༺CAPÍTULO V༻
༺═────────────═༻
ล ђэℓℓ ๏ƒ ล мเяя๏я
Não havia muitos bruxos que sabiam manipular a magia do caos. Na verdade muito deles morriam no processo, principalmente se tentassem fazer por pura soberba.
O segredo da magia do caos era o fato de que você nunca seria capaz de manipula-lá como muitos diziam por aí. O caos vinha até você, ele o escolhia. Fosse por afinidade ou por necessidade e para Odette Horme o caos salvou sua vida.. ou quase isso.
— O espelho está pronto. — Simon avisou.
— Ótimo, obrigada querido.. — a bruxa sorriu para ele — Você pode ir agora.
O homem a olhou confuso e então aproximou-se ao entender o que Odette quis dizer.
— Não espera mesmo que eu a deixe sozinha durante o feitiço. — seu tom era levemente alarmado.
— Simon querido, eu preciso fazer esse feitiço sozinha.. sem interferência de nenhuma forma. — ela sorriu mansamente para o familiar — Faça o que lhe pedi mais cedo, fique de olho na garota e quando eu terminar aqui você saberá.
Sims ainda pareceu relutante a ordem, mas após alguns segundos de uma guerra silenciosa entre bruxo e familiar, Simon suspirou e concordou assumindo sua forma negra felina ele saltou para a janela e rumou aos dormitórios dos alunos.
Odette estava sozinha.
Ela prendeu as mechas vermelhas num coque alto e espalmou as mãos na mesa lendo mais uma vez aquele feitiço, sabia reconhecer um feitiço inatural quando lia um.
Com um leve movimento de sua destra as velas ascenderam e as luzes apagaram-se. A sala que já tinha uma aparência gótica, tornou-se sinistra sob aquela luz. Odette caminhou até o espelho, e retirou o pano branco que o cobria. Um achado maravilhoso da era vitoriana com símbolos de proteção gravados na madeira ao redor do vidro. Ela viu o próprio reflexo ali.
Em quatrocentos anos Odette havia entrado em dois dos reinos dos Perpétuos, o reino de Lorde Morpheus, o sonhar. E o Reino Cinza, de Desespero, durante o pior dia de sua vida. E para ser sincera ela não estava nada feliz em encarar a Senhora da Agonia novamente.
Mas acordos eram acordos, e Mamon esperava uma devolutiva imediatamente.
A bruxa fechou os olhos e buscou na mente sua mais desesperadora lembrança. Não era difícil lembrar-se da época em que seu povo era queimado em praças públicas, ou dentro de suas próprias casas, caçados por suas diferenças.
Quando seus olhos foram abertos novamente, no espelho não havia mais seu próprio reflexo, mas neblina cinza quase paupável e a forma da Senhora das Aflições começava a aparecer ali.
— "gutta pueritiae innocentiae" — Odette começou a recitar — "per gratiam trium sororum" — ela jogou contra o espelho as lágrimas de um inocente — "gutta desperationis meae confusio ad serenitatem"
Odette então observou enquanto a silhueta de desespero se tornava mais e mais presente, como se forçada a aparecer em seu espelho.
Diziam que o Mundo Cinza era como chamavam o reino de Desespero, e que ela era rodeada por seus espelhos, sempre procurando uma alma humana frágil para atormentar com suas aflições e desesperanças. O feitiço de Odette forçava a perpétua a ligar-se ao espelho dela, e com os símbolos gravados na borda de madeira ela ficaria presa ali.
A bruxa esperou mais um pouco, até o momento em que Senhora do Desespero formou-se completamente ali. Então Odette cortou a palma da própria mão deixando o sangue forma uma pequena poça.
— "nunc in desperatione detineo te" — ela recitou as palavras e jogou o sangue contra o vidro.
As runas ao redor do espelho brilharam, Desespero olhou confusa, sem compreender o que lhe acontecia. Sua força vital estava presa, seus poderes retidos e agora tudo que Odette precisava fazer era atravessar o espelho com a espada.
Foi o que ela fez.
Era irônico que a Senhora dos Desesperos, aquela que afligia a humanidade, aquela que carregava o mal do século, lhe olhasse com tanto pavor.
A Perpétua, que tomava forma de uma mulher obesa e cheia de machucados causados por suas própria aflições tocou o espelho como se pudesse quebrá-lo.
Odette fora mais rápida.
A espada atravessou o espelho, atingindo Desespero em seu antro de poder, seus olhos arregalaram em choque, como se nem ela pudesse compreender o que acontecia. Houve um tremor, uma rajada de vento e névoa enquanto Desespero deixava de existir. E então, por fim, quando Odette pensou ter finalizado o feitiço. O espelho estraçalhou-se ao seu redor e um líquido grosso escorreu dali.
Desespero estava morta.
Odette, com as mãos trêmulas e respiração desregulada, olhou para o relógio, era duas da manhã quando ela escreveu no papel; "Está feito."
Ela queimou o bilhete em uma das velas, e o papel fez o seu caminho para Mamon, que sorriu ao ler as palavras.
