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𝟢𝟤𝟪. 𝘛𝘩𝘦 𝘦𝘮𝘱𝘪𝘳𝘦'𝘴 𝘧𝘢𝘭𝘭

Notas: oie, tudo bom?
Então, eu penso nesse capítulo desde que comecei a escrever essa história, mas agora que escrevi eu não sei o que achei dele 😭 espero que não tenha ficado fraco.

Então, se gostarem, por favor curtam e comentem!
Boa leitura.















Theressa manteve as mãos firmes no controle do jato, os olhos fixos no horizonte, mas por dentro, ela estava em pedaços. 

A cada quilômetro que a levava para mais perto da base na Sibéria, o pavor crescia em seu peito. O lugar onde tudo começou. Aquele inferno gelado, repleto de memórias que ela tentava desesperadamente enterrar.

O som constante dos motores a cercava, mas o silêncio dentro da cabine era opressor. Ela estava sozinha, e talvez fosse melhor assim. 

Não teria que esconder o terror que a consumia, não precisaria fingir que tudo estava bem. Mas, ao mesmo tempo, o vazio à sua volta apenas amplificava seus pensamentos.

Cada lembrança do lugar fazia seu estômago revirar, as cenas surgindo em flashes — o frio cortante que queimava sua pele, as máquinas, as vozes sem rosto que ditavam seu destino. Ela apertou o volante com força, como se aquilo pudesse mantê-la no presente, longe das garras do passado que ameaçavam sufocá-la.
  
Respirando fundo, Theressa tentou controlar o pânico crescente. Ela não podia fraquejar. Não agora. Mas quanto mais se aproximava, mais difícil era ignorar o peso do medo que a assolava.

Theressa estacionou o jato com precisão, desligando os motores antes de se permitir um último momento de silêncio. Checou suas armas, prendendo a respiração enquanto ignorava o frio cortante que atingia seu corpo assim que saiu da nave. 

O gelo siberiano era implacável, mas ela não tinha tempo para se incomodar com isso. Seus olhos se fixaram na imponente porta da base, adornada com as estrelas da União Soviética, relíquias de um passado sombrio e marcado.

Respirando fundo, empurrou a porta com cuidado. Para sua surpresa, estava aberta. O som do metal pesado rangendo ecoou no vazio da base. Ela avançou com a arma em punho, os sentidos em alerta máximo. Sabia que entrar ali era puro desespero — ou teimosia. 

Havia uma chance de que outros soldados invernais estivessem presentes, prontos para qualquer movimento. Cada passo que dava a mergulhava mais fundo no que parecia ser um pesadelo revivido.

O silêncio era denso, cortado apenas por seu respirar contido e o farfalhar suave de seus pés sobre o piso de concreto. Até que, ao chegar a um salão escuro, ela parou. O ar ficou mais pesado, o cheiro estranho, metálico, de morte preenchendo o ambiente. Theressa iluminou o local com sua lanterna, e a visão à sua frente fez seu estômago cair.

Dentro das câmaras de congelamento, os corpos dos experimentos estavam imóveis. Mortos. Cada um deles.

Suas faces congeladas em expressões de sofrimento e desespero, como se tivessem morrido lutando para sobreviver até o último momento. Theressa ficou paralisada por um segundo, o coração martelando em seu peito. O horror daquela visão a envolveu, mas havia algo mais profundo ali — um alívio amargo de que não houvesse mais ninguém vivo para sofrer, mas ao mesmo tempo, a amarga lembrança de que esse poderia ter sido seu destino também.

Theressa ouviu uma voz familiar soar pelo salão, cortando o silêncio pesado.

— Kuznetsov.

Seu corpo gelou. Ela se virou imediatamente, a arma erguida e os olhos atentos, tentando localizar a origem. No fundo do salão, protegido atrás de uma câmara de congelamento vazia, estava o homem que ela reconheceu de relances nos arquivos de Bucky. 

O falso médico. Ele observava-a com um sorriso satisfeito, quase debochado, como se tivesse esperado por aquele momento.

