𝟢𝟢𝟧. 𝘛𝘩𝘦 𝘚𝘬𝘶𝘭𝘭 𝘸𝘪𝘵𝘩 𝘛𝘦𝘯𝘵𝘢𝘤𝘭𝘦𝘴
Sibéria. Base da HYDRA.
Theressa não foi capaz de demonstrar qualquer tipo de reação, apenas balançou a cabeça positivamente, enquanto o homem destrancava a cela.
– Obrigada... – Ela murmura, sem finalizar a frase, pois não tem ideia do nome do homem com quem está conversando.
– Brock Rumlow. Codinome Crossbones. – Ele diz e ela acena com a cabeça. – É necessário que me acompanhe, senhorita.
Ele assentiu. No final, acontece que ela não podia agir de forma controversa, desobediente ou violenta, então ela ia aproveitar enquanto ainda estavam lhe tratando como um ser humano normal.
Thessa deu um passo para o lado de fora e espiou para dentro da prisão, não conseguia avistar o soldado, mas tinha certeza de que ele permanecia no local. A jovem não resistiu à vontade e decidiu formular uma pergunta para Rumlow.
- Ele não vai nos acompanhar? - O Agente Rumlow apenas balançou a cabeça em sinal de negação enquanto fechava a cela mais uma vez. - Por qual razão?
- Não pediram para ele estar presente. Somente você. E quando a equipe responsável por ele chegar, ele será encaminhado para manutenção.
- Manutenção? Ele precisa de ''reparos''? Como um robô? - Ela questionou, porém, não recebeu retorno. Thessa apenas acompanhou o homem pelos corredores mais estreitos, úmidos e sombrios do que os da Sala Vermelha. - Qual é o termo que devo usar para me referir a você?
- Não é apropriado me abordar, na verdade. Não é aconselhável interagir com qualquer uma das pessoas que você vai conhecer agora, a menos que solicitem. Entende? - Ele não pretendia ser grosseiro, apenas sincero, e ela captou a mensagem. Mais uma vez, assentiu com a cabeça.
- Eu também vou receber um apelido? Um desses Codinomes? - Indaga Theressa, fazendo com que o homem revire os olhos em irritação diante de tantas perguntas.
- Na verdade, sim. - Ele suspira. - Por que você está sempre fazendo tantas perguntas? - Ele olha para ela e ela desvia o olhar, continuando a caminhar rapidamente.
- Peço desculpas. - Ela suspirou, cheia de frustração, antes de o homem entregar uma bolsa para a garota de cabelos castanhos e indicar uma porta.
- Arrume-se. Você está prestes a encontrar os líderes da HYDRA, mocinha. - Ele falou, ela permaneceu em silêncio. Apenas seguiu as instruções, pegou a bolsa e entrou no banheiro de dimensões reduzidas e paredes estreitas.
Thessa deslizou o zíper da bolsa, observando seu mais novo traje.
Na verdade, não era o típico tipo de traje dela, não era um traje específico do agente, com bolsos e compartimentos e suportes para armas e munições. Era uma roupa casual, um jeans escuro e uma camiseta preta de gola alta e mangas compridas com uma caveira vermelha envolta por tentáculos costurados nos ombros.Mas ainda era preto, então não causava tanto estranhamento, mesmo sendo
diferente das mesmas roupas que ele usava todos os dias nos últimos anos, e isso era bom.
Ela vestiu roupas novas e calçou suas botas novamente. Parada em frente a um pequeno espelho sujo e rachado, ela aproveitou para alisar rapidamente o cabelo, fazendo uma trança rápida e deixando algumas mechas soltas caindo pelo seu rosto.
Thessa guardou o antigo traje na bolsa e saiu do banheiro, dando de cara com Rumlow que estava esperando por ela na porta, perto o suficiente para a impedir de dar um passo errado.
A garota o seguiu, com passos firmes e o solado de sua bota ecoando entre os corredores, até que chegaram em uma sala, Rumlow abriu a porta colocando um crachá no identificador e uma vez que os dois entraram ele trancou novamente.
Seus olhos varreram o local, examinando o ambiente desconhecido. O chão era coberto por um carpete vermelho, ali as paredes eram bem pintadas, diferente do resto da base que ela tinha visto, que era basicamente feita de paredes de tijolos e pedras que nunca haviam visto uma tinta na vida.
O teto era alto, havia uma estante com vários livros e também um bar com diversas garrafas de bebidas. Imediatamente, ela notou que tinha aquecedor ali, pois a temperatura era muito agradável. Na parede, a mesma caveira de seu uniforme estava estampada em um tom de vermelho-sangue. No centro da sala havia uma mesa redonda. Agente Rostova e Alexander Pierce estavam sentados lá, junto a mais três homens velhos que ela nunca havia visto na vida.
