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Capítulo V - Em busca do Equilíbrio

 Ezz 

__ Você gosta das flores?__ A voz do homem vermelho lhe sobressaltou, fazendo Ezz dar um pequeno salto. Franziu levemente o cenho pelo susto, então se afastou, continuando a caminhar.

Encarou as flores em questão, pequenas e rosáceas, cobrindo uma boa parte da área de terra daquele jardim.. Um jardim estranho, à perspectiva de Ezz. Não respondeu a pergunta, deslizando o olhar por aquele teto alto e transparente. Não entendia porque cobrir o teto de um lugar como aquele.

Deslizou o dedo pelas águas de uma fonte dourada, os detalhes em azul se confundindo com as águas; inclinando-se, notando pela primeira vez mais atentamente, seu próprio reflexo.

Haviam lhe permitido se lavar e trocar de roupas. Lhe vestiram como um deles, estranhamente.. parecem me aceitar aqui tão facilmente agora, pensou, ainda não esquecido de toda confusão com a garota do arco; o que Ezz vira a descobrir se auto proclamarem um tipo de clã...

Ighen. Clã Ighen. Não sabia o que significava. Um clã de cabelos tão vermelhos e jardins com teto. A roupa era simples, em comparação com o que vestia antes, não havia bordados complexos, mas era confortável. A primeira coisa que notou foi que o manto cobria suas costas completamente. 

Continuou a caminhar, notando o homem lhe seguindo a cada movimento. Ainda não sabia o que esperavam dele, e muito menos como parara ali. Sua memória dava voltar e sua cabeça doía. Entretanto, contraditoriamente, Ezz se recordava de muitas outras coisas, mas se utilizou daquelas falhas específicas para não dizer mais do que o necessário. Afinal, não era uma total mentira. Ele não se lembrava do que vira no palácio, ouvia a voz de sua mãe, ouvira barulhos altos, a voz de Miklo distante e.. Se apagou.

Percebeu que estava há muito tempo encarando a grande árvore que se alastrava por um estranho círculo e centro daquele lugar. Dois pilares lhe rodeavam, havia muitos símbolos talhados à mão, e no centro um desenho de um.. rosto, notou curioso, ao lado havia algo escrito. Forçou o olhar, mas não entendia a língua. 

Sentia-se melancólico por um instante. Não entendeu a princípio porquê.

O homem o encarava o tempo todo. É um pouco.. desconfortável. Não o diria, aquele homem o havia ajudado, de alguma forma. Quaisquer que fosse suas intenções.

__ É bonita, não é? Dizem que está aqui há mais tempo que qualquer uma daquelas casas que viu no centro. __ Ergueu uma mão, fazendo Ezz se afastar por instinto, então tocou o tronco, fazendo algo.. cintilar. O garoto manteve os olhos atentos__ Ela é a prova viva que este lugar.. este lugar pertence aos Ighen's tanto quanto o contrário, vê? O dôr mal se move, mas responde fortemente. Eu não precisei fazer nada pra isso.__ E riu, recolhendo as mãos dentro do manto novamente.

__ Dôr.. __ repetiu Ezz, num múrmurio, ainda se habituado aquela língua, pensando ter ouvido esse termo anteriormente.

__ O que você fez na prisão, usou dôr não foi?__ Perguntou o rei, sem se preocupar em esconder sua curiosidade.

Ezz apenas piscou, confuso. Isso também confundiu Ulker. Ele não é um dôre, é?

Tentou ser mais claro.

__ Na prisão, se lembra? Todos estão dizendo que você salvou aquele homem, o curou. O que exatamente você fez com ele?__ Ulker ergueu o olhar rubro pra si, de uma forma inquisitiva que lhe fez soar como um rei para Ezz pela primeira vez.

O garoto se recordava daquele homem, apesar de que estava tão ocupado tentando entender o que dizia do que qualquer outra coisa. Sentando no chão, o rosto seco como uma castanha, completamente sujo.. bem, naquela ocasião ele não estava tão diferente. O que eu fiz.. repetiu internamente. Ele obviamente estava doente, e fitava seu pedaço de pão mofado em mãos.. Ezz percebeu que ele tremia, e mesmo assim, havia uma energia feroz em seu rosto. Seu corpo degradante, mas a mente forte, disposta a brigar consigo por aquele pão. Ezz sentiu pena. Não, havia mais do que pena. 

Era como uma estranheza por ver alguém se deteriorar em sua frente. 

Pensou em sua mãe. O que acontecia já com muita frequência. lembrou-se de sua voz dançante, e toda juventude de seu olhar.

Sua mente o levou àquela tristeza.

Só viu tristeza em seu olhar em muitas poucas vezes que..

Degradar-se.. era o que faziam aquele olhar se entristecer. Pensou em sua mãe, e então pensou em si. Em como pela primeira vez enxergou algo como morte, aquele céu, o desespero de não poder se agarrar, sentir-se perdido entre nuvens.. Desespero. Em como havia desespero, naquela cela e acima de tudo, naquele homem. 

Talvez ele tenha visto algo em comum, não soube dizer.

Não pensou sobre tão a fundo. Foi tudo muito natural e instintivo. Só.. Aconteceu. 

Se lhe dissessem que o que fizera iria se perpetuar daquela forma, não sabia se faria novamente. Mas o fez, e agora tentava entender a curiosidade daquele homem.

__ Não fiz.. Nada, exatamente. __ Desviou o olhar, recobrando da forma como o velho parecia agonizar, e de fato, ele não tinha tanta força, não soube de onde veio o poder que o ajudou. E foi nessa hora que Ezz se recordou da mãe.

Pensar nela fez com que tudo simplesmente fluisse.

Porém, algo lhe dizia que aquele homem não entenderia. Talvez porque já estivesse na espera de uma resposta específica de si.

__ Ele estava com uma ... Agonia. Interior. Eu senti, e.. Fiz com que ela encontrasse um caminho pra fora. Não era complicado. Não foi.. Difícil. __ Mantinha Os olhos naqueles pilares enigmáticos__ O que é esse lugar? 

"Não foi difícil", Ulker exprimia espanto em sua face, um assombro que não sentia há um bom tempo. "Será que estou acreditando nessa história de Nasími?", riu do pensamento, tentando perscrutar além do mistério daquele pequeno ser albino e intrigante.

__ Esse Santuário... __ Iniciou, gostando de finalmente ter alguma demonstração de diálogo com Ezz__ É uma pequena porção da preciosidade que meus antepassados puderam presenciar. Diziam; os próprios deuses deram sua vida para proteger esta pequena ilha, é uma lenda famosa mundo afora, mesmo que, bem, você vê, não há nada realmente grandioso para se chamar de antiga portada dos deuses.

Ezz rodava os olhos por aqueles belos desenhos nas paredes quase translúcidas, pensando o tipo de lugar de um passado glorioso que aquilo representava.

__ Enastia foi totalmente destruída uma vez.

O garoto o fitou diretamente pela primeira vez desde que chegaram no Palácio.

__ Então você já pode imaginar, reconstruir... Esse Santuário é um trabalho de muito, muito tempo. Claro, essa cidade toda representa o esforço daqueles camponeses a procura de um lar para voltar. __ Observar o rosto juvenil preocupado com um passado distante fez Ulker sorrir, paternalmente__ Estes pilares que você parece gostar__ Apontou__ Estão escritos em askardi antigo, porém não são tão antigos quanto parece.

__ O que... Diz ali? __ O garoto erguia sua mão, o acompanhando. Sentia o relevo levemente raspado.

O rei continuou a caminhar, Ezz esperou a resposta.

__ Nada tão incrível quanto aparece, aparentemente. __ Deu de ombros, sentando-se ao lado da fonte__ askardi antigo é uma língua de sacerdote da Névoa, eu não sei muito, apenas que é um tipo de cântico sobre florestas e heróis mitológicos. O desenho é de Syg, uma das primeiras rainhas de Enastia. Bonito, não é?

