𝟢𝟤𝟨. 𝘋𝘪𝘴𝘪𝘯𝘵𝘦𝘨𝘳𝘢𝘵𝘦𝘥 𝘊𝘰𝘯𝘵𝘳𝘰𝘭
Theressa sentia o pavor crescendo dentro de si enquanto observava Bucky preso na jaula de vidro, seus olhos arregalados e a respiração ofegante. O homem ao lado dele, com uma expressão de triunfo perversa, começou a recitar as palavras em russo que Theressa conhecia tão bem. As palavras que tinham o poder de apagar a identidade de James e transformá-lo novamente no Soldado Invernal.
Seus olhos escureceram de raiva e desespero quando ela percebeu que as palavras já estavam tendo efeito sobre Bucky. Seus músculos ficaram rígidos, o rosto inexpressivo, os olhos vidrados. Ela se lançou para frente, sua mente em alerta máximo, cada movimento calculado, mas impulsionado pelo instinto de sobrevivência.
Ela se jogou contra o homem, as mãos fechadas em punhos que atingiram o rosto dele com toda a força que ela tinha. O som dos ossos estalando sob o impacto de seus golpes ecoou pela sala, mas ele continuava a gritar as palavras com um fervor maníaco. Theressa agarrou sua garganta, apertando até que ele se calasse, mas era tarde demais.
Os olhos de Barnes, agora completamente frios e sem vida, fitaram o vazio da jaula. Ele estava em silêncio, como se toda a humanidade tivesse sido drenada dele. Theressa soltou o homem, seu corpo tremendo de adrenalina, mas antes que pudesse se recompor, ele falou com uma voz rouca e maliciosa.
— Ouvi falar muito sobre você, Kuznetsov. — disse ele, o canto de sua boca se contorcendo em um sorriso cruel. — Dizem que você é uma lutadora formidável, uma sobrevivente. Vamos ver o quanto você realmente é.
Theressa sentiu um calafrio percorrer sua espinha enquanto ele pronunciava a última palavra da sequência de controle.
— Sevastopol.
O silêncio que seguiu foi ensurdecedor. A jaula de vidro se abriu com um estalo mecânico e o Soldado Invernal eu um passo à frente. Seus olhos vazios se fixaram em Theressa e ele fez uma saudação militar precisa.
— Pronto para obedecer. — declarou ele, sua voz monótona e sem emoção, uma mera sombra do homem que Theressa conhecia.
O homem sorriu, os olhos brilhando com sadismo.
— Soldado, ataque Theressa Kuznetsov. Elimine-a.
Theressa mal teve tempo de processar as palavras antes de Bucky se lançar sobre ela com uma velocidade assustadora, o braço metálico zunindo pelo ar em direção ao seu rosto. Ela bloqueou o golpe por reflexo, sentindo a força brutal que quase a derrubou.
A luta entre Theressa e o Soldado Invernal era intensa e familiar. Ambos haviam treinado juntos, compartilhando o mesmo soro de super soldado, o que os tornava adversários formidáveis e equilibrados. Cada movimento era calculado, cada golpe carregado de habilidade e experiência.
Theressa desviou de um soco rápido, contra-atacando com um chute que encontrou a lateral do ombro de Bucky. Ele recuou levemente, mas rapidamente se recuperou, bloqueando o ataque e respondendo com uma série de golpes precisos.
— Isso já está ficando chato, Bucky. — ela disse entre os golpes, uma ponta de frustração em sua voz. — Toda vez que nos reencontramos, é sempre assim.
Bucky hesitou por um breve momento, seus olhos buscando os dela por uma fração de segundo que parecia uma eternidade. Mas a programação estava forte demais e ele voltou a atacar com renovada ferocidade.
Theressa bloqueou um golpe no estômago e respondeu com um golpe no peito, sentindo a resistência do Soldado Invernal. Eles se moviam com uma sincronia quase coreografada, cada um tentando encontrar uma brecha na defesa do outro.
Nesse momento, a porta da sala se abriu com um estrondo e Steve e Sam entraram rapidamente. Sam dirigiu-se ao homem que aparentava ser o médico, enquanto Steve olhava fixamente para Bucky, avaliando a situação.
— Bucky, pare com isso agora! — Steve gritou, tentando chamar a atenção do Soldado Invernal.
Mas Bucky, completamente subjugado pela programação, não hesitou. Em um movimento rápido e fluido, ele se lançou contra Steve com uma força brutal. Steve, pego de surpresa, bloqueou o primeiro ataque, mas a força de Bucky o fez recuar.
