𝟢𝟤𝟢. 𝘚𝘵𝘢𝘳𝘴 𝘵𝘩𝘢𝘵 𝘌𝘹𝘱𝘭𝘰𝘥𝘦𝘥 𝘪𝘯 𝘵𝘩𝘦 𝘗𝘢𝘴𝘵
O universo é um lugar de contrastes. Entre as vastidões escuras e frias, surgem supernovas — estrelas que explodem com um brilho intenso, marcando o fim de um ciclo e o início de outro.
Talvez, pensando assim, o codinome que a HYDRA lhe dera fizesse sentido; Theressa sentia que já havia explodido há algum tempo.
Vienna à noite era um lugar de beleza serena e silenciosa. As luzes suaves dos postes refletiam nas ruas de paralelepípedos criando um cenário quase mágico.
Theressa caminhava sozinha, suas botas ecoando suavemente no vazio. Não havia medo em seus passos; ela sabia se defender.
Depois de se recuperar dos eventos passados, Theressa passou um tempo no complexo dos Vingadores, sob o cuidado atento de Tony.
Ele a ajudou a navegar pelos processos legais que enfrentava. Com o dinheiro investido em advogados e as batalhas diretas de Tony com os juízes, Theressa finalmente conquistou sua liberdade.
No entanto, a opinião pública ainda a odiava e a abominava, a viam como uma sombra de seu passado.
Por isso, ela decidiu sumir de Nova York. E como uma boa espiã, mesmo que não estivesse fazendo nada errado, não ficava muito tempo em um mesmo lugar. Agora, em Viena, ela encontrou um novo tipo de anonimato, um espaço onde podia respirar sem ser julgada com olhares tortos e cochichos a cada esquina.
Ela também ganhou acesso à sua parte da herança Stark, uma quantia significativa de dinheiro. No entanto, até agora, não tivera coragem de tocar no dinheiro. Cada centavo parecia uma lembrança de uma vida que ela nunca conhecera, um vínculo com um passado que a Hydra tentara apagar.
Tony e Steve não sabiam onde ela estava mas tinham uma forma de entrar em contato caso necessário. Mas ela esperava que não fosse.
O ar noturno refrescando seu rosto. As luzes da cidade refletiam nas vitrines das lojas criando uma dança de brilhos. Enquanto caminhava, seus pensamentos vagavam pelas recentes revelações e pelas cicatrizes do passado.
De repente, notou que um museu estava aberto, com luzes convidativas e um fluxo constante de visitantes. Curiosa, decidiu entrar, acreditando que poderia haver algo interessante lá.
Dentro do museu, a atmosfera era tranquila e quase reverente. As paredes estavam adornadas com diversas pinturas de estrelas, nebulosas e galáxias criando um espetáculo cósmico.
Theressa caminhou devagar pelos corredores, admirando a beleza das obras. Havia uma certa ironia em tantas pinturas de estrelas estarem expostas naquela noite, quase como se o universo estivesse tentando lhe enviar uma mensagem.
Ela parou diante de uma pintura particularmente vibrante de uma supernova, as cores explosivas e a intensidade capturando sua atenção. A ideia de ser uma estrela em explosão, uma força destrutiva e ao mesmo tempo criadora era perturbadoramente apropriada.
Após algum tempo, Theressa decidiu que era hora de ir embora. Caminhou lentamente em direção à saída, ainda imersa em seus pensamentos.
Quando passou pelas portas do museu e entrou na noite fria novamente, sentiu uma mão firme agarrar seu braço. Antes que pudesse reagir, foi puxada para um beco escuro ao lado do museu.
Ela tentou se libertar, mas quando seus olhos se ajustaram à escuridão, ela reconheceu os olhos azuis de James Bucky Barnes, com uma expressão feroz e desconfiada no rosto.
— O que você está fazendo aqui? — Ele rosnou, os olhos brilhando com uma mistura de raiva e desespero. — Está me caçando?
Theressa abriu a boca em choque por alguns segundos mas nem um som saiu, apenas um nó se formando na garganta e um arrepio passando por todo seu corpo antes de reagir instintivamente.
Com um movimento rápido, ela deu um chute no meio das pernas dele fazendo-o soltá-la de imediato.
