
𝟢𝟢𝟫. 𝘊𝘰𝘯𝘴𝘦𝘲𝘶𝘦𝘯𝘤𝘦𝘴 𝘢𝘯𝘥 𝘞𝘦𝘢𝘬𝘯𝘦𝘴𝘴𝘦𝘴
Thessa recuou um passo, avaliando a situação com os braços erguidos e a mente fervilhando com a incerteza. As sombras dos homens armados se alongavam nas paredes, projetadas pela luz fria que entrava pela janela. Os homens à sua frente vestiam trajes que poderiam pertencer tanto à polícia de Budapeste quanto à S.H.I.E.L.D.
Ela sabia que, se fossem agentes da Hydra, sua abordagem seria bem diferente, já que ela e o Soldado Invernal eram ativos valiosos demais para serem descartados assim.
— Não façam nenhum movimento brusco. — Um dos homens advertiu, apontando a arma diretamente para ela.
Mas Thessa nunca precisou de movimentos bruscos.
Sem hesitar, Kuznetsov avançou com velocidade e desarmou o homem com um movimento só, arrancando a arma de sua mão e girando-a para imobilizá-lo. O som metálico da arma caindo no chão ecoou pela sala.
Automaticamente, ela se lançou sobre outro adversário, agarrando um vaso de cerâmica da mesa ao lado e quebrando-o na cabeça do homem, fazendo fragmentos de porcelana e sangue espalharem-se pelo quarto.
O Soldado Invernal se aproximou rapidamente, dessa vez sem esperar ordens. Ela jogou outro homem pela janela, o som do vidro estilhaçando-se seguido por um grito abafado.
Ele estava ao lado da viúva, estava igualmente tenso enquanto usava sua força bruta para eliminar os oponentes, sem se preocupar com a bagunça ou com o barulho que poderiam causar, o Soldado apenas lançou um dos homens pela janela, ouvindo o som do vidro estilhaçando-se seguido por um grito abafado.
Em poucos minutos, o silêncio voltou a reinar. Os corpos dos invasores jaziam espalhados pelo chão, e a sala havia sido transformada em um cenário de destruição. Thessa respirava pesadamente, mas com o olhar em alerta, enquanto o Soldado Invernal verificava se todos estavam realmente neutralizados.
A tensão no ar era palpável e algo não estava certo. Thessa recuperou o fôlego, seus olhos percorrendo a cena de destruição ao redor.
— Temos que sair daqui, Barnes. — Ela sussurrou, sua voz era firme e urgente, mesmo que o nome dele houvesse soado de maneira natural. — Agora.
O mais velho assentiu, já a caminho da porta. Eles se moveram rapidamente, saindo do quarto e se dirigindo para as escadas de emergência. A mente de Thessa estava a mil, calculando cada movimento, cada possível ameaça enquanto carregava a arma com sua munição extra. Seus movimentos eram frutos de tanta prática incansável, que ela nem precisava olhar para a arma para fazer aquilo em poucos segundos.
Enquanto desciam as escadas, os passos ecoavam pelo estreito espaço. O Soldado Invernal a puxava com força, garantindo que não perdessem tempo. A adrenalina corria em suas veias, o som distante das sirenes e a possibilidade de serem descobertos tornava tudo mais tenso. No entanto, quando chegaram ao próximo andar, deram de cara com um grupo de homens vestindo o mesmo uniforme. A surpresa foi momentânea, mas a Kuznetsov e o Soldado Invernal reagiram instantaneamente.
Os homens se moveram com as armas levantadas, e Thessa sabia que não havia espaço para hesitação. Com um excelente reflexo, ela desviou para o lado, agarrando a mão do Soldado Invernal e puxando-o para trás de uma coluna enquanto os tiros começavam a ser disparados.
O Soldado Invernal usou sua força sobre-humana para arrancar uma porta de metal das dobradiças, utilizando-a como escudo enquanto avançava sobre os homens. Theressa seguiu atrás, usando a cobertura para disparar de volta, seus tiros, na maior parte das vezes, sendo certeiros e fatais.
