
𝟎𝟎. 𝒆𝒖 𝒏𝒂̃𝒐 𝒔𝒆𝒊 𝒄𝒐𝒎𝒐 𝒗𝒊𝒗𝒆𝒓 𝒔𝒆 𝒗𝒐𝒄𝒆̂ 𝒆𝒔𝒕𝒂́ 𝒎𝒐𝒓𝒕𝒂
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THE ARCHER by taylor swift
PRÓLOGO.
━━━━━━━ MELINA HAYES ACORDOU com o sentimento de que havia algo errado. Ela procurou por sua irmã mais velha na cama ao lado da sua, mas não a encontrou. Por isso, a pequena calçou um dos pés com um chinelo e vasculhou o quarto apressadamente em procura do par. Estando com os dois chinelos nós pés, ela saiu do quarto que dividia com a irmã.
Saindo do quarto, Melina se deparou com algo que a deixou em choque. Fogo. Muito, muito fogo. Sua casa estava ardendo em chamas, e isso a deixou estática, sem saber o que fazer. No entanto, mesmo com o sentimento de faltava ar em seus pulmões, ela começou a chamar por sua irmã. Gritar em procura dela.
"Lice! Alice!", ela chamava pelo nome de sua irmã repetidas vezes, tentando achar uma maneira de atravessar o fogo que parecia estar por toda a parte. Melina não sabia o que fazer. Ela não conseguia enxergar direito por conta da fumaça, suas mãos e pernas tremiam, lágrimas começavam a surgir de seus olhos.
Ela não era a única pessoa gritando desesperadamente naquela casa.
Algum tempo mais cedo, Alice Hayes também tinha acordado com a sensação de que havia algo errado. Ouvindo um barulho que parecia vir da cozinha, ela decidiu deixar sua irmã dormindo e ir verificar o que era. Ela não tinha ideia do que aconteceria nos momentos seguidos.
Alice deixou um beijo na testa de sua irmã mais nova e saiu do quarto, indo em direção à cozinha, onde ela imaginava ser a origem do barulho. E estava certa. Chegando cada vez mais próxima da cozinha, ela avistou uma sombra, a qual imaginou ser sua mãe.
Aquilo frequentemente acontecia, sua mãe chegando em casa de madrugada. As vezes, ela saia de casa e demorava dias para voltar, deixando Alice e Melina completamente sozinhas. Tudo graças ao álcool.
Quanto mais chegava perto da tal sombra, mais Alice queria se afastar. Mas algo nela a dizia para se aproximar, como uma voz cada vez mais audível a dizendo para não ter medo. Assim, a menina chegou ao ponto de estar a apenas alguns passos de distância da sombra. A essa altura, ela já tinha decidido que aquilo definitivamente não era sua mãe. O que quer que aquela coisa fosse, se desfez quando Alice estava quase próxima o bastante para poder tocar e ser tocada por aquilo.
A Hayes se sobressaltou quando viu a coisa desconhecida desaparecer e, logo depois, aparecer do outro lado do cômodo. A voz que antes tinha lhe dito para não ter medo parecia estar novamente lhe dizendo algo, agora mais claramente.
"Não tenha medo, semideusa. O medo só tornará tudo pior."
Alice percebeu de onde a voz vinha quando encarou a até então sombra. Vinha da sombra. A criatura desconhecida falava com Alice através de pensamentos, e isso fez a menina se achar mais louca ainda.
— Do que me chamou? — ela disse, só que não usando a mente, como a sombra, usando a boca. Talvez Alice estivesse louca por estar falando com aquela coisa, mas tinha uma sensação impossível de ignorar de que deveria fazer aquilo.
"Semideusa. É o que você é. Pode tentar entender o que está acontecendo, mas não terá tempo suficiente para isso."
A expressão de Alice estava cada vez mais confusa. E a coisa continuou falando em sua mente.
"Pobre garota... Foi enganada durante toda a vida, e nunca terá a chance de descobrir a verdade. Você sonhou alto, Alice Hayes. Mas tenho que lhe dizer, você nunca alcançará seus sonhos."
A respiração de Alice estava cada vez mais acelerada. Ela não entendia porque não estava correndo, porque não estava indo até sua irmã e a tirando dali. Mas tinha alguma coisa sobre aquela sombra que lhe chamava atenção, que lhe atraia como um imã.
"Ah... você pode tentar correr, mas não será suficiente. Nada do que você tente fazer jamais será suficiente. Você falhou, Alice Hayes."
As mãos de Alice começaram a tremer. Ainda assim, ela tirou proveito de que estava numa cozinha e pegou uma faca da gaveta que ficavam os talheres. A sombra nada mais dizia, mas parecia procurar por algo.
E achou. A sombra segurava um tipo de pote de vidro que continha algo se parecia com fogo... mas ao mesmo tempo não parecia. Alice assistiu enquanto a coisa largava o pote, o deixando cair no chão e quebrar.
"Fogo grego... isso se espalhará por toda a casa em questão de poucos minutos, e tentar impedir será em vão." A coisa desapareceu novamente assim que disse aquilo, e suas palavras estavam se mostrando verdade.
O tal fogo grego se espalhava pela cozinha rapidamente. A respiração e o coração de Alice estavam ambos mais acelerados do que era saudável, suas mãos tremiam e parecia inútil tentar segurar uma faca com elas.
Mesmo com os avisos de que não adiantaria tentar correr, foi exatamente o que Alice fez. Ela começou a correr em direção ao quarto e nunca odiou tanto morar numa casa onde a cozinha era tão distante do quarto.
Ela gritava pelo nome da irmã mais nova sem parar, em uma tentativa de a acordar, de ter certeza que ela ainda estava viva.
— Lina! — ela chamou o apelido da irmã diversas vezes. Então passou a gritar pelo nome.
— Melina! Por favor, esteja bem... Melina!
Alice estava desesperada. Ela não sabia o que fazer, não sabia como salvar sua irmã. Mas ela o faria. Não ligava para a sombra invadindo sua mente e lhe dizendo que ela tinha falhado, ela iria salvar Melina e a maneira não importava.
Finalmente, ela achou sua irmã. A mais nova gritava pelo nome da mais velha, também a procurando.
— Lina! — disse, correndo para a abraçar.
Praticamente toda a casa agora ardia em chamas, mas Alice não se importava.
— Vamos, vamos sair daqui...
As duas começaram a tentar atravessar todo o fogo em procura de sair da casa. E tudo parecia estar indo bem. Elas conseguiriam sair dali com vida, tudo daria certo...
— Lice, o que está acontecendo? — a menina de apenas nove anos disse, enquanto corria, sua voz trêmula e baixa.
— Não sei, Lina... Mas vai dar tudo certo, vamos ficar bem.
E continuaram correndo. Correndo por suas vidas, evitando o fogo ao máximo que podiam.
── ⋅ ⋅ ── ❀ ── ⋅ ⋅ ──
Quando chegaram à porta da frente, elas pensaram que tinham finalmente conseguido. Estavam erradas. Alice já tinha quase esquecido que deveria se preocupar com a estranha sombra. Mesmo assim, ela ainda segurava a faca em uma mão, enquanto segurava a de Melina com a outra.
Alice estava destrancando a porta quando avistou a sombra de novo.
— O que é aquilo...? — Melina perguntou, mas Lice não conseguiu a responder.
"Realmente achou que conseguiria fugir daqui com vida, não é? Coitadinha...", a voz novamente falou com Alice.
A Hayes mais velha continuou tentando abrir a porta, mas sua mão tremia muito. Ela olhou para trás, e viu a sombra se aproximando cada vez mais dela e de sua irmã.
Alice finalmente conseguiu abrir a porta, e empurrou Melina, que parecia estar paralisada com a visão da sombra, para fora de casa. Ela foi logo depois. No entanto, tinha demorado demais. A sombra já tinha conseguido se aproximar o bastante para poder atravessar uma espada no coração de Alice — espada essa que nenhuma das irmãs havia antes percebido que a sombra carregava.
Por conta da adrenalina e das mil coisas passando em sua mente, Alice não percebeu o que tinha acontecido até ouvir Melina gritar.
A sombra tirou a espada do peitoral de Alice e foi embora, desapareceu, como das outras vezes. A diferença era que agora ela parecia satisfeita com seu trabalho o suficiente para ir embora de vez.
Alice se sentou no chão em frente à porta de casa e colocou a mão sobre o peito. No lugar onde se encontra o coração agora se encontrava também um sangramento enorme.
Ela tinha noção do fogo fazendo sua casa cair aos pedaços, também tinha noção de sua irmã se ajoelhando em sua frente e chorando desesperadamente. Mas ela estava em choque. A sombra tinha razão, afinal. Alice tinha falhado, ela nunca chegaria a ter a chance de realizar seus sonhos, não teve tempo o suficiente para descobrir a verdade... Mesmo com tudo isso, ela só conseguia pensar em Melina. O que seria de sua irmãzinha sem ela?
— Lina... me escute. Eu quero que você corra o máximo que puder, quero que não pare de correr até que encontre um lugar onde vai estar segura.
— Não... eu não vou deixar você! Vamos, Lice! Nós vamos conseguir, você vai pra um hospital, e vai ficar tudo bem. Vamos! — Melina tentava com todas as suas forças levantar sua irmã do chão. Ela não podia perder Alice. Não podia!
No entanto, era isso que aconteceria. Ela perderia sua irmã mais velha e teria que se virar sozinha num mundo desconhecido. Ela ficaria sem ninguém, e lembraria pra sempre do dia em que perdeu sua Alice.
— Melina... por favor... Eu não tenho mais chance, mas você... — Alice acariciou o rosto de sua pequena irmã com os dedos trêmulos. — Você tem. Você vai conseguir. E vai dar tudo certo porque... porque você é forte, e é muito especial.
Lágrimas não paravam de cair dos olhos de Melina.
— Eu te amo. Eu te amo muito. E não importa quanto tempo passe, eu sempre vou estar com você, ok? Eu... — Alice não falou mais nada.
Sua respiração que antes estava tão acelerada agora era inexistente.
— Mas eu não sei como viver se você está morta... — Melina sussurrou.
Melina chorava sem parar, se sentindo perdida, sem chão. Alice estava morta. Sua irmã estava morta. E não tinha o que fazer. Não tinha como reverter aquilo.
Alice Hayes estava morta, uma coisa indiscritível tinha a matado. Melina já não tinha mais ninguém. E sua irmã... ela merecia ter vivido tantos anos, mas ali estava ela, morta aos 12 anos de idade.
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