𝟢𝟣𝟤. 𝘐𝘯𝘵𝘦𝘳𝘱𝘦𝘳𝘴𝘰𝘯𝘢𝘭 𝘙𝘦𝘭𝘢𝘵𝘪𝘰𝘯𝘴𝘩𝘪𝘱𝘴
A escuridão era espessa, quase palpável, envolvendo tudo em um silêncio opressor. A única luz vinha de aparelhos cirúrgicos espalhados pela sala, emitindo um brilho frio e impessoal. Theressa sentia o chão gelado sob seus pés descalços, cada passo ressoando na vasta escuridão. Sua respiração se transformava em nuvens de vapor, refletindo o frio cortante do ambiente.
Diante dela, figuras familiares surgiram da penumbra. Brock Rumlow, com seu olhar austero e dominador, estava ao lado de Alexander Pierce, cujo rosto mostrava uma expressão de satisfação cruel. Guardas armados e médicos de avental branco se moviam em sincronia precisa, como marionetes em uma dança macabra.
No centro da cena, uma figura lutava contra as correias que o prendiam à mesa de cirurgia. Era um homem robusto, sem camisa, com cicatrizes cobrindo seu corpo musculoso. Ele tinha um braço de metal com uma estrela vermelha no ombro.
Uma placa de identificação pendia de seu pescoço, balançando freneticamente enquanto ele se debatia. Seus gritos eram agudos e perturbadores, cortando o ar como facas.
Theressa sentiu uma onda de pânico crescente. Ela queria ajudar, libertar aquele homem do tormento que ele estava sofrendo. Aproximou-se, sentindo a urgência pulsar em suas veias, mas quando estava a poucos passos dele, algo chamou sua atenção. Havia um espelho na parede ao lado, refletindo a cena grotesca.
Ela olhou para o espelho e viu a si mesma, mas a imagem era distorcida e horrível. Seu corpo estava coberto de sangue, o líquido vermelho escorrendo pelos braços e pingando no chão. Seus olhos eram vazios, como se sua alma estivesse ausente. O choque a fez dar um passo para trás, o coração batendo descontroladamente.
- O que aconteceu comigo? - A pergunta ecoou em sua mente, misturada com o som dos gritos e das máquinas.
De repente, os gritos do homem cessaram, e ele virou a cabeça, os olhos encontrando os dela. Havia uma súplica desesperada em seu olhar, uma busca silenciosa por ajuda. Ela quis gritar, mas nenhum som saiu de sua boca. Tudo ao seu redor começou a girar, a escuridão se fechando mais e mais.
Theressa acordou com um sobressalto, o pesadelo ainda ecoando em sua mente. Seu corpo estava suado, os lençóis colados à pele, e lágrimas escorriam pelo rosto. Tremendo, ela tentou recuperar o fôlego, mas a angústia não desaparecia. A sensação de pânico e confusão era esmagadora.
Ao seu lado, Brock Rumlow se mexeu na cama. Por um breve segundo, ele abriu os olhos, captando o olhar dela. Theressa percebeu que ele estava acordado, mas fingia ainda estar dormindo. Ela precisava de conforto, de alguém que a ajudasse a afastar os horrores daquele pesadelo.
- Brock? - A voz dela saiu fraca e trêmula. - Você está acordado?
Rumlow murmurou algo ininteligível e virou-se para o outro lado, o desdém evidente em sua atitude.
- Só... volta a dormir, Theressa - murmurou ele, com um tom de impaciência.
Theressa sentiu uma pontada de decepção e tristeza. Ela queria apoio, queria que ele dissesse que tudo ficaria bem, mas em vez disso, ele a afastava. A frieza dele a atingiu profundamente, deixando-a ainda mais vulnerável.
Sozinha em seu sofrimento, ela tentou acalmar a respiração, enxugando as lágrimas com as costas das mãos. Sentia-se sufocada pelo silêncio do quarto, o peso do pesadelo ainda presente em sua mente.
Cada vez que fechava os olhos, a imagem do homem acorrentado e seus gritos perturbadores voltavam com força total.
Theressa se encolheu na cama, abraçando os próprios joelhos, tentando encontrar algum conforto em si mesma.
A dor de cabeça latejava, e a sensação de desconforto persistia. Não conseguia se livrar da impressão de que algo estava terrivelmente errado, algo que estava além de sua compreensão imediata.