— Te caçando? Acha que o mundo gira ao seu redor? Eu que deveria perguntar o que você está fazendo aqui! — Ela exclamou, a voz carregada de indignação e quase raiva.
Ver Bucky depois de tanto tempo, depois de ele ter lutado com ela nos aeroportos e desaparecido, a deixava furiosa e confusa. Ela não sabia se estava lidando com o seu James ou com o Soldado Invernal.
Bucky dobrou-se de dor tentando recuperar o fôlego. Ele a encarou confuso, ainda processando suas palavras mas um pequeno sorriso se formou em seus lábios.
— Eu... — Ele começou, mas parou ao ver o olhar determinado e irritado de Theressa. Barnes não sabia muito bem o motivo, mas estava abalado e não só por conta do chute nas bolas.
Theressa avançou com raiva, o impulso de descontar toda a dor e frustração que sentia tomando conta dela.
Bucky, antecipando seu movimento, agarrou seus braços com firmeza e a prendeu contra a parede. Seus olhos estavam escuros, mas intensos, enquanto ele falava.
— Calma, Theressa. — Ele disse com a voz baixa e controlada, tentando acalmá-la.Ela ergueu uma sobrancelha, a raiva brilhando em seus olhos.
— Ah, então agora você lembra meu nome? Lembra quem eu sou? — Ela falou, a voz carregada de sarcasmo e dor. O contexto de tudo o que haviam passado juntos, especialmente a última vez que se viram, ainda era uma ferida aberta.
— Sim, eu lembro. — Ele respondeu. — Lembro de tudo agora.
Theressa tentou se soltar, mas ele manteve seu aperto firme, mas com certo cuidado e o olhar ainda firme e ameaçador.
— Me solta. — ela exigiu, sua voz tremendo com uma mistura de raiva e algo mais profundo.
Ele a soltou lentamente, mantendo suas mãos levantadas em um gesto de rendição.
— Ok, vamos conversar como pessoas civilizadas. — Ele disse, tentando trazer alguma calma para a situação. Theressa soltou uma risada sarcástica, ainda esfregando os pulsos.
— Pessoas civilizadas? Nós não somos pessoas civilizadas, Barnes.
Ele bufou, tentando manter a paciência mas ainda estava na defensiva.
— Tanto faz. Mas você ainda não respondeu o que está fazendo aqui. — ele perguntou, olhando-a com intensidade. — Os Estados Unidos mandou você me procurar para limpar sua ficha ou algo assim?
Theressa estreitou os olhos sentindo a indignação crescer dentro dela. Ela se sentia ferida pela sugestão de que estaria ali sob ordens.
— Eu nem sonharia que você estaria aqui. — disse ela com amargura. — Quando eu e o Steve tentamos te encontrar, não achamos nada, não tínhamos pistas. Estou aqui por conta própria porque não aguento mais ser vista como uma assassina da HYDRA em Nova York.
Enquanto ela desabafava com irritação crescente, Bucky lutava para não sorrir. A fachada ainda era fria e obscura, embora por algum motivo seu coração estivesse batendo mais forte, e não era de medo ou adrenalina.
Ou pelo menos não da adrenalina com qual ele estava acostumado. Havia algo nela agora que ele achava cativante, talvez pela forma como ela expressava sua indignação com tanta intensidade.
No entanto, ele se conteve, mantendo uma expressão séria enquanto a ouvia.
Theressa, ainda com a respiração acelerada e os olhos faiscando de irritação, fixou Bucky com um olhar desafiador. Seu punho cerrado, pronto para mais ação, tremia ligeiramente de tensão.
— Do que você está rindo, Barnes? — Ela perguntou com voz áspera, seus músculos tensos e prontos para reagir. Bucky, mantendo sua expressão séria, balançou a cabeça levemente.
— Não estou rindo, Theressa. — Sua voz era calma, mas havia um leve brilho de admiração em seus olhos.
— Está sim. Bucky sacudiu a cabeça lentamente. Ele suspirou irritado, seus olhos azuis encontrando os dela com uma intensidade que parecia atravessá-la.
— Acredite no que quiser, mulher. — Ele respondeu, soando quase arrogante e mantendo-se firme. — Mas me conte o que está escondendo, não espere que eu acredite que estamos nos encontrando aqui por obra do destino ou algo assim?