'A HYDRA está precisando de sangue novo, cade a juventude desse lugar?'
Ela pensou consigo própria, mas obviamente não disse. Embora quisesse muito ter dito. Rumlow fez um sinal com a cabeça para que ela seguisse em direção à mesa e se juntasse a eles.
– Sente-se querida. Estávamos te esperando e falando sobre você. Olha só, essa roupa ficou excelente em você. – A loira disse, e por Deus, como Thessa achava a voz da mulher e sua falsa simpatia irritante, desde o primeiro momento que a viu na sala vermelha no dia em que conheceu o Soldado Invernal.
A garota obedeceu e ficou muito orgulhosa de si própria por conseguir ter autocontrole o suficiente para não revirar os olhos. Rostova voltou a falar:
– Estamos muito felizes de ter você aqui, garotinha. Vamos te explicar algumas coisas e te adaptar, você vai ser um ativo muito especial para nós, nem vai sentir falta do Dreykov.
'Sentir falta do Dreykov?' Thessa pensou consigo própria. 'Impossível'
Thessa se sentou no lugar vago, ao lado de Dreykov. Rumlow se sentou ao lado dela, mas como a mesa era redonda, ela conseguia ter uma visão clara de todos. Pierce pigarreou e começou a falar:
– Rostova fala demais, não siga o exemplo dela e você ficará bem. – Ele disse colocando a mão sobre a coxa dela por debaixo da mesa. – Você está aqui para obedecer e servir a HYDRA e não para falar.
Ela gelou, sentindo o toque dele por debaixo da mesa, mas por algum motivo não conseguiu reagir. Seu coração acelerou um pouco e seu estômago embrulhou completamente ao sentir o toque da mão do velho, que continuava a falar.
– A maioria dos nossos ativos não tem essa oportunidade. Mas sim, você é especial para nós. Então vamos ser transparentes com você. Você esta aqui hoje com as pessoas de maior escalão da HYDRA. Vamos te tratar muito bem e tudo que esperamos é que obedeça.
Thessa balança a cabeça positivamente, no momento em que Pierce tira a mão de sua perna para sinalizar para servirem a comida, o ar volta finalmente a seus pulmões.
A comida é servida, eles servem uma panela de carne, uma travessa de salada, frango a Quieve recheado com manteiga de alho, salmão e queijo. Também colocam um frango assado inteiro na mesa, com uma garrafa de vinho.
Theressa suspira, sentindo o aroma dos alimentos a deixar tonta, só agora ela percebeu que estava com fome e sentiu seu estômago roncar. Além disso, nunca havia visto tanta comida na sua frente.
– Fique à vontade, queridinha. – Rostova disse, Thessa balançou a cabeça, pegou o garfo e começou a comer, sentindo o sabor maravilhoso desmanchar em sua boca e ignorando o fato de que continuavam a se referir a ela como ''Queridinha'' ou ''Mocinha''. – Enquanto você come, vou dar uma resumida sobre nós. Somos o alto escalão da HYDRA. Nós acreditamos em controle. E que os fins justificam os meios. Também nunca somos derrubados.
– Corte uma cabeça, nascem duas no lugar. – O homem de cabelos grisalhos e óculos redondos, vestindo um terno marrom, que até então estava observando em silêncio, se pronunciou enquanto Thessa continuava mastigando.
– Sim, esse é nosso lema. – Rostova diz. – Esse é Daniel Whitehall. Ele está na HYDRA há muito, muito tempo. Não parece que ele é tão velho, mas ele conheceu o Caveira Vermelha, sabia?
Thessa murmura um 'uau' e força um sorriso como se soubesse o que isso significa e volta a comer.
– Whitehall é um cientista brilhante, ele sempre testa todas as hipóteses, custe o que custar. – Rostova disse isso como se fosse a coisa mais legal do mundo, mas para Thessa era claro que ela estava se referindo a "testes" nada éticos e possivelmente envolvendo torturas e experimentos. A loira aponta para o homem sentado ao lado de Whitehall, que é mais rechonchudo, também grisalho, porém calvo. Ele usa um terno preto. – Esse é Gideon Malick, ele faz parte do conselho da SHIELD... Que é... Bem, depois eu te explico o que a SHIELD é. O Pierce, que você já conheceu, também está lá e é o atual responsável pelo projeto Soldado Invernal.
Os olhos de Theressa se acendem em curiosidade, ela queria saber mais sobre o "Projeto Soldado Invernal" queria muito que eles se aprofundassem nesse tópico, mas obviamente não fizeram. Rostova só seguiu com as apresentações, apontando para o último homem sentado entre ela e Rumlow.
– Esse é o barão Strucker. Ele é quem dá as ideias... Podemos dizer que ele está no comando. – Rostova finalizou, não querendo deixar muito claro que aquele era o líder, mas deixando indícios disso. O barão apenas deu um aceno de cabeça para Thessa. – E eu? Eles me chamam carinhosamente de madame Hidra.