A sensação de sufocamento não diminuía e ela sabia que precisava fazer algo para se acalmar. Decidiu tomar um banho frio, esperando que a água ajudasse a clarear sua mente.
Ela se levantou da cama com cuidado, certificando-se de não fazer barulho para não acordar Brock. A respiração dele era pesada e regular, indicando que ele estava adormecido.
Theressa caminhou até o banheiro, sentindo o frio do piso sob os pés descalços. Fechou a porta silenciosamente e acendeu a luz, que piscou antes de se estabilizar, lançando uma luz fria e branca sobre o ambiente.
Ligou o chuveiro e esperou que a água alcançasse a temperatura desejada. Quando finalmente se sentiu pronta, entrou debaixo da água fria, deixando o jato revigorante lavar seu corpo suado e sua mente perturbada. A sensação gelada ajudou a aliviar a dor de cabeça e a clarear seus pensamentos.
Enquanto a água escorria pelo seu corpo, a imagem do pesadelo voltou à sua mente.
A figura do homem acorrentado, gritando de maneira perturbadora e então, a placa de identificação pendurada em seu pescoço.
Theressa fechou os olhos, tentando se concentrar naquela imagem específica. Sentia uma sensação estranha de déjà vu, como se já tivesse visto aquela dogtag antes.
Terminou o banho rapidamente e saiu do chuveiro, pegando uma toalha para se secar.
Secou-se o mais silenciosamente possível, vestiu um roupão e abriu a porta do banheiro com cuidado.
Caminhou de volta para o quarto, onde Brock ainda dormia profundamente, o rosto virado para o outro lado.
Theressa foi até a cômoda do quarto, onde guardava alguns objetos pessoais. Abriu a gaveta lentamente, tentando não fazer barulho.
Começou a revirar os itens dentro dela, sentindo uma crescente sensação de ansiedade. Precisava saber se aquela dogtag realmente existia.
Vasculhou a gaveta com cuidado, seus dedos trêmulos tocando cada objeto. Papéis antigos, correspondência, uma pulseira de couro.
E então, sentiu algo metálico e frio. Seus olhos se arregalaram quando puxou o objeto para fora da gaveta.
Virou a placa para ler o nome gravado nela: "James Buchanan Barnes". A confusão tomou conta de sua mente. Por que ela tinha uma dogtag com esse nome? Não era o nome de Brock, e ela nunca conhecera seu pai ou avô, então não fazia sentido que fosse deles. Além disso, a data gravada indicava que a dogtag era antiga.
Ela se sentou na beira da cama, o metal frio ainda apertado em sua mão. Tentou se lembrar de algum "James" que conhecesse, mas a mente estava vazia. Nada fazia sentido. A sensação de déjà vu intensificou-se, deixando-a ainda mais inquieta.
Com mãos trêmulas, passou a corrente da dogtag pelo pescoço e a colocou. O metal frio contra sua pele provocou um arrepio.
Deitou e fechou os olhos e tentou se concentrar, na esperança de que o objeto pudesse desencadear alguma memória ou resposta. Mas nada veio.
Lentamente, ela caiu no sono, o mistério ainda perturbando sua mente. Mesmo adormecida, uma parte de Theressa continuava a buscar respostas.
Na manhã seguinte, a luz suave do sol filtrava-se pelas cortinas, iluminando o quarto de Theressa e Brock. Theressa despertou lentamente, sentindo o peso da dogtag ainda pendurada no pescoço. Virou-se na cama e viu Brock ao seu lado, já acordado e observando-a com um sorriso suave.
- Bom dia, amor - disse Brock, sua voz suave e carinhosa. Ele estendeu a mão e acariciou o rosto dela, os dedos deslizando suavemente por sua pele. - Como você está se sentindo?
- Estou... estou bem - Theressa hesitou, lembrando-se da frieza de Brock durante a noite, mas respondeu, tentando esconder sua mágoa.
- Eu estava preocupado com você, sabe. - Brock continuou, tentando parecer afetuoso. - Desculpe se pareci rude ontem à noite, eu estava exausto. Mas você é muito importante para mim.
Ele envolveu-a em um abraço caloroso, tentando dissipar qualquer ressentimento. Theressa, embora ainda ressentida, não pôde deixar de sentir uma ponta de culpa ao ouvir suas palavras.
