025 - Sunshine, seja feliz
AS MEMÓRIAS DAQUELA NOITE tenebrosa voltam à minha mente, inundando o meu coração com um amargor horrível.
As coisas em "casa" já não andavam bem fazia algum tempo. Eu sempre soube que esse momento chegaria mais cedo ou mais tarde, mas a realidade é que eu nunca estive preparado para momentos como estes. De certa forma, daquela vez foi diferente. Eu não gostava ou ligava para os outros namorados da minha mãe, mas eu gostava do Bang, da família bang. Eu estava feliz por ter reencontrado minhas raizes na Coreia, feliz por estar onde estava.
Como era de se esperar, alguma coisa tinha que dar errado. Desde que tivemos nosso primeiro encontro com a mãe de Chan que as coisas não andam bem, ela e minha mãe estavam constantemente em briga e, algumas delas, não acabavam apenas nas duas. Minha mãe gritava de um lado, a antiga senhora Bang do outro, o meu antigo padrasto gritava em outra ponta e Chris e eu ficávamos sempre no meio de tudo.
Com o passar do tempo as brigas entre o casal passaram a ser constantes, com o casamento cada vez mais próximo, tudo ficou pior. A relação dos nossos pais já não estavam mais indo tão bem, por mais que eles tentassem esconder de Chris e de mim. As brigas passaram a afetar a vida dos dois como não queriam, começaram a discordar em muitos aspectos e cada vez mais se entendiam menos.
Após virar rotina, parecia que eles procuravam qualquer motivo para discutir e eu qualquer distração para não ouvir. A noite em que tudo acabou para Yumin e eu foi, coincidentemente, o dia em que tudo acabou para os "meus pais" também. Naquele dia eles nem mesmo se deram ao trabalho de tentar diminuir o tom e fingir casualidade.
Trancado no meu quarto, eu só escutei quando a porta da entrada bateu e minha mãe saiu. Eu pensei que ela tinha saído para dar um tempo, esfriar a cabeça. Talvez tenha sido, mas ela não voltou mais. Quando, mais tarde, o meu celular notificou uma mensagem dela, eu já sentia que era o fim. E ao ler, minhas suspeitas foram confirmadas.
"Arrume as suas malas querido, vamos voltar para casa. Não conte a ninguém." Era o que dizia, seguido do hotel em que ela estava hospedada, o horário do nosso voo de partida, um pedido de desculpas e a promessa irreal de que seria a última vez. Mas não, nem de longe eu acreditei que seria a última, nós já estávamos presos naquele ciclo vicioso fazia muito tempo.
Estive acostumado. Eu não deveria me importar, mas aquela vez foi diferente. Desde criança eu tive que aprender a não me importar, não me apegar a alguém ou algo, porque nada era duradouro. Eu escolhi me fechar para me proteger. Quando eu vim para cá, para aquela nova família, eu me permiti iludir com a ideia de que seria real daquela vez, e foi, mas não durou.
Arrumar as minhas malas, guardar todas as minhas lembranças do lugar que eu costumava chamar de casa foi doloroso e fazer sem que soubessem foi pior ainda. Odiei a sensação. Eu não deixei para trás apenas bens matérias, eu deixei você, Yumin, e parte de uma família a qual eu realmente gostava e achava que pertencia. Depois do meu pai, achei que seríamos apenas minha mãe e eu, achei fôssemos o suficiente, mas pelo visto nunca fomos.
Quando pensei em todas as pessoas que eu gostava, todos que eu tive que deixar para trás, ficou ainda mais difícil ter que partir. Eu tinha amigos, tinha uma família. Não teria tempo para me despedir de todos que eu gostaria, nem pude, então quis usar o pouco do tempo que me restava neste país para passar com a pessoa que eu mais sofreria ao deixar. Você.
Sunshine <3
On-line
Quer vir assistir um
filme aqui em casa?
|19:31h ✓✓
Não.
Muito longe.
|19:31h
Eu vou te buscar.
|19:31h ✓✓
Nem tava falando
sobre a sua casa,
mas da porta do
meu quarto.
|19:33h
Pfvr vem :((
|19:33h ✓✓
Eu só quero poder
ficar com você um
pouco mais.
|19:34h ✓✓
Quero te ver
|19:34h ✓✓
Você fala como se
a gente já tivesse
se visto hoje.
|19:34h
Por isso mesmo.