E entre os mundos dos Perpétuos foi sentido um leve tremor, passando de um para o outro, como se os irmãos estivessem ligados pela fina linha do universo.
༺༻
Era uma e meia da manhã quando Alora entrou sorrateiramente na biblioteca do campus.
Não que ela precisasse entrar sorrateiramente, mas acontece que o assistente bibliotecário noturno não era lá muito fã dela. E tudo isso porque a biblioteca não necessariamente ficava aberta vinte e quatro horas, somente até as três da manhã, uma política da universidade.. e talvez Alora tenha ficado presa ali entre cinco e sete vezes no primeiro semestre causando assim a silenciosa inimizade entre ela e Francis.
A menina rolou a catraca silenciosamente, enquanto Francis parecia distraído em seu celular.
O preço pelo atraso da outra aula fora uma lista de exercícios com dez questões e opções de A a Z.
10.26 eram correspondentes a 260 questões, e todas elas para a próxima semana.
Ah o sofrimento acadêmico..
Alora o amava e o odiava ao mesmo tempo.
E alguns daqueles cálculos eram sequer compatíveis com o seu nível de aprendizado, mas se o professor queria testá-la.. bom, Alora era competitiva ao ponto de encontrar um livro no meio da madrugada que lhe ensinasse a resolver aqueles problemas mesmo que lhe custasse ficar presa na biblioteca novamente.
Seus passos eram silenciosos enquanto as áreas de geografia, história e literatura ficavam para trás.
A área de matemática era dividida em três partes, uma no primeiro andar da biblioteca e duas no segundo andar junto com física. Alora torcia para encontrar o livro que precisava no primeiro andar assim poderia sair tão rápido quanto entrara.
A luz amarelada que iluminava o ambiente noturno atrapalhava um pouco a identificação dos sub temas dos livros. Alora precisou jogar a luz do próprio celular para enxergar melhor.
— Ninguém consegue ler com uma iluminação dessas.. — ela resmungou para si mesma.
Foi quando a ruiva ficou na ponta dos pés para olhar nas prateleiras mais altas que os pelinhos de sua nuca arrepiaram, quase como se denunciassem outra presença ali. Ela olhou para trás, mas não havia ninguém ali, Alora apenas voltou a atenção para os livros novamente.
"Topologia Geométrica para Inquietos" ela leu em uma das lombadas da terceira prateleira.
Não era necessariamente o que ela estava procurando, mas tinha certeza que aquele livro era incrível.
Então esquecendo-se do próprio objetivo, Alora deu um pequeno salto, tentando alcançar o livro. Falhando, claro. Seus um e cinquenta e nove de altura não serviam para muita coisa. Ainda assim ela tentou de novo, afinal, Francis não pegaria a escada pra ela.
Entre um salto e outro ela o sentiu.
Dessa vez muito além do arrepio em sua nuca e do óbvio contado de suas costas com algo firme e ainda assim confortável. Alora sentiu seu interior estremecer ao passo que via apenas um braço e a uma mão enticando-se para alcançar o livro que antes ela tentava pegar. Ela apenas assistiu toda a cena enquanto seu coração disparava um ritmo mais acelerado que antes.
A mão pertencia a alguém tão branco que chegava a ser pálido, seus dedos eram finos e cumpridos e o braço estava coberto por uma espécie de casaco preto.
Alora soube que não era Francis, na verdade cada parte de seu corpo lhe avisava, ela sabia que quando virasse para encarar a pessoa atrás de si veria olhos azuis, salpicados de uma ilusão estrelar. E mesmo que o corpo lhe avisasse, ela ainda assim se pegou um tanto sem fôlego ao virar-se para olhá-lo. Talvez fosse porque ele estava perto demais, talvez porque em seu subconsciente vinha se perguntando a respeito dele, talvez porque as primeiras palavras que dissera a ele foram afrontosas e meio rudes, ou talvez porque aquele homem, fosse quem fosse, em todas as vezes que o vira - incluindo na janela da cafeteria - lhe causava aquela reação. A falta de fôlego, o coração entre batidas aceleradas e pausas extasiadas.
— Aqui está. — a voz masculina soou grave, exatamente como naquela noite.
Alora apenas o fitou, seus olhos castanhos quase pareciam perdidos na face do homem.
— Eu peguei o livro correto, sim? — ele questionou, baixando os olhos para o livro Alora quase esquecera do que estava fazendo.
— Ah.. sim, sim.. — ela sorriu um tanto constrangida — Esse mesmo, obrigada.
Alora segurou o livro oferecido pelo homem e enquanto mordia o canto dos lábios ela procurava algo para dizer, algo que não soasse rude.
— Eu vi você.. — ótimo, de rude ela passou a soar como uma esquisita — no auditório durante a palestra. — ela emendou rapidamente — Não sabia que era estudante.
— Eu não sou. — ele respondeu, ainda sem se afastar dela.
Alora o encarou novamente, se ele não era estudante então.. com certeza não era professor, não parecia ser muito mais velho que ela.
— Ah.. então..
— Estou apenas visitando. — explicou, não que ela conseguisse fazer sentido daquilo.
Como ele entrou na biblioteca, por exemplo? Francis não deixava ela entrar, e ela era estudante! Talvez ele tenha coberto a mão daquele ridículo com dinheiro.. certamente parecia ter dinheiro.
Quando o silêncio passou a ocupar a casa do minuto entre eles, Alora imaginou que aquela era a conversa mais estranha que ela já tivera.
— Você realmente acredita naquilo que disse no bar? — a voz masculina rompeu o silêncio.
A garota o encarou, a pergunta parecia um tanto pessoal para ele. Será que ela realmente o ofendera ao dizer aquelas coisas? Bom, não fazia sentido, era apenas sua opinião.
— Sim. — sua resposta saíra um pouco mais que um sussurro.
— Por que? — o vinco entre as sobrancelhas do homem ficou um pouco mais profunda, como se nem mesmo ele pudesse fazer sentido das palavras dela.
Mas a verdade era que o Senhor dos Sonhos e dos Pesadelos precisava ouvir a verdade vinda de Alora, esperando que assim sua efêmera curiosidade passasse.
— Eu.. — a voz dela falhou, mas Morpheus não retirou seus olhos dela.
Não que Alora tenha feito o mesmo.
A menina de cabelos acobreados apertou as pálpebras com força, deixando um chiado baixo escapar. Dor. Era notório que ela estava sentindo dor.
— Alora? — Morpheus a chamou e algo tremulou em seu interior, ele não sentia aquilo fazia tempo.
— Minha cabeça.. — reclamou ela, segurando o próprio rosto.
Morpheus foi mais rápido quando Alora perdeu as próprias forças e cambaleou, ele a segurou de pe e o rosto feminino pendeu para trás, suas pálpebras tremiam e sua expressão era de dor. Ele tentou descobrir o que estava acontecendo, mas ao toca-la tudo que viu foi escuridão e vazio.
— Alora.. — Morpheus a chamou novamente, sentindo-se impotente, até mesmo esperou que a irmã aparecesse ali e dissesse que era a hora da garota.
Mas isso não aconteceu, ao contrário, Alora parou de tremer e seus olhos foram abertos. O Senhor do Sonhar procurou por suas orbes castanhas, nada. As orbes de Alora Caligari eram vazios, brancos, sem íris ou pupilas a personificação do nada.
Ele piscou, segurando o rosto dela.
Em íons de sua existência, Morpheus nunca havia se deparado com algo assim.
Naquela noite ele buscava saciar a curiosidade não bem vinda que aquela humana havia lhe causado. E no entanto, não foi isso que encontrou.
Na biblioteca a badalada soou num eco melodioso.
No mundo acordado eram duas horas da manhã.
Entre um segundo e outro o transe de Alora pareceu sumir como se nunca de fato estivesse presente. Seus olhos se fecharam, e ela simplesmente pareceu adormecer em seus braços. Morpheus teve cerca de um minuto completo para observá-la, desmaiada. Porém, como minutos eram infinitos para os humanos e irrelevantes para os perpétuos, Alora abriu os olhos, confusão era estampada em sua íris castanha e em todo seu rosto.
— O que..
— Você desmaiou. — ele respondeu antes que ela terminasse a pergunta. — Talvez seja aconselhável que retorne ao seu dormitório.
Alora se empertigou, aprumando sua postura ela retirou uma mecha vermelha de cabelo do rosto.
— Desculpe.. acontece as vezes.
— Não há motivos para se desculpar, Alora.. — Morpheus se afastou, a frieza tomou o lugar da curiosidade por um momento — eu preciso ir, volte para o seu dormitório.
— C-Certo.. — ela concordou, segurando com firmeza o livro — Hum.. obrigada.
Mas o homem já estava saindo, sumindo entre as prateleiras de livros. E novamente ele ia sem que Alora soubesse seu nome, e para além disso.. ela nunca havia lhe contado o próprio nome.
༺═────────────═༻
AUTORA FALANDO
Deu quinta feira e veio o capítulo cinco dessa história aqui!
Eai meus amores como vocês estão?
Hoje venho muito feliz com mais uma atualização dizer que BATEMOS MIL LEITURAS!
Meu Deus eu tô tão feliz! Um brigada do fundo do meu coração para vocês que estão lendo e comentando e votando, significa muito pra mim que vocês estejam gostando!
Espero que vocês gostem desse novo capítulo, meio caótico, mas vem coisas maiores por aí!
Por favor votem e comentem, me deixem saber o que estão achando da história!
Um beijo para cada um!
— 𝕳𝖊𝖑𝖑
༺═────────────═༻
Marcações: delancywinter BabyDoll767 NyxAlymet To_Sandman -ppoisonouss khywmb sofissxwaffles vigilantshvt Luliz38 womenbuzz MaluFanfiqueira_352
༺═────────────═༻
Próximo: Ato I
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro