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024 - Você está disposta a me ouvir?

       CABEÇA, OLHOS E TUDO O QUE resta no meu corpo, absolutamente tudo dói, ou está terrivelmente cansado. Não tem nada pior do que uma ressaca, além é claro, de ter que fingir que ela não existe e estudar. Porque apesar de ser sábado, eu ainda preciso estudar.

       Estou cansada, meu estômago também não parece estar nada bem. Faz pouco tempo desde que comecei e já quero parar, largar tudo e dormir o resto do dia, mas não posso, não antes de terminar de adicionar mais conteúdo ao trabalho de sete páginas que terei de entregar na segunda. Faço tudo pelo computador da minha amiga.

       Minhas pernas doem de tanto ficarem paradas, eu preciso levantar e fazer algum exercício, antes que a próxima foto de cadáver em uma próxima análise criminal seja minha. A cabeça não para de doer por um segundo. A noite passada ainda me parece um borrão, são poucas as coisas que eu lembro com clareza, depois que o jogo acabou eu meio que apaguei.

       Eu não sou imprudente, eu com certeza não fiz algo que me arrependerei mais tarde, mas mesmo assim, perder parte da memória é como perder parte de mim. Meu peito é inundado com um sentimento estranho, por razões mais desconhecidas ainda, eu penso em Lee Minho. Me sinto angustiada, seu nome e rosto vêm até minha mente, talvez como um sinal que eu deva falar com ele, mas não agora.

       Meus estudos são finalmente concluídos por hoje.

       Esticando-me na cadeira da escrivaninha, eu posso ver Mina ainda dormindo na sua cama, desajeitadamente embrulhada pelos lençóis. Durante a madrugada, até onde eu lembro, resolvi não ir para casa depois da noitada e minha amiga me ofereceu abrigo em seu apartamento.

       Depois de tomar um banho e finalmente tirar o pijama que já parecia ser parte do meu corpo, sinto minha barriga contorcer-se faminta, não fiz uma refeição decente desde o almoço de ontem. Faminta, na cozinha, eu procuro por algo no fogão, mas ele está limpo. Sendo assim, resolvo partir para a geladeira e ainda bem que acho um pouco de kimchi já envelhecendo e sobras de arroz. Eu faço arroz frito com kimchi.

       Começo a preparar tudo. Separo os ingredientes principais, temperos, uma panela, colher para mexer tudo. Fico andando de um lado da cozinha à outro. Se sentada minhas pernas doíam, em pé mais ainda. Não sei quando fiquei tão fraca e sedentária, talvez quando larguei o taekwondo para ter mais tempo para estudar e nunca mais voltei. Sinto saudade.

       Eu amava praticar o esporte, mas não era a única coisa com a qual eu amava, precisava ou sonhava com. Minha vida saiu totalmente da rota que planejei, fugiu do meu controle. Eu tinha em mente exatamente o que fazer quando terminasse o colégio: entrar na faculdade, arrumar um emprego de meio período, economizar o dinheiro da poupança da faculdade e começar a morar sozinha. Eu consegui entrar na faculdade, arrumei um emprego e até economizei bem, mas não consegui ficar muito tempo no trabalho, era muito pesado conciliar com os estudos e não eram muitas as opções. Eu ainda moro com os meus pais.

       Essas não foram as únicas coisas que não conquistei, durante toda a minha vida houveram sonhos e desejos que eu tive que deixar para trás. É normal termos alguns sonhos quando mais novos, mas nós não conseguimos alcançar todos eles. Aos poucos, conforme vamos crescendo, percebemos que a realidade é um bocado mais complicada do que pensamos e que algumas coisas estão além do nosso controle.

       Quando a comida fica pronta, ouço finalmente os passos da minha amiga em direção à mesa de jantar. A observo.

       Shin Mina tem os cabelos jogados sobre os ombros, um tanto embaraçados. A garota ainda traja o seu pijama de coelhinho, o com a blusa de mangas longas, maiores que os seus braços. Senta-se à mesa e esfrega os olhos com a parte que sobra das mangas, antes de me perguntar com a voz sonolenta:

       — O que você está fazendo, Yuyu? — ela boceja, deitando os braços no vidro do móvel e a cabeça sobre os braços. Ela é adorável com sono. Apenas com sono.

