𝟢𝟤𝟧. 𝘝𝘪𝘨𝘪𝘭𝘢𝘯𝘵𝘴 𝘪𝘯 𝘚𝘩𝘢𝘥𝘰𝘸𝘴
BUCARESTE
Theressa mal respirava enquanto os dedos ágeis deslizavam pelo teclado, a tela do laptop iluminando seu rosto tenso. O quarto estava mergulhado em um silêncio inquietante, quebrado apenas pelo som constante das teclas sendo pressionadas. Havia horas que ela estava mergulhada na tarefa, os olhos queimando pela exaustão, mas ela não podia parar. Não agora, não quando estava tão perto.
Cada camada de segurança que Theressa derrubava a levava mais perto de seu objetivo. Invadir sistemas militares e de vigilância da ONU não era algo simples, mas os anos de treinamento na Sala Vermelha a prepararam para isso. Usando protocolos que apenas alguém como ela conheceria, Theressa navegava por redes criptografadas e sistemas de segurança quase impenetráveis.
Ela havia começado rastreando transmissões de vídeo e dados de satélite, analisando padrões de movimento e atividades suspeitas em toda a Europa. Foi em Bucareste que um sinal chamou sua atenção — uma série de comunicações militares cifradas, conectadas a imagens borradas de câmeras de segurança em um bairro aparentemente tranquilo. As imagens mostravam um homem, sempre com um capuz puxado sobre o rosto, sempre sozinho, sempre evitando as câmeras.
Thessa sabia que não havia tempo a perder. Rapidamente, traçou a rota até o apartamento onde Bucky estava escondido. A cidade de Bucareste parecia inofensiva à primeira vista, mas ela sabia que ele estava sendo caçado.
Depois de uma passagem de avião que acidentalmente foi creditada na conta de Tony Stark e um voo de algumas horas, Theressa se aproximou do prédio velho e desgastado onde Bucky estava se escondendo.
Subiu os degraus em silêncio, sentindo o peso da situação. Quando alcançou a porta do apartamento, viu que estava trancada, mas não precisou de força bruta. Usando uma técnica que aprendera anos atrás, ela manipulou a fechadura com precisão e entrou sem fazer um ruído sequer. Dentro, tudo estava em silêncio, o ambiente simples e espartano, refletindo a vida que ele estava levando.
Ela se acomodou no sofá, cruzando os braços enquanto observava o espaço ao seu redor. Sabia que ele voltaria em breve e que havia uma chance de tudo dar errado. Mas não importava. Ela precisava vê-lo, falar com ele, ajudá-lo.
Do lado de fora, Bucky subia as escadas. Ele notou algo estranho — o tapete à porta estava ligeiramente fora do lugar. Um detalhe mínimo mas suficiente para colocar seus sentidos em alerta. O soldado em seu interior despertou e ele instintivamente pegou uma faca de combate que ele mantinha escondida em um compartimento secreto na entrada do apartamento para se defender antes de girar a maçaneta.
Quando a porta se abriu, os olhos de Bucky se arregalaram por um breve segundo. Lá estava ela, sentada no sofá como se tivesse todo o direito de estar ali. Theressa o encarou, braços cruzados, mas seus olhos revelavam uma mistura de emoções que ele não sabia como decifrar.
Bucky sentiu uma pontada no peito ao vê-la. A presença de Theressa sempre o afetava, de uma maneira que ele não conseguia controlar. Na verdade, só a memória dela já era o suficiente para deixá-lo abalado. Theressa era como um fantasma que nunca o deixava em paz, estivesse ela fisicamente presente ou apenas em suas lembranças.
Mas ele afastou esses pensamentos e em vez disso, deixou que sua desconfiança falasse mais alto.
— O que você quer? — Ele perguntou, a voz dura, sem disfarçar a frieza. — O que você está fazendo aqui?
Theressa se levantou lentamente, sem desviar o olhar dele. Caminhou até ele com uma calma que contrastava com o turbilhão de emoções que ele sabia que ela devia estar sentindo. Quando parou diante dele, seus olhos procuraram pelos dele, buscando a verdade.
— James, você matou o rei de Wakanda? — Ela perguntou, a voz baixa, quase um sussurro, mas carregada de peso.
Bucky franziu a testa, balançando a cabeça com um leve movimento de negação.
— Não, eu não matei o rei de Wakanda. — respondeu ele, a voz tensa, embora um fio de dúvida ainda atravessasse seu olhar.
Theressa deu um passo mais perto, o rosto a poucos centímetros do dele. Seus olhos estavam intensos e a proximidade fazia o coração de Bucky acelerar.
— Eles acham que você fez. — disse ela, a voz carregada de urgência. — Estão vindo atrás de você.
— Quem? — Bucky perguntou, seu tom mais incisivo. Theressa deixou escapar um sorriso irônico.
— A Interpol, a ONU, os Vingadores...
Bucky olhou para ela, confuso e preocupado.
— O que você está fazendo aqui?
Theressa estava claramente indignada, sua expressão misturando frustração e preocupação.
— Vim te alertar. — ela respondeu, com um tom firme e resoluto. — E se não se apressar, vai acabar em uma situação ainda pior do que já está.
Bucky franziu a testa, claramente desconfiado.
— Como eu sei que você não está aqui para me entregar? — ele perguntou, a desconfiança evidente em sua voz.
Theressa revirou os olhos e respondeu com um tom exasperado:
— Uma vez na vida, pare de ser paranoico, Bucky.
Ele olhou fixamente para ela, seus olhos buscando alguma pista na expressão dela. Sua boca se abriu para responder, mas então um barulho vindo do corredor fez com que ele se endireitasse instantaneamente.
Sem pensar duas vezes, Bucky agarrou a cintura de Theressa e a puxou com força para um canto escondido do apartamento, próximo a uma estante de livros que cobria parcialmente uma parede. A escuridão ali era suficiente para camuflá-los. Ele a empurrou contra a parede e rapidamente usou a mão de metal para cobrir a boca dela, seus corpos ficando colados, respirando no mesmo espaço reduzido.
Bucky manteve a mão metálica sobre a boca de Theressa, seus olhos se fixando nos dela com uma intensidade que misturava desconfiança e uma ponta de medo. A situação estava crítica e ele precisava ter certeza de que ela não estava escondendo nada que pudesse ser uma ameaça.
— Você está armada? — ele sussurrou, a voz baixa e tensa.
Theressa balançou a cabeça lentamente, sinalizando que não tinha nenhuma arma. A respiração dele esquentava o seu rosto enquanto ele começava a se mover, seus dedos explorando cuidadosamente a cintura dela, buscando sinais de armas ou dispositivos ocultos.
O toque era meticuloso e quase clínico, como se cada movimento fosse uma necessidade de garantir que nada poderia comprometer sua segurança. Theressa sentiu o toque de Bucky, a pressão de suas mãos e o peso da desconfiança que ele carregava. Cada contato era um lembrete de que, apesar de estarem tão próximos, a confiança entre eles ainda estava distante.
Bucky continuou a examinar, passando a mão pela cintura dela, verificando os bolsos e o interior da jaqueta. A ausência de armas confirmava que ela falava a verdade. O toque dele era firme, mas cuidadoso enquanto ele realizava essa verificação, seus olhos se encontraram brevemente.
Quando Bucky percebe que o barulho era um intruso, ele rapidamente se voltou para Theressa, sua expressão resoluta.
— Vá, saia daqui. Eu vou atrás dela.
Com um gesto rápido, Bucky ajudou Theressa a pular pela janela. Ela se agarrou à borda, então, com a ajuda dele, conseguiu encontrar um ponto seguro no espaço entre os andares. Theressa seguiu em direção ao terraço amplo, tomando cuidado para não escorregar enquanto caminhava cuidadosamente.
Bucky, por outro lado, não seguiu Theressa. Em vez disso, ele avançou calmamente em direção à figura que havia entrado em seu apartamento. O homem parado ali não era outro senão Steve Rogers, o Capitão América. Bucky sentiu uma pontada de nostalgia e confusão ao olhar para Steve. A memória do seu melhor amigo estava parcialmente encoberta por uma névoa, enquanto as lembranças de Theressa estavam intensamente vivas em sua mente.
Steve o observava com um olhar melancólico, uma expressão que misturava saudade e tristeza.
— Você me reconhece? — Steve perguntou com um tom suave.
Bucky olhou para ele, seus olhos se estreitando enquanto tentava processar a cena diante dele. A neblina das memórias antigas começava a se dissipar um pouco, revelando flashes do passado. Depois de um momento de hesitação, ele respondeu com uma voz que estava longe de ser amigável:
— Você é o Steve. Li sobre você no museu.
Steve deu um leve sorriso, uma tristeza silenciosa nos olhos. Ele parecia querer dizer algo mais, mas a urgência da situação e o peso do momento tornavam as palavras difíceis. O ambiente estava carregado e o silêncio entre eles parecia ser carregado de uma história não contada.
Steve olhou para Bucky com uma expressão de ceticismo, seus olhos fixos nos dele.
— Você está mentindo. — disse Steve, a voz carregada de desconfiança.
Bucky deu de ombros, sua expressão endurecida.
— Não matei ninguém. Não estava em Viena. Não fiz aquilo.
Steve avançou um passo, sua urgência evidente enquanto observava o relógio. Sam estava cobrando por comunicação, pressionando-o pela escuta.
— As pessoas que acham que você fez estão chegando, e não estão pensando em te levar com vida.
Bucky levantou uma sobrancelha, uma faísca de ironia em seus olhos.
— Muito bem pensado.
Steve suspirou, seu tom se tornando mais insistente.
— Isso não precisa acabar em uma luta.
Bucky olhou para Steve com um sorriso amargo.
— Sempre acaba em uma luta.
Sem mais palavras, Bucky tirou a luva de metal de uma das mãos, revelando sua mão prostética. O som de passos e vozes crescendo fora do apartamento indicava que os homens da ONU estavam se aproximando. Bucky e Steve se prepararam para o confronto iminente.
Os homens da ONU começaram a invadir pela porta e pelas janelas.
Bucky desviou de um tiro que passou por seu ombro, girando o corpo e desferindo um soco que derrubou um dos homens. Ele se moveu rapidamente, seu treinamento na HYDRA permitindo que ele antecipasse os movimentos dos inimigos. Com a mão de metal, ele desarmou um atacante e usou o próprio corpo do homem como escudo para se proteger de uma rajada de balas.
Steve, lutando ao lado de Bucky, notou o crescente nível de violência e a fúria nos movimentos de seu antigo amigo. Ele gritou por cima do barulho da luta.
— Bucky, pare! Vai acabar matando alguém!
Bucky, com os dentes cerrados e o olhar fixo em um alvo, respondeu sem desviar o olhar.
— Não vou matar ninguém!
Ele derrubou Steve com um movimento rápido, não para feri-lo, mas para ganhar acesso ao chão onde havia um taco falso. Com um soco poderoso, ele quebrou o taco, revelando uma mochila escondida. Bucky pegou a mochila e, sem hesitar, a arremessou pela janela.
Enquanto os homens da ONU se aproximavam, Bucky derrubou a porta, aterrissando nas escada do prédio. As balas ricocheteavam em sua mão de metal, mas ele avançava com determinação. Cada passo era calculado, e ele derrubava os homens que tentavam interceptá-lo com golpes precisos e rápidos.
Ele corria pelas escadas, ignorando o peso das balas que ricocheteavam em sua mão prostética. O som das balas se chocando com o metal era um lembrete constante do perigo que o cercava. Bucky manteve o foco, seu treinamento e experiência se revelando vitais enquanto ele avançava.
Ele saltou para o terraço do prédio ao lado, a aterrissagem sendo suave, mas seus olhos estavam fixos na mochila que havia lançado pela janela. Ele a pegou rapidamente e começou a procurar por Theressa, mas o terraço estava vazio.
Antes que ele pudesse pensar em outro movimento, uma sombra conhecida se lançou sobre ele. O Pantera Negra, com sua agilidade e força impressionantes, aterrissou de forma silenciosa, os olhos brilhando sob a máscara de vibranium.
A luta começou imediatamente. O Pantera Negra atacou com rapidez e precisão, suas garras afiadas cortando o ar com uma eficácia mortal. Bucky se esquivou dos ataques, desviando e contra-atacando com seus próprios golpes precisos. A luta era feroz, com cada movimento sendo uma troca de força e estratégia mas Bucky conseguiu usar sua habilidade de combate para desviar dos ataques e procurar uma abertura.
Com um último movimento ágil, ele conseguiu se afastar, dando um salto impressionante e descendo do terraço para a rua abaixo. As sirenes e gritos distantes ecoavam na cidade enquanto ele corria em direção a um estacionamento subterrâneo próximo.
O estacionamento estava parcialmente iluminado e Bucky corria implacavelmente entre os carros estacionados, cada passo acelerado e cheio de determinação. O som das sirenes atrás dele se aproximava rapidamente, misturado com os gritos e o barulho de pneus queimando no asfalto. A sensação de estar sendo caçado o perseguia, e ele não conseguia se dar ao luxo de parar.
De repente, ele avistou uma figura que se destacava na escuridão. A moto estava estacionada perto da saída do estacionamento e uma figura com um capacete de motoqueiro estava lá, aguardando. O ronco do motor interrompeu o som das sirenes e dos passos apressados. Quando a figura se virou para encarar Bucky, a voz familiar cortou o ar, carregada de urgência e determinação.
— Vai logo, James! — gritou Theressa, sua voz firme e cheia de energia.
A voz de Theressa cortou o barulho da perseguição com uma precisão que fez o coração de Bucky acelerar. Sem hesitar, ele correu em direção à moto. Barnes se lançou na garupa da moto, seus movimentos rápidos e coordenados. Theressa girou a chave de ignição, o motor rugindo em resposte e imediatamente a moto disparou para fora do estacionamento.
Atrás deles, os carros da ONU se aproximavam com uma pressa frenética, suas luzes vermelhas e azuis girando em um frenesi de cor. Os veículos perseguiam sem piedade, seus motores rugindo e as sirenes uivando como um alerta implacável. O eco das sirenes era quase ensurdecedor, misturando-se com o som das batidas de seus próprios corações.
Mais atrás, o Pantera Negra emergiu das sombras, sua presença imponente e ágil cortando o trânsito com um gracejo quase sobrenatural. O herói de Wakanda se movia com uma velocidade incrível, sua figura vestida com o traje negro brilhando sob as luzes da cidade. Seus olhos brilhavam com determinação enquanto ele rastreava a moto, pulando sobre os obstáculos e desviando dos carros em uma dança mortal de perseguição.
Theressa manobrou a moto com habilidade, cortando pelas ruas como se fosse parte da própria cidade. Ela desviava habilmente dos veículos que passavam, suas mãos firmes no guidão, enquanto Bucky se agarrava com força à sua cintura, sentindo a pressão da velocidade e da tensão.
Theressa manobrou a moto com habilidade, cortando pelas ruas como se fosse parte da própria cidade. Ela acelerou com um impulso frenético, o motor rugindo e o vento cortante trazendo uma sensação de velocidade quase alucinante. Bucky se agarrou com força à cintura dela, sentindo o peso e a tensão da perseguição iminente.
— Estamos indo rápido demais! — gritou Bucky, a voz quase engolida pelo rugido do motor e pelo vento.
Mas Theressa, com um sorriso confiante, respondeu com um tom determinado:
— Confia.
Ela fez uma curva brusca, a moto inclinando-se perigosamente, enquanto os carros da ONU e o Pantera Negra continuavam a persegui-los com uma implacável determinação. Porém, o Pantera Negra, vindo de cima, viu a oportunidade de atacar. Seu traje negro se destacou contra o céu noturno enquanto ele lançava uma lança com precisão letal.
A visão do herói de Wakanda era quase espectral à medida que ele se aproximava, e ele lançou um ataque direto contra a moto. Sem reconhecer Theressa sob o capacete, o Pantera Negra atacou com precisão, derrubando Theressa da moto com um golpe devastador.
Ela foi projetada para fora da moto, caindo bruscamente no chão com um impacto seco que fez o ar escapar de seus pulmões. A moto deslizou por alguns metros antes de finalmente tombar, seus motores ainda rugindo em um lamento metálico. Bucky, apesar da violência do impacto, conseguiu se agarrar ao guidão e manter a moto em movimento por alguns momentos antes de assumir o controle total.
Com um esforço hercúleo, Bucky derrubou o Pantera Negra com um golpe poderoso e, enquanto T'challa caía, ele rapidamente lançou uma pequena bomba para trás. O dispositivo fez uma explosão controlada, uma pequena e brilhante chama iluminando o local e lançando fumaça para o ar.
O carro de Steve, que estava atrás e em plena perseguição, foi atingido pela onda de choque e capotou, o metal retorcido e o vidro estilhaçado espalhando-se pela rua. O carro capotado parou com um estrondo final e Steve, ao sair de dentro, percebeu a gravidade da situação.