Ezz assentiu. Se aproximando, para melhor admirar o desenho emblemático. Foi então que pensou ter reconhecido uma palavra, que até então de longe parecia apagada. Se aproximou mais..

__ Você__ Perguntou Ulker de repente__ Me disse que não se lembra como veio parar aqui, certo?

Ezz virou-se, uma certa ansiedade em seu olhar.

__ Quando Enastia foi reconstruída, meus antepassados, que eram dôres tão incríveis que jamais posso mensurar, construíram esse Santuário com outra função em mente.. Você de alguma forma curou aquele homem, pode não ser um dôre, mas sente, não sente? __ Foi quando Ezz percebeu, aquele sentimento.. A barreira, sim, ele sentiu que havia alguma razão para aquele teto estranho__ Este Santuário é uma proteção. Não de um mal, diria que é mais.. Uma forma de manter um pouco daquela santidade perdida. Enastia é única. Qualquer dôre que vem para cá, sabe disso.. É como um..__ E piscou, confidente__ Segredo?

O garoto entendia, sim. Não precisava passar muito tempo naquele lugar. Era forte. O que quer que estivesse incrustado naquele céu enigmático... Ezz sentia que Enastia inteira se beneficiava com ele.

E para o que ele chamava de dôre, era acolhedor. Sentia a natureza como um abraço. Mesmo que Ezz sentisse que para ele era um abraço mais apertado do que deveria.

Proteção... Encarou o rosto reluzente dele, o orgulho de quem viveu ali por sua vida toda. Eu conheço.. Esse sentimento muito bem. Ares daquela melancolia anterior adentram sua visão.

__ Eu sinto... Que é forte. Opressor. Um golpe no peito.. __ Franziu o cenho, então voltou a apreciar as pequenas flores.

__ Opressor... O equilíbrio é calmo. __ Sentiu novamente aquela faísca enigmática em seus olhos vermelhos__ Há equilíbrio em tudo, o equilíbrio move a humanidade. Não acha? O que pensa quando vê essas árvores? Ou essas águas? A perfeição se faz com sua mais equivalente elevação de todas as formas, únicas e perfeitas, sem perturbação__ Ergueu um dedo, permitindo que uma pequenina borboleta tocasse seu dedo__ Isso é.. vida. E vida é equilíbrio.

O garoto observou as árvores, como se procurasse a representação gráfica daquelas palavras.

__ Os Ighen's são parte desse equilíbrio também. O dôr faz parte da nossa história. Os grandes dôres do passado e estes homens simples que vivem sob esse céu de centenas de anos de equilíbrio e proteção. Nós somos completos aqui__ Com o mesmo dedo erguido, deslizou-o pelo ar, atraindo ainda mais a curiosidade daquele rosto monótono e contemplativo.

Ulker sentiu-se inspirado por suas próprias palavras, desenhou um Adulle simples, ondas que cintilavam como uma forma única de vida. Equilíbrio.. oras, agora só sinto que quero ver o poder deste garoto com meus próprios olhos.

Gotículas de água se uniam no ar, fazia-se parecer que surgiam no ar, mas Ezz as acompanhou atento, eram pequenas no início, até virem em filetes do pequeno lago. Era bonito. Era o que conseguia pensar.

__ Não se cria nada, se pega__ A esfera rodava no ar como um anel mole__ E se devolve.__ Até desfazer-se, rápido demais.

Um breve silêncio, e Ezz apertou o próprio peito. Como se precisasse mantê-lo seguro ou conferisse alguma coisa.

Não entendia de dôr, ou como aquele símbolo se tornara uma bolinha de água. Sua mente ainda parecia longe, tão longe... Como a se recordar de como o mundo parecia tão pequeno e desorganizado, e como ele parecia pequeno e fora do lugar. Ele não era equilíbrio. Mesmo que pudesse, de alguma forma, sentir dentro de si algo que se assemelhasse com aquilo.