Ela não hesitou. O som do disparo ecoou pelo espaço vazio, uma bala rasgando o ar. Mas a bala apenas ricocheteou na estrutura metálica que o separava dela, chicoteando em um zumbido inútil. Ele riu, um som frio e calculado, que reverberou pelo salão.

— Quem é você? — ela perguntou, apertando o cabo da arma, tentando conter o nervosismo que crescia dentro dela.

O homem inclinou a cabeça, com um olhar de superioridade que a irritou ainda mais.

— Você pode me chamar de Barão Zemo — ele respondeu, sua voz cheia de falsa cortesia. — E eu, Theressa, estava esperando por você.

Zemo a observava com um sorriso maldoso, percebendo que suas palavras começavam a surtir efeito. Ele andou em círculos ao redor da câmara de contenção, os olhos fixos em Theressa, como um predador analisando sua presa.

— Você sempre foi uma ferramenta, Kuznetsov. — ele disse calmamente, a voz envenenada com falsa empatia. — A Sala Vermelha, a HYDRA... todos te moldaram para ser exatamente o que precisavam. Uma máquina de matar, uma sombra. E o que você ganhou com isso? O ódio de todos ao seu redor. Você acha que alguém vai te perdoar? — Ele riu. — Eles te desprezam por tudo o que você fez, pelos crimes que você cometeu. Eles nunca vão te ver como uma Stark, por mais que tente.

As palavras dele eram como facas, cada uma cortando fundo. Theressa sentiu a raiva crescer dentro de si, mas também a dor de saber que havia uma verdade amarga no que ele dizia. Ela cerrou os punhos, tentando manter a compostura.

— Eu nem me considero uma Stark. — ela respondeu, com a voz mais fria do que pretendia. — Eles não precisam me aceitar. Eu já aceitei quem eu sou.

Zemo parou, inclinando a cabeça com uma expressão quase satisfeita.

— Oh, sim? E quem você é, exatamente? — Ele estreitou os olhos. — Uma assassina? Não importa quanto você lute, eles vão lembrar do seu passado. Eles vão lembrar das vidas que você destruiu. E, no fim, até seus aliados irão te virar as costas. Você não tem redenção, Kuznetsov.

Theressa sentiu o estômago revirar, mas manteve a arma firme em sua mão. Ela sabia que Zemo estava tentando manipulá-la, jogando com suas inseguranças. No entanto, a maneira como ele falava, como se soubesse exatamente o que a atormentava, era perturbadora.

— Quem você é? — ela perguntou, a voz tensa. — Você é da HYDRA?

Zemo deu uma risada curta, fria e desdenhosa.

— HYDRA? — Ele balançou a cabeça, os olhos cintilando com desprezo. — Não. Eles também eram apenas mais uma cabeça de uma serpente podre. Eu sou algo diferente. — Ele sorriu, sem pressa, como se se divertisse com o suspense. — Eu não sou parte de uma organização.  Eu sou alguém que entende o que você realmente é, Theressa. Uma bomba-relógio, que só precisa de uma última faísca para explodir.

As palavras dele ecoaram pela sala, intensificando a pressão psicológica que ele exercia sobre ela. Theressa sentiu a respiração acelerar, o suor frio escorrendo pela nuca. Ele sabia demais.

Theressa ergueu o queixo, a raiva pulsando nas veias junto com a adrenalina. Ela apertou o punho ao redor da arma, mas não a levantou. A tensão no ar entre ela e Zemo era palpável, uma corda esticada prestes a se partir.

— Se você está aqui para me matar, Zemo. — ela disse, com a voz carregada de desafio. — Então faça logo. Ou será que não é homem o suficiente para lutar comigo?

Zemo riu, uma risada baixa e amargurada que ecoou pela sala fria.

— Ah, Theressa, eu não vim aqui para te matar. Isso seria fácil demais. — Ele balançou a cabeça, como se a ideia fosse ridícula. — Minha vingança não se resume a morte.

Theressa estreitou os olhos, mantendo a postura defensiva, mas a confusão cintilava por trás da raiva.