O Pantera Negra se levantou com dificuldade, mas Steve, agora de volta à ação, bloqueou um ataque iminente, afastando-o com um golpe decidido. Ambos, Steve e Bucky, perceberam que estavam cercados por uma força imponente de agentes armados. A chegada de Rhodes, com uma postura implacável na armadura do patriota de ferro e a expressão dura, marcou o fim da luta.
— Parem! — Rhodes gritou com firmeza, sua voz cortando através do caos. — Se rendam agora!
Os agentes armados avançaram, rapidamente dominando Bucky e o derrubando no chão. O peso da situação caiu sobre ele com uma força esmagadora. Barnes, agora imobilizado e com as mãos algemadas, olhou para Rhodes com uma mistura de raiva e resignação.
— Parabéns, Capitão. Agora é um criminoso. — Ele pronunciou com um tom carregado de ironia e decepção, enquanto os agentes continuavam a prender Bucky e garantir que a situação estava sob controle.
Steve, observando a cena, também rendido, sentia um misto de preocupação e frustração, sabendo que o que restava daquele confronto não era apenas a batalha física mas a pesada carga das decisões que haviam levado a este momento.
Alemanha
Theressa abriu os olhos lentamente, a luz suave e filtrada que entrava pela janela a obrigando a ajustar a visão. A confusão inicial deu lugar a uma sensação de desconforto e cansaço.
Ela estava deitada em um sofá confortável, coberta por uma manta de lã escura. O ambiente ao seu redor era um escritório bem iluminado, com estantes cheias de livros, algumas plantas em vasos e uma mesa de madeira polida que estava parcialmente coberta por papéis e dispositivos eletrônicos.
Ela levantou a mão para a testa e tocou um curativo que havia sido cuidadosamente colocado sobre uma ferida.
Antes que pudesse se concentrar totalmente em sua situação, a porta do escritório se abriu com um leve rangido. Theressa respirou aliviada ao ver quem entrou. Tony, com uma expressão de preocupação e alívio misturados, estava ali. Seus olhos, que antes estavam vazios de angústia, agora brilhavam com um calor familiar que acalmava a tempestade de emoções dentro dela.
— Theressa, finalmente acordou. — Tony disse, a voz carregada de um alívio que ele não conseguiu esconder.
— Onde estamos? — Theressa perguntou, a voz arrastada e cansada.
— Estamos na Alemanha. — Tony respondeu, inclinando-se um pouco para frente, tentando oferecer um conforto visual. — Você sofreu um acidente próximo ao local onde capturaram o Barnes, o Steve e o Sam.
Theressa franziu a testa, confusa com a informação.
— Alemanha?
— Sim, na base da ONU. Você estava com o Steve e o Sam? — Tony perguntou, tentando entender a conexão de Theressa com a situação atual.
Theressa balançou a cabeça lentamente.
— Não, eu não estava com eles. Fui atrás do James...
— O Bucky Barnes explodiu o prédio da ONU em Viena, Theressa. — Tony disse com um tom mais grave, observando a reação dela enquanto falava. — Ele vai ser interrogado por isso. Estão tentando resolver a situação com dignidade, sem machucar mais ninguém, mas... — Ele parou por um momento, escolhendo as palavras com cuidado. — Vai ser difícil.
Theressa manteve o olhar fixo em Tony, absorvendo cada palavra. Ele continuou:
— Eu tentei convencer o Steve a assinar o Tratado de Sokovia, para evitar que as coisas piorassem, mas... — Tony suspirou, o cansaço evidente em seu rosto. — Não tive sucesso. Ele não quer ceder, não quer que a gente se torne uma arma nas mãos do governo, mas, sem o tratado, estamos à beira de um conflito maior.
Theressa parecia distante, os pensamentos claramente voltados para outra direção.
— Onde o James está? — ela perguntou, interrompendo o fluxo de pensamentos de Tony.
Tony hesitou antes de responder, sabendo o quanto Bucky significava para ela.
— Ele está preso, sob custódia. Vão interrogá-lo, Theressa. Eles acham que ele é uma ameaça, e com o que aconteceu em Viena, não vão ser nada gentis.
Theressa sentiu uma onda de raiva e determinação crescendo dentro dela. Sem dizer nada, ela se levantou do sofá de um salto, a mente já tomada pela ideia de agir. Tony, surpreso com a súbita mudança, deu um passo à frente.