A indignação de Theressa atingiu um novo pico. Sem pensar muito, ela deu um soco no peito dele com toda a força que conseguiu reunir. Bucky apenas arqueou uma sobrancelha mas não pareceu surpreso.
— Isso foi sexy. — Murmurou ele, provocando Theressa ainda mais. — Mas me bater não vai ajudar em nada. — Ele suspira, sabendo que era verdade, ele entendia que vê-lo de novo poderia trazer memórias ruins para ela, que talvez ela o culpasse por ter atacado ela e Steve das últimas vezes e ele podia lidar com alguns socos mas nada mudaria o histórico dos dois.
Ela cerrou os punhos novamente mas dessa vez mirou no braço esquerdo dele e desferiu outro golpe, esquecendo momentaneamente que aquele braço era metálico.
O impacto causou uma dor aguda em sua mão.
— Ai! Caralho, isso dói! — Exclamou ela, sacudindo a mão e a colocando dentre os joelhos na tentativa de suavizar a dor cortante nos dedos, olhando para ele com uma mistura de frustração e dor.
Theressa olhou para Bucky, mordendo os lábios para segurar a dor em sua mão. Ele soltou um meio sorriso, sem qualquer traço de simpatia.
— Bem feito. — disse ele, de forma rude. Ela tentou disfarçar a dor, mas o latejar em seus dedos era inegável. Antes que ela pudesse responder, Bucky adotou uma postura séria e firme, seu olhar fixo nela. — Kuznetsov, você realmente não estava atrás de mim?
Ela respirou fundo, tentando manter a compostura.
— Não agora, Barnes. Mas passei meses procurando por você junto com Steve e o Sam. — Sua voz era firme, mas carregava uma dor contida. Bucky franziu o cenho, confuso.
— Por quê?
Ela revirou os olhos, como se a resposta fosse óbvia.
— Porque eu queria resgatar você da HYDRA.
Ele bufou, balançando a cabeça.
— Theressa, a HYDRA caiu. Eu fugi e estou por conta própria desde a última vez que nos vimos. Eu não precisava ser salvo e mesmo se precisasse, você não deveria fazer isso. — Ele deu um passo à frente, seu olhar se intensificando. — Eu não mereço.
Thessa ficou em silêncio por um momento, processando suas palavras. A indignação e a frustração brilhavam em seus olhos. Ela queria que ele entendesse que se ela merecia uma chance, então ele também merecia. Afinal, ela tinha matado tantas pessoas quanto ele. Mas as palavras ficaram presas na garganta, e ela só conseguiu dizer:
— Eu entendo a sensação.
Eles ficaram em silêncio por alguns minutos, apenas se olhando. Era estranho se verem assim, em Viena, e não nas celas da HYDRA. Bucky realmente achava que era a primeira vez que via Theressa sem nenhum hematoma. Isso era de alguma forma, um alivio.
Ele abriu a boca para elogiar, mas hesitou e desistiu. Eles não tinham esse tipo de intimidade. Finalmente, Bucky quebrou o silêncio, com a voz firme mas ligeiramente mais suave.
— Eu sei que você entende a sensação. Mas isso não muda o que somos e o que fizemos.
— Eu sei. — Eu estava lá, Barnes. Eu vi o que eles fizeram com você. E sei o que fizeram comigo. Mas isso não define quem somos agora.
Ele olhou para ela, a frieza em seus olhos vacilando por um momento. Ver Theressa assim, em um lugar tão diferente e distante da HYDRA, o fez perceber o quanto ambos haviam mudado e, ao mesmo tempo, como ainda estavam presos ao passado. Ele não precisava conhecer ela tão bem para saber que por trás da fachada de espiã durona, ela estava tentando o convencer de algo quem nem ela acreditava.
— Eu sei que fomos usados. — Ele disse, sua voz carregada de uma tristeza profunda. — Mas, Theressa, eu treinei você. Eu fui parte do seu inferno. Fora a luta na ponte, a luta nos aeroportoaviões... Como posso merecer qualquer coisa depois disso?
— Você não escolheu isso, assim como eu não escolhi. E sim, você fez parte do meu inferno, mas também estava sofrendo. Isso não significa que não podemos tentar ser melhores.