__ Se quisesse fazer o que fiz agora__ Ulker ergueu-se jovialmente, ignorando a tristeza naquele rosto pensativo, limpando o manto do pouco de terra em suas pernas__ Como o faria?__ Vamos ver se boatos são só boatos, no fim das contas.

__ Eu.. ainda não entendo o que você fez.__ Ezz mantinha os olhos baixos, a mão inconscientemente apertando a camisa fina.

__ Me mostre o que você sabe.

Os dedos se soltam do tecido. O problema é... Eu não entendo porque essa sensação de tensão me faz sentir tão pesado. Os dedos pálidos pareciam perdidos... Mas se mantiveram no ar. Não entendia, mas sentia.

Aquele homem lhe deu roupas novas e o alimentou, alguém desconhecido que fora acusado de ladrão. Ezz tentava justificar a confiança que sentia diante daquele homem imponente, porém, ele soube, apenas de olhar aquele lugar, ou pela forma que se expressava sobre aquele lugar. Ele soube que ..  Poderia deixar fluir. Entre os dedos..

Escorregando, como um pedaço de si. Fechou os olhos, os dedos imaginários procuravam; o círculo, vívido, ainda mais reluzente do que o símbolo que rei desenhou no ar, mais reluzente que aquela fonte esplendorosa.

ESTÁ... AQUI. Enfim, você parece melhor agora. Suspirou, surpreendendo-se por sorrir. Parecia que fazia uma eternidade. A chama fervia, mas sabia que sequer precisava tocá-la para "copiar" o que Ulker fez.

Seus dedos se moveram lentamente, ao contrário da onda de água que se elevou no ar.

Isso é..! Os olhos de Ulker se abriram tanto que pensou ter caído para trás com o susto. Isso não pode sequer ser... Chamado de esfera, pode?

A água dançou. Ezz ainda tinha os olhos fechados, mas podia sentir.

Dentro de si, algo dançava também. Gostou da sensação, era estranho, mas interessante. Nunca imaginou usar aquilo para qualquer coisa que...

Abriu os olhos, o sorriso se metamorfoseando num olhar sereno, a concentração, que observando mais de perto... Era mais como um divertimento.

*

*

*

Gae Jo 

__ Askar é a Maior cidade que já existiu ou existirá. O Centro do mundo entre Norte e o Sul, entre o Leste e o Oeste. __ Thirsty mantinha os dois braços abaixo da cabeça.

__ O berço perfeito para uma mulher extravagante como você__ brincou Urie, bocejando brevemente.

O pôr-do-sol parecia longo àquele dia.

__ Todos somos extravagantes de alguma forma, askardianos só são mais conhecidos.

Gae ouvira histórias sobre Askar e Hamari algumas vezes naquelas conversas, mas ainda tinha uma ideia muito vaga do que exatamente isso significava. Urie chegou a lhe confidenciar que todos da Hamari estavam presos ou mortos, mas era a especulação geral. Não queria saber de boatos, queria entender porque mesmo parecendo algo doloroso Thristy mencionava o assunto como se fosse parte da essência do seu ser.

__ O que significa Hamari? Não me parece askardi. __ Gae sacudia e rodava a bengala de Urie como um bastão.

O anão franziu o cenho, se perguntando como alguém tão pequeno podia ter tanta energia depois de um dia cansativo de trabalho.

__ Está certo. Como conhece askardi?__ Riu Thirsty, divertida com a cena.

__ Meu pai era um bibliotecário além de professor, havia mais livros em askardi ali do que em nossa língua.

__ Ah claro, quase me esqueci!__ Sorriu, pensando no caso da biblioteca em chamas, e que isso já não parecia afetar tanto o garoto__ Bem__ Seriou o tom de voz__ A literatura de Askar é muito vasta e percorre o mundo, de fato. __ Pontuou, orgulhosa. __ Os Hamari são a facção Libertária mais famosa do Continente, mesmo temidos, o nome não revela nada... assustador? Talvez não tanto quanto deveria ser.. mas bem, maioria de nós não pretendia ser mais que organizadores, líderes... __ Riu divertida__ "Hama" é o antigo Deus protetor dos oceanos, protetor do povo dos oceanos, "rari" significa terra no antigo arkardi. Protetores da terra do oceano, da nossa terra e povo. __ Desenhava no ar, como se pudesse ver a história diante dos olhos.