— Onde você vai? — ele perguntou, a preocupação evidente em sua voz.
— Não foi o Bucky. — Theressa respondeu, a voz firme e inabalável. Ela se abaixou e começou a calçar as botas, seus movimentos rápidos e decididos.
— Theressa, calma! — Tony tentou argumentar, o tom apelativo. — Você acabou de sofrer um acidente de moto, precisa se recuperar. Não é seguro sair assim.
Theressa parou por um breve momento, apenas o suficiente para olhar para o irmão nos olhos.
— Tony, por favor, não me pare. — ela disse com uma firmeza que não deixava espaço para discussão.
Antes que Tony pudesse responder, ela já estava saindo pela porta, determinada. Tony observou impotente enquanto ela desaparecia pelos corredores da ONU na Alemanha, movendo-se com a graça e precisão de uma Viúva Negra, um supersoldado treinado para suportar muito mais do que uma queda de moto.
A Stark andava pelos corredores da base da ONU, seus passos firmes ecoando nas paredes enquanto sua mente trabalhava freneticamente em busca de um plano. Cada passo a aproximava mais de Bucky, e a urgência em seu peito só aumentava.
De repente, ela parou ao passar por uma grande janela de vidro que dava para o andar de baixo. Instintivamente, ela se aproximou, os olhos fixando-se na figura familiar no centro da sala abaixo.
Bucky estava em uma espécie de cubículo de vidro, seus braços presos em suportes de metal. Theressa sentiu uma onda de claustrofobia apenas ao vê-lo assim, como se ela mesma estivesse sendo sufocada. Mas ele parecia surpreendentemente calmo, o olhar fixo em um ponto distante, como se estivesse em paz com a situação, ou talvez apenas resignado.
Enquanto o observava, algo chamou sua atenção. Um homem se aproximou de Bucky, movendo-se com uma confiança inquietante. Theressa estreitou os olhos, tentando identificar o estranho. Ele segurava um caderno vermelho, e algo naquela imagem despertou uma memória vaga e perturbadora dentro dela. A capa do caderno tinha uma estrela — um símbolo que ela já tinha visto antes, mas onde?
Sua mente rapidamente processou o que estava vendo, e um arrepio percorreu sua espinha ao perceber que aquilo não era coisa boa. O caderno vermelho, a estrela, União Soviética, Hydra...
De repente, as luzes do prédio se apagaram, mergulhando o corredor e o espaço abaixo em uma penumbra quase total. Mas mesmo na escuridão, Theressa conseguiu ver o homem ainda conversando com James. A distância impedia que ela ouvisse o que estava sendo dito mas a tensão na atmosfera era palpável.
Então, algo mudou. Bucky, que antes estava calmo, começou a se debater violentamente dentro do cubículo de vidro. Seus movimentos eram descoordenados, quase como se estivesse lutando contra algo invisível. Theressa sentiu um nó se formar em seu estômago ao ver a cena, um misto de pavor e impotência tomando conta dela.
Bucky conseguiu se soltar, arrancando as correias que prendiam seus braços com uma força quase sobre-humana. O homem continuava a falar, sua voz inaudível para Theressa, mas o efeito que tinha sobre Bucky era evidente. Ele estava se tornando cada vez mais frenético, os olhos perdendo o foco, como se estivesse sendo arrastado de volta para um pesadelo que não conseguia escapar.
Sem pensar duas vezes, Theressa sentiu o impulso em seu corpo, o instinto de proteger Bucky, de impedir que aquele horror continuasse. Com uma determinação feroz, ela se lançou em direção ao vidro que a separava do andar de baixo. A adrenalina corria em suas veias enquanto se preparava para o impacto.
O vidro estilhaçou ao seu contato, os fragmentos se espalhando pelo ar como estrelas caídas. Theressa caiu no chão com a graça de uma Viúva Negra, seus movimentos calculados e precisos, apesar do impacto. Ela rolou para amortecer a queda, sentindo o choque do chão frio contra seu corpo. Alguns pequenos cortes se formaram em sua pele devido aos cacos de vidro, mas ela ignorou a dor.
Seu foco estava inteiramente em Bucky, que continuava a lutar contra as correntes invisíveis em sua mente, e no homem com o caderno vermelho, cuja presença agora era uma ameaça tangível. Ela precisava agir rápido.
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