– Incrível. – Theressa disse, tendo que se esforçar mais do que o usual para não parecer irônica, mas conseguiu, afinal ela era uma espiã, ela sabia fingir. – Eu acho que todos já sabem, mas eu sou Theressa Kuznetsov... – Ela diz em um tom baixo e quase tímido, não que estivesse se sentindo assim, só estava jogando o jogo deles.
– É claro que é. – O Barão Strucker disse segurando uma risada, qual Thessa não entendeu o motivo. – Alguma pergunta, Theressa?
– Não, senhor. – Ela disse, pois sabia que aquela era a resposta que eles queriam ouvir. O homem respondeu um ''Perfeito" murmurado dentre dentes e todos voltaram a comer, às vezes parando para discutir algo aleatório que Thessa não entendia.
Mas ela tinha sim, tinha muitas perguntas, mas do que poderia contar. Ela sabia quem eram aquelas pessoas, mas isso era literalmente a única informação que ela sabia sobre a HYDRA até então e nem sabia se essas informações eram verdadeiras e nem o motivo deles estarem contando essas coisas para ela, sendo que deveriam apenas a jogar em uma cela com o Soldado Invernal.
Ela também queria saber mais sobre o Soldado Invernal, sobre quem ele era e por que estava ali. Quer dizer, ele era frio e tão sem expressão quanto porta, mas não parecia ser doentio como aquelas pessoas com as quais ela estava jantando, ele não parecia gostar dali ou estar ali por opção.
E o mais importante, Thessa queria saber mais sobre ela mesma. Durante toda sua vida na Sala Vermelha ela se questionou como havia ido parar lá. E agora se questionava porque a HYDRA a recebia como se estivesse esperando ela por tanto tempo e dizia que aquela era sua casa.
Mas talvez as respostas, para o bem ou para o mal, estivessem na própria HYDRA. E ela ia dar um jeito de descobrir.
Depois do jantar, Rumlow ficou responsável por acompanhar Theressa de volta até a cela dela. Segundo ele, ela ganharia um quarto quando merecesse. Embora fosse uma informação divergente com a que o Soldado Invernal lhe contou anteriormente, ela não cogitou.
Observadora, como naturalmente era, Thessa notou que Rumlow estava um pouco diferente de quando foi buscá-la para jantar. Ela rapidamente entendeu que ele havia provavelmente exagerado no vinho, e por mais que ainda fosse cedo e ela devesse se concentrar em ganhar a confiança daquelas pessoas, ela não podia deixar a oportunidade passar.
– Ei, então... Eu preciso ir ao banheiro. – Ela disse, forçando um sorriso e mexendo nos cabelos de uma forma desajeitada. Rumlow arqueou uma sobrancelha, confuso, medindo a garota de cima a baixo.
– O que é isso?
– Vontade de ir ao banheiro. – Ela força um sorriso maior ainda e arregala os olhos de uma maneira não muito convincente, o moreno ia dizer alguma coisa, mas antes que pudesse, o celular dele tocou e então o sorriso que se formou nos lábios de Thessa foi sincero, os cantos de sua boca se levantaram como se a sorte estivesse finalmente a seu favor.
– Espera. – Ele murmurou, se preparando para atender o telefone.
– Não dá para esperar, eu estou muito apertada. Acho que o vinho está fazendo efeito. Posso ir? É a mesma porta que você me levou aquela hora, não é?
Theressa viu o homem bufar em frustração, ele estava bêbado, mas estava se saindo bem em não demonstrar, mas Thessa conseguia notar que ele estava hiperventilando.
– Te dou cinco minutos. – Ele diz e vira as costas para atender o telefone.
A garota sorri para si própria e começa a andar em direção ao banheiro. Ela não sabia o que estava procurando, mas iria saber quando achasse.
A sorte não estava tão ao seu favor quanto ela imaginou, uma vez que todas as portas possuíam uma tranca eletrônica, daquelas que você só pode abrir com um cartão de identificação, então mesmo se ela tivesse um grampo de cabelo, ela não conseguiria abrir.
Mesmo assim, o olhar da moça continuou varrendo o corredor e as diversas portas. Como todas as portas eram iguais e sem sinalização, não dava para saber o que era um escritório, um laboratório ou uma cozinha. Ela não sabia nem em que andar estava, mas sabia que ali havia elevador. Também não era difícil deduzir que aquele local era, muito provavelmente, subterrâneo.
Algo que o ambiente possuía em comum com as instalações da Sala Vermelha era, sem dúvidas, a falta de janelas, propositalmente bloqueando qualquer contato com o mundo exterior. Mas ali também era muito mais frio. Thessa queria muito um casaco ou poder voltar para a sala que possuía aquecedor.
