𝐏𝐑𝐎𝐋𝐎𝐆𝐔𝐄
𝐏