Ele abriu a boca novamente, talvez para argumentar, mas nenhuma palavra saiu. Ele percebeu que não tinha uma resposta para isso. O silêncio caiu sobre eles novamente, pesado e cheio de emoções não ditas.
Theressa deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles. Seus olhos encontraram os dele e por um momento, tudo o que aconteceu entre eles parecia uma memória distante. Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, Bucky a interrompeu a voz carregada de uma mistura de exasperação e algo mais sombrio e doloroso.
— Continue com sua positividade, Theressa. Quem sabe, em algum momento, você comece realmente a acreditar nisso.
Ele deu as costas a ela, saindo rapidamente do beco. Cada passo que ele dava era uma tentativa desesperada de escapar daquela situação, de fugir da dor que o olhar dela trazia. Não aguentava mais olhar para ela sem poder demonstrar o turbilhão de emoções que sentia. Theressa era uma sensação estranha dentro dele, algo que ele não conseguia categorizar ou entender completamente.
Bucky se lembrava de sonhar com ela quando estava na HYDRA, mesmo sem ter nenhuma memória concreta de quem ela realmente era. Theressa aparecia em seus sonhos como uma alucinação, um fragmento perdido que os cientistas não conseguiam apagar completamente.
Alguns desses sonhos eram quase um conforto, trazendo uma sensação de calma e segurança que ele não entendia. Nesses momentos, a presença dela era um farol na escuridão opressiva da programação mental da HYDRA.
Outros sonhos, porém, eram perturbadores e violentos. Ele via Theressa sendo torturada, ou ele mesmo infligindo dor a ela, as imagens tão vívidas que o faziam quase destruir a cela em que acordava. Aqueles eram os piores. Ele acordava suando, com os punhos cerrados e o coração batendo descontroladamente. A culpa e a raiva o consumiam, e ele sentia a necessidade de afastar aquelas imagens, de esquecer tudo.
Depois que fugiu da HYDRA, ele aos poucos começou a se lembrar de tudo. O efeito da programação mental foi se esvaindo, e as memórias voltaram uma a uma. Lembrou-se de Steve, de ser o sargento Barnes... do trem. E droga, como ele sonhava com aquele trem. Cada detalhe era tão realista, o vento gelado, o metal frio contra sua pele, a sensação de queda.
E então, havia Theressa. Ele lembrou-se dela, não como uma alucinação mas como uma pessoa real. Os pensamentos sobre ela eram sempre acompanhados de uma profunda sensação de culpa. Era como se lembrar dela na Sala Vermelha, dançando balé, com uma graça que parecia impossível em um lugar tão sombrio. Era como se ele tivesse ajudado a quebrar algo belo, algo que deveria ter sido protegido, não destruído.
O tempo com ela na HYDRA e na Sala Vermelha foi breve, mas intenso. Ele treinou-a, observou-a lutar, viu a dor em seus olhos. Lembrava dela na sala de interrogatório, torturada após o teste que a HYDRA lhe dera, ele pegando o corpo machucado e fraco dela, da forma que Rumlow e Pierce a assediavam.
Parte dele preferia que ela tivesse sido apenas uma ilusão, algo criado por sua mente para preencher os vazios deixados pela programação. Mas ela era real, e isso tornava tudo muito mais doloroso.
Enquanto Bucky se afastava de Theressa, ele lutava para controlar as emoções que borbulhavam dentro dele. A culpa, a tristeza, a raiva. Ele sabia que não merecia ser salvo, que não merecia uma segunda chance. Mas, ao mesmo tempo, havia uma pequena parte dele que queria acreditar nas palavras de Theressa, queria acreditar que ele podia ser mais do que o Soldado Invernal.
Mas agora, ele precisava de distância. Precisava de tempo para processar tudo, longe do olhar acusador e ao mesmo tempo cheio de esperança de Theressa.
Theressa não podia deixá-lo escapar. Não depois de tudo o que passou tentando encontrá-lo. Com o coração acelerado e os olhos ardendo de determinação, ela correu atrás dele, os passos ecoando na rua quase vazia e escura.
— James, espera! — ela gritou, a voz carregada de urgência.
Ele continuou andando, as mãos enfiadas nos bolsos do casaco, os ombros tensos e a postura determinada a mantê-la à distância. Theressa aumentou o ritmo, sentindo o ar frio da noite cortar seu rosto.