— Você está atrapalhando, Steve! — Theressa gritou, percebendo que Steve, ao contrário dela, parecia relutante em lutar com Bucky. Havia uma hesitação em seus movimentos, uma falta de vontade em machucar seu antigo amigo.
Bucky não mostrava a mesma hesitação. Ele desferiu uma sequência de golpes rápidos, cada um mais forte que o anterior, forçando Steve a lutar defensivamente. Steve bloqueava os golpes, mas sua postura indicava que ele não estava lutando com toda a sua capacidade.
Theressa, ainda lutando com a frustração, viu Bucky abrir uma brecha na defesa de Steve. Ela avançou para ajudar, mas foi interrompida por Sam, que estava lutando com o "médico". O homem, percebendo que estava em desvantagem, lançou um olhar frio para os três heróis.
— O império vai cair. — ele disse, sua voz carregada de malícia, antes de se esquivar de Sam com um movimento rápido e desaparecer por uma saída lateral.
Sam tentou segui-lo, mas Bucky, num movimento veloz, o interceptou. Com um soco poderoso, Bucky derrubou Sam, que caiu pesadamente no chão, atordoado. Steve, ainda tentando evitar machucar Bucky, recebeu um golpe no estômago que o fez dobrar-se de dor.
Theressa se lançou contra Bucky com toda a força, tentando recuperar o controle da situação, mas Bucky estava em seu auge. Ele a bloqueou com facilidade, girando e derrubando-a com um chute certeiro. Theressa caiu ao lado de Steve, ofegante e frustrada.
— Bucky, não faça isso! — Steve implorou, ainda tentando alcançar a humanidade que sabia existir dentro do Soldado Invernal.
Mas Bucky, com o rosto impassível e os olhos vazios, deu um último olhar para os três caídos no chão. Sem uma palavra, ele se virou e fugiu.
Steve se levantou com dificuldade, olhando na direção em que Bucky havia desaparecido, o peito pesado com a dor de mais uma oportunidade perdida.
— Sam, vá atrás do médico! Não podemos deixá-lo escapar. — ordenou Steve, a voz firme apesar da exaustão.
Sam assentiu e correu pela saída lateral onde o homem havia fugido. Steve, sem perder tempo, saiu em disparada atrás de Bucky. Theressa, ainda furiosa e frustrada, hesitou por um momento antes de seguir atrás dele. Porém, à medida que corria pelos corredores do prédio, ela logo perdeu Steve de vista.
Enquanto se apressava pelos corredores, os alto-falantes do prédio ecoaram uma ordem urgente:
— Todos recuem imediatamente! Isto não é um treinamento! Todos recuem!
Theressa ignorou o aviso e continuou correndo, seu coração martelando no peito. Quando finalmente chegou à cafeteria, ofegante, o cenário que encontrou confirmou seus piores temores. Mesas estavam quebradas, cadeiras viradas e Sharon e Natasha estavam no processo de se levantar, claramente se recuperando de um ataque. Tony estava de pé, aparentemente ileso, mas com a manopla da armadura na mão e um indicio de soco na maça do rosto.
— O seu amiguinho esteve aqui. — Tony comentou com uma mistura de sarcasmo e preocupação, enquanto se aproximava de Theressa. Seus olhos varreram o estado dela, procurando por sinais de ferimentos. — Você está bem?
Theressa respirou fundo, tentando controlar a raiva e a frustração que ainda a consumiam.
— Estou acostumada — respondeu ela, a voz dura.
Tony estudou o rosto dela por um momento, entendendo o peso por trás de suas palavras. Ele sabia que ela havia passado por isso inúmeras vezes, lutando contra Bucky em um ciclo que parecia nunca ter fim.
— Isso não significa que tem que ser sempre assim. — disse Tony suavemente, com uma tentativa de conforto que mal disfarçava a preocupação em seus olhos.
Theressa apenas assentiu, desviando o olhar. O cansaço e a tristeza que ela sentia não eram físicos mas algo mais profundo, que ela sabia que Tony entendia. Mas, ao mesmo tempo, a raiva por ter perdido Bucky novamente ainda queimava dentro dela, e ela não podia se permitir descansar.
— Temos que encontrá-lo. — ela murmurou, mais para si mesma do que para Tony. — Não podemos deixar isso continuar.
— Eu sei. — Tony respondeu, os olhos fixos nos dela. — Vamos encontrá-los, mas precisamos acalmar os nervos e aguardar. Não vai adiantar agir de cabeça quente agora.
Theressa respirou fundo, tentando absorver as palavras de Tony, embora o desejo de agir imediatamente ainda estivesse latente. Relutante, ela assentiu, sabendo que ele tinha razão. Tony, Theressa e Natasha subiram para outro andar, em busca de um lugar mais tranquilo para processar os últimos acontecimentos. Quando chegaram a uma sala de descanso, Tony jogou o paletó com raiva em uma cadeira, o tecido caindo pesadamente.
Os três se sentaram, o silêncio preenchido pela tensão que pairava no ar. Antes que qualquer um pudesse dizer algo, a porta se abriu com um estrondo, e Ross entrou, visivelmente frustrado.
— Imagino que vocês não tenham ideia de para onde eles foram. — Ross disse, a voz impregnada de sarcasmo e desdém.
Tony se recostou na cadeira, tentando manter a calma.
— Por enquanto, não... — respondeu ele, com firmeza. — Mas a minha inteligência está monitorando tudo, 24 horas por dia. Vamos encontrá-lo.
Ross estreitou os olhos, claramente insatisfeito com a resposta de Tony.
— Stark, você não consegue ser objetivo o suficiente para essa missão. — retrucou Ross, cortante. — Vou acionar o Comando Especial.
Natasha, que até então havia permanecido em silêncio, ergueu uma sobrancelha e perguntou com frieza:
— E quando o tiroteio começar, vão matar Steve Rogers também?
Ross olhou para Natasha, sem esboçar qualquer sinal de hesitação.
— Se ele nos provocar, sim. — disse ele, seco. — Barnes deveria ter sido eliminado na Romênia, se não fosse por Rogers.
Theressa, que até então tinha mantido o controle, não conseguiu mais se conter. Ela se levantou, os olhos faiscando de raiva.
— Ninguém vai matar ninguém! — declarou ela, a voz carregada de determinação e ira.
Ross virou-se lentamente para ela, seu olhar frio e calculista. Ele não se intimidava com o confronto, nem um pouco preocupado em ser cruel.
— Tem pessoas mortas que agora poderiam estar vivas, Theressa. — retrucou Ross, impassível. — Não é difícil entender o meu raciocínio. Barnes é uma ameaça e Rogers, ao proteger um assassino, se tornou cúmplice. Não estamos aqui para brincar de heróis; estamos aqui para garantir que mais vidas não sejam perdidas.
Theressa deu um passo à frente, não recuando diante da postura inflexível de Ross.
— Isso não é sobre justiça, Ross e você sabe disso. Você só quer eliminar o problema da forma mais fácil, sem pensar nas consequências. Barnes é mais do que um peão nessa guerra e Rogers só está tentando salvar o que resta do homem que ele conheceu.
— E enquanto vocês jogam de salvadores, as pessoas continuam morrendo! — Ross rebateu, elevando a voz. — Eu sou o Secretário de Estado e a minha prioridade é proteger vidas inocentes, mesmo que isso signifique tomar decisões que vocês não gostam.
Theressa cerrou os punhos, a raiva fervendo dentro dela.
— E matar Bucky vai resolver tudo? Vai trazer essas pessoas de volta? — questionou ela, cada palavra saindo com a força de um soco. — Não, Ross, não vai. Isso só vai piorar as coisas, criando mais inimigos e derramando mais sangue.
Ross a encarou, seus olhos duros e inabaláveis.
— Isso vai acabar com a ameaça. — respondeu ele, cortante. — E se isso significa sujar as mãos, então que seja.
Theressa sentiu um nó apertar em seu estômago, o sangue fervendo em suas veias. Ela sabia que estava enfrentando mais do que apenas o Secretário de Estado; estava enfrentando um sistema que via pessoas como Bucky como descartáveis e isso a enojava.
— Você é tão cego que não consegue ver o que realmente está acontecendo aqui — disse ela, a voz baixa e cheia de desprezo. — Matar Barnes não é uma solução; é só mais uma desculpa para derramar sangue inocente.
Ross soltou um suspiro cansado, mas seu olhar permaneceu afiado.
— No final do dia, Theressa, o que importa é que os inocentes voltem para casa vivos. Se você não consegue entender isso, então talvez esteja no time errado.
Theressa sentiu uma onda de fúria atravessá-la como um raio. Ela deu um passo à frente, encarando Ross com olhos que brilhavam de indignação.
— E o que você está insinuando, Ross? Que eu ainda tenho os ideais da Rússia na cabeça? — perguntou ela, sua a voz firme mas com uma ameaça silenciosa. — Onde estava a segurança dos Estados Unidos quando eu, uma cidadã americana, fui levada para a Rússia para ser transformada em uma arma?
Ross não recuou, mantendo o olhar fixo nela, a tensão entre os dois aumentando a cada segundo.
— Não estamos discutindo o passado, Theressa. Estamos falando do agora, e o agora é que você assinou o Tratado de Sokovia. — retrucou ele, sua voz ganhando um tom mais alto e impaciente. — Se eu me lembro bem, você foi a primeira a assiná-lo. Então, se você está aqui, é porque escolheu estar do lado da lei. E isso significa obedecer.
Theressa sentiu a raiva ferver ainda mais, uma tempestade de emoções que ela mal conseguia conter. As palavras de Ross eram um lembrete cruel de como ela havia sido manipulada, tanto no passado quanto agora. Ela cruzou os braços, tentando manter o controle mas cada fibra de seu ser queria gritar.
— Assinei o Tratado porque acredito em proteger vidas inocentes, não em seguir ordens cegamente, sem questionar a moralidade por trás delas. — respondeu ela, sua voz agora alta e carregada de emoção. — Você acha que pode me intimidar, Ross? Já passei pelo pior que você pode imaginar e ainda estou aqui, para lutar pelo que eu acredito e tentar me redimir dos meus erros, não para ser uma marionete.
Ross avançou um passo, diminuindo a distância entre os dois, a raiva começando a transparecer em seu rosto rígido.
— Então faça o que deve ser feito e pare de agir como se estivesse acima das leis que você mesma aceitou seguir. — retrucou ele, o tom ameaçador e ríspido. — Você quer ser uma heroína? Então aja como uma.
— Não confunda lealdade com submissão. — rebateu Theressa, os olhos fixos nos dele, desafiadora. — Eu vou lutar pelo que é certo, Ross, mesmo que isso signifique lutar contra você.
A sala parecia encolher ao redor deles, o ar pesado com a eletricidade da tensão. Tony, que havia tentado manter-se afastado, finalmente interveio, colocando uma mão no ombro de Theressa para acalmá-la, mas o olhar que ele lançou para Ross era afiado como uma lâmina.
— Com todo respeito secretário, mas se você tem um problema, resolve comigo. Mas não ouse pensar que pode tratá-la como se ela fosse alguma subordinada sua. Ela está aqui porque quer, e faz muito mais do que você jamais poderia.
Ross estreitou os olhos, irritado com a intervenção de Tony, mas antes que pudesse responder, Stark continuou.
— Nós vamos resolver essa situação, você vai ter que confiar em mim. Me dê 72 horas, te garanto.
Ross o encarou por um momento, o conflito evidente em sua expressão. Finalmente, ele cedeu, mas não sem um último desafio.
— Dou 36 horas, Stark. — disse Ross, a voz firme e sem margem para negociações. — E quero o Barnes, o Rogers e o Wilson.
Ross lançou um último olhar severo para Theressa antes de sair da sala, a tensão ainda pulsando no ar mesmo depois que ele se foi. Tony respirou fundo, virando-se para a irmã.
Tony esfregou o braço esquerdo distraidamente, franzindo a testa.
— Meu braço esquerdo tá meio dormente... Isso é normal? — perguntou ele, meio que para si mesmo, mas Theressa imediatamente notou a preocupação na voz dele.
— Você tá bem, Tony? — perguntou ela, aproximando-se um pouco mais, o olhar cheio de preocupação.
— Claro que sim. — respondeu Tony rapidamente, tentando afastar a preocupação com um aceno casual da mão.
Natasha, que estava observando a interação em silêncio, deu um passo à frente.
— Temos que nos concentra.r — disse ela, mudando o foco. — A equipe está comprometida, e só temos 36 horas. Isso não nos dá muito tempo para corrigir as coisas.
Tony suspirou, claramente frustrado.
— Eu sei. Estamos todos desfocados. A pressão não ajuda e com Ross no nosso encalço, cada movimento precisa ser perfeito.
Enquanto Tony e Natasha discutiam a situação, Theressa pegou o celular, começando a ler algo com uma expressão concentrada. De repente, seus olhos se estreitaram e ela se afastou dos dois.
— Com licença. — disse ela abruptamente, já se dirigindo para a porta.
Tony e Natasha trocaram um olhar mas antes que pudessem perguntar o que estava acontecendo, Theressa já havia saído, deixando-os para lidar com a pressão crescente da missão.
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