— Vingança? Vingança sobre o quê?

Zemo parou de rir, seu olhar endurecendo. Ele deu um passo à frente, mais próximo, ainda protegido pela câmara, mas suas palavras vinham como punhais.

— Os Vingadores. — ele começou, a voz cheia de ódio contido. — Mataram minha esposa. Meu filho. Minha cidade. Durante o caos de Sokovia, com Ultron. Vocês, que se dizem heróis, foram os responsáveis pela destruição de tudo que eu amava.

Theressa sentiu o choque reverberar por ela, mas antes que pudesse responder, ele continuou, os olhos cheios de rancor e dor.

— E você. — ele cuspiu, os olhos dela prendendo os dele, cheios de uma fúria gelada. —Você matou meu pai. Em nome da Sala Vermelha. Um ato que você provavelmente nem se lembra.

— Você quer me destruir por causa de algo que eu fui forçada a fazer? — Ela disparou, tentando manter a frieza, mas seu coração batia rápido. — Por algo que eu não escolhi?

Zemo sorriu, um sorriso frio e calculado.

Theressa, ainda com a arma apontada para a porta, mal respirava. A tensão estava tão densa que parecia sufocante. Ela sabia que Zemo era perigoso, mas a forma calculista como ele jogava com suas emoções a deixava à beira de explodir.

— E agora? O que você vai fazer?

Zemo a encarou com uma calma inquietante, cruzando os braços lentamente, como se tivesse todo o tempo do mundo.

— Esperar. — ele disse, como se fosse a coisa mais óbvia.

Antes que Theressa pudesse questioná-lo mais, um barulho metálico ecoou pelo salão, fazendo-a girar a arma em direção à porta. 

— Parece que não vamos precisar esperar tanto assim. — Zemo murmurou, um sorriso ligeiro se formando no canto de sua boca. No entanto, havia algo diferente em sua expressão agora, uma sombra de resignação.

Theressa manteve a arma firme, o corpo tenso e pronto para reagir, até que a porta se abriu de uma vez. Quando as figuras familiares entraram, ela quase deixou escapar um suspiro de alívio

Lá estava Tony Stark, com a armadura do Homem de Ferro reluzindo, seguido por Steve Rogers, com o traje completo do Capitão América, e Bucky Barnes, carregando uma arma enorme e pronto para o combate.

— E aí, Thessa, sentiu minha falta? — Tony provocou, a máscara da armadura se levantando para revelar seu rosto. Seu olhar era sério, mas sua tentativa de quebrar a tensão era óbvia.

— Não tanto quanto eu deveria, irmão. — Theressa respondeu com um meio sorriso, ainda sentindo o peso da ameaça pairando na sala.

Steve olhou ao redor, avaliando rapidamente a situação, e depois lançou um olhar firme para Zemo.

— O que está acontecendo aqui? — Steve perguntou, sua voz firme.

Zemo, ainda atrás da câmara, ergueu uma sobrancelha, sem demonstrar medo ou preocupação.

— Apenas uma conversa civilizada.

— Civilizada? — Bucky bufou, ajustando a arma nas mãos. — A última vez que você "conversou" me fez destruir metade da ONU.

Zemo apenas inclinou a cabeça, parecendo desinteressado.

— Vocês vieram para a festa, afinal.

Zemo, com um olhar calmo e calculado, apertou um botão dentro de sua câmara protegida. Imediatamente, uma pequena tela piscou no canto da sala, e o silêncio tenso foi quebrado pelo som de um vídeo antigo começando a rodar.

Tony, que inicialmente ignorava o movimento, logo congelou ao reconhecer as imagens. A estrada deserta e o carro que aparecia na tela... Ele conhecia aquilo muito bem.

— Eu conheço esse carro... — ele murmurou, a voz baixa e tensa. Steve, Theressa e Bucky se aproximaram, todos de olhos fixos na tela. Tony se moveu devagar, o olhar fixo e incrédulo, até parar a poucos centímetros da tela.

