25. Novos Planos
Berlim, Alemanha
A L I C E
Todo o percurso no avião foi tranquilo. Erik havia solicitado um café da manhã completo para nós dois, e assim que começamos o voo, nos alimentamos. Conversamos bastante, apenas idealizando momentos fora das missões. Viagens a fazer pelo mundo e lugares que queríamos conhecer.
Ele, como sempre, demonstrando muitíssima curiosidade em qualquer sílaba que eu falava. Isso não me era sinônimo de interesse, porém. Não vindo dele. Eu sempre ficava com um pé atrás em missões, mas não deixava transparecer, então continuava a falar mais e mais baboseiras sobre os continentes e coisas que eu queria ver.
O piloto obedeceu as ordens de Erik, de não precisar ir tão rápido, e isso acabou encurtando apenas 20 minutos do voo. Chegamos de uma capital para a outra com 1h e 30min na aeronave, exatamente as nove da manhã. Entendia que Erik não tinha pressa para chegar porque o evento só seria a noite, de qualquer forma. E isso significava que teríamos o dia inteiro livre na capital.
— Os quartos do hotel estão reservados apenas para os convidados do evento, e os acompanhantes, então infelizmente eu só consegui um para dividirmos. — Erik explica, enquanto descemos do jatinho, indo direto para o carro que nos esperava.
— Sem problemas. — Afirmo, lhe dando um olhar mais terno.
Não morreria se dividisse a cama com ele, ou poderia lhe fazer dormir no sofá. Não seria tão difícil.
Ainda pensativa, segui até o carro, vendo o piloto e comissário entregarem as nossas malas para o motorista, que as colocava direto no porta-malas do carro. Erik abriu a porta para mim, e eu entrei e me acomodei no canto, vendo-o fechar e cercar o mesmo, entrando ao meu lado, mas mantendo a porta aberta.
— Será apenas uma noite. A estada já está paga no hotel ao lado. Só peço que não bebam e mantenham o telefone perto. Posso precisar de um voo de retorno de emergência. — Erik diz, para o piloto, que apenas assente.
Ponho o cinto, me acomodando no banco de couro da SUV espaçosa o suficiente para oito pessoas. Erik fechou a porta e se acomodou também, esticando as pernas e estalando o pescoço, em seguida dos dedos. O motorista retorna ao carro e fecha a porta, voltando a atenção para a rota do GPS.
— Bom dia, Sr Magnus. Senhorita. — O homem cumprimenta, olhando Erik pelo retrovisor.
— Bom dia. — Nós dois respondemos em uníssono.
— Direto para o hotel, senhor?
— Sim, por favor.
Não interajo, permaneço em silêncio, apenas observando a cidade, alguns dos pontos turísticos que passamos, e alguns prédios com uma arquitetura mais diferenciada. A capital era bonita. Era como eu me lembrava. Minha última missão aqui havia sido há três anos, e eu sequer passei mais que duas horas antes de retornar a Frankfurt.
Assim que chegamos no hotel, observo a fachada. The Ritz-Carlton Berlim. Luxuoso, cinco estrelas. O carro nos deixou na parte interna, e o manobrista veio abrir a porta para nós. Ele e o motorista levaram nossas bolsas para dentro, deixando ao nosso lado na recepção, e eu apenas me mantive quieta, outra vez, enquanto Erik resolvia tudo com o gerente de hospedagem.
— Sr Magnus e acompanhante. A suíte do seu convite é a presidencial 2551. Oitavo andar. Nosso mensageiro vai levá-los até lá. — Ele explica, entregando duas chaves magnéticas para Erik.
— Agradeço. — Ele diz, e então me estende um dos cartões, se certificando de que eu conseguiria sair e retornar sozinha para o quarto sem precisar ficar com ele por todo o dia.
Seguimos o mensageiro até o elevador. Ele seguiu pelo de serviço e nós pelo de uso comum. Talvez fosse um costume daquele hotel… Chegamos rápido ao oitavo andar e fomos guiados até a suíte. Erik a abriu, e aproveitou para checar se os dois cartões magnéticos estavam funcionando perfeitamente.
— Aqui. — Ele chamou o rapaz, lhe passando a gorjeta.
