eu preciso ir, haverá um desfile amanhã à noite. Se estiverem interessados, eu consigo entradas para vocês.

- Claro, seria ótimo. - Jisung diz. Eu concordo.

- Então vejo vocês amanhã. - o francês diz, ficando de pé. Jisung e eu nos levantamos também, para apertar sua mão.

Após a despedida, o estilista vai embora e nos deixa sozinhos. Han paga a conta com o cartão da empresa, então nós dois resolvemos dar uma volta às margens do Sena.

É bom caminhar ao lado dele, de braços cruzados e com a cabeça encostada em seu ombro. Eu olho para ele, sorridente. Aqui, ao seu lado, sei o quanto sou feliz.

- Você quer sorvete? - ele me pergunta, apontando para o sorveteiro com o carrinho estacionado perto de nós, com uma placa que diz "André, o sorveteiro dos apaixonados".

- Eu adoraria. - respondo.

Nós nos aproximamos do carrinho. Ele tem bolas de sorvete no topo nas cores azul, branco e vermelho, como a bandeira da França. O homem de nome André termina de fazer sorvetes para um outro casal à nossa frente, ele parece tão alegre e cheio de vida.

- O que temos aqui? - ele sorri simpático para nós dois. - Que casal mais bonito! É a primeira vez de vocês na cidade? - ele questiona, com o seu belo sotaque francês.

- É sim. - eu respondo, sorrindo tal qual Jisung. É bom ver que seu humor melhorou.

- Eu tenho o sabor ideal para vocês. - ele diz, indo montar os sorvetes. Pelo que percebi com o sorvete do casal anterior e agora o nosso, não somos nós quem escolhemos o sabor. Já ouvi falar sobre o "Sorveteiro dos apaixonados" antes, quando estive por aqui, mas nunca tive a oportunidade de o conhecer. - Ameixa preta, morango e creme; uma combinação explosiva, arriscada e inesperada, mas que funciona como nenhuma outra.

É como nós dois.

- Merci. - eu agradeço, pegando os sorvetes.

Jisung e eu voltamos a caminhar juntos, aproveitando o nosso creme gelado. É um dos melhores sorvetes que eu já tomei na vida. E eu não sei se é o lugar, o sorvete ou a companhia, mas este momento é sem dúvidas especial.

Eu pego um pouquinho do sorvete com a colherzinha e melo a sua bochecha. Ele ri, eu idem.

Jisung me suja também, mas diferentemente de mim, ele passa a colher com um pouco do sorvete de morango nos meus lábios, limpando com os seus logo em seguida.

É impossível não sorrir, ou admirar sua face perfeita. Beijo os seus lábios novamente, porque eu posso, ele é o meu namorado. Se eu tiver direito a um desejo, que este momento dure para todo o sempre.

- Você já ouviu falar na lenda por trás deste sorvete? - eu questiono.

- Não. Qual? - Jisung pergunta, curioso.

- Dizem que, o casal que toma junto o sorvete do André, se amará para sempre.

Eu não sei se creio no que digo, mas não preciso de sorvete nenhum para saber que sim, eu vou amá-lo para sempre.


Amigos, O MATTHEW ENTROU NA LINEUP FINAL!!! ELE VAI DEBUTAR!

Obrigada a quem votou, amo vocês. Não irei mais apagar minha conta.
(Sim, também estou triste que o Hui, Jay e Keita não conseguiram :/)

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