__ Esses acadêmicos... Sempre poéticos, não é?__ Rio Urie__ Seu pai é assim também?

__ Costumava ser.

Os dois se entreolharam, percebendo que estavam tocando em terreno sensível.

Gae não respondeu por mal. Fazia um mês que estava ali, já havia aceitado aquela possibilidade. Se permitiu ser um pouco mais maduro. Talvez fosse a influência de Thristy. Talvez.. Eu queira ser mais frio. Ou só.. Mais forte.

Urie lhe fitava de canto de olho percebendo como seu rosto parecia cansado. Não disse nada por um tempo e apenas continuou observando o céu se derreter em um mar laranja leitoso.

__ Imagino que queira voltar pro dormitório agora.

O garoto meneou a cabeça rapidamente. Acordara cedo, sempre alerta, tinha pesadelos, que apenas espreitavam-lhe, a espera de cortar sua cabeça.

__ Estou bem. __ Tossiu, desconfortável__ Me fale mais dos feitos da sua Hamari e como protegeram o povo de Askar.__ Então sorriu fino e virou-se para Thristy, encontrando seus olhos cintilantes e ouvindo uma comemoração típica, Urie fingindo reclamar ao seu lado e a conversa se alargar por mais alguns minutos.

Aqueles dias não podiam ser mais cansativos. Trabalhar o ajudava a não pensar.. Em tudo. Tentava esquecer brevemente os pesadelos, e todos os mistérios que envolviam o incidente com Ryforth. Felizmente, não houve vingança, como Thristy lhe garantiu que não haveria. Mas ainda não estava certo. Comentou com o anão sobre aquele sentimento que lhe incomodava. E este acrescentou que todos estavam um tanto alarmados nos últimos dias.

__ Houve uma sequência de tumultos.__ Coçou atrás da cabeça__ Fugas, e outras.. trocas, digamos assim, trocas proibidas. __ Franziu o cenho, a procura da palavra__ Contrabando__ Com famílias rivais aos Han.. O Senhor parece estranho. Os guardas estão mais atentos do que nunca.

Uma coincidência momentânea os sobressaltou; ouvira um grito, gritos, mais alarmantes do que os que já estavam acostumados. Alguém estava sendo levado, Urie comentara antes sobre a solitária. Parecia um mito ainda para Gae.

Em seu meio, tinha a ilusão de que ainda mantinha certa paz; claro, parte sua sabia que era tênue como o escorrer das horas, principalmente quando chegava ao dormitório.

Durantes aqueles dias sonhara coisas estranhas, círculos amarelos, a voz de seu pai chamando-o ao longe, a voz de .. algo, lhe chamando. Ele reconhecia aquele sentimento, de Ryfoth. Não deixaria o mistério lhe consumir. Então, Gae Jo esperou; esperou até ter um momento sozinho, longe das áreas vermelhas, porém, ainda era perigoso. Rapidamente tentava se concentrar, focar o olhar dentro de si mesmo.

Comentou com Thristy, vagamente, ela lhe respondeu, não surpreendentemente, com aquela calma acadêmica que às vezes lhe irritava. Não há segurança sozinho, garoto. Não ande sozinho. Não seja um idiota, não aqui neste lugar. O garoto então fechava a cara emburrado, e estalava a língua mentalmente.

__ "Não há segurança em nenhum momento. Qualquer paz é ilusória. Mas ela não sabe disso, afinal está ocupada demais...__ Franzia o cenho mais intensamente, pensando sobre aquela barraca de anteriormente e sua relação com o Senhor.__ Se humilhando. Sim.. Para ela mais valhe assegurar migalhas se sujeitando .."

Respeitava Thristy, e talvez por isso, este lado seu, este detalhe que não se encaixava.. Lhe confundia. Uma orgulhosa como ela deveria entender... Não é? Qualquer fonte de força era algo a se valorizar. Então sacodia aquele ancinho, tentando reviver o sentimento daquela noite.

Urie provavelmente sabia o que fazia, entretanto não o impediu. A noite caia, e se punha a apertar e girar o ancinho;  fazia três dias que treinava as escondidas. Não sabia nada de lutas, porém, inventava golpes, saltava aleatoriamente no ar. Até se sentir suficientemente cansado, retornar ao dormitório e se jogar no colchão duro como um saco de batatas. O sono pesado era além disso, uma dádiva, era bom, finalmente conseguir dormir com os roncos retumbantes de Norvin.

Apenas se deitar e fechar os olhos... o preço que pagava era os pesadelos, entretanto o considerou pequeno com o p assar leve dos dias, pensou que talvez pudesse se acostumar com eles por um tempo... E bem, brevemente, havia funcionado.

Àquela madrugada se empolgara mais do que o usual. Demorando pouco mais de duas horas. Chegou na ponta dos pés, o breu do casebre o fazendo temer tropeçar em algo e acordar alguém. Porém, felizmente, conseguiu chegar a sua cama em perfeito silêncio. Suspirou, vestindo sua camisola, já cochilando enquanto colocava a cabeça no travesseiro.

Até que sentiu... Algo errado. Era um cheiro, e uma textura. Ergueu a cabeça, desperto, revirando o travesseiro, que parecia perfeitamente limpo e seco, até..

Um grito aterrorizado.

Sangue... Quando o levantou, percebeu alguma coisa mole e sangrenta caindo sobre a cama. Alguém acendeu as luzes, muito provavelmente um guarda, não prestou atenção, não percebia nada fora aquele pedaço de animal retalhado na sua cama. O cheiro putrefato grudando em suas roupas.

*

*

*

Zoric 

O quão insuportável era ter aquele alvoroço tão cedo...

Saltou da cama, calçou as botas e mal olhou o rosto úmido de suor no espelho.

Fazia uma semana que Aquele cara estava ali. Fazia uma semana que Erien e Hogg o tornaram seu assunto preferido, e uma semana que não acordava naturalmente sem saber de alguém que precisava de algum tipo de milagre Nasími batendo a porta do Castelo como se estivessem distribuindo caridade.

Zoric estava... Farta. Bateu na mesa aquela manhã, o rosto franzido, à passos rápidos, sem preocupar em cumprimentar todos que encontrava pelo caminho. Chegou no fim do corredor, o cheiro de terra invadindo seu nariz. Você não pode passar o dia todo aqui como se..

__ Pai__ Empurrou a porta com mais força do que necessário, sua trança sacudindo no ar com agressividade__ Alguém precisa fazer alguma coisa sobre aquelas pessoas lá fora.

O rosto confuso e ensolarado de Ulker resplandece, como se lhe tivesse dado uma boa notícia.

__ Bom dia pra você também, Zoric__ Se apoiou num joelho, demorando-se um pouco pra levantar__ Com aquelas pessoas você quer dizer, o nosso povo?

A garota bateu o pé, as duas mãos na cintura. Não é hora pra isso.

__ Se você não fizer nada, eu vou.

__ Por que..__ O homem mantinha aquele sorriso impassível no rosto__ Não tenta dar a eles o que querem?

Zoric ergueu uma sobrancelha no rosto plácido.

__ Eles querem milagres.

Ulker a fitou malicioso, Tem certeza?

A garota não se daria por vencida.

__ Aquele cara não é um Nasími. __ Suspirou, pensando no quanto aquela conversa era inútil desde o começo.

__ Claro que não. Mas se eles querem que ele o veja, por que não diz pra ele ao menos tentar? Você quer tanto resolver todos os problemas desse lugar sozinha assim?__ riu, o que Zoric não entendeu porquê__ Você o odeia tanto assim?