Logo em seguida, ele arremessou a porta contra dois dos atiradores, derrubando-os como se fossem peças de dominó. Theressa aproveitou a deixa e desarmou outro e o derrubou com um golpe bem colocado na garganta. Por fim, atirou em todos, para garantir que não se levantassem. O som de corpos caindo e armas sendo disparadas ecoava pelo corredor estreito das escadas de emergência.
O Soldado Invernal abriu a pesada porta de metal que dava para a rua, a luz do sol invadiu o corredor escuro e eles sentiram o ar fresco batendo em seus rostos, um contraste gritante com a tensão sufocante que haviam sentido dentro do prédio. Ao cruzarem a porta, James notou algo que fez seu coração acelerar.
— Você está sangrando. — Ele disse, olhando para Kuznetsov, com um pequeno vislumbre de preocupação em seus olhos azuis.
Ela seguiu o olhar dele até o braço esquerdo, onde um corte profundo gotejava sangue. Um tiro de raspão havia deixado uma linha vermelha na carne , além das manchas de sangue no rosto dela, resultado do confronto anterior.
— É só um arranhão. — Theressa respondeu.
De longe, eles ouviram o som crescente de sirenes e então viram várias viaturas se aproximando rapidamente. James pegou a arma da mão de Theressa em um movimento brusco e com seu olhar fixo nos carros que se aproximavam.
Com uma excelente mira, ele disparou uma série de tiros. Os pneus das viaturas estouraram, fazendo os carros perderem o controle e capotarem em sequência, mas antes que pudessem respirar aliviados, uma nave da Hydra se materializou diante deles. O metal escuro e a estrutura imponente pareciam surgir do nada, o filtro de invisibilidade desativando-se para permitir sua entrada.
Sem perder um segundo, Thessa e James correram para a nave, suas pernas movendo-se freneticamente enquanto o som das sirenes ficava cada vez mais alto. Subiram a rampa rapidamente, e a porta se fechou atrás deles com um estalo metálico.
O interior da nave era escuro e frio, o ar pesado mas por hora parecia seguro o suficiente, dentro daquilo que era a segurança que eles conheciam. Assim que eles estavam dentro, a nave ativou novamente seu filtro de invisibilidade, desaparecendo dos radares e dos olhos humanos. James ajudou Thessa a se sentar, com uma expressão preocupada em seu rosto enquanto ela estancava o ferimento com a prática de quem já havia feito aquilo outras vezes.
Horas depois, a nave da HYDRA desceu suavemente em seu típico esconderijo coberto de neve em um canto na longe das metrópoles da Sibéria.
O interior da nave estava silencioso, apenas o som suave dos motores funcionando preenchendo o ambiente. Thessa estava recostada em um dos assentos, pálida e ofegante, mas sem demonstrar medo ou desespero.
James, ao seu lado, mantinha pressão sobre o ferimento em seu braço, tentando minimizar a perda de sangue, mas a quantidade considerável já perdida era alarmante.
Assim que as portas da nave se abriram, a luz do exterior invadiu a cabine, revelando um grupo de homens vestidos em uniformes da Hydra. Seus olhares eram frios e determinados, e a abordagem foi imediata e brusca, indicando que eles estavam de volta a rotina.
- Levem-nos. - Ordenou um dos homens, e os outros avançaram, agarrando James e Theressa com força.
-Ela está ferida. Foi baleada e está perdendo muito sangue. - James tentou avisar, a voz carregada de urgência e preocupação. - Ela precisa de cuidados médicos agora.
-Calado! - Um dos homens rosnou, desferindo um golpe violento no estômago de James. Ele se dobrou de dor, mas segurou a raiva que fervia dentro de si, forçando-se a não reagir. Não era o momento para uma luta.
Os homens da HYDRA arrastaram os dois para fora da nave, levando-os por um corredor escuro e frio. O chão era de metal, reverberando os passos pesados e os sons abafados de Theressa tentando respirar.
James sentia a frustração e a impotência crescendo dentro de si. Ele olhou para a garota, sua preocupação evidente, mas não podia fazer nada além de seguir as ordens, resistindo ao impulso de lutar contra os homens que os mantinham sob controle.
Eles foram levados para uma sala de interrogatório austera, sem janelas e com iluminação fraca. Os homens da HYDRA finalmente soltaram James, mas não sem antes dar outro golpe nele, dessa vez no rosto. Ele quase caiu de joelhos, recuperando-se rapidamente, mas o olhar fixo em Thessa.