Vi o jovem agradecer e se retirar, nos deixando em privacidade. Me sentei na cama, relaxando a postura e logo me deitando no colhão, sentindo o conforto me abraçar. Erik riu e sentou-se na poltrona a minha frente, ainda mexendo no celular.
— Nós estamos aqui para resgatar algum parceiro seu? — O pergunto, me sentando novamente.
— Uma grande amiga. Raven Darkhölme, vai conhecê-la como Mística. É minha parceira de longa data, e eu estive sem notícias suas por muito tempo. Soube que estará no leilão, com mais outros jovens mutantes, que seriam comercializados como itens de coleção para esses multimilionários.
— Oh.. Entendi… E foi por isso que você deu um nome falso? — O pergunto. Sabia bem que aquele era seu nome do meio, havia feito a lição de casa, mas precisava que ele me dissesse, para que eu pudesse fingir não saber.
— Não costumo usar meu verdadeiro nome nessas ocasiões. Magnus é meu segundo nome, menos conhecido. Normalmente só pelas pessoas que realmente sabem quem sou e me querem preso ou morto.
— Puxa, eu achei que fosse um daqueles nomes que os espiões inventam em filmes de ação. — Digo, em tom brincalhão e com um sorriso leve, vendo-o rir da mesma forma.
— Não, não.. A propósito, eu não queria dar a sua identidade a ninguém, então registrei a suíte como sendo Sr e Sra Magnus. Caso queira algo do hotel, é só dar esse nome e tudo vai para a conta do quarto.
— Bom saber…
Erik sorri da minha feição, negando logo após, e então segue até o frigobar. O vejo tirar uma garrafinha de água de dentro e apontar, me perguntando silenciosamente se eu queria algo enquanto bebia sua água. Neguei, lhe dando um breve sorriso por se preocupar minimamente, mas eu estava satisfeita.
— O hotel tem muitas atividades para passar o dia.. Pelo meu status de procurado, prefiro evitar sair nas ruas, então infelizmente não veremos nenhum ponto turístico dessa vez.
— Não tem problema. Eu não estou com cabeça para sair, não aproveitaria tanto. — Digo, sendo realmente sincera com ele.
Por mais que eu tentasse, aquele idiota cabeludo com o braço de metal ainda estava na minha cabeça. E eu agradecia muito que o poder de Erik era magnetismo e manipulação de metais, e não telepatia, como seu ex amigo e meu ex mentor, Charles Xavier.
— Está tudo bem? Algo a incomoda, ma belle?
— Está tudo bem sim, apenas meus próprios pensamentos e lembranças. — Novamente sou sincera, e o vejo assentir e se aproximar, acariciando minha perna, por cima do tecido da calça.
— Vi que a piscina daqui é interna e aquecida. Quer nadar um pouco? Talvez não esteja tão cheia. — Ele sugere, e eu pondero comigo mesma. Talvez fosse uma boa ideia.
— Aceito. Mas eu não trouxe roupa de banho.
— Não é problema. Vista algo leve, eu compro um biquíni na loja do hotel. — Ele se dispõe. — Vamos, ande. Vá se trocar.
Sinto o leve tapa de Erik na minha perna e levanto. Tiro meu sapato, deixando no canto da cama, e sigo para minha mala. Pego um vestido curto, florido e rodado, leve, e um par de sandálias baixas. E então sigo para o banheiro após ver Erik começar a se desfazer das suas roupas pela jaqueta e camisa.
No banheiro, tiro a roupa que havia usado para vir, peça por peça, ficando apenas com a lingerie. Visto o vestido e calço as sandálias, e só então dobro as roupas usadas. De frente para o espelho, ajusto meus cabelos, usando a minha garra do mindinho para dividir no canto certo, sem ficar bagunçado. Depois retraio a garra, já acostumada a controlar o tamanho e utilizar para coisas corriqueiras do dia a dia.
Saio do banheiro apenas após me certificar que Erik já havia trocado de roupa, e ponho a minha usada num cantinho da mala. Com tudo pronto, pego minha carteira e celular, apenas por costume, e volto a minha atenção para Erik, vendo-o com sua garrafinha de água em mãos, e me olhar como se me perguntasse se eu já estava pronta. Assinto, e o vejo vir até mim.
— Sempre linda, mon cher. — Ele elogia, e toca minha mão, me fazendo girar o corpo a sua frente. — Perfeita, realmente..