__ Ele é só um usuário de dôr, não um curandeiro. Do que adianta?

__ Por que ignora o que ele pode fazer? __ Cruzou os braços musculosos, parcialmente descobertos aquela manhã.

__ Pai... __ Suspirou de novo, não queria conversar, só queria ter os ouvidos em paz. Massageou as têmporas. Bom. Eu posso fazer isso. Sendo ele Nasími ou não, se é o todos querem..__ Tudo bem... Eu vou falar com ele. Satisfeito?

O homem sorriu, puxando-a pelo braço. Ambos indo até a biblioteca.

Encontrando um Erien de bolsas enormes abaixo dos olhos, andando de um lado pro outro, falando em alguma língua que Zoric não soube decifrar.

__ Erien!__ Chamou, fazendo o garoto se sobressaltar. Os olhos azuis confusos abaixo da pequena lente. Ulker pensou que fazia-o parecer um tipo de roedor.

__ Zor-, Majestade__ Sorriu, assim que Ulker se aproximou e bagunçou seus fartos cabelos encaracolados.

__ Erien, sinto atrapalhar seu estudo diário, mas-__ Zoric completou, seus olhos prescrustando pelo lugar__ Estamos procurando Ezz.

O rei lhe observou de canto de olho. Ela se recusa a chamá-lo de Nasími, mesmo que "delinquente" na minha frente? Sorriu, divertido. Zoric, eu nunca tinha visto este seu lado infantil.

__... Mas vemos que ele não está aqui.

Erien intercalou seu olhar entre os dois. Um tanto divertido.

__ Bem, na verdade..__ Caminhou a passos rápidos, indo em algum lugar entre duas das estantes mais cheias do salão. Uma das suas famosas pilhas de livros estiradas no chão parecia estranha à Zoric.

Se aproximaram, a medida que seu olhar perscrutava mais atentamente, percebeu algo se mexer.. Algo branco e ondulado, um rabo de cavalo, então um rosto, profundamente concentrado.

__... Ele está aqui antes de eu chegar__ Riu, então se reclinou sorrateiro, tocando o ombro desnudo e sem manto de Ezz com a ponta do livro que tinha consigo.

O susto foi breve, Zoric presumiu que estava lento por provavelmente estar com sono.

"Só um idiota pra passar a noite acordado assim.. O que diabos você tá procurando?", espreitava com o olhar, lendo os títulos. Se surpreendendo por não ser nada daquela idiotice de Nasími. Ele apaantemente tinha certo interesse em história. Desviou o olhar rapidamente quando viu que ele percebeu sua curiosidade.

__ Ei, você__ Assumiu quase inconscientemente o tom severo na voz__ Sinto atrapalhar, mas precisamos ter uma conversinha.

__ Ah... Hã... __ Ezz esticou as costas, alternando o olhar entre os três, mesmo confuso, assentiu. __ Tudo bem...

Ulker recolheu seu manto do chão. 

Sentado na sua frente, percebeu como os olhos dele pareciam dois círculos rasos nadando num mar azul. Franziu o cenho, odiando como aquilo soou como um elogio à sua aparência.

Ele ser bonito não faz dele confiável ou inocente.

__ Tem muitas pessoas lá fora agora, imagino que percebeu__ Pôs as mãos na cintura novamente, viu-o assentir pragmático__ Eles acham que você faz milagres, querem que você seja um curandeiro, seja um salvador pra suas dores. Eu não conheço você, e não confio em você, mas Ulker e Erien parecem crer que você tem algo de especial. Que pode fazer o que eles acham que pode fazer.

Ezz a ouvia num silêncio meditativo e isso a fez se sentir confortável. Nada a dizer? Tudo bem.

__ Ezz__ Interrompeu Ulker__ Pode ajudá-los? Como fez com o velho Ginevic na prisão?

Zoric sentiu hesitação naquele olhar. É claro que vai negar. Você não ..