Brock levantou-se da cama, ainda mantendo um sorriso gentil.
- Vou preparar o café da manhã para nós. Você merece começar o dia com algo gostoso. - disse ele, beijando-a na testa antes de sair do quarto.
Theressa permaneceu deitada, olhando para o teto. Ela ainda estava inquieta, mas a culpa começou a corroer seus sentimentos de raiva. "Talvez eu esteja exagerando" pensou. "Ele estava cansado e eu também. Não deveria ter ficado com tanta raiva."
Pouco tempo depois, Brock voltou com uma bandeja de café da manhã. Havia frutas frescas, torradas, ovos mexidos e uma xícara de café fumegante. Ele colocou a bandeja na cama e sorriu para ela.
- Espero que goste. - disse ele, sentando-se ao lado dela e acariciando seu braço.
- Obrigada... Parece ótimo. - Ela disse forçando um sorriso para tentar retribuir a gentileza.
Enquanto ela começava a comer, ele continuou a fazer carinho nela, mantendo uma conversa leve e agradável. Como se fossem pessoas normais e não espiões infiltrados.
Brock sabia que precisava manter sua fachada impecável, pois não podia correr o risco de Theressa descobrir a verdade sobre o relacionamento deles e, pior ainda, sobre sua verdadeira lealdade à Hydra.
Aos poucos, a culpa de Theressa se intensificou, e ela começou a se sentir mal por ter ficado com raiva dele. "Ele está tentando." pensou ela, tentando ignorar a inquietação persistente em sua mente. "Preciso ser mais compreensiva."
Mesmo com o bom comportamento de Brock, a sensação de que algo estava errado continuava a pairar sobre ela, como uma sombra que não podia ser afastada.
E sem perceber, Theressa estava cada vez mais presa nas manipulações de Brock, enquanto ele reforçava seu controle sobre ela, mantendo-a próxima e alheia à verdade que ameaçava vir à tona.
Depois do café da manhã, Theressa e Brock se arrumaram para mais um dia de trabalho na SHIELD. Theressavestiu-se rapidamente, tentando se concentrar na rotina do dia. Brock, observando-a com atenção, garantiu que tudo estivesse perfeito, ajustando sua gravata e conferindo o próprio reflexo no espelho.
- Vamos? - perguntou ele, estendendo a mão para Theressa.
Ela assentiu e pegou sua mão, saindo juntos para o carro. O caminho até a sede da SHIELD foi relativamente tranquilo, com Brock mantendo a conversa leve, como se quisesse dissipar qualquer vestígio de tensão restante da noite anterior.
Theressa respondia automaticamente, ainda um pouco perdida em seus pensamentos.
Chegando à entrada do prédio, eles avistaram Nick Fury. O diretor da SHIELD, com sua postura sempre imponente, notou imediatamente a proximidade entre os dois. Ele arqueou uma sobrancelha, intrigado com o comportamento particularmente romântico daquele dia.
- Bom dia, casal. - disse Fury, com um tom ligeiramente irônico. - Vocês parecem bem próximos hoje.
Theressa sorriu de maneira cortês, enquanto Brock dava um aceno despreocupado.
- Sim, senhor. Só tentando aproveitar um pouco antes do trabalho começar. - respondeu Brock, mantendo o tom leve.
Fury balançou a cabeça, ainda um pouco desconfiado, mas sem tempo para questionar a dinâmica do relacionamento deles.
- Theressa, preciso falar com você sobre uma missão. - disse ele, voltando-se para ela.
- Pode falar na minha frente, diretor. - interrompeu Brock, de maneira casual. - Não temos segredos aqui.
Fury estreitou o olho por um momento, achando o comportamento um pouco estranho, mas decidiu que não era algo tão importante a ponto de causar um problema.
- Tudo bem. - disse Fury, olhando de volta para Theressa. - Preciso que você vá até a Torre Stark e entregue alguns documentos para Tony. Nada muito complicado, mas é confidencial, então não quero que vá por correio eletrônico. Além disso o Stark nunca olha o e-mail.
Theressa assentiu, aceitando a pasta de documentos que Fury lhe entregou.
- Entendido, diretor. Vou cuidar disso imediatamente.
Fury observou-os por mais um momento antes de sair, ainda ponderando sobre a relação entre Theressa e Brock. Algo parecia estar fora do lugar, mas ele não conseguia identificar exatamente o quê.
Theressa estacionou o carro na frente da imponente Torre Stark, seus olhos arregalados ao contemplar a estrutura futurista que se erguia diante dela. O sol refletia na fachada de vidro, criando um espetáculo de luzes que a fez sorrir. Respirando fundo, ela ajustou a pasta de documentos em suas mãos e caminhou em direção à entrada.
O hall de entrada era ainda mais impressionante. O teto alto e as paredes de vidro davam uma sensação de espaço infinito. Obras de arte moderna adornavam as paredes, e uma recepção elegante dominava o centro. Enquanto admirava o ambiente, ela avistou Steve Rogers caminhando em sua direção com seu porte inconfundível.
- Theressa, não é? - Steve sorriu calorosamente ao reconhecê-la. - O que te traz aqui?
- Capitão Rogers... Papéis da SHIELD para o Tony - respondeu ela, tentando não parecer nervosa. Steve riu, balançando a cabeça.
- Boa sorte com isso. Tony odeia assinar coisas.
Theressa riu junto, relaxando um pouco.
- Bem, pelo menos ele não está sozinho. Tenho um para você também.
Steve sorriu, aceitando a brincadeira.
- Parece que não há escapatória, então. - ele disse, em tom leve.
Eles conversaram por alguns minutos, trocando histórias e risadas. Theressa sentiu-se mais à vontade com Steve, cuja presença era reconfortante e amigável. Ele tinha um jeito de fazer as pessoas se sentirem importantes e vistas, algo que ela apreciava profundamente.
- Ah, aqui está a Pepper. - disse Steve, acenando para uma mulher elegante que se aproximava.
Pepper Potts, com sua postura graciosa e um sorriso acolhedor, estendeu a mão para Theressa.
- Olá, você deve ser Theressa. É um prazer conhecê-la.
- O prazer é meu, Sra. Potts. - respondeu Theressa, apertando a mão de Pepper.
- Por favor, me chame de Pepper. - disse ela, com um sorriso. - Fury disse que viria, irei te levar até o Tony.
Theressa agradeceu e seguiu Pepper pelo prédio, passando por corredores que exalavam sofisticação e tecnologia avançada. As paredes estavam adornadas com obras de arte moderna, e havia um brilho constante de telas holográficas e dispositivos futuristas.
Chegaram ao laboratório de Tony, onde o som de ferramentas e o zumbido de máquinas preenchiam o ar. Tony Stark estava inclinado sobre uma bancada, ajustando algo em um de seus trajes, completamente absorto no trabalho.
- Tony, você tem uma visita. - chamou Pepper, fazendo-o levantar a cabeça.
Tony virou-se, um sorriso maroto aparecendo em seu rosto ao ver Pepper e Theressa.
- Ah, a SHIELD enviou reforços? - brincou ele, caminhando em direção às duas. - O que eu fiz dessa vez?
- Apenas alguns documentos para você assinar. Nada grave, prometo. - Theressa sorriu, sentindo-se um pouco mais à vontade. Tony fez uma careta fingida de desgosto.
- Documentos? Que horror. Mas, já que você veio até aqui, acho que posso dar uma olhada. - Ele disse e depois de folhear duas páginas ele coloca a pasta sobre a mesa e volta para o projeto. Theressa observou, curiosa.
- O que você está fazendo? - ela perguntou, tentando parecer casual.
Tony levantou a cabeça, um sorriso travesso nos lábios.
- Apenas brincando com algumas melhorias no traje. Nada que você vá entender.
Ele começou a falar em termos técnicos complexos, jogando palavras como "fluxo de energia de arco", "campo magnético estabilizador" e "compensação giroscópica". Ele esperava ver Theressa confusa, mas, para sua surpresa, ela acompanhou cada palavra.
- Você está ajustando o regulador de fluxo de energia para estabilizar a saída do reator, certo? Mas se você usar uma matriz de condensadores de carga variável, pode evitar a sobrecarga. - disse ela, sugerindo uma melhoria.
Tony parou e olhou para ela, surpreso.
- Bem, bem... parece que alguém fez a lição de casa. - disse ele, arqueando uma sobrancelha - Kuznetsov, não é? Isso é Russo? Você é russa? - ele perguntou, meio brincando, meio sério. - Porque você não tem nenhum sotaque.
Theressa disfarçou, mantendo o sorriso.
- Vivo em Nova York há muito tempo. Isso deve explicar - respondeu, sem revelar que na Sala Vermelha eles treinavam para eliminar qualquer traço de sotaque. Tony assentiu, ainda pensativo.
- É, mas tem algo de familiar em você. Não consigo colocar o dedo no porquê.
- Talvez seja só sua imaginação. - respondeu Theressa, desviando o olhar.
- Deve ser. - Tony concordou, voltando ao trabalho, mas a desconfiança ainda pairava em seu olhar. Ele continuou a ser o playboy gênio sarcástico, enquanto Theressa permanecia séria e contida, mas admirada por estar ao lado de alguém tão brilhante.
Pepper retornou mais tarde, observando os dois trabalhando juntos com uma expressão de satisfação. - Vejo que se entenderam bem.
- Sim, Theressa é surpreendentemente boa com tecnologia. - Tony admitiu, com um sorriso.
Theressa se aproximou de Tony, um sorriso brincalhão surgindo em seus lábios.
- Então, agora que você viu que eu posso ser útil, vai assinar os papéis? - ela perguntou, com um tom leve.
Tony ergueu uma sobrancelha e deu um sorriso maroto.
- Ah, você não desiste, em? - Ele riu e pegou a pasta de volta, começando a assinar os documentos um a um.
Enquanto ele assinava, Theressa não pôde deixar de observá-lo com curiosidade. Stark era diferente do que ela imaginara. Ele era cheio de si e sarcástico, mas havia algo encantador em sua personalidade irreverente. Ele não era repugnante como Pierce o descrevera.
Quando ele terminou de assinar os papéis, ele olhou para ela, com um brilho travesso nos olhos.
- Sabe, geralmente eu não faço isso, mas você parece ser uma pessoa interessante. Quer ficar para o jantar? Tenho certeza de que Pepper não se importaria.
Theressa estava prestes a responder quando seu telefone vibrou. Ela olhou para a tela e viu uma mensagem de Brock: "Estou indo te buscar." Ela sorriu para Tony, um pouco triste por ter que recusar.
- Agradeço muito o convite, Tony. Mas meu namorado está vindo me buscar.
Tony fez uma careta fingida de decepção.
- Ah, que pena. Mas por que não o convida também? Podemos fazer disso um jantar interessante.
- Ele não gosta muito desse tipo de coisa. - Theressa balançou a cabeça, rindo levemente. Tony inclinou a cabeça, curioso.
- E o que ele gosta?
- Ele gosta de ficar só comigo. - Theressa respondeu, um toque de melancolia em sua voz. Tony fez uma pausa, observando-a com mais seriedade.
- Espero que seu namorado não seja um babaca. - ele disse, meio brincando, meio sério. Theressa riu, mas havia algo mais profundo em seus olhos.
- Ele não é um babaca. Só... Gosta de privacidade.
Tony assentiu, respeitando a resposta.
- Bem, espero que ele te trate bem. Você merece. E se algum dia quiser sair dessa rotina, sabe onde me encontrar. - ele disse, com um sorriso sincero.
Theressa agradeceu, sentindo-se inesperadamente acolhida. Enquanto se dirigia para a saída, ela não pôde deixar de pensar em como Tony era diferente do que esperava. E, por um momento, ela se permitiu imaginar como seria sua vida se as circunstâncias fossem outras. Mas por agora, ela tinha uma missão e um papel a desempenhar.
E o mundo de Tony Stark, por mais fascinante que fosse, não podia fazer parte de sua realidade.
Ao sair do prédio, ela avistou Brock encostado em seu carro, esperando por ela. Com um sorriso tenso, ela caminhou até ele, sentindo o peso de suas responsabilidades retornarem. Theressa entrou no carro, encontrando Brock já ao volante, esperando pacientemente. Ela fechou a porta com um clique suave e lançou um olhar rápido para ele antes de se acomodar no banco.
- Como foi? - Brock perguntou, casualmente, enquanto ligava o motor.
- Foi... interessante. Tony Stark é mais acessível do que imaginei. - Theressa respondeu, tentando soar despreocupada.
Brock sorriu, mas havia algo afiado em seus olhos. Ele dirigiu em silêncio pelas ruas movimentadas de Nova York, a cidade passando rapidamente pelas janelas. Quando chegaram à SHIELD, ele estacionou o carro e olhou para ela.
- Vou só entregar isso para o Fury. Espere aqui. - Ele disse, pegando a pasta com os documentos assinados e saindo do carro.
Theressa observou-o se afastar, sentindo um nó de ansiedade no estômago. O ambiente familiar da SHIELD não a confortava mais como antes.
Depois de alguns minutos, Brock voltou ao carro, sua expressão fechada.
- Tudo certo? - ela perguntou, tentando sondar seu humor.
- Sim, só um pouco de burocracia. Vamos para casa. - ele respondeu, a voz ligeiramente tensa.
Eles dirigiram em silêncio para o apartamento que compartilhavam. Theressa sentiu o olhar de Brock sobre ela várias vezes, mas evitou fazer contato visual, concentrando-se na paisagem urbana que passava.
Ao chegarem ao apartamento, Brock estacionou o carro e ambos saíram. Theressa sentia a tensão crescendo entre eles, mas não sabia como quebrar o silêncio de maneira segura. Eles subiram em silêncio, o som de seus passos ecoando no corredor.
Assim que a porta do apartamento se fechou atrás deles, Brock se aproximou rapidamente, puxando-a para um beijo intenso. Ele a pressionou contra a parede, suas mãos explorando seu corpo com urgência.
- Brock, eu... - ela começou, tentando se afastar, mas ele não a deixou terminar.
- Amor, você sabe que sinto sua falta quando não está por perto. - ele murmurou contra seus lábios, suas mãos explorando o corpo dela com um desejo insistente, suas palavras e toques tornando-se mais íntimos e persuasivos. Theressa, cedeu hesitante, Brock a conduziu para o sofá, suas mãos se movendo com urgência.
Quando Brock começou a tirar a blusa dela, seus dedos deslizaram sobre a dogtag pendurada em seu pescoço. Ele parou, seu olhar se tornando sombrio.
- O que é isso? - ele perguntou, a voz carregada de raiva.
Theressa tentou cobrir a dogtag instintivamente, mas Brock segurou seu pulso, forçando-a a mostrar o objeto.
- É... é só algo que eu achei. - ela disse, tentando manter a voz firme.
- Achou onde? - ele exigiu, puxando a dogtag para tentar ler o nome, mas ela conseguiu escondê-lo a tempo.
- Não importa, Brock. Não é nada importante. - Theressa disse, tentando acalmá-lo.
Mas a raiva nos olhos dele não diminuiu. Ele a soltou bruscamente, afastando-se com um olhar acusador.
- Não me minta, Theressa. Não aqui. Não agora. - ele rosnou, os olhos brilhando com uma fúria contida.
- Eu não estou mentindo, Brock. - ela disse, a voz mais firme do que sentia.
No auge da tensão, enquanto Theressa enfrentava o olhar furioso de Brock, o telefone dele tocou, quebrando o silêncio pesado. Brock lançou um olhar de desgosto para o aparelho, mas depois de uma hesitação, ele atendeu.
- O que é? - ele rosnou, sua voz carregada de irritação.
Theressa observou enquanto ele ouvia do outro lado da linha, sua expressão se tornando cada vez mais séria. Ela esperava, com uma sensação de apreensão, imaginando o que poderia ser tão urgente a ponto de interromper o momento tenso entre eles.
Finalmente, Brock desligou o telefone e virou-se para Theressa, seu rosto agora mascarando uma determinação implacável.
- Temos uma missão. Um navio da SHIELD foi sequestrado. - ele disse, sua voz cortante e direta.
Theressa sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao ouvir as palavras. Um sequestro de um navio da SHIELD era algo sério, algo que exigiria toda a atenção e habilidades deles como agentes.
- É a Hydra? - ela perguntou, buscando uma confirmação que ela temia.
Brock ignorou a pergunta, seu olhar se fixando no dela por um momento antes de desviar. Ela suspirou frustrada, ajeitou a blusa, pegou sua jaqueta e seus armamentos, pelo menos por ora ela não tinha que falar sobre o maldito colar.
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