— James, por favor! — ela gritou novamente, mas ele não mostrou nenhum sinal de que a ouviu. — Desculpa por ter chutado suas bolas! — ela gritou, a voz ecoando pela rua deserta.
Ele hesitou por um breve momento, mas continuou andando, mantendo o olhar fixo à frente.
— E por ter te dado um soco! — ela continuou, a frustração crescendo. — Mas foi você que me puxou para um beco!
As palavras saíam atropeladas, o desespero misturando-se à raiva. Ela sabia que não estava completamente errada, mas também sabia que não era a única culpada pela tensão entre eles. Ele continuou a ignorá-la, os passos firmes e decididos. A dor e a culpa pesavam em seus ombros, e ele não queria se envolver em mais discussões que só trariam mais sofrimento a ambos.
— Não pode simplesmente me deixar aqui!
As palavras pareceram penetrar a barreira que ele havia erguido. Ele parou por um instante, os ombros caídos em resignação. A lembrança dos sonhos perturbadores e confortantes com ela misturava-se à realidade do que estavam vivendo. Ele se virou lentamente, os olhos frios e a expressão endurecida, tentando manter a indiferença.
— Você não precisa de mim. Eu sou um fantasma do seu passado. Deixe-me ser um.
Bucky parou de andar, as palavras dele flutuando no ar frio da noite. Theressa aproveitou o momento e correu até ele, alcançando-o antes que ele pudesse mudar de ideia.
— Um fantasma não se encolhe quando leva um chute no saco. — ela disse, tentando quebrar a tensão com um toque de humor.
Para sua surpresa, Bucky soltou uma risada curta, embora o peso da culpa ainda estivesse presente em seus olhos. Ele balançou a cabeça, os lábios curvando-se ligeiramente.
— Theressa... — ele começou, mas ela o interrompeu, a voz carregada de urgência.
— Fique comigo, só por uma noite. — ela pediu, a determinação em seus olhos rivalizando com a súplica em sua voz. — Ou até um de nós decidir mudar de lugar. Eu sei que você está fugindo, que não pretende ficar em um mesmo lugar por muito tempo. E eu também não pretendo. Mas enquanto estamos aqui... por favor, James.
Ele olhou para ela, as emoções conflitantes dançando em seus olhos azuis. Theressa respirou fundo, continuando.
— Prometo não falar sobre a Hydra, a Sala Vermelha, ou o Soldado Invernal. Eu odeio esses assuntos tanto quanto você. Só... por uma noite, podemos esquecer tudo isso?
Bucky ficou em silêncio por um momento, avaliando suas palavras, a oferta tentadora e o medo de se aproximar novamente. Ele sabia que estar perto dela trazia lembranças dolorosas, mas também havia algo inegavelmente reconfortante na presença dela.
— Theressa... — ele disse novamente, mais suavemente desta vez, ainda hesitando.
Ela deu um passo à frente, estendendo a mão como um gesto de paz. — Por favor, James. Eu só não quero ficar sozinha. Não agora.
Ele olhou para a mão dela, depois para seus olhos, e suspirou profundamente.
— Tudo bem. — ele disse, a voz grave mas resignada.
Theressa sorriu, um alívio visível tomando conta de suas feições. Eles caminharam juntos pelas ruas de Viena, cada um perdido em seus próprios pensamentos, mas confortados pela presença silenciosa um do outro.
Finalmente, Bucky parou em frente ao hotel onde estava hospedado e olhou para Theressa.
— Você quer subir? — ele perguntou, a voz baixa e hesitante.
— Sim. — ela respondeu suavemente.
Enquanto Bucky olhava para Theressa, ainda incrédulo por realmente estar permitindo que ela entrasse em sua vida, ele sentia uma mistura de ansiedade e segurança. Ela era, afinal, a garota com quem ele sonhava, aquela cuja presença oscilava entre o conforto e o tormento em seus sonhos mais profundos.
Agora, sob o brilho distante das estrelas de Viena, havia uma esperança tímida de que tê-la por perto pudesse lhe proporcionar, pelo menos uma vez na vida, uma noite de sono tranquilo. As estrelas, testemunhas silenciosas de seus passados e esperanças, pareciam sussurrar que talvez, pudessem encontrar um fragmento de paz na vastidão do universo.
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