Ela foi jogada em uma cadeira, mal consciente, o ferimento ainda sangrando.
- Ela vai morrer se não fizerem algo. - James gritou, sua voz ecoando na sala. - Vocês precisam tratá-la!
-Dissemos para calar a boca. - Um dos homens gritou de volta, mas dessa vez houve um momento de hesitação. Finalmente, um dos superiores entrou na sala, avaliando a situação rapidamente e sussurrou algo para o outro que assentiu.
- Levem-na para a enfermaria. - O segundo ordenou, sabendo que eles teriam problemas se Theressa morresse. Dois dos homens a pegaram e a levaram rapidamente, deixando o Soldado Invernal sob guarda pesada.
O moreno respirou fundo, aliviado por Theressa finalmente estar recebendo ajuda, mas a raiva e a frustração ainda queimavam dentro dele. Ele sabia que a HYDRA não se importava com suas vidas além de sua utilidade, se eles iam cuidar dela era só por ainda precisarem dela.
Aos poucos a programação do Soldado Invernal parecia sair de sua mente, ele ainda não tinha memórias do que era antes da HYDRA, ainda não tinha coragem de não obedecer uma ordem. Mas pelo menos, ele estava pensando por conta própria, com uma névoa menos densa que antes cobrindo sua mente.
James ficou na sala por um tempo que parecia uma eternidade. O silêncio era interrompido apenas pelo som ocasional de passos no corredor, que nunca se aproximavam o suficiente para lhe trazer notícias sobre Theressa.
Finalmente, a porta se abriu e dois homens entraram, trazendo Thessa de volta. Ela estava visivelmente medicada, os olhos semicerrados e os movimentos lentos, mas ainda consciente. Seu braço estava bem enfaixado, indicando que haviam tratado do ferimento. Ela vestia apenas uma regata, o que destacava o curativo, mas também a deixava vulnerável ao frio intenso da base. James notou como ela tremia levemente, provavelmente devido ao choque térmico.
Antes que ele pudesse se levantar e ir até ela, Alexander Pierce, Brock Rumlow e Irina Rostova entraram na sala, seguidos por outros homens armados. O ambiente ficou instantaneamente mais tenso.
Rostova olhou para Theressa com um sorriso sarcástico, os olhos brilhando de malícia.
- Ora, ora, nossa garota feroz não parece tão feroz agora, não é? - Ela riu, uma risada cruel que ecoou na sala.
Pierce estava sério, mesmo trabalhando com Rostova, nunca teve paciência para o humor dela. Ele revirou os olhos e voltou a olhar Kuznetsov e Barnes, sua expressão dura enquanto observava os dois.
- Vocês cumpriram a missão. - Ele começou, sua voz fria e autoritária. - Mas fizeram muita bagunça. Vocês atraíram atenção demais para nós.
James não desviou o olhar, encarando Pierce com firmeza, abriu a boca para falar algo mas Theressa falou primeiro.
- Estávamos sob ataque. Não tivemos escolha.
- Não é desculpa. - Respondeu Pierce, o tom impassível. - Vocês precisam aprender a ser mais discretos. Cada vez que fazem uma cena como essa, colocam toda a operação em risco.
Rumlow, sempre com uma expressão de desdém, acrescentou, segurando o queixo de Theressa.
- Vocês dois deveriam saber melhor. Não é a primeira vez que fazem algo assim. Especialmente você, Kuznetsov.
James sentiu a raiva ferver, mas se forçou a manter a calma. Ele sabia que qualquer reação poderia resultar em consequências ainda piores, para os dois.
Porém Theressa era mais atrevida do que ele e mesmo sob o efeito de medicamentos e tendo que forçar o rosto para ficar firme e encarar os homens ela continuou falando.
- Fizemos o que tinha que ser feito. Eles nos atacaram primeiro. - Ela disse, mesmo sem lembrar com certeza se esse foi o caso, mas antes que pudesse dizer mais, Rumlow deu um tapa violento em seu rosto, a força do golpe a jogando de volta a cadeira.
James tentou avançar, mas foi contido por dois homens, sua raiva evidente. Pierce olhou para ele, desaprovação e algo mais frio em seus olhos.
- Levem-nos para a cela. - Ele ordenou.
Os homens começaram a puxar James para fora, mas Rumlow fez um gesto para que Thessa fosse deixada para trás.
- Ela fica. - Ele disse, sua voz contendo uma promessa de crueldade. Os outros homens hesitaram por um momento, mas obedeceram, levando o Soldado Invernal para fora enquanto ele lutava internamente com seu coração batendo acelerado de preocupação por Theressa.
A sala ficou em silêncio por um momento, apenas Rumlow e Thessa presentes. Ele se aproximou dela, um sorriso cruel nos lábios.
- Parece que você tem muito o que aprender ainda. - Ele disse suavemente, a ameaça clara.
Theressa, ainda atordoada e fraca, olhou para ele com medo mas determinação. Ela sabia que estava em uma posição vulnerável, mas recusava-se a demonstrar fraqueza.
A sala permaneceu silenciosa por alguns instantes após a saída dos outros, a tensão quase palpável. Thessa, ainda atordoada pelo golpe e pela perda de sangue, pela missão, os medicamentos.. Ela estava uma confusão quando olhou para Brock Rumlow com uma mistura de ódio e dor.
Rumlow se aproximou lentamente, o sorriso cruel nunca deixando seus lábios. Ele se agachou ao lado dela, fingindo um ar de preocupação enquanto examinava o curativo em seu ombro.
- Pierce tem uma nova missão para você, Kuznetsov. - Ele começou, a voz baixa e carregada de ameaça. - Algo mais complexo do que matar um agente da SHIELD. E desta vez, você vai ter que ser muito, muito discreta.
Ele pressionou levemente o curativo, fazendo-a estremecer de dor.
- Eu sou responsável por manter os olhos em você. E não quero uma repetição do desastre de hoje, não é? - Ele continuou, seus olhos fixos nos dela. - Você vai seguir as ordens à risca. Sem improvisações. Sem bagunça. Entendeu?
Enquanto falava, ele deixou sua mão deslizar lentamente pelo busto dela, fingindo ajustar o curativo, mas claramente aproveitando a oportunidade para tocá-la de maneira desrespeitosa e invasiva.
Rumlow riu baixinho, notando seu desconforto, ainda com a mão descansando sob o seio dela.
- Está com frio? - Ele perguntou, o tom de voz carregado de sarcasmo. - Quer que eu te esquente? - Ele se inclinou mais perto, o hálito quente contra o rosto dela.
- Prefiro congelar. - Ela disse entre dentes.
Rumlow riu da resposta de Thessa, mas seu sorriso logo se transformou em uma expressão sombria. Ele se agachou novamente, desta vez ele agarrou seu queixo com força, os dedos cravando na pele dela, obrigando-a a olhar para ele.
- Você realmente não sabe quando parar, não é? - Ele murmurou, sua respiração quente misturando-se com o ar frio da sala. - Vamos ver se você ainda pensa assim depois disso.
Sem aviso, ele puxou a cabeça dela e a beijou à força.
O gosto em sua boca misturou-se ao sabor amargo do nojo, e Theressa sentiu uma onda de náusea. A bile subiu na garganta de Thessa enquanto ela tentava desesperadamente se soltar. Quando percebeu que suas tentativas estavam sendo inúteis, uma fúria crua, raiva e repulsa explodiram dentro dela. A raiva e a repulsa explodiram e com toda a força que conseguiu reunir, ela mordeu a boca dele, seus dentes cravando na carne até sentir o gosto metálico do sangue.
Rumlow gritou de dor e recuou, o sangue escorrendo do corte profundo em seu lábio. Ele a soltou imediatamente, levando a mão à boca ensanguentada.
- Vadia. - Ele xingou, seus olhos estavam cheios de raiva e dor quando ele olhou para ela. - Você tem sorte... - Ele rosnou, limpando o sangue com as costas da mão. - Muita sorte que Pierce ainda quer que você viva. Porque se dependesse de mim, você estaria morta agora.
Thessa manteve o olhar desafiador, mesmo enquanto tremia de adrenalina e exaustão. Rumlow balançou a cabeça, ainda incrédulo com a ousadia dela, e então saiu da sala, batendo a porta com força.
Ela teve apenas um breve momento de alívio antes que a porta se abrisse novamente. Alguns homens entraram, suas expressões impassíveis e seus movimentos bruscos. Sem dizer uma palavra, eles a agarraram pelos braços e a puxaram de volta pelos corredores frios da base.
Kuznetsov tentou se manter firme, mas seu corpo estava exausto e dolorido. Ela mal podia resistir enquanto era levada de volta à cela antiga. A porta se abriu com um estrondo, e ela foi empurrada para dentro.
O Soldado Invernal até então estava sentado no chão com sua mente vagando por possibilidades sombrias, nos últimos tempos, ele não estava dividindo a cela com ela, então ficou surpreso em vê-la e rapidamente foi até ela.
Ao se aproximar, notou o sangue respingado no rosto dela, o que o fez parar, horrorizado.
- O que aconteceu?- Ele perguntou, sua voz baixa e com um vestígio de sua rispidez de sempre, embora agora estivesse preocupado.
Theressa permaneceu em silêncio por um momento, lutando internamente com suas próprias emoções. Forçando a se lembrar de tudo que seus vinte anos na Sala Vermelha lhe ensinaram sobre as emoções e não ter fraquezas, mesmo que aquele dia tenha sido longo e difícil.
- Nada. Não se preocupe.
Seu murmúrio não foi o suficiente para convencê-lo, embora ele não soubesse de tudo, ele sabia de boa parte do que foi aquele dia, a missão, o beijo deles no qual eles nem tiveram tempo para pensar, o ataque, ela sendo baleada, eles sendo repreendidos por Pierce, Rumlow dando um tapa nela.
Mesmo ele que também era programado para ser uma máquina de combate sabia que havia sido muito para um único dia e não julgava que ela estivesse tendo um momento de fraqueza e também não a forçaria a falar sobre isso.
James lembrou que ainda estava usando a jaqueta dela desde a hora da missão, a manga esquerda estava começando a descosturar por conta dos movimentos do braço biônico dele, mas ainda estava lá, ele a tirou de seus ombros com cuidado e a colocou sobre ela, como um escudo protetor contra o frio e a ameaça que os cercava.
Thessa aceitou o gesto sem protestar, envolvendo-se na jaqueta e aproveitando o mínimo de calor que vinha do tecido mas que foi o suficiente para fazer sua pele agradecer por hora.
Ao ver o sangue respingado no rosto dela, o Soldado Invernal sentiu um aperto no coração. Num gesto instintivo, ele procurou um pano no bolso da jaqueta. Não era a coisa mais limpa do mundo, pois eles usaram esse tecido para se limpar durante a missão, mas era tudo o que ele tinha. Com cuidado, ele usou o pano para limpar o sangue do rosto dela, removendo-o com delicadeza e atenção aos detalhes do rosto dela.
Ele não sabia que o sangue era de Rumlow e não dela, e essa incerteza o perturbava profundamente.
Quando finalmente terminou, Thessa ainda parecia frágil, como uma boneca de pano abandonada. Ela tremia ligeiramente, o frio da cela penetrava em seus ossos e roubando-lhe o calor e a exaustão física e mental do dia, finalmente pesando sobre ela.
Sem hesitar, ele se sentou no chão frio da cela, puxando-a suavemente para perto. Ela se acomodou entre as pernas dele, a cabeça repousando sobre seu peito enquanto ele a envolvia em um abraço reconfortante. Seu coração batia ritmadamente sob o peito, um eco distante da humanidade que ele havia esquecido.
Enquanto segurava a garota em seus braços, Barnes sentiu uma torrente de emoções inundar sua mente. A lavagem cerebral que o tornará uma máquina de matar estava desvanecendo lentamente, e agora ele começava a experimentar o turbilhão de sentimentos que havia perdido e que não lembrava da sensação de sentir e tudo isso o envolvia como uma névoa densa, obscurecendo sua visão e confundindo seus pensamentos. Ele não sabia como lidar com essas emoções, não estava acostumado a sentir algo além do vazio e da dor.
Mas, apesar de toda a confusão que o consumia, havia uma coisa que ele sabia com certeza: ver Theressa naquele estado o fazia doer por dentro.
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