— Obrigada. — Agradeço, apenas para manter a aparência, vendo o homem sorrir.
— Vamos. Preciso aproveitar para fazer alguns telefonemas.
Assinto em resposta, apenas seguindo ao seu lado. Mantenho o cartão magnético na minha carteira apenas para algum caso de emergência. Descemos juntos pelo elevador e paramos na loja do hotel. Agradeço com um aceno de cabeça quando vejo Erik abrir a porta para mim, e assim que entramos na loja, sigo direto para os trajes de banho.
Peguei um simples, de cor azul, neutro. Não queria nada chamativo, embora tivesse optado pelo modelo brasileiro na parte inferior. Me recusava a vestir outro que não fosse daquele. Tinha que concordar, o modelo norte-americano ou o europeu eram péssimos.
— Não vai provar?
— Não, sei que vai servir.
— E se ficar pequeno?
— Só realça mais o corpo.
Erik engole em seco quando eu rebato e lhe dou uma rápida piscadela, voltando a minha consciência logo depois. Deixo que pague o biquíni e aguardo. Ele me entrega a sacola assim que passa o cartão e saímos juntos da loja, seguindo para a área da piscina.
Havia uma externa, onde pegava sol e tinha mais mesas e espreguiçadeiras, mas o dia estava um pouco frio, então optamos por ficar do lado de dentro, onde havia a piscina aquecida, mesas mais separadas, e surpreendentemente estava mais vazio.
— Vá se trocar, estarei aqui esperando. — Ele diz, já pegando seu celular, provavelmente indo fazer alguma ligação.
— Não demoro. — Respondo, apenas por costume, e sigo para o banheiro ao lado.
Todo o tempo em que trocava meu vestido e lingerie pelo biquíni, utilizava da minha audição para escutar a conversa de Erik no telefone. Obtive mais detalhes da tal missão assim. Raven era sua prioridade, e eu provavelmente teria que fugir com ela caso Erik precisasse iniciar combate. O infiltrado de Erik estava na mansão X.
Charles Xavier…
Se ele me reconhecer, será meu fim.
Antes que ele pudesse desligar a chamada, saí do banheiro, levando minhas roupas de antes numa bolsa, caminhando apenas de biquíni, quase que desfilando. Com essas informações, talvez meu tempo de missão fosse ser mais curto do que eu imaginava. Eu precisava me aproximar mais de Erik, passar as informações que conseguisse para Ross e, enfim, prendê-lo.
E durante esse tempo, poderia me resolver com Barnes, para levá-lo de volta aos EUA comigo, sem lhe expor para o governo. É, seria um quebra-cabeça e tanto.
— Belíssima, sempre. — Erik elogia, enquanto eu arrumo a bolsa. Sua fala me pega desprevenida, e eu acabo lhe dando um sorriso verdadeiramente sincero.
— Obrigada, querido. E você? Não vai nem ao menos tirar a camisa? — pergunto, o olhando com um falso charme, vendo o homem sorrir e olhar para os lados timidamente.
Adorável… Se não fosse meu objetivo de missão.
— Eu irei sim, sem pressa. Vai nadar? — Ele rebate, trocando ligeiramente de assunto, me fazendo encarar a piscina.
— Vou sim. Esquentar um pouco o corpo…
— Aproveite. Quer beber algo? Posso pedir..
— Por enquanto não. Pode pedir só para você.
— Você quem manda.
Não consigo deixar de sorrir com sua constatação, e maneio levemente a cabeça em negativa conforme me afasto e sigo para a piscina. Molho o corpo no chuveiro, mantendo o cabelo solto, e me afasto, dando um longo suspiro antes de mergulhar. Seria um bom momento para pôr minhas ideias no lugar, pensar mais sobre as duas missões e tentar chegar a alguma conclusão sobre Barnes.
Eu precisava ter um bom plano assim que pusesse os pés na Romênia de novo.
※ ══ • ⊰ Ⓐ ⊱ • ══ ※
Oie, tem alguém aí ainda? Tô voltando!
Muitos problemas pra resolver de uma vez, semana de provas e o wattpad me odiando, sem me deixar postar. Mas agora vai!
Tentarei retornar com as duas atualizações semanais, tentar recuperar o tempo perdido e concluir o livro. (Doutor Estranho 2 me deu gatilho).
É isso, até o próximo. Beijoss 🤍
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