Ela viu um homem saindo de uma sala, segurando uma pasta de arquivos em uma mão e a outra apoiada na arma em seu cinto. Theressa viu que ele ia reagir no momento em que seus olhos se cruzaram, então ela foi mais rápida.
– Com licença, senhor. Onde é o banheiro?
– Quem é você? Identifique-se. – O agente de roupas pretas rosnou, ela, por outro lado, continuou com a voz mansa e calma, fingindo estar perdida.
– Theressa Kuznetsov, senhor. – Ela deu um sorriso mínimo, o homem assentiu com a cabeça e não fez mais perguntas, só apontou em direção ao banheiro onde ela esteve mais cedo. – Obrigada, o senhor é muito gentil.
Assim que ela virou de costas, seus olhos automaticamente se reviraram em desprezo, ela entrou no banheiro e, depois de alguns minutos, deu descarga e abriu a porta. Rumlow estava esperando ela e pareceu aliviado em ver que ela não havia tentado fugir.
– Achei que ia tentar me enganar. – Ele admitiu, fazendo um sinal com a cabeça para ela o seguir e ela o fez.
– Claro que não. – Forçou outro sorriso. Na verdade, ela ia sim, se o maldito lugar não fosse impossível de se infiltrar, não havia outra opção além de ganhar a confiança de todos primeiro. Eles continuaram andando pelo corredor frio. – Agora que sabe que não vou tentar fugir, pode me dar um casaco?
– Não tenho nenhum aqui. – Ele disse com indiferença enquanto abria a porta da cela dela. Theressa não ficou nenhum pouco surpresa.
– Se eu precisar de algo, eu posso te chamar?
– Theressa, isso aqui não é um hotel. – O homem disse simplesmente. – Eu sei que prometeram que iam te tratar bem, mas primeiro você tem que fazer por merecer.
– Claro. – Ela revirou os olhos e entrou da cela, vendo ele fechar as grades. Ela não estava esperando que algum deles fosse dispor de a servir ou coisa parecida, ela só estava tentando descobrir mais sobre a segurança do local e se ele e mais quantos homens ficavam ali durante a noite. Mas não funcionou. – Boa noite, então.
Ela suspirou e viu o homem se afastar, virou em seus calcanhares, procurando, em meio à escuridão, a única pessoa da HYDRA que ela não odiava completamente.
– O Cabeludo, você ainda está aqui? – Ela disse, se aproximando do fundo da cela, ela ouviu um barulho de metal batendo no chão, então deduziu que sim. Ela continuou se movendo, até sentar no chão, próximo a ele. Ela ainda não o via, mas sentia sua presença.
Thessa encostou na parede, deslizando as costas até se sentar, no fundo da cela, próximo ao soldado. Ela abraçou as pernas dela e apoiou sua cabeça no próprio joelho.
– Como foi a sua ''Manutenção''? – ela perguntou, querendo ouvir uma voz familiar e sem saber exatamente o que manutenção significava. O Soldado se perguntou como ela sabia sobre aquilo, mas bufou e respondeu.
– Normal.
— Olha aqui, não é tão ruim. – Ela disse, em partes tentando ser positiva, em partes tentando apenas manter o assunto. — Pelo menos não tão ruim quanto você disse. - Thessa continuou, mesmo discordando do que estava dizendo. Pensar nas mãos de Pierce a tocando debaixo da mesa, ainda lhe dava arrepios e vontade de vomitar. Sem falar das conversas estranhas daquelas pessoas, ela havia absolutamente odiado. - Pelo menos a comida é boa.
No escuro, o soldado levantou uma sobrancelha. Ele não sabia que o que haviam feito com Theressa ou quem ela havia conhecido, mas ela ainda estava soando estranhamente positiva para quem estava entrando no inferno.
Ele não queria que ela acabasse, como ele, sendo experimentada em uma mesa de laboratório, aparentemente ela ainda não tinha sido, o que era bom. Ao menos, ela havia comido, e por mais que ele houvesse sido alimentado apenas com vitaminas e proteínas injetadas em suas veias, ele não estava com inveja dela ter tido uma alimentação apropriada. Ele estava apenas preocupado com a possibilidade dela se tornar um deles, ou se todo esse tratamento especial que ela estava recebendo era porque tinha algo ainda pior reservado para ela. O moreno suspira e finalmente responde.
– Eu não sei dizer, tenho uma dieta específica a ser seguida. - Ele responde em seu usual tom de voz grave. – Não confie neles, agora vai dormir.
A garota não respondeu, ela sabia que não podia confiar em ninguém, mas também sabia que conversar com o Soldado Invernal era impossível. Então, obedeceu e fechou os olhos, tentando pegar no sono em meio ao ambiente frio, escuro e silencioso, a não ser pelo som da respiração dos dois.
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