Vem :((
|19:35h ✓✓
Tá
|19:35h
Esteja aqui em cinco
minutos ou desisto.
|19:35h
Depois de te mandar as mensagens, eu tive uma crise de arrependimento. Me perguntei se o que estava fazendo era certo, se eu não estava sendo ambicioso em me despedir de você, sem te contar que era uma despedida. Eu queria ficar um pouco mais ao seu lado, enquanto pudesse. Aquilo foi uma grande tortura, eu me senti como um masoquista. Foi a pior e mais dolorosa despedida de toda a minha vida, mas seria pior ainda não vê-la uma última vez.
Exatamente cinco depois, como o combinado, eu já esperava dentro do carro, encostado na calçada de sua casa.
— Pontual, do jeito que eu gosto. — você disse, entrando no automóvel.
Eu não disse nada, apenas forcei um sorriso. O meu sorriso não foi verdadeiro, sorrir é a última coisa que eu realmente estava com vontade. Meu peito foi magoado, arrastado para uma depressão sem fim. Até mesmo quando você me beijou foi diferente, eu quis ir embora de uma vez, gritar e jogar toda a minha raiva para o mundo. Eu estava indo embora, mas o meu coração ficaria para trás.
— Parece que vai chover. — você comentou, enquanto observava o céu pelo vidro. — Não há previsões de chuva para hoje, há algo de errado com o tempo.
— A previsão do tempo não é a única coisa errada ou fora do controle. — a frustração me tomou e eu acabei pensando muito alto.
Errado, estava tudo errado.
Eu não deveria partir e te deixar aqui, eu deveria ficar ao seu lado, é o que eu gostaria de ter feito. Mas aparentemente, o que eu sinto nunca foi realmente importante para a senhora Lee, Danvers, Morris, Bang, ou qualquer outro sobrenome de ex-maridos que ela teve.
Se eu pudesse, jamais teria ido. Eu ficaria junto a ti para sempre, é no teu colo onde eu me sinto seguro e em paz. Entretanto, eu não tenho poder para isso, as coisas estavam fora do meu controle. A única coisa que eu pude fazer foi assistir, enquanto fui levado para longe de você.
Na casa dos Bang, àquela noite, nós dois assistíamos Toy Story 3. Na verdade, o filme apenas passava na televisão da sala, eu não prestei atenção em uma mera palavra dita. Sentia um peso sobre mim, no meu corpo, mente e alma. Quando não consegui guardar só para mim e dei a notícia ao Yang, ele me deu um conselho, disse que a primeira pessoa que eu deveria ter contado sobre o que estava acontecendo era você, mas eu já sabia que não conseguiria. Todo aquele peso acabou criando uma tensão indesejada entre nós.
Eu queria ficar perto de ti, mas até isso foi difícil. Eu não conseguia te olhar nos olhos, ora trocava mensagens com os meus amigos, ora te observava, quando você não estava prestando atenção.
Uma coisa que eu sempre amei em você são os seus olhos, eles são sinceros e expressivos. Mas durante tal noite, eu não gostei do que vi. Eles te entregaram, a preocupação era nítida. Aquilo estava me matando. Você perguntava se eu estava bem e tudo o que consegui responder foi o sim mais falso da minha vida. Não estava nada bem, estava tudo indo de mal a pior, a dor no meu peito era profunda e incurável.
"Eu juro que faria qualquer coisa para poder ficar ao seu lado." Eu pensei.
— Você está mesmo bem? — você me perguntou, pela segunda vez.
— Sim.
Você estava presa na sua própria mente, alheia ao mundo exterior. Seus pensamentos, por mais que desconhecidos por mim, me assustavam. Eu não queria você que pensasse ou se preocupasse de mais, eu queria apenas aproveitar os últimos momentos que tínhamos juntos, mas quanto mais o tempo passava, mais angustiado eu ficava.
— Eu estava pensando aqui... o que você quer fazer depois do casamento dos nossos irmãos? — você me questionou, de repente.
— Eu não quero fazer planos para um lugar que eu nem sei se vou. — respondi.
— É claro que você vai, é o seu irmão. — você parecia esperançosa, eu não, porque eu já sabia da verdade. — Eu gosto de casamentos, mas depois que servem o jantar tudo fica meio chato. Ja sei! E se a gente desse uma fugidinha para ir ver à cidade do nosso ponto alto? — você sugeriu.
Não consegui responder. É claro que não daria certo, não somente por ser inverno e provavelmente morreríamos de hipotermia, mas porque eu estava indo embora. Talvez fosse o momento de te contar o que estava acontecendo. Eu respirei fundo, mas quando estava prestes a dizer, o meu celular tocou.
Tomei isso como um sinal. Saí rapidamente para a parte externa da casa e atendi a chamada.
Chan descobriu tudo, eu não sei como, mas ele soube. Sua voz do outro lado da linha era triste, quase chorosa. Ele tinha esperança, pensou que poderíamos consertar tudo outra vez, mas eu sempre soube que não. Fiz ele prometer que não diria nada para a sua irmã até depois do casamento, eu não queria que vocês descobrissem e atrapalhasse tudo. Eu queria que vocês fossem felizes.
— Sempre venha até mim, okay? Eu nunca vou te deixar para trás. — foram as exatas últimas palavras que ele me disse. Para mim não fazia sentido. Era eu quem estava o deixando para trás, então por que senti o abandono no meu peito?
Ele me disse que resolveríamos tudo, mas não havia nada que nós pudéssemos fazer.
Aquilo foi demais para mim, eu não poderia fazer isso com você também, me despedir de Chan já havia sido doloroso o suficiente, com você seria ainda pior.
"Eu não consigo fazer isso, por mais que eu saiba que é injusto com ela". Foi a mensagem que enviei para Yang Jeongin.
A sensação de despedida, a conversa que tive com o meu irmão postiço, tudo me deixou completamente abalado. Eu já estava chorando como um bebê e aquilo era vergonhoso de mais — não o fato de estar chorando, mas de que sou completamente impotente e que nada do que eu fizesse iria mudar em algo —, era vergonhoso saber que aquela não foi a primeira vez que aconteceu e que mesmo assim eu ainda chorava tal como quando tinha 7 anos.
Em hipótese alguma eu poderia deixar que você me visse de tal modo e que surgissem mais perguntas, então eu fui para fora do quintal, para a calçada da casa. Embora deserta e mal iluminada àquela hora da noite, aquele bairro nunca foi perigoso, perigosa era a maneira como eu já não era mais dono do meu coração, como eu sentia fogos de artifício como os do ano novo, só que no meu peito, toda vez que te observava sorrir.
Eu queria sumir por um momento, mas o máximo que consegui foi sair de casa.
Ali debaixo daquele poste com a luz amarelada que piscava prestes a queimar, me senti como um completo nada. Eu não tinha mais nada; um padrasto, um irmão, um amor, uma casa, nada. A única coisa que eu tinha era o meu peito ferido.
Depois de um tempo sendo atormentado pelos meus pensamentos e sentimentos, voltei para dentro. Talvez por me sentir como se minha alma não estivesse mais no meu corpo e andar quase me arrastando, você não notou minha presença e se assustou quando me ouviu atrás de si.
Seu rosto estava todo vermelhinho e, por Deus, eu me questionei como alguém conseguia ser tão bonita com raiva? Você sempre foi completamente adorável. Parecia que queria me matar, mas ainda era linda.
Quando eu desapareci por breves instantes, soube que você ficaria furiosa, mas e quando eu partisse de vez, você ficaria bem sem mim? Eu não contava que em algum momento me perdoasse, acho que me odiará pelo resto da vida, mas era o melhor a fazer por nós naquele momento, eu preferi acreditar.
— Yumin, se eu sumisse, você sentiria a minha falta? — eu questionei, encarando o lustre no teto, sem conseguir olhar nos seus olhos.
— Por que está me perguntando uma coisa dessa? O que você tem, hm? — você perguntou, se agarrando no meu corpo.
Eu não respondi, nem mesmo seu abraço consegui retribuir. Mais que frustrado, eu estava furioso, não com você, mas com a minha mãe e talvez o resto do mundo. Fiquei péssimo, Yumin, destruído.
Você estava lá, bem ao meu lado. Me olhava por inteiro, mas novamente não consegui olhar nos seus olhos. Te ter juntinho de mim e não poder tocar-te, abraçar sem soltar nunca mais, era um castigo. Até mesmo o meu olhar já se encontrava totalmente sem vida.
Em uma respiração pesada, você se afastou de mim.
— Eu tenho que ir para casa, prometi a minha irmã que voltaria cedo para ajudá-la com as preparações do casamento. — você mentiu.
Eu sabia que era mentira, mas não questionei. O que eu estava fazendo não era igual? Eu simplesmente não conseguiria abrir o jogo de uma vez por todas, então apenas concordei, indo pegar o carro.
O caminho inteiro com a cabeça encostada na janela e o rosto fechado; foi como te vi pelo canto do olho. Eu não queria te ver assim, mas o que eu poderia fazer? Me permiti navegar em uma utopia por alguns instantes, eu queria poder levá-la comigo, ou melhor ainda, não ter que partir. Mas o mundo real logo me chamou e percebi que aquilo não seria possível.
Se eu não podia a ter comigo, pelo menos guardaria as mais doces lembranças dos dias ao seu lado, dentro deste coração quebrado.
No meio do caminho, eu tive que parar para pegar algumas últimas coisas da minha mãe e, quando voltei, percebi que meu celular foi bombardeado de mensagens do Yang. E por mais que eu odiasse admitir, ele tinha razão em tudo o que dizia, tanto sobre a parte de você ser uma garota incrível , quanto a que merecia saber o que aconteceu, a culpa foi completamente minha por não ser capaz de contá-la. Eu não pude, não consegui.
Tentando me livrar dos pensamentos que atormentavam a minha mente, larguei o celular e voltei a dirigir. Mas, infelizmente, o vazio e o silêncio foram pior.
Fora do carro, a chuva caía cada vez mais forte. Durante o percurso, tentei focar ao máximo na estrada, pois não conseguia te encarar. Eu me senti como lixo, estava agindo como um.
— Nós chegamos. — eu te falei.
A que ponto eu cheguei? Eu sou o que mais odeio, um mentiroso. Vinha mentindo para mim por todos aqueles anos. Eu menti dizendo que não acreditava no amor, em almas gêmeas, na vida. Eu menti para mim assim como estava mentindo para você. E quando você virou o rosto, foi que eu percebi que aquela seria, na verdade, a pior noite da minha vida.
— Yumin, o que foi? — eu perguntei, quando você virou o rosto e me ignorou.
— Yongbok... o que eu sou para você?
— O que...? — eu questionei imediatamente, confuso. Perguntei por não entender a pergunta, você duvidava mesmo do que eu sentia?
— Eu quem pergunto: O que? — você respondeu a minha pergunta com outra. — O que você sente por mim? — e mais outra.
Eu gostaria de ter te contado tudo o que eu sinto por você naquele momento, mesmo achando que tudo já estava óbvio antes. Queria estar ao seu lado deitado debaixo da sombra daquela árvore no seu quintal, contando as estrelas e ficando à espreita de uma cadente, para fazer mais uma vez o mesmo desejo: "Eu quero poder continuar ao seu lado".
As estrelas não concederam meu único desejo, Yumin-ah. Elas falharam comigo, do mesmo modo como eu falhei contigo.
— Por que você está me perguntando isso tão de repente? — questionei.
Por que justo no momento em que eu não podia? Eu não poderia dizer as palavras que você queria ouvir, por mais que seja o que eu sinto. Eu te chamei para me despedir, queria guardar boas lembranças ao seu lado, isso não deveria estar acontecendo, então por quê?
Foi aí que eu entendi tudo. A desconfiança, as mensagens não visualizadas, mas visíveis pela barra de notificação. Eu entendi o que houve.
— Você viu as mensagens do Yang, não viu? Foram apenas bobagens, desconsidere.
Não foram bobagens, mas como te explicaria? Eu estava indo embora, eu odeio despedidas, odeio choro, odeio sentir sua falta.
— Para mim, não foram. Honestamente, eu não sei mais o quanto disso tudo é, ou foi, real. Eu estava ignorando, mas hoje não pude lidar com o fato de que você nunca disse o que sente por mim. Não estou cobrando reciprocidade, porquê isso não é algo que eu tenha controle. A única coisa que eu te peço nesse momento é que seja sincero comigo. É como isso deveria ter sido desse o princípio.
Mas é claro que eu gosto de você, Yumin. Como teve dúvidas disso? Eu fui completamente louco por cada detalhe seu, todos. E por mais que você odeie alguns deles, para mim, eles são a mais bela representação da arte pura que você é.
— Esquece. — você deixou para lá, visivelmente magoada. — O seu silêncio me machuca mais do que qualquer palavra.
Você não se despediu, apenas abriu a porta e ameaçou ir, mas quando te vi indo embora, não quis deixar. Eu te chamei, não aguentei te ver indo embora, nem queria ir embora.
— Yumin...
