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XLII - FELICIDADE EM EXCESSO É MOTIVO DE DESCONFIANÇA

❝𝗢 𝗺𝗲𝘂 𝗮𝗺𝗼𝗿 𝗲𝘂 𝗴𝘂𝗮𝗿𝗱𝗼 𝗽𝗮𝗿𝗮 𝗼𝘀 𝗺𝗮𝗶𝘀 𝗲𝘀𝗽𝗲𝗰𝗶𝗮𝗶𝘀. 𝗡𝗮̃𝗼 𝘀𝗶𝗴𝗼 𝘁𝗼𝗱𝗮𝘀 𝗮𝘀 𝗿𝗲𝗴𝗿𝗮𝘀 𝗱𝗮 𝘀𝗼𝗰𝗶𝗲𝗱𝗮𝗱𝗲 𝗲 𝗮̀𝘀 𝘃𝗲𝘇𝗲𝘀 𝗮𝗷𝗼 𝗽𝗼𝗿 𝗶𝗺𝗽𝘂𝗹𝘀𝗼. 𝗘𝗿𝗿𝗼, 𝗮𝗱𝗺𝗶𝘁𝗼. 𝗮𝗽𝗿𝗲𝗻𝗱𝗼, 𝗲𝗻𝘀𝗶𝗻𝗼. 𝗧𝗼𝗱𝗼𝘀 𝗲𝗿𝗿𝗮𝗺 𝘂𝗺 𝗱𝗶𝗮: 𝗽𝗼𝗿 𝗱𝗲𝘀𝗰𝘂𝗶𝗱𝗼, 𝗶𝗻𝗼𝗰𝗲̂𝗻𝗰𝗶𝗮 𝗼𝘂 𝗺𝗮𝗹𝗱𝗮𝗱𝗲. 𝗖𝗼𝗻𝘀𝗲𝗿𝘃𝗮𝗿 𝗮𝗹𝗴𝗼 𝗾𝘂𝗲 𝗳𝗮𝗰̧𝗮 𝗲𝘂 𝗿𝗲𝗰𝗼𝗿𝗱𝗮𝗿 𝗱𝗲 𝘁𝗶 𝘀𝗲𝗿𝗶𝗮 𝗼 𝗺𝗲𝘀𝗺𝗼 𝗾𝘂𝗲 𝗮𝗱𝗺𝗶𝘁𝗶𝗿 𝗾𝘂𝗲 𝗲𝘂 𝗽𝘂𝗱𝗲𝘀𝘀𝗲 𝗲𝘀𝗾𝘂𝗲𝗰𝗲𝗿-𝘁𝗲.❞

- William Shakespeare

- VOCÊ ACHA QUE EU DEVERIA trocar a cor do meu cabelo? - Chaeryeong pergunta, provavelmente já cansada do tom de ruivo avermelhado que vem usando por dois anos.

Já é o fim do expediente, então estamos de bobeira tomando café, como costumamos fazer sempre. Eu sempre achei que a minha paixão pela tal bebida escura era um pouco obsessiva, mas encontrar a outra Lee me fez perceber que eu consumo até pouco, se comparado à ela.

- Você está linda assim. Mas se quer mudar, não vejo porquê não. - eu opino. - Em que cor você está pensando?

Eu não sei se sou a melhor pessoa para dar opinião sobre cabelo, já que a única vez que eu pintei foi de loiro, mas eu acho que posso imaginar a minha amiga com alguns tons.

- Eu não acho que o loiro combine comigo, então pensei no extremo oposto: preto. - ela diz, eliminando a única cor que eu já pintei o meu. Não que eu fosse recomendá-lo, para quem quase não para em casa, como nós, é muito difícil cuidar de um cabelo assim, exige muito.

- Você ficaria incrível com o cabelo preto! - exclamo, visualizando perfeitamente a cena. - Já pensou no preto azulado? Acho que combina muito com você.

Lee Chaeryeong é uma mulher muito bonita, tenho certeza de que qualquer cor de cabelo funcionaria para ela, mas com toda certeza os tons mais escuros fazem a minha amiga parecer uma grande gostosa.

- Só para você saber, ela é incrível de todas as formas. - Ryujin chega de repente, abraçando a namorada por trás e se incluindo na nossa conversa. - Linda ruiva, morena, colorida, loira ou careca.

- Que nojo! - eu brinco, fazendo careta ao ver toda essa demonstração pública de afeto. - Fico enjoada só de ver todo esse amor. - coloco a língua para fora, fingindo ânsia de vômito.

- Ih, olha só quem fala. - Lee debocha de mim. - Você e Jisung só não são mais grudentos porquê são apenas dois. Ninguém aguenta o grude de vocês.

- Que grande falácia! - mentira, uma completa mentira. - Nós somos super discretos, principalmente em local de trabalho. Nós tentamos ser profissionais, tudo bem?

Quer saber? Eu deveria ter apenas concordado e ficado calada, porque é verdade. Han e eu somos muito melosos mesmo, acho que por a nossa relação ainda estar no meio do seu segundo ano. E para confirmar isso, eu só precisei calar a minha boca para ele aparecer na nossa porta.

- Jagiiiiii... - ele fala feito uma criança dengosa. Ele só podia estar escutando a nossa conversa, porque não é possível que isso seja apenas coincidência. - Amor da minha vida todinha, terminou 'pra gente ir para casa? - ele pergunta com um biquinho nos lábios.

O outro casal ri, ou melhor, elas gargalham. Eu literalmente acabei a minha frase e ele já me desmentiu completamente. Até pensei que ele pudesse ter feito de propósito, mas Jisung é assim mesmo. Até eu que não gosto muito de trocas de carinho em público, fico meio melosa com ele.

- Já estou indo... - respondo querendo rir, mas ainda assim levemente envergonhada.

- Jagiiii...! - Ryujin debocha, balançando os ombros fingindo estar irritada, assim como Jisung. Depois disso, estão ela e a namorada repetindo isso uma para a outra.

Eu caminho até Han com o olhar baixo, o constrangimento me matando à medida em que o tempo vai passando. Acho toda a situação muito embaraçosa, não pelo ato em si, mas por ser pega numa mentira e saber que elas vão me atormentar com isso pelo resto da minha vida. Já ele, não parece nem um pouco envergonhado.

Nós saímos juntos do prédio, com as mãos dadas. Elas tem razão, nós somos grudentos.

Dentro do carro, Taylor Swift hoje canta Cruel Summer. Jisung batuca os dedos no volante, murmurando baixinho a melodia da música, eu relaxo na poltrona e canto bem baixinho, com os olhos pressionados devido à luz solar invadindo o carro.

No meio do caminho, Han muda a rota. Eu pergunto a mim mesma para onde vamos, depois para ele. Ele informa que vamos buscar Mingi na casa do seu avô, ele esteve fazendo companhia para o idoso hoje.

Não demora para chegarmos. Jisung para de frente ao portão maior e em questão de segundos a porta é aberta, liberando a passagem. Han estaciona e nós dois então saímos do carro. Eu ainda não tinha conhecido a famigerada mansão dos Han. O lugar é enorme, o jardim é na frente da casa, inteiramente de lindas flores, caminhos de pedras e um banco de madeira à sombra de uma árvore.

O interior da casa é tão belo que eu poderia o confundir com um palácio. Tem uma escada de caracol que leva para um segundo andar, onde provavelmente tenha uma dezena de quartos. Nós passamos pela sala de estar, de jantar e uma área usada para leitura, antes de chegar ao quintal.

A grama verdinha é bonita de se ver, com a chegada da nova estação o mundo se colore com as mais belas flores. Há também uma grande piscina nesta área, com mesinhas debaixo de enormes guarda-sóis. Descalço na grama, eu vejo o idoso de mais de oitenta anos jogando um tipo de disco de frisbee, só que mais macio, para o cachorro buscar.

- Vovô! - Han Jisung chama por ele, anunciando a nossa chegada.

- Jiwoo, você está aqui! - ele sorri empolgado ao me ver, vindo até nós, mas de repente, ele faz uma careta enraivada e cruza os braços. - Eu estou chateado com você.

- Comigo? - eu questiono. Ele confirma ao acenar positivamente com a cabeça, ainda de nariz empinado. - O que eu fiz?

A última vez que nos vimos foi... no natal. Eu não fiz nada de errado naquele dia, nós tivemos uma boa conversa e nos divertimos muito juntos, mas acho que sei onde está o problema. Nós não nos vimos desde então e já é março.

- Eu disse ao Jisung para te trazer quando viesse visitar o tio, ele veio no outro dia, mas você não veio. - ele diz, permanecendo de braços cruzados.

