
𝟢𝟣𝟢. 𝘛𝘩𝘦 𝘚𝘜𝘗𝘌𝘙𝘕𝘖𝘝𝘈 𝘗𝘳𝘰𝘫𝘦𝘤𝘵
O silêncio pesado da cela foi quebrado apenas pelo som rítmico da respiração de Theressa, que dormia profundamente no peito do Soldado Invernal.
A escuridão da noite parecia se arrastar, mas ele não se permitiu fechar os olhos nem por um segundo. Sua postura era rígida, seus músculos tensos enquanto mantinha Theressa em seus braços.
Ele sabia que qualquer movimento brusco poderia machucá-la ou acordá-la, então permaneceu imóvel, como uma estátua durante toda a noite.
A única vez que se permitiu um movimento foi para tirar uma mecha de cabelo do rosto dela.
Com um toque incrivelmente suave para alguém tão acostumado à violência, ele afastou os fios teimosos que insistiam em cobrir os olhos dela. Theressa se mexeu levemente, murmurando algo ininteligível em seu sono, mas não acordou. O Soldado Invernal respirou fundo, sentindo um aperto no peito que não conseguia explicar.
As horas se passaram devagar. A cela estava imersa em uma penumbra constante, apenas pontuada pela luz fraca que conseguia entrar pelas frestas.
Cada som parecia amplificado na quietude: o leve gotejar de um cano em algum lugar distante, o farfalhar de roupas contra o corpo, o ocasional suspiro inquieto de Theressa.
Quando finalmente o primeiro vislumbre da manhã começou a se insinuar do lado de fora da cela, uma nova tensão se instalou no ar.
O Soldado Invernal podia sentir a mudança, a forma como a temperatura parecia cair um pouco mais, como se o amanhecer trouxesse consigo um prenúncio de algo sombrio.
De repente, o silêncio foi quebrado por um estrondo alto e metálico. A porta da cela foi aberta com força e Theressa despertou assustada, seus olhos arregalados enquanto tentava compreender o que estava acontecendo. O Soldado Invernal instintivamente a segurou com mais firmeza.
Theressa mal teve tempo de registrar o que estava acontecendo quando Brock Rumlow entrou na cela com alguns homens armados. A expressão de Brock era severa, seus olhos fixos em Theressa com uma determinação fria. O Soldado Invernal tentou mantê-la protegida, seus braços ainda ao redor dela, mas sabia que não poderia resistir por muito tempo.
- Hora de ir, princesa. - Brock disse com um tom de ironia. Ele fez um gesto brusco e os homens avançaram, agarrando Theressa.
- Não tenha medo, Kuznetsov. - Uma voz autoritária soou do corredor. Theressa reconheceu Alexander Pierce, parado à porta da cela, observando a cena com um olhar calculista. - Temos algo de bom para você. - Ele completou.
James tentou segurá-la com força, para impedir que os homens a levassem, mas Pierce adentrou a cela e o olhou com firmeza.
- Deixe ela ir. - O homem disse, e ele automaticamente a soltou, sem entender o motivo de estar fazendo isso quando claramente não queria soltá-la.
O Soldado Invernal tentou se convencer de que talvez fosse apenas para examinar o ferimento dela, mas uma sensação de pavor começou a crescer em seu peito. Ele tinha uma impressão ruim sobre o que poderia acontecer. A intuição, uma coisa que a lavagem cerebral não havia completamente eliminado, gritava que algo estava errado.
Ele não planejava reagir, mas, antes que pudesse fazer qualquer coisa, Brock deu um sinal e um dos homens o golpeou na lateral da cabeça com a coronha de sua arma.
Ele cambaleou, a dor explodindo em seu crânio, mas ainda lançou um último olhar para Theressa, que agora estava sendo arrastada para fora da cela.
Enquanto a cela se fechava com um estrondo metálico, o Soldado Invernal permaneceu imóvel por um momento, deixando a realidade da situação se infiltrar.
A ausência de Theressa na pequena cela tornava o ambiente ainda mais opressivo.
A cela voltou ao seu silêncio pesado, agora preenchido apenas pelo eco da recente violência.
O Soldado Invernal esfregou a lateral da cabeça, sentindo o sangue pulsar dolorosamente sob a pele. Ele estava ansioso. Sentia uma raiva fervente e uma necessidade crescente de agir, de fazer algo.
Sentado no chão frio, ele tentou recuperar o foco.
A lavagem cerebral e os anos de controle mental haviam embotado suas emoções, mas estar ao lado de Theressa, e vê-la em perigo, estava lentamente reacendendo sentimentos há muito suprimidos. Cada vez mais, ele lembrava o que era sentir dor, medo e não menos importante, determinação.
Theressa foi guiada pelos homens pelo corredor, seus passos ecoando no ambiente austero e sombrio da instalação da HYDRA.
Ela não lutava, deixando-se ser conduzida, mesmo com o medo e a resignação dominando seus pensamentos.
O corredor parecia mais longo e frio do que qualquer outro lugar na base, uma antecipação do que estava por vir.
Quando finalmente chegaram a um cômodo que ela não conhecia, Theressa foi tomada por uma sensação de pavor.
O ambiente era mais gelado que todo o resto da instalação, as paredes eram de pedra bruta, transmitindo uma sensação de claustrofobia. Máquinas grandes e complexas estavam espalhadas pelo espaço.
Havia cadeiras parafusadas ao chão, computadores zumbindo em uma mesa ao fundo, e uma coleção de seringas e bisturis reluzindo sob a luz fria dos refletores.
Ela reconheceu Daniel Whitehall imediatamente. Ele estava de avental, suas mãos enluvadas ajustando uma seringa com uma precisão meticulosa.
Theressa lembrava-se dele do jantar com os "cabeças da HYDRA", onde Rostova o apresentou como um cientista incrível e mencionou algo sobre ele sempre testar todas as hipótese.
O rosto de Whitehall estava extremamente calmo, um contraste perturbador com o caos que Kuznetsov sentia dentro dela.
Os olhos de Theressa, que examinavam atentamente o ambiente pararam em um caderno sobre uma mesa com a inscrição "Projeto Supernova".
Sua mente correu com perguntas e suposições, nenhuma delas tranquilizadora, pois o ambiente ao redor parecia cada vez mais opressor.
- Vamos, senta aqui. - Rumlow a guiou até uma maca, segurando-a firmemente pelo braço. Ela não resistiu, sentando-se com as mãos tremendo levemente.
- Relaxe, senhorita Kuznetsov. - A voz de Whitehall era fria e distante, enquanto ele se aproximava, segurando uma seringa. - Estamos aqui para ajudá-la.
- Ela se machucou ontem. - Pierce entrou na sala, seu olhar avaliando Theressa com uma mistura de interesse e indiferença. - Isso vai interferir em algo?
- Não, ela está pronta. - Whitehall respondeu com um sorriso calculado. - Não haverá problemas.
Theressa sentiu um frio percorrer sua espinha. Desesperada por dentro, ela tentou decifrar o que toda essa conversa significava, mas cada palavra parecia apenas aumentar sua confusão e medo.
Ela olhou ao redor, buscando uma saída, mas sabia que não havia escapatória. Ela nem ao menos estava armada ou em seu melhor estado para lutar.
- O que vão fazer comigo? - A voz dela saiu trêmula, mas ela tentou manter a compostura.
- Você é uma parte crucial de um grande projeto, Theressa. - Pierce disse, sua voz impregnada de autoridade. - Apenas faça o que mandamos e tudo ficará bem.
Whitehall se aproximou ainda mais, a seringa agora preparada em sua mão. Ele a fitou nos olhos, um brilho perturbador em seu olhar.
- Não tenha medo. - Ele disse, sua voz carregada de uma calma inquietante. - Isso é para o bem maior.
Ela sabia que estava à mercê daqueles homens e de seus planos obscuros, e a sensação de pavor que a dominava não mostrava sinais de diminuir.
Enquanto isso, o Soldado Invernal estava sentado na cela, a ansiedade pulsando em seu peito como um tambor implacável. A ausência de Theressa pesava sobre ele, e a sensação de que algo terrível estava para acontecer era insuportável. Ele não aguentava mais a inatividade, a impotência, o medo.
Com um grito primal, ele se levantou, seus músculos tensos e o olhar feroz. Sem pensar, agiu por puro instinto.
Seu braço de metal se ergueu e ele arrancou a porta da cela de suas dobradiças. O metal rangeu e se retorceu sob a pressão, a porta caindo no chão com um estrondo ensurdecedor.
Os alarmes dispararam imediatamente, e guardas começaram a correr em sua direção. Ele avançou, derrubando todos que tentaram impedi-lo.
Tiros começaram a ecoar pelo corredor, mas o Soldado Invernal usou seu braço de metal como um escudo, fazendo as balas ricochetearem.
Em meio à confusão, ele agarrou um guarda pelo pescoço com sua mão de metal, levantando-o do chão com facilidade. O medo nos olhos do homem era palpável.
- Para onde levaram a garota? - Sua voz era um rosnado baixo, ameaçador.
O guarda, sufocando e aterrorizado, apontou com um dedo trêmulo na direção do laboratório no fim do corredor.
- Lá... no laboratório...
O Soldado Invernal soltou o homem, que caiu no chão, ofegante. Sem perder um segundo, ele avançou pelo corredor.
Chegou à porta do laboratório e a abriu violentamente, suas mãos poderosas empurrando o metal como se fosse papel.
Dentro, a visão que encontrou fez seu sangue gelar. Ele se lembrou de já ter estado naquela sala antes.
Agora Theressa estava amarrada em uma mesa, sua expressão marcada por medo e dor. Ao redor dela, Pierce e Rumlow, e também outros homens de avental, incluindo Daniel Whitehall, se viraram para encará-lo, surpresos e alarmados com sua entrada abrupta.
O silêncio que se seguiu era ensurdecedor, carregado de tensão. O olhar do Soldado Invernal estava fixo em Theressa.
Os guardas entraram no laboratório em um frenesi caótico, movendo-se rapidamente para conter o Soldado Invernal. Cientistas e seguranças se atiraram sobre ele, mas sua força e habilidade eram inigualáveis. Com cada movimento, ele derrubava um oponente, seus golpes precisos e violentos.
Theressa, amarrada à mesa, se debatia desesperadamente. Whitehall, observando a cena com uma calma perturbadora, se aproximou dela com um pano. Ele o empurrou na boca dela, silenciando seus gritos e restringindo ainda mais seus movimentos.
Enquanto a luta continuava, Pierce tinha em seu rosto uma máscara de frustração e raiva. Ele observou a cena por um momento antes de explodir.
— Seus imbecis! — gritou ele. — Estão atrapalhando mais do que ajudando!
Os homens hesitaram por um momento, a confusão nos olhos deles. Pierce avançou, forçando sua presença no campo de batalha. Ele se aproximou do Soldado Invernal, sua expressão mudando de raiva para uma calma calculada.
— Soldado, escute-me — disse ele, sua voz baixa e autoritária.
James parou, seus movimentos abruptamente suspensos pelo programa mental. Seu olhar se fixou em Pierce, uma mistura de obediência e angústia nos olhos.
— Não vamos machucar a Theressa — continuou Pierce. — Só vamos colocar o super soro nela. Ela estará segura, eu prometo.
O Soldado Invernal, ainda em estado de alerta, piscou, processando as palavras. Ele olhou para Theressa, amarrada e impotente na mesa, seus olhos implorando por ajuda. Ver ela naquela posição, vulnerável e aterrorizada, partiu seu coração.
— Eu... eu não quero... — começou ele, a voz falhando enquanto lágrimas silenciosas desciam pelo seu rosto. — Não façam isso com ela.
Pierce deu um passo à frente, sua voz suave e persuasiva.
— Soldado, eu sei que você se preocupa com ela. Eu sei que ver ela assim é doloroso. Mas isso é para um bem maior. Pense no que estamos tentando alcançar aqui. Ela será forte, ela será um ativo ainda mais valioso para todos nós. Isso é dela por direito.
As palavras de Pierce eram como veneno, infiltrando-se na mente do Soldado Invernal. Ele lutava contra a programação, contra a manipulação, mas a confusão e o conflito interior eram palpáveis.
Ele olhou para Theressa, que continuava a se debater contra suas amarras, seus olhos encontrando os dele com uma súplica silenciosa.
As mãos dele tremiam levemente, assim como seus lábios rachados pelo frio, as lágrimas ainda estavam forrando os olhos azuis e eventualmente deslizavam pela bochecha do soldado.
Pierce aproveitou a hesitação, avançando ainda mais.
— Vamos lá, você sabe que isso é necessário. Você sabe que ela será mais forte, mais capaz. Você não quer protegê-la? Não quer que ela possa se proteger? Theressa é como uma filha para mim, eu nunca machucaria ela.
O Soldado Invernal fechou os olhos, a batalha interna se desenrolando em sua mente. A dor, a culpa, a angústia.
A sala estava em um silêncio tenso, todos os olhos fixos no Soldado Invernal, esperando sua resposta.
O Soldado Invernal ficou em silêncio por um momento, sua mente lutando contra a programação e a manipulação de Pierce. Ele olhou para Theressa, presa na mesa, seus olhos cheios de medo e desespero. Algo dentro dele se quebrou.
Pierce bufou, a frustração evidente em seu rosto.
— Está com defeito — disse ele, o tom gelado e impaciente. — Comprometido. Precisa ser reiniciado.
Os homens ao redor entenderam o recado imediatamente. Avançaram sobre o Soldado Invernal, que tentou resistir, mas a programação ainda tinha um controle sobre ele. A força bruta dos guardas o subjugou, forçando-o até uma das cadeiras parafusadas no chão.
Theressa, ainda presa à mesa, com o pano apertado em sua boca, assistia a cena com desespero. Seus olhos se encheram de lágrimas enquanto ela lutava para respirar, sentindo-se impotente. O ambiente gelado parecia ainda mais frio agora, cortando sua pele e intensificando seu medo.
Os homens amarraram o Soldado Invernal à cadeira, prendendo seus braços e pernas com cintas de aço.
Um dos cientistas, com um olhar determinado, pegou um caderno vermelho com uma estrela preta na capa. Ele folheou até encontrar a página que procurava.
Theressa observou em pânico enquanto o cientista começava a falar palavras em russo, sua voz fria e meticulosa.
As palavras ecoaram na cabeça do Soldado Invernal, cada uma perfurando sua mente como um prego. Ele se contorceu na cadeira, os músculos se contraindo violentamente.
— Нет. Часовой. Девять. Одиннадцать. Грузовик. Рассвет. Семнадцать. Ржавый. Рассвет. Печь. Девять. Семнадцать.
As palavras continuaram, uma após a outra, desencadeando uma cascata de memórias e dores na mente do Soldado Invernal.
Ele gritava, seus gritos abafados pela mordida que colocaram em sua boca.
Um equipamento foi colocado em sua cabeça, coberto de fios e sensores que se ajustavam firmemente ao redor de seu crânio.
Theressa lutava contra suas próprias restrições, o pano sufocando seus gritos e lágrimas escorrendo pelo rosto.
O som do equipamento ligando foi ensurdecedor, um zumbido agudo que reverberava pelo laboratório.
Os cientistas e guardas pareciam indiferentes à angústia do Soldado Invernal. Para eles, era apenas um procedimento, um passo necessário para manter o controle. Mas para Theressa, era uma visão de puro horror.
O Soldado Invernal se contorcia e gritava, os gritos abafados pela mordida. Seus olhos estavam arregalados de dor, suas veias pulsando sob a pele. O equipamento na cabeça emitia luzes intermitentes, cada pulsação correspondendo a uma nova onda de tortura mental.
Theressa tentou gritar, mas o som foi sufocado pelo pano. Ela se debateu na mesa, tentando se libertar, mas as amarras eram fortes demais. O frio do ambiente parecia penetrar em seus ossos, cada segundo mais doloroso que o anterior.
A cada palavra russa que o cientista proferia, a mente do Soldado Invernal se fragmentava ainda mais. Ele se sentia sendo despedaçado de dentro para fora, cada memória sendo arrancada e substituída por uma obediência cega e dolorosa.
Pierce observava a cena com uma expressão impassível, suas mãos cruzadas nas costas.
Ele sabia que esse era um mal necessário, um passo crucial para manter o controle sobre seus ativos mais valiosos. Pierce olhou para Theressa, notando seu desespero, mas não se deixou abalar.
— Você vai entender — murmurou para garota. — Isso é para um bem maior.
Enquanto o processo continuava, o Soldado Invernal começou a perder a consciência, a dor e o sofrimento se tornando insuportáveis. Seus gritos abafados diminuíram, seus movimentos se tornando mais fracos. Theressa, ainda lutando contra suas restrições, sentiu uma onda de desespero absoluto.
A cena no laboratório era pura desolação. O som do equipamento, os gritos abafados, o frio cortante. Cada elemento contribui para uma atmosfera de terror e impotência.
Finalmente, o equipamento emitiu um som final, um clique alto, e o Soldado Invernal caiu em um silêncio inquietante. Os cientistas e guardas começaram a se afastar, seus rostos impassíveis. Pierce deu um passo à frente, observando o resultado de seu trabalho.
Thessa se sentia derrubada por uma onde esmagadora, suas lágrimas continuavam a escorrer, seus olhos fixos no Soldado Invernal, agora imóvel e silencioso na cadeira.
Whitehall, com uma expressão fria e profissional, virou sua atenção para Theressa, ainda amarrada à mesa. Ele caminhou em direção a ela, seus passos ecoando pelo chão de pedra do laboratório.
Pierce também se aproximou, certificando-se de que tudo estava seguindo conforme o planejado.
Theressa, com lágrimas ainda escorrendo pelo rosto, observou com horror enquanto Whitehall se aproximava. Ela tentou se debater, mas as amarras eram fortes demais.
Pierce olhou para ela, sua expressão calculista, mas havia um brilho de satisfação nos seus olhos frios.
— Vamos começar, Dr. Whitehall — disse Pierce, suas palavras frias e controladas. — Sem mais interrupções.
Whitehall assentiu e fez um sinal para um dos assistentes, que prontamente trouxe uma máscara de oxigênio.
A máscara tinha um aspecto metálico com pequenos tubos conectados a um cilindro de gás. Theressa se contorceu, tentando evitar a máscara, mas os guardas a seguraram firmemente.
— Não se preocupe, Srta. Kuznetsov — disse Whitehall com uma voz serena, quase reconfortante. — Isso é necessário para o procedimento. Logo você não sentirá nada.
Pierce observava atentamente, seus olhos fixos em cada movimento. Ele queria garantir que tudo estivesse conforme o planejado.
Theressa sentiu uma pontada de pânico quando a máscara foi colocada sobre seu rosto. O gás começou a fluir imediatamente, um cheiro picante e irritante que fez seus olhos arderem e sua garganta coçar.
Ela tentou resistir, seu corpo se debatendo contra as amarras, mas logo sentiu uma sensação de dormência se espalhar. Seus movimentos ficaram mais lentos, suas pálpebras pesadas. O gás estava fazendo efeito rapidamente.
A última coisa que ela viu antes de apagar foi o olhar frio de Whitehall, estudando-a como se ela fosse um experimento.
Tudo ficou escuro, e Theressa caiu em um sono profundo e sem sonhos.
Enquanto isso, o Soldado Invernal permanecia inconsciente na cadeira, seus braços e pernas ainda presos pelas cintas de aço. O equipamento na sua cabeça foi cuidadosamente removido pelos assistentes, e ele foi deixado ali, exausto e desamparado.
Whitehall se afastou de Theressa, satisfeito com o resultado inicial. Ele fez um sinal para os guardas, que começaram a desamarrar Theressa da mesa e a prepará-la para o próximo estágio do procedimento. Pierce, observando com uma expressão impenetrável, aproximou-se de Whitehall.
— Quanto tempo vai levar? — perguntou Pierce, sua voz baixa e controlada.
— O suficiente — respondeu Whitehall, com um leve sorriso. — O procedimento é complexo, mas necessário para atingir nossos objetivos.
Pierce assentiu, satisfeito. Ele olhou uma última vez para o Soldado Invernal, agora um mero espectador inconsciente da cena. Depois, voltou sua atenção para Theressa, agora completamente à mercê da HYDRA.
Os guardas levantaram o corpo inerte de Theressa e a colocaram em uma maca móvel. Eles começaram a empurrá-la para fora do laboratório, seguindo as ordens de Whitehall.
Pierce os seguiu de perto, suas mãos cruzadas nas costas, um ar de superioridade emanando de sua postura.
As paredes de pedra refletiam o ambiente frio e inóspito da base da HYDRA. O som das rodas da maca ecoava pelos corredores vazios, criando uma atmosfera de tensão e antecipação.
Finalmente, chegaram a uma sala maior e ainda mais equipada do que o laboratório anterior. Esta sala tinha equipamentos médicos avançados, monitores cardíacos e vários instrumentos cirúrgicos dispostos em bandejas esterilizadas.
— Comecemos — disse Whitehall, seus olhos brilhando com uma determinação quase fanática.
Com mãos firmes, ele começou a preparar os instrumentos, seu foco absoluto no que estava prestes a fazer. Pierce se posicionou ao lado, observando cada movimento, enquanto os monitores cardíacos começavam a registrar os sinais vitais de Theressa.
O ambiente estava silencioso, exceto pelo som rítmico dos monitores e o leve zumbido dos equipamentos médicos.
Whitehall fez um último ajuste em seus instrumentos e olhou para Pierce, que assentiu com um gesto quase imperceptível.
— Procedimento Supernova, fase inicial — anunciou Whitehall, sua voz firme e controlada.
Os cientistas ao redor começaram a se mover em sincronia, cada um sabendo exatamente o que fazer. Ele inseriu a agulha com precisão no braço de Theressa, começando a infusão.
Horas depois, Theressa começou a recuperar a consciência. Suas pálpebras se abriram lentamente, e a primeira coisa que ela percebeu foi uma sensação estranha e pulsante dentro dela, como se algo estivesse crescendo e se fortalecendo em seu interior.
No entanto, seu corpo ainda estava paralisado, incapaz de se mover ou falar. Ela tentou mover os dedos, mas eles permaneceram imóveis, como se fossem de pedra.
Com grande esforço, ela conseguiu virar a cabeça ligeiramente e ver o ambiente ao seu redor. Estava na mesma cadeira em que havia visto James ser colocado e "resetado" horas atrás. A lembrança daquela cena horrível fez seu coração acelerar, embora seu corpo não pudesse responder à adrenalina que pulsava por suas veias.
Os sons ao redor começaram a clarear, e ela conseguiu ouvir fragmentos de uma conversa. Pierce estava falando, sua voz calma e controlada, carregada com a autoridade habitual.
— Apaguem as memórias dela — disse Pierce. — Mas não tudo, apenas algumas. Não queremos limpá-la completamente como fizemos com Barnes.
Theressa tentou focar sua visão na direção da voz, mas o movimento era limitado. Ela sentia a frieza das amarras de metal contra sua pele, imobilizando-a completamente. Seu olhar varreu a sala, captando a imagem de Brock Rumlow, que estava encostado em uma das paredes, com um sorriso malicioso nos lábios.
— Deveríamos colocar algumas memórias falsas nela também — sugeriu Rumlow, com um tom de brincadeira que não escondia a crueldade.
Pierce riu, entendendo a insinuação de Rumlow. Ele se aproximou de Rumlow e deu um tapinha amigável nas costas do homem, como se ele tivesse feito uma piada particularmente boa.
— Você é um danadinho, Brock — disse Pierce, ainda rindo. — Quero que mantenham as memórias dela sobre a HYDRA e a Sala Vermelha. — continuou Pierce, sua voz voltando ao tom sério. — Não quero que ela esqueça de onde veio e pra quem ela trabalha. Mas todas as memórias que ela tem sobre o Soldado Invernal... apaguem todas. Ela não deve se lembrar dele de forma alguma.
Os cientistas ao redor começaram a se mover, preparando os equipamentos. A máquina que havia sido usada em James estava sendo ajustada novamente, agora para Theressa.
Os assistentes ajustaram os eletrodos em sua cabeça, e ela sentiu uma leve pressão quando eles começaram a apertar os cintos que a prendiam na cadeira. Whitehall estava ali também, suas mãos frias e precisas ajustando os instrumentos. Ele não olhava para Theressa como uma pessoa, mas como um objeto, um projeto a ser concluído.
Theressa fechou os olhos, tentando lutar contra a paralisia e o medo.
Ela sabia que gritar ou resistir era inútil, mas não podia evitar o desespero que crescia dentro dela. As vozes ao redor se tornaram um zumbido distante enquanto ela se concentrava em manter a sanidade.
O barulho alto e constante da máquina foi ligado, e Theressa sentiu uma vibração profunda em seu crânio. Uma dor aguda espalhou se martelando dentro de sua cabeça como se seus miolos fossem estourar.
Ela tentou se concentrar em algo, qualquer coisa, para não perder o controle. Mas a dor era esmagadora, e as memórias começaram a desaparecer, uma a uma.
A imagem de James, seu rosto severo mas protetor, começou a desvanecer. As lembranças dos momentos que passaram juntos, das missões, dos pequenos gestos de humanidade que ele demonstrava, tudo estava sendo arrancado. Theressa sentiu uma lágrima escorrer por seu rosto, uma última resistência antes de ser consumida pela escuridão.
Os cientistas continuavam seu trabalho, meticulosos e impiedosos. Pierce observava com uma expressão satisfeita, enquanto Whitehall monitorava os sinais vitais de Theressa, garantindo que ela sobrevivesse ao processo.
Afinal, nunca fora testado nela, não tinham garantias que ela aguentaria como o Soldado Invernal.
— Está pronta. — Withehall avisou orgulhoso.
— Projeto Supernova concluido. — foi a última coisa que Thessa ouviu Pierce dizer antes de apagar novamente.
FIM DO PRIMEIRO ATO
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