       — Café da manhã, que pelo horário é almoço. — eu respondo, colocando a panela sobre a mesa. — Tem arroz frito com kimchi e omelete enrolada.

       Ao sentir o cheirinho perto de si, Mina ergue a cabeça e inspira profundo, inalando o aroma do prato que preparei segundos atrás. Seus olhos se fecham enquanto um sorriso surge nos seus lábios.

       — Eu adoro quando você cozinha.

       — O que você adora é não ter que cozinhar. — eu esclareço. — Onde ficam os pratos? — eu pergunto, ainda não completamente localizada em seu novo apartamento.

       — Eu pego, pode deixar. — ela diz, de pé.

Minha amiga coloca pratos e talheres à mesa, mas antes de comer, sobe para tomar um banho. Eu começo a me servir e vou comendo devagar, enquanto penso em algumas coisas, mas principalmente sobre me mudar.

Morar sozinha ainda é algo que venho pensando muito a respeito. Não quero parecer uma filha ingrata, eu admiro muito os meus pais e aprecio a maneira honesta e educada a qual fui criada, eu apenas almejo um pouco mais de liberdade e privacidade. Senão, ao menos mais reconhecimento, tanto do meu crescimento, como do meu senso de responsabilidade. Tenho mais de vinte anos, mas na maior parte do tempo ainda sou tratada como criança.

Me deixa empolgada a ideia de ter mais liberdade, não precisar dar tanta satisfação do que estou fazendo, com quem ou onde, mas ainda é algo para se pensar, principalmente agora. Se fosse apenas por mim, eu daria o meu jeito, mas tenho Thor. Não acho que ficar em casa trancado o dia inteiro me esperando voltar da facul seja algo legal para ele. Por mais que eu não passe tanto tempo fora de casa, eu estou ocupada boa parte do tempo, cuidar de uma casa também requer muito esforço. Na casa dos meus pais pelo menos eu tenho Han Nari para ficar com ele enquanto estou fora.

Mina volta após um banho rápido e se senta comigo para terminarmos de comer juntas. Depois disso, ela lava a louça e eu volto para o quarto, arrumar a cama e a pouca bagunça que deixamos. Termino e me sento na cama. No meu celular, eu loto meu histórico de busca com informações sobre apartamentos, casas, mudanças, listas de prós e contras em morar sozinha e como fazer tudo isso e ainda criar um cachorro. Eu terei que analisar tudo com tempo e paciência, decidir se vou, para onde vou e quando irei.

Minha cabeça começa a doer com tanta coisa a ocupando. Preciso de um ar e só há um lugar no mundo ao qual eu consigo clarear as ideias. Sendo assim, eu pego meus pertences e vou até a sala de estar, onde encontro minha amiga de pernas para o ar, com o celular nas mãos.

— Mina, me empresta o carro? — eu pergunto.

— Onde você está indo? — a garota pergunta, largando o aparelho no sofá e virando para me olhar, curiosa.

— Eu já volto, tenho que ir a um lugar.

— O mesmo lugar, todos os dias, por três anos. — ela diz, já está cansada de que estou sempre fugindo, mas ainda assim sem ter descoberto exatamente para onde. — Tudo bem. Pode pegar, só cuidado com ela. É o mais perto de amor materno que eu já recebi.

— Você é a melhor amiga do mundo!

— É, eu sei. — ela sorri, contente e confiante. — A chave é aquela no armário da televisão. — Pelo amor de Deus, toma cuidado com o meu bebê. — ela diz, rápido, antes que eu suma do seu campo de visão.

       Eu atendo o pedido e tomo cuidado com o carro da minha amiga, não que eu seja uma motorista ruim. Mas acho que preciso mesmo é tomar conta da minha amiga.

       Mina parece estar bem com toda a sua situação familiar, mas eu não sei se acredito completamente. O apartamento e o carro são presentes de sua mãe e padrasto. Desde o divórcio, a Shin morou com o seu pai. Sua mãe não quis ser presente, então resolveu compensar dando alguns presentes. Quando fez dezenove, foi o carro, aos vinte, o apartamento. A morena até gostava de morar com o pai, mas não queria negar as migalhas de atenção que sua mãe lhe dava e já pensava estar na hora de ter mais responsabilidade e deixar seu pai ter mais liberdade em casa, com a sua nova madrasta que é mais mãe para ela que a verdadeira.

       Dentro do carro está quentinho, mas pelo vento balançando as árvores e a pouca névoa se formando lá fora, nota-se que os dias em Seoul estão começando a ficarem mais frios.

       Pouco tempo depois, eu chego ao meu destino. Eu já perdi a conta de quantas vezes vim até aqui. O cheirinho da grama molhada pela chuva de pouco tempo atrás invade as minhas narinas assim que abro a porta do carro, deixando-me de ótimo humor. O sol é fraco, o tempo está bom para chuva, o que significa que não posso demorar muito.

       Subindo até onde sempre cheguei, sento-me novamente embaixo da mesma árvore, retiro os meus tênis e deslizo os dedos dos pés pela grama molhada. O ventinho gélido atinge meu corpo de maneira tão agradável que parece o toque suave de algodão. Encostando a cabeça na árvore, sinto como se ela se comunicasse comigo, as folhas que balançam junto ao vento trazem um ar de calmaria.

       Deslizando os dedos pelo tronco da árvore, encontro os rabiscos e palavras que escrevi. Durante três anos eu vim aqui praticamente todos os dias, eu contei os meus segredos a esta árvore, eu chorei junto com ela. Ela conhece todos os meus segredos e os guarda para si, ninguém mais saberá, porque ninguém mais vem aqui. Ou eu achava que não.

       Este sempre foi o lugar que eu usei para ficar sozinha, quando tudo o que eu queria era abraçar o sentimento da angústia, da falta que ele fez. Mas quando acontece, eu me sinto intimidada. O que eu não achei que aconteceria nunca mais, acontece. Talvez seja destino, ou karma. Seja lá como queira chamar, ele está aqui, Yongbok está aqui.

       Assim que chega ao topo, o Lee passa os dedos por entre seus fios escuros e só agora eu consigo notar como a cor lhe cai tão bem. Ele parece tão atraente quanto antes — talvez até um pouco mais —, seus cabelos balançando ao vento, seu rosto angelical e lábios vermelhos são como um anjo. Se eu não o conhecesse tão bem, poderia achar que ele é um. De todo modo, Satanás também era.

       Ele me vê também, seus olhos castanhos fixam nos meus, me deixando perdida na minha própria mente. Em silêncio, Felix se aproxima e senta apoiado na árvore também, ao meu lado, mas sem ficar tão próximo. Analisando-o pela minha visão periférica, ele parece inquieto. Seus dedos não param de batucar contra o seu joelho dobrado. Ele abre e fecha a boca algumas vezes, como se quisesse me dizer algo.

       — Eu... — ele inicia, mas se interrompe de imediato.

       Eu não digo nada, apenas o observo fixamente. Minha intenção não é a de o constranger, mas parece que faço. Ele leva seu olhar ao chão, evitando contato visual por um certo tempo. Não dura muito, algum tempo depois ele ergue a cabeça e me observa com o olhar penetrante que só ele tem.

       — Eu tinha que te ver. — ele fala abruptamente.

       Suas palavras me causam certa estranheza. É novo ouvir isso depois de tanto tempo, mas não sinto que foi como antigamente, agora soa diferente, com profunda angústia.

       — Algum motivo específico? — pergunto, ajo de maneira indiferente.

       — Eu sinto que te devo uma explicação. — ele diz. Mas não sei exatamente ao que ele se refere. Uma explicação sobre ter me iludido, por não ter dito que ia embora, por ter ido, ou por voltar, me procurar e não contar sobre a namorada?

       — Você não acha que já é meio tarde? — questiono. Fazem três anos, não vai mudar muita coisa.

       — Eu tive os meus motivos, Yumin. Quero te contar todos eles agora. — ele diz. — Eu preciso contar tudo, você não faz ideia de como isso tudo está pesando no meu coração.