As imagens mostravam o acidente de carro que ele já conhecia, a perda que assombrava sua vida: o momento em que seus pais, Howard e Maria Stark, foram mortos. Mas havia algo diferente dessa vez. Algo que Tony nunca tinha visto antes.

O vídeo mostrava o carro de seus pais colidindo com brutalidade, como ele se lembrava. Porém, logo em seguida, a gravação continuava... E então, surgiu a imagem que mudaria tudo.

O Soldado Invernal.

Bucky, controlado pela HYDRA, aparecia na tela, emergindo das sombras da estrada. Ele caminhava até o carro destruído, quebrando o vidro da janela com uma força monstruosa e em seguida, sem hesitar, assassinava Howard e Maria Stark com uma frieza impiedosa.

Tony assistia em silêncio, o corpo rígido de tensão. Seus punhos se apertaram ao lado do corpo, o som da respiração ficando mais pesado.

O vídeo continuou, agora exibindo um choro suave. 

A câmera balançou enquanto o Soldado Invernal se afastava do carro. Nos braços dele, enrolada em um cobertor, estava Theressa. Ela era apenas um bebê, indefesa e frágil, sendo levada pelas mãos do homem que acabara de assassinar seus pais.

— Não... — Tony sussurrou, o choque claro em sua voz. Seus olhos estavam vidrados na tela, incapaz de desviar o olhar daquela revelação brutal. Ele cambaleou um pouco para trás, sua respiração acelerada, como se o chão tivesse sido tirado debaixo de seus pés.

Theressa, ao lado dele, assistia a tudo em silêncio, os olhos fixos na pequena tela. Ela não conseguia acreditar no que estava vendo. Tudo fazia sentido agora. Então fora assim que ela foi levada para Sala Vermelha.

Tony, sem tirar os olhos da tela, deu um passo à frente, o rosto pálido de incredulidade.

— Ele... — Tony apontou para a tela, a raiva surgindo em sua voz, seu corpo inteiro tremendo. — Ele matou meus pais. E levou você.

O vídeo terminou, mas o impacto ficou no ar, pesado e sufocante. Zemo, do outro lado da câmara, observava com um sorriso satisfeito, sabendo que tinha jogado uma bomba emocional no meio deles.

Steve olhou para Tony com preocupação, sabendo que o peso daquela revelação poderia destruir o pouco que ainda mantinha os Vingadores unidos.

Bucky, ao lado, estava imóvel, seu rosto pálido e rígido. Ele sabia que não tinha controle sobre o que fez como Soldado Invernal, mas isso não tornava as coisas mais fáceis de aceitar. Ele olhou para Theressa, tentando entender o que tudo aquilo significava para ela.

— Tony... — Steve tentou falar, mas foi interrompido.

— Não. — Tony levantou a mão, afastando Steve. — Não agora.

Ele virou-se para Theressa, seus olhos brilhando com uma mistura de dor, confusão e raiva.

Tony, consumido pela raiva, avançou para cima de Bucky, suas mãos envoltas pelas armas de sua armadura se preparando para disparar. Os olhos de Tony queimavam com uma dor indescritível, uma fúria tão profunda que parecia incontrolável.

— Você matou eles! — Tony rugiu, lançando um tiro de energia direto em Bucky.

Mas antes que o ataque pudesse atingi-lo, Steve se colocou entre eles, o escudo firme em suas mãos. O impacto foi tão forte que o escudo vibrava em suas mãos, mas Steve permaneceu, determinado a não deixar aquilo escalar ainda mais.

— Tony, para! — Steve gritou, tentando manter o equilíbrio enquanto outro disparo da armadura de Tony colidia contra ele. — Isso não vai consertar nada!

Do outro lado da sala, Bucky não conseguia fazer nada além de observar, sentindo o peso das palavras de Tony caindo sobre ele como uma marreta. Ele não podia se defender. Não dessa acusação. A verdade era cruel demais, insuportável demais.

— Eu não sabia... — Bucky gritou, a voz trêmula, enquanto tentava explicar-se, mesmo que soubesse que isso não faria diferença. — Eu não sabia que ela era sua irmã, Tony! Eu não sabia que aquele bebê era Theressa!