Eu queria poder ter ficado ao seu lado, poder contar-lhe tudo o que está guardado no meu peito até hoje. Eu deveria, mas não o fiz, porquê quando olhei nos seus olhos já marejados, não consegui, eu pensei em uma ideia pior ainda, mas que na hora pareceu boa.
Seria melhor para você se eu te fizesse acreditar que eu não sentia nada, certo?
Você com certeza iria me odiar, mas seguiria em frente, cedo ou tarde. Se eu te contasse sobre os meus sentimentos, você sofreria ainda mais com isso, te daria esperança de que pudesse dar certo, quando não iria, a distância acabaria com a gente. Eu preferi que você me odiasse, que encontrasse outro alguém e pudesse ser feliz, porque se ficasse comigo, a única coisa que eu te causaria seria mais dor. Foi por isso também que eu nunca te disse tudo o que queria, porque sempre soube que, cedo ou tarde, eu teria que te dar adeus.
Eu fiz isso por você. Mas talvez, bem lá no fundo, eu seja apenas um completo egoísta, um medroso que não teve coragem de te confessar todos os meus sentimentos.
— Eu não quero que se molhe. — é o que eu disse, quando tudo que eu queria dizer é que te amava. Estendi-lhe um guarda-chuva.
Soulmate, me perdoe.
— Pode ficar com isso para você, não precisa fingir que se importa. — aquela foi a primeira vez que te ouvi gritar. Você não aceitou meu guarda-chuva, apenas o jogou para o banco de trás, irritada. — Eu 'tô cansada de mais para aguentar tudo isso, eu não consigo mais. Já chega, é o fim. Acabou. Adeus Felix.
Suas palavras me machucaram, mas eu sabia que o que eu fiz te machucou ainda mais. Eu fui um idiota, pensei que estava te protegendo de mais dor, mas fui eu quem te causou toda ela, para início de conversa.
Te ver tão triste e com os olhos vermelhos me fez querer chorar também, mas eu não pude. Você teria que me odiar, culpar por tudo que deu errado, porquê a culpa era realmente minha, assim você iria encontrar outro amor com o tempo, ser feliz e me esquecer. A sua felicidade era a única coisa que importava para mim, porque a minha já não era mais possível.
— Eu realmente achei que pudesse ser real, mas já percebi que sou a única com sentimentos aqui. Eu sou mesmo uma idiota por achar que você sentia algo por mim, enquanto você só estava se divertindo e me largaria assim que se cansasse. Mas pouco me importa também, eu espero que você se exploda na puta que o pariu. Eu estou cansada de todo esse amor falso.
E sem olhar para trás, você foi embora na chuva, deixando a mim e este espaço vazio no meu peito, para trás. Eu olhei para você correndo até o portão da sua casa, molhada e arrependida pelo que tivemos. Somente quando você saiu foi que eu pude chorar, e no meio daquele tormento, eu só tive um desejo.
— Sunshine... por favor, seja feliz.
Quando cheguei na Austrália de novo, eu mal saí do meu quarto. A única coisa que tive feito foi relembrar aquela noite repetidas vezes enquanto admirava a nossa foto no papel de parede do meu celular. Tudo saiu de fora do meu controle e, por mais que eu sempre soubesse que acabaria partindo, eu entreguei todo o meu coração a você e não me arrependo. Foram os melhores meses da minha vida, tudo isso porquê eu estive ao seu lado.
As noites já não eram mais as mesmas, tudo pareceu diferente, sem você ao meu lado. A lua não parecia mais tão bonita e as estrelas não brilhavam como antes, talvez porquê no fim estejam todas tão mortas quanto eu me sinto por dentro.
Na sacada do apartamento em que morávamos, olhando a vista da cidade, eu não me senti bem. O lugar que antes eu costumava chamar de lar, me pareceu completamente estranho. Aquele país já não era mais a minha casa, porque a minha casa tinha ficado aqui na Coreia. Você. Eu senti sua falta a cada segundo.
Em um dos meus dias de tormento, quando eu parei para ver as poucas luzes no céu noturno, uma estrela cadente surgiu no meio da escuridão. Pensei que talvez fosse um sinal, que um dia eu voltaria a enxergar brilho na vida novamente, que ainda poderia existir luz na minha escuridão. Ciente de que só tinha uma coisa no mundo que eu gostaria, eu fiz o meu pedido.
— A única coisa que eu preciso, é que ela seja feliz. — eu implorei.
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