       — Mas e o meu coração? — eu faço uma pergunta. — Como você acha que está o meu coração depois de tudo isso? Eu ainda estou em choque, para ser sincera.

       Ele se arrasta no chão um pouco para o lado, o meu lado. A proximidade me causa aflição. As vezes, olho para as suas mãos, a diversidade de anéis nos seus dedos e os pelos dos seus braços eriçados com a frieza, mas sinto o calor da sua pele pertinho. Seu cheiro me alucina.

       Maldito coração fraco, por que o deseja tanto? A cada olhar seu o meu coração erra uma batida, Felix é meu soulmate, eu sei disso. Mas o que machuca é saber que, sim, ele é a minha alma gêmea, mas eu não sou a dele.

       — Quando você voltou? — eu questiono.

       — Pouco mais de oito meses. — responde.

       Oito meses é bastante tempo, muita coisa pode ter acontecido. Eu não sei o que pensar, é pior tê-lo encontrado naquela festa, ou ter feito isso tão tarde? É confuso, assim como foi toda a nossa relação.

       — Por que você nunca respondeu as minhas mensagens? — pergunto. Eu não queria remexer o passado, mas é mais forte do que eu, preciso saber de uma vez, antes que a minha coragem se vá.

       — Eu precisei. — ele diz.

       — Precisava mesmo? — interrogo. — Precisava me ignorar? Visualizar as mensagens e não dizer nada foi ainda pior. Eu só queria saber se você estava vivo, você poderia ter me dito que sim, me mandado nunca mais falar com você ou sumir, mas nem isso.

       — Você tem razão. — ele diz. — Eu peço desculpas pela minha indecisão e insegurança ter te machucado. Na primeira vez que você disse que gostava de mim, quando eu não disse nada, foi porque achei que já estivesse claro o suficiente que eu sou completamente louco por você. Eu nunca fui bom em dizer o que sinto, nem quando eu precisava dizer quando acabou. Me desculpe, Yumin. Por favor.

       "Que eu... sou"? Eu o ouvi corretamente? Sim, ouvi, mas nada impede de que tenha sido um erro. Talvez ele esteja confuso sobre a gramática e o tempo verbal, afinal, ele passou um bom tempo longe do país. Além disso, ele namora. Este é um detalhe que não é fácil de esquecer.

       — Por que foi tão difícil dizer o que sentia para mim, mas para Minju não? — exponho os meus pensamentos para fora. — O problema era eu?

       — Não, nunca. — ele diz, seguro. — Acredite em mim quando eu digo que é mais complicado do que realmente parece.

       Nada nunca foi simples quando se tratou de nós dois, e quando era, fomos dramáticos o suficiente para fazer disso algo maior do que deveria ser. Eu não quero o drama, mas ele me persegue, eu já estou acostumada.

       — Complicado o quanto? — pergunto, a dois passos de me arrepender.

       — Para caramba. — ele diz.

       Seus olhos emitem cansaço e tristeza. Por uma fração de segundo, perco a noção e penso em o abraçar bem forte, como no passado. Felizmente recobro o juízo. Não devo, não é correto, ele namora. Claro, não é como se ele não pudesse nem encostar em mim apenas porquê está com alguém, o problema aqui sou eu e as minhas intenções. Eu não quero abraçá-lo como um amigo, porque lá no fundo, eu ainda desejo ser mais que isso.

       Por mais que eu deteste Minju, não tem relação alguma com ela ser a namorada dele. Eu apenas não gosto da sua aura e da maneira horrível como ela me trata. Eu não gostar dela, não implica no fato de que eu tenha consideração com seu relacionamento. Além de que ainda estou magoada com o passado, eu sou uma pessoa rancorosa, infelizmente.

       — Eu não sei se você conseguiria entender os meus motivos, no seu lugar eu também me odiaria. — ele diz. — Mas eu preciso te contar. Você está disposta a me ouvir?

       Respiro fundo, sinto-me nervosa. Eu venho evitando a resposta, mas já não tenho mais para onde fugir, eu preciso saber o que aconteceu, necessito entender o motivo, livrar a minha mente deste tormento e seguir em frente de verdade, em paz.

       — Sim. — eu respondo.

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