As palavras saíam como um desabafo, uma tentativa desesperada de expressar sua culpa e arrependimento. Ele estava quebrado, atormentado pela verdade de que não só tinha tirado os pais dela, mas também condenado a vida de Theressa à Sala Vermelha.

Theressa, que até então estava paralisada em choque, viu o olhar de Bucky se fixar nela. Lágrimas silenciosas escorriam pelo seu rosto. Ela não tinha respostas, não sabia o que fazer com aquela dor esmagadora que crescia dentro dela. 

O fato de Bucky, a única pessoa que ela acreditava compreender a extensão do que haviam sofrido na Sala Vermelha, ser o responsável por entregá-la para aquele pesadelo... era mais do que ela podia suportar.

— Theressa... — Bucky sussurrou, sua voz falhando enquanto via as lágrimas escorrerem pelo rosto dela. — Eu não sabia. Eu nunca soube que você era filha dos Stark. Eu... Eu só seguia ordens. Você sabe disso.

Theressa olhava para ele, o coração em pedaços. Ela queria gritar, correr, mas estava congelada. O olhar de Bucky, cheio de arrependimento, dor e uma culpa que parecia esmagá-lo, a destruía por dentro.

Tony, ainda fervendo de raiva, olhou para Bucky com desprezo. O Stark, com a raiva consumindo-o, lançou mais um ataque brutal. O som estridente dos disparos ecoou pela sala, e Bucky, seguindo o comando de Steve, tentou escapar. Ele correu em direção à plataforma, mas antes que pudesse subir, Tony disparou, destruindo-a em um instante. O chão tremeu e Bucky perdeu o equilíbrio, caindo de volta ao solo.

Steve tentou se levantar para proteger Bucky, mas Tony, sem se segurar, o atingiu com força. O impacto foi brutal e Steve foi jogado contra a parede. Ele tentou se recompor, mas a situação já estava fora de controle. O som de metal contra metal ecoava enquanto Tony continuava a avançar.

Theressa, observando tudo, se sentiu completamente impotente. A briga, as revelações, a dor... tudo estava se acumulando como uma onda prestes a afogá-la. Ela simplesmente não tinha mais forças para intervir, para ser parte daquele caos. 

Ela deu as costas, seu corpo tremendo de exaustão emocional. Cada passo que dava parecia pesar uma tonelada e sua mente se encontrava em completo torpor. Tudo estava desmoronando ao seu redor e ela não tinha controle sobre nada. Estava sendo uma covarde, no final.

Quando finalmente saiu, o ar frio da Sibéria não ofereceu nenhum alívio. Ao longe, ela viu T'Challa, ao lado das Dora Milaje, prendendo Zemo. O homem, responsável por toda aquela manipulação, pelo crime de matar o rei de Wakanda, agora era levado pela justiça. 

Mas, para Theressa, nada daquilo importava. Não naquele momento. Ela observou a cena, sentindo-se distante, como se estivesse assistindo à vida de outra pessoa. As vozes, os sons de movimento, tudo parecia abafado. 

Ela olhou para o céu cinzento, os flocos de neve caindo lentamente e por um breve momento, se perguntou se algum dia sentiria paz novamente. 

DUAS SEMANAS DEPOIS

Duas semanas se passaram desde o confronto na base na Sibéria e Theressa tinha desaparecido. 

Assim como sempre fora habilidosa em se esquivar de problemas, agora ela se refugiava em um pequeno hotel na Patagônia. A solidão do local, cercado por montanhas majestosas e florestas cobertas de neve, proporcionava um certo conforto, mesmo que temporário.

Enquanto olhava pela janela, observando a paisagem deslumbrante e fria, Theressa segurava uma bebida quente entre as mãos. O vapor subia em pequenas nuvens, misturando-se com os pensamentos conturbados que giravam em sua mente.

Ela soube, através de notícias esparsas, que Tony estava bem, mas não se permitiu contatá-lo. Sabia que a última coisa que ele precisava era de mais uma preocupação, e principalmente, ela não queria arrastá-lo ainda mais para seu turbilhão emocional. 