__ Eu...__ Erien tinha a expressão mais ansiosa que já vira em seu rosto__ .. Posso tentar.

O garoto comemorou como uma criancinha. Parecia ter ganhado um presente surpresa. Ulker não estava tão surpreso e Zoric os observava com aquela atenção monótona de quem foi desafiada. O rei a observou discretamente. "Ele foi contra suas expectativas, e agora?".

E como se parecesse ler aqueles pensamentos, Zoric se ofereceu para escoltá-lo no meio da pequena multidão. "Agora... Veremos."

Muito mais rápido do que qualquer um imaginou, o caos parecia alastrar-se em tão poucos minutos. Zoric brandia sua espada com elegância. Chegando no centro da multidão, percebeu o quanto a situação era grave.

__ Pai.. Precisamos -__ Tentava falar, mas alguém surgia, pedindo permissão para entregar alguma mensagem ao rei.

__ Majestade__ Se curvou, um tanto sem fôlego__ Bem senhor, é que há uma pequena confusão ...

__ De que tipo?__ Tentou rir Ulker, já tendo uma grande confusão ali na sua frente.

__ Aparentemente dois imigrantes askardianos querem atravessar sem a permissão__ O homem coça a barba rasa__ Parece que um deles é bem forte e..

__ E o que tem? Imigrantes ilegais entram em Enastia o tempo todo.__ Interrompeu Zoric sem paciência.__ Apenas mande-os pra prisão e resolva isso.

__ Sim, senhora, mas é que..__ o homem intercalava o olhar entre Ulker e Ezz, um tanto desconcertado__ Um deles parece mal.. Um garoto baixinho, que mal consegue se manter de pé.. E parecem que, bem... Bem, eles atravessaram para ver... Bem, sabe, o Nasími.

Todos fitaram Ezz direta ou indiretamente. O rosto confuso do jovem parecia sempre estar em qualquer outro lugar, menos ali.

__ Primeiramente que o nome dele é Ezz, não Nasími__ Se interpôs, empurrando Ezz levemente para trás__ Parem de chamar ele assim. Não vê que isso o incomoda? Ele tem um nome.

O homem ficou completamente desconcertado. Ulker a fitou surpreso. Encarou o garoto, pensando se Zoric notou algum desconforto nele ser chamado naquilo.

Eu não havia percebido, deveria ter notado... Zoric, realmente...

Contemplava a postura da filha, a infantilidade que virá antes, parecia agora, ao menos, penas seu dever sendo cumprido. Coisa que ela mesma não tenha percebido.

__ Segundamente; ele não é um curandeiro__ Deu um passo pra trás, puxando Ezz para seu lado__ Ele é um dôre-__ Um barulho estranho se fez em algum lugar lá fora.

Alguém parecia ter quebrado a pequena cerca. Zoric deu um passo a frente, a espada em punho, pronta para o que viesse. Ulker pôs a mão em seu ombro. Não faça nada extremo.

Esperava algum arruaceiro, algum indolente forte o suficiente para passar por seus guardas. E novamente, naquele dia, Zoric teve suas expectativas partidas.

Não era um brutamontes arruaceiro ou um grande guerreiro.

Uma.. Mulher. Pelas roupas, era claramente askardiana.

__ Quem é diabos é essa louca?__ Torceu a boca. Uma mulher. Uma mulher e... Uma espada ridiculamente grande. Que tipo de..

__ São eles...__ Comentou o guarda anterior, surpreso.__ Eu os vi no Porto, como chegaram tão rápido...

A mulher empunhava uma espada tão grande que Zoric pensou que fosse algum tipo de piada.

__ MAJESTAAAAADE!!__ Assistiu sua chegada como à um tipo de peça teatral, assim como maioria ali presente. Não era algo nada comum de se ver.

O que ela pensa que está fazendo gritando assim? 

__ Preciso de um.. __ Estancava a grande espada no chão, enxugando o suor da tez__ De um especialista. Um especialista em dôre.

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