- Me desculpe por não ter vindo. - eu peço. - Eu adoeci e ainda não estava me sentindo muito bem. - explico. - Mas eu poderia ter vindo depois, é que eu estava tão ocupada. Enfim, me desculpe.

- Doente? - ele pergunta surpreso. Seus braços se desfazem do nó e o seu olhar encontra com o de seu neto. - E esse desnaturado nem me avisou! - ele reclama com Jisung.

- O senhor não me deixou dizer nada, fez o maior dramalhão depois que me viu chegando aqui sozinho. - o Han mais novo se defende. - Depois disso o assunto inteiro foi a vida do tio Donghyun e eu esqueci de mencionar.

- Esqueça, querida. Está perdoada. - ele diz. - Que bom que vieram. Vamos nos sentar e tomar um pouco de chá.

- Nós não vamos demorar, viemos apenas pegar o cachorro. - Jisung responde logo.

- Vai tomar chá sim. - ele ordena. - Jiwoo, eu peço para fazerem café para você, sei que gosta mais.

- Então eu fico. - falo contente. Jisung me olha sorrindo como quem diz "eu sabia que era só te oferecer café". Claro que sim. Não importa se eu acabei de tomar, sempre tem espaço para mais. - O que foi? Você pode ficar com a gente, se quiser.

Nós nos juntamos em uma das mesinhas. Eu fico com café, os Han com chá de canela. Mingi também nos acompanha, mas tomando a sua sopinha canina de legumes.

- Então... quando sai o casamento? - o idoso não perde tempo para nos perguntar.

- Ainda é cedo para pensarmos em casamento, vô. - eu me adianto em dizer. Não quero colocar alguma pressão sobre Jisung, além de que, eu acredito que agora não é o melhor momento para planejar um casamento, logo depois de Han cancelar o seu antigo.

- Ela está me enrolando. - Han Ji faz um draminha básico.

- Calma aí, nós não completamos nem dois anos de namoro ainda. - eu explico meu ponto de vista. - Vamos esperar, não quero ninguém chamando a gente de apressado.

- Não é pressa, é amor. - ele argumenta. - Você sabe que eu te amo e eu sei que você me ama, por que adiar algo que naturalmente vai acontecer? - ele tem um ótimo ponto. - Você nem mesmo aceitou o meu convite para morar comigo.

- Jisung, quando a minha mãe descobrisse que estaríamos morando juntos sem sermos casados, ela provavelmente teria um ataque cardíaco. - eu não exagero sobre o assunto, a minha mãe tem problemas cardíacos mesmo.

- Por isso eu digo, vamos nos casar!

- E nós vamos, mas não agora. - eu esclareço. Eu quero casar, é óbvio que quero me casar com ele, mas também fico um pouco desanimada toda vez que escuto os casais casados dizendo que bom mesmo é namorar, que depois de casados o relacionamento perde toda a faísca.

- Pois agora sou eu quem digo que não te peço mais em casamento. - ele declara. - Se você quiser casar comigo, você quer se ajoelhe e me proponha. Eu mereço isso. Se eu pedir, é até capaz de levar um não.

- Tudo bem, eu te peço em casamento. - eu aceito a sugestão. - Mas só 'pra você saber, está ficando dramático igual Hyunjin.

- É a convivência. - ele diz.

Às vezes eu fico me perguntando como seria a minha vida se Changbin estivesse em casa naquele dia e não Jisung. Não que eu pense em trocar, nunca, não mais. Eu só fico curiosa para saber até onde aquilo me levaria.

- Vocês tem a minha benção para casarem quando quiserem, eu só espero estar vivo para ver isso acontecer. - diz o senhor Han.

- É claro que vai, vô. - Jisung o garante. - O senhor não acha que ela vai me enrolar para sempre, não é? - ele pergunta, esperando que eu o responda.

- Meu filho, nós três sabemos que eu não sou mais nenhum jovenzinho. - ele diz, tristonho. - A sua avó também nos deixou muito cedo. Eu sou sozinho, não sei por quanto tempo mais eu duro.

- Por favor, não fale assim. O senhor é a pessoa mais saudável e sã que eu conheço. No dia do meu casamento, o senhor estará na primeira fila. - Han Ji faz planos.

- Eu espero que sim, meu neto.

- É bom você se apressar, hein, Jiwoo. - Jisung diz, com mais uma desculpa para adiantar este casamento.

É claro que eu quero me casar com ele, mas ainda acho que casamento é coisa séria e que devemos esperar mais um pouco. Casamento é um contrato formal, tem valor legal e eu quero ter plena certeza de que estarei dividindo a minha vida com a pessoa certa. Eu sou cuidadosa, já estive por muitos anos com outro alguém e ainda assim nunca me senti pronta para casar. Ainda que eu sonhasse com aquilo, não conseguia dar o próximo passo. Não que ele alguma vez tivesse sugerido a ideia.

Eu sorrio concordando com ele. Eu estou tranquila, não quero planejar nada, vou o propor em casamento no momento em que eu sentir que devo. Quero que seja algo natural, espontâneo. Eu posso, sei lá, acordar no meio da noite e ter uma epifania.

- Você é muito é uma falsa. - meu namorado reclama novamente. - Quando estávamos em Paris e eu te chamei para morar comigo, você ficou toda emocionada. E depois me rejeitou.

- Você fala antes de eu descobrir que você ia se casar com outra? - eu pergunto, só para irritá-lo. - Se eu aceitasse morar com você, qual seria o próximo escândalo? Seu noivado com Hwang Hyunjin, o secretário bonitão que não sai da sua cola?

- Ah, nem. Hyunjin está namorando agora. - ele responde despreocupado.

- O quê!? Como assim? Hwang Hyunjin está namorando? - eu o questiono surpresa. Jisung me confirma com um balançar de cabeça, provavelmente arrependido por falar demais. - Com quem? Amor, me conta.

- Eu não. Já falei mais do que deveria.

- Nós não guardamos mais segredos um para o outro, pode me contar. - eu uso este velho argumento contra ele, mas quando não surte efeito, eu uso a minha arma secreta. - Me conta ou não vai ter casamento.

- Jiwoo, com isso não se brinca. - ele faz uma carinha trite que me dá vontade de apertar as suas bochechas gordinhas.

- Tá bom, eu parei. - digo, mas ele continua emburrado. - Não fica com raiva. Vem, vamos para a sua casa planejar o nosso casamento. - eu o estendo a minha mão.

Han Jisung é igualzinho a uma criança. Quando ele está com raiva, você só precisa dar alguma coisa que ele goste para ele esquecer e ficar feliz de novo. Ele abre um sorriso enorme no mesmo instante, segura a minha mão e se levanta animado com a ideia de planejar nosso casamento.

- Tchau, vovô. - ele se despede do mais velho. - Estamos indo.

- Tchau, meus filhos. - o mais velho se despede depois de um breve riso. - Jisung, não estresse a pobre moça. E boa sorte com esse aí, Jiwoo.

- Obrigada, eu vou precisar.

Jisung não leva a sério o comentário do seu avô. Ele continua segurando a minha mão, animado já pensando na data do casório. A sua felicidade era perceptível, até que, por acaso, acabamos esbarrando no seu pai.

No exato segundo, o meu corpo estremece, eu não esperava mesmo o encontrar aqui. Sim, esta é a sua casa, eu sei disso, mas segundo os relatos do seu pai, o vovô, ele quase nunca está em casa.

O homem em nossa frente tem olheiras roxas e fede a álcool, mas ainda são 18:00h. Ele olha para nós dois, logo em seguida em direção às nossas mãos dadas. O seu rosto se banha em uma expressão de deboche e sarcasmo. Tenho medo, mas procuro não ser transparente.

- Quem te autorizou a trazer essa daí para dentro da minha casa? - o zumbi em frente pergunta, meio grogue.

Jisung avança um passo na direção do homem bêbado, então eu aproveito para o empurrar na outra direção. Eu sussurro que esqueça e deixe para lá, não vamos perder tempo, não vale a pena. Han faz isso, ignora, mas quando estamos perto de sair, o seu pai se manifesta novamente.

- Ainda assim, é melhor que você esteja com uma vagabunda do que com um homem.

Depois de ouvir isso, não há força que o segure. Jisung se desprende da rota até a porta, dá meia-volta e fica cara a cara com o próprio pai.

Eu fico tensa. É um cenário imprevisível, temo pelo que pode acontecer. Seguro o braço do meu namorado, tento o levar embora, mas ele é forte de mais.

- Esta é a última vez que você vai ouvir algo vindo de mim, então vê se coloca isso na sua cabeça doente de uma vez por todas. - ele diz, olhando nos olhos do outro. - Com quem eu estou ou não, não diz respeito à sua vida medíocre. Eu posso estar com quem eu quiser, desde que eu ame essa pessoa. Mas você nunca poderia me entender, porque você é um ser humano tão podre que não é capaz de amar ninguém, nem a si mesmo. É por isso que a mamãe foi embora, que eu fui e logo o vovô também vai desistir de você. - um músculo na sua mandíbula se tensiona, irado. - Você é um fardo para todo mundo, seria melhor se não existisse.

- Com quem você acha que está falando, moleque? - o homem, grogue e rude é quem tenta partir para cima do próprio filho, mas a sua cordeação motora falha e ele acaba por cair de cara no chão.

Han Jisung olha para o homem todo espatifado no piso. Os seus olhos capturam a imagem do pai exaltado e jogado aos seus pés, mas ele torna-se frio, não move um músculo para o ajudar. Ele vai embora e eu venho logo atrás.

Do carro até a casa, o caminho é percorrido em silêncio. Ele não estava disposto a falar e nem eu a puxar algum tipo de assunto. Quando chegamos com o cachorro em sua casa, eu digo que vou tomar um banho. Jisung ainda não diz nada, mas não se opõe.

Ao retornar, noto que Han já está banhado, sentado na sua cama com o notebook sobre as coxas, tão concentrado no que faz que deve estar trabalhando, ou jogando minecraft. Eu não o incomodo, apenas fico ao seu lado. Mingi pula na cama imediatamente e eu aproveito para fazer um carinho nele.

Algum tempo passa; devem ter sido cinco minutos, mas a sensação que deixa é de que faz uma hora. O único barulho no quarto é o dos dedos de Jisung no teclado do computador. Resolvo ligar a televisão baixinho, ele não se incomoda.

Mingi e eu assistimos à uma minissérie que encontrei em um dos sites de streaming que o meu namorado assina. Ele continua no teclado. Eu começo a ficar incomodada com o tempo que ele está passando imerso no trabalho.

- Você ainda vai demorar muito aí? - eu resolvo perguntar. - Eu vim para cá ficar com você, não para ver você com a cara enfiada nesse computador. - faço um biquinho, assim como ele sempre faz quando quer algo de mim.

- Está bem, eu posso terminar isso amanhã. - ele diz, finalmente deixando o notebook na escrivaninha e saindo do transe.

Jisung permanece sentado na cama, acariciando os pelos do cachorro que já está enorme. O tempo para eles passa tão rápido. Quando o conheci ele era pequeno e agora está quase do tamanho do meu irmãozinho.

- O que você tem? - eu pergunto.

- Eu estou pensando. - ele diz.

- Sobre a discussão que você teve com o seu pai hoje mais cedo? - questiono, já sabendo qual é a resposta. Sento-me sobre minhas próprias pernas, dobradas.

- Também. - ele confirma. - Eu acho que eu posso ter pegado muito pesado. Eu estava com muita raiva, mas acho que exagerei no que disse. Você acha eu eu passei do limite?

- Às vezes, quando estamos magoados, falamos mesmo algumas coisas sem pensar. Não é bom, mas é perfeitamente comum. - eu respondo. - A relação de vocês é muito conturbada, então é difícil até de achar um limite, para saber se você passou dele ou não.

Jisung concorda, é bem complicado.

Mingi pula para o chão, indo deitar-se na sua caminha igualmente quente e confortável. Nós dois resolvemos fazer o mesmo, deitar e dormir. Han resolve se alongar antes, mas ele acaba reclamando de dor nas suas costas.

- Está doendo? - pergunto, mas é óbvio. - Tira a camisa, eu te faço uma massagem.

- Preciso? Eu não estou muito no clima hoje. - ele me interpreta errado, ou se faz de bobo. Acredito que seja a segunda opção.

- Para de ser besta, Jisung. - eu o estapeio, sem perceber que era exatamente onde doía. - É só uma massagem, você não precisa levar tudo para este lado.

- Era brincadeira, não precisava me agredir. Que relacionamento abusivo este que eu me meti. - ele faz uma caretinha irritada, mas isso não o impede de tirar a parte de cima da roupa. - Aff. Eu só apanho. Toda hora isso, sempre eu. Tudo eu, tudo eu.

- Amor, fica quietinho.

Eu o deixo reclamando sozinho por uns instantes, para ir até o banheiro, procurar no armário o gel de massagem de hortelã, o que refresca.

Quando volto, Han está deitado de barriga para baixo, apenas me esperando. Eu retorno e me sento sobre os seus glúteos, onde tenho mais apoio. Derramo um pouco do gel nas suas costas, deixo o frasco com o restante ao lado do seu computador e com os dedos espalho tudo, dando uma atenção especial à dor localizada. Ele adora, fecha os olhos. Mais um pouco e ele pode chegar a dormir.

- Sabe... se eu não estivesse tão cansado, até poderia achar isso excitante.

- Cala a boca, Jisung.

- Não, eu quero falar mais sobre o nosso casamento. - ele retorna para este assunto antigo. Já estava mesmo demorando. - Eu estava pensando um pouco sobre a festa. Você prefere uma festa grande ou pequena?

- Eu só preciso que a minha família, os meus amigos mais próximos e você estejam lá.

- Eu quero uma festa enorme. - ele diz. - Quero mostrar para todo mundo que eu sou o cara de sorte que roubou o seu coração.

- Fala a verdade, você quer os presentes.

- É claro. - ele não nega. - Vou convidar toda a gente rica que eu conheço, eles tem a obrigação de nos dar os melhores presentes. Essa gente rica consegue ser bem muquirana.

- Mas, Jisung, você é rico.

- E quando nós dois nos casarmos, você também será.

- É verdade. Eu nunca tinha parado para pensar sobre isso. - eu não me vejo como rica, mas não seria ruim. - Quando nos casarmos, você quer que eu venha morar na sua casa, ou pensou em outra coisa?

- Eu gosto daqui, mas penso que é melhor nos mudarmos. - ele diz. - Quero ir para um lugar que seja só nosso. Algum lugar perto do trabalho, perto do centro, das cafeterias que você gosta, mas num bairro tranquilo como este e onde nós possamos convidar os nossos amigos para passar o dia com a gente e tomar banho na nossa piscina.

- Parece perfeito. - eu digo. - Como nós vamos dividir as tarefas de casa?

- Nós ficamos fora o dia inteiro, acho melhor contratar alguém para fazer por nós.

- Eu não sei se me sentiria confortável com isso. - digo pensativa. - Eu gosto das minhas coisas feitas de uma maneira, a minha maneira. Não sei se quero alguém mexendo no meu sistema de organização.

- Jiwoo, você não tem um sistema de organização. - ele ri.

- Mas eu poderia ter um e se tivesse ele seria afetado. - eu digo. - Não quero alguém vasculhando nossas coisas, a nossa intimidade.

- Eu vou contratar alguém de confiança. Você conhece Soyoung, ela trabalha com a minha família a anos e é de confiança, eu peço para ela me indicar alguém. Eu prometo que só vamos escolher alguém quando você aprovar.

- Não sei não... - eu fico em dúvida. - Parece que eu estou me tornando parte da burguesia.

- Qual o problema em ter uma vida tranquila? Todo mundo fala mal dos ricos, mas todos queriam ser um e não perdem um story deles. - Han não está totalmente incorreto. - Eu sei que você adora me ver no fogão e eu não vou parar de cozinhar para você, só vai ser com menos frequência.

- Você ainda me deve uma cheesecake. - eu o lembro deste detalhe.

- Eu vou fazer, um dia. - ele promete pela milésima vez, logo em seguida me dando um selinho. - Desliga a luz, por favor. - ele pede.

Eu resolvo fazer o favor, mas só porquê estou mais perto da luz. Levanto-me da cama e dou quatro passos até chegar na porta, assim que aperto o botão para desligar a luz, corro de volta à cama e dou um pulo sobre o colchão. Sem querer, dou uma cotovelada na barriga do meu namorado.

- Todo. Santo. Dia. - ele reclama com a dor, sentindo a falta de ar.

- Desculpa, eu não enxergo no escuro.

- Mas não precisava pular, né. - ele reclama mais uma vez, agora ligando o ar-condicionado. - Numa dessas você pode acabar atingindo o pobre do cachorro. - Han fala, mesmo que sejam poucas as noites em que Mingi dorme na cama com a gente. Ele é um cachorro educado, gosta da própria cama.

- De certa forma, eu já atinjo. - o provoco. - Agora vem cá, cachorrão. Me abraça. - eu peço por um pouco de carinho embaixo das cobertas.

- Não vou abraçar ninguém, não. - ele fala todo bravinho, virando-se para o outro lado. - 'Tô com raiva! Você me machucou.

- Oh meu amor, desculpa. Fica pertinho de mim, hoje você pode ser a conchinha de dentro. - digo, escorregando no colchão até colar o meu corpo com o dele, me tornando a conchinha de trás e o abraçando.

Jisung para de fingir que está com raiva e que não quer contato, ele relaxa e entrelaça os seus dedos nos meus ao conseguir exatamente o que queria.

O pilantra é um gênio.

- Eu estava aqui pensando... e se eu pegar um cachorrinho para fazer companhia ao vovô? - Jisung compartilha sua a ideia comigo. - Ele estava dizendo hoje como é sozinho e eu acho que faria bem para ele. O que você acha?

- Eu acho uma ótima ideia, meu amor. - eu bocejo, sonolenta. - Assim Mingi também vai ter um amiguinho para brincar.

- E a gente vai poder chamar ele de Changbin! - Jisung fala empolgado. - A gente precisa adotar um daqueles cachorrinhos que não crescem. Por favor, vamos fazer isso.

- Tá bom, mas quem deve decidir como ele se chamará é o seu avô. - eu esclareço.

- Mas isso não quer dizer que eu não possa sugerir algo. - ele fala, firme na sua ideia.

- Mudando de assunto, tem uma coisa que eu estava pensando. - falo ao lembrar. - Já faz mais de um ano que eu trabalho na Cheshire, então eu preciso solicitar as minhas férias. Eu pensei que talvez você pudesse tirar pelo menos uma semaninha para a gente fazer uma viagem. Nem precisa ser fora do país, você ficaria surpreso se eu dissesse que nunca fui à ilha de Jeju e a minha tia agora mora lá.

- Você quer tirar as suas férias agora? - ele pergunta, um pouco chateado. - Pensei que seria melhor se você tirasse depois do casamento, eu pegaria uma licença e nós ficaríamos o mês inteiro de lua de mel. A não ser que você não queira se casar este ano.

- Sendo totalmente franca, eu esperava que o casamento acontecesse no próximo ano. - falo abertamente. - Quando noivarmos, não quero casar imediatamente. Nós precisaríamos resolver uma série de questões antes do casório, como: a casa, os próprios preparativos da festa, lista de convidados, preparar tudo no trabalho para nossa saída e muito mais coisas.

- Pelo menos você ainda pensa em casar.

- Eu sei que você não vê a hora de ser para sempre a minha conchinha, mas vamos fazer tudo corretamente e com calma, tá bom? - eu me inclino para conseguir beijar sua bochecha. - Eu te amo, Ji. Você sabe disso, não é?

- Eu sei. - ele se vira para tentar me olhar nos olhos, no escuro. - Eu amo muito você, Jiwoo. Muito mesmo.

Carinhosamente, os seus lábios tocam os meus. Ele me beija, nós nos beijamos. É um toque gostoso e que não se prolonga. Por mais que eu sinta que posso o beijar durante horas e horas, os nossos corpos cansados nos dizem o contrário. Somos vencidos pelo sono.

Juntinhos, nós adormecemos.

É aconchegante e caloroso dormirmos abraçadinhos. Eu gosto do calor de corpo de Jisung no meu, da sua respiração calma me fazendo cochilar também. Melhor ainda que dormir, é acordar ao lado da pessoa amada. Todavia, a maneira como aconteceu hoje foi um pouco inusitada.

O barulho irritante do celular de Jisung incomoda, acho que ele se esqueceu de colocar no silencioso. Han sai do aconchego dos meus braços, ele se estica na cama e pega o celular. Vejo na tela, com a minha visão embaçada, o aparelho dizendo que ainda são três da manhã, assim como ele também informa que a ligação vem do celular do seu avô.

Jisung atende, preocupado. O mais velho não costuma ligar tão tarde, então qual seria o problema?

A chamada não está no viva-voz, então eu não consigo ouvir o outro lado da linha, só Han pedindo por calma e alguns outros murmúrios. Jisung não fala muito, eu também não enxergo claramente sua expressão, a área iluminada do seu rosto é pequena.

Alguns segundos depois ele desliga a chamada, devolve o celular no antigo lugar e se encosta na cabeceira. Ele continua sem dizer nada, mas respira fundo e o som do ar saindo pela sua boca é perfeitamente audível para mim.

- O que aconteceu? - eu pergunto, tocando no seu joelho dobrado.

Han Jisung me olha sob o mínimo de luz da tela do seu celular e dá um longo suspiro antes de dizer:

- O meu pai morreu.

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