Mas se sentia uma péssima irmã por deixa-lo em um momento dessa forma, no fundo ela espera que ele não a perdoasse por isso, ele nem devia. Com ou sem perdão, pensava que Tony estava melhor sem ela.

Com o tempo, também soube que Steve, Sam e Bucky haviam conseguido fugir, enquanto os outros Vingadores que foram presos estavam em negociações para sua liberdade. A vida continuava, mas para Theressa, tudo parecia parado.

Ela se permitiu pensar em Bucky, lembrando-se do olhar angustiado que ele tinha quando descobriu quem ela realmente era. Era difícil não sentir raiva dele, mesmo sabendo que ele não era o responsável pela morte de seus pais. Ela era capaz de separar a dor que sentia e a realidade de que, mais do que ninguém, sabia que tudo aquilo era culpa da HYDRA. 

E a verdade doía: ela ainda era um bebê quando tudo aconteceu. Como alguém poderia ser responsável por algo que não tinha como compreender? Mas a imagem de seu pai, Howard Stark, e sua mãe, Maria, em seus últimos momentos, a assombrava. O que eles teriam pensado? Como teria sido sua vida se não fossem mortos daquela forma brutal?

Theressa suspirou, deixando escapar um pouco da tensão que se acumulava em seu peito. Sabia que não poderia viver fugindo para sempre, mas também não tinha certeza de como poderia enfrentar tudo isso novamente.

Tomou um gole da bebida quente, sentindo o calor percorrer seu corpo, e decidiu que precisava de um novo plano. Não poderia se esconder para sempre. Ela tinha que encontrar um caminho para lidar com sua dor, com seu passado, e talvez um dia, perdoar a pessoa que se tornou.

Kuznetsov decidiu que era hora de descansar. Depois de um dia cheio de pensamentos pesados e emoções tumultuadas, ela se acomodou confortavelmente na cama, enrolando-se nos cobertores quentes que a protegiam do frio cortante da Patagônia. Pegou seu notebook, ligou-o e começou a navegar pelas notícias, tentando se distrair das lembranças que a assombravam.

Enquanto deslizava pela tela, notícias sobre a fuga de Steve Rogers apareceram em destaque. A imagem do Capitão América, agora considerado um criminoso procurado, era uma visão dolorosa. 

De repente, uma notificação apareceu em sua tela: um e-mail de Steve. O coração de Theressa acelerou e ela hesitou por um momento antes de abrir a mensagem. Ele expressava seu desejo de falar com ela, e o tom de sua escrita era urgente, mas também cheio de vulnerabilidade.

Não sabia se queria conversar, não com Steve e, na verdade, não com ninguém. A ideia de reencontrar qualquer um do seu passado era opressiva, especialmente agora que sua vida estava tão confusa e cheia de ressentimento.

Mas então, uma ideia perturbadora cruzou sua mente: Steve estava foragido, sendo perseguido, e ele provavelmente acreditava que ela estava com Tony. Para ele, contatá-la poderia ser perigoso. 

Ele não arriscaria uma comunicação se não fosse realmente importante. Isso fez com que Theressa se sentisse um pouco mais inquieta. O que poderia ser tão sério que o levaria a arriscar tudo para alcançá-la? Eles nem se davam bem.

Ela se sentou na cama, ponderando sobre suas opções. O que Steve poderia querer? Ele poderia estar em apuros, ou talvez tivesse descoberto algo crucial sobre a HYDRA ou sobre seu próprio passado. A curiosidade começou a se misturar com a preocupação.

Theressa decidiu que, em vez de apenas responder ao e-mail, seria mais fácil e eficaz ligá-lo por FaceTime. Ela se lembrou do endereço de e-mail e de como estava criptografado; era evidente que não era algo fácil de hackear ou localizar. 

Aquilo a intrigava. Steve não tinha a habilidade para fazer isso sozinho, então quem estava ajudando-o?

Assim que a ligação foi estabelecida, a tela brilhou com a imagem de Steve. Ele estava em um ambiente escuro, com sombras projetadas no fundo, mas seu olhar era intenso e atento. Theressa sentiu um frio na barriga, um misto de ansiedade e um pouco de alívio ao ver seu rosto familiar.

— Oi. — ela disse, com um tom desanimado. Sua voz era quase um sussurro e ela notou que Steve imediatamente percebeu o quanto ela estava abatida.

— Theressa. — ele respondeu, sua expressão suavizando ao ver a tristeza nos olhos dela. — Você parece... bem, não parece bem.

Ela deu um leve sorriso, mas ele era mais uma máscara do que uma expressão genuína.

— É... Você também não.

Steve franziu a testa, claramente preocupado. Embora eles nunca tivessem sido amigos de verdade, havia uma conexão profunda entre eles, uma linha invisível que os ligava por meio de suas experiências compartilhadas e das perdas que ambos enfrentaram. Aquela conexão parecia mais forte agora, em meio ao caos que havia se instalado em suas vidas.

— Eu sei que as coisas estão complicadas — ele começou, sua voz cheia de empatia. — Se você quiser, posso explicar tudo, mas antes... você está segura?

Theressa olhou ao redor do pequeno hotel onde se escondia, a luz fraca iluminando as paredes brancas e a mobília simples. Por dentro, estava tudo confuso e sombrio, mas exteriormente, ela tentava manter a compostura.

— Sim, estou segura aqui. — ela disse, sentindo um leve conforto em poder compartilhar algo com ele. — Apenas tentando entender tudo.

— Eu também estou tentando entender tudo isso. E eu estou seguro... ou pelo menos tão seguro quanto posso estar agora.

Steve assentiu, seu semblante sério. Ele suspirou e Theressa podia sentir a tensão em seu tom. 

— Olha, sobre o que você viu no vídeo... aquilo não foi culpa do Bucky.

— Eu sei. — interrompeu, sua voz carregada de emoção. — Mas ainda assim dói. 

— Eu entendo, Theressa. Você não precisa carregar isso sozinha. Bucky não é o único a ter suas sombras, e todos nós estamos lidando com as consequências das escolhas que fizemos e das que foram feitas por nós.

Theressa se lembrou de todas as vezes que se viu lutando contra os demônios que a perseguiam. Havia algo reconfortante em saber que não era a única a carregar suas feridas, mas a dor ainda era real e presente.

— Bucky não é o vilão que você viu no vídeo. Ele estava sob controle e isso não muda o fato de que ele não sabia quem você era. Ninguém quer ser escravo de seu passado, e eu acredito que ele está tentando fazer as pazes com isso.

Theressa olhou para ele, sentindo a tensão em seu corpo. 

— Então você só quer falar sobre isso? Sobre o Bucky?

Aperto a dog tag de Bucky em seu pescoço, como se o simples ato pudesse trazer algum controle à sua ansiedade.

— Na verdade, sim. — Steve suspirou, como se estivesse pesando suas palavras. — Eu e Sam vamos continuar fugindo. Mas Bucky... ele vai ficar em Wakanda. A tecnologia daqui pode ser suficiente para ajudá-lo a se livrar do programa do Soldado Invernal.

— E por que você está me contando isso?

Ela sentiu uma ponta de felicidade e alívio ao ouvir aquilo, mas não deixava transparecer.  Steve hesitou por um momento, antes de responder.  

— Achei que você gostaria de saber, caso quisesse ver Bucky de novo. Talvez conversar sobre o que aconteceu, ou não. Mas você não pode viver fugindo para sempre, Theressa.

As palavras dele ecoaram em sua mente, uma verdade que ela sabia ser real, mas temia encarar. A ideia de ver Bucky novamente era uma faca de dois gumes; uma parte dela queria entender e curar, enquanto a outra parte temia a dor que isso poderia trazer.

Theressa fechou os olhos, absorvendo suas palavras. Uma batalha interna se desenrolava em sua mente. Poderia ser um passo em direção à cura, mas também poderia significar reabrir feridas que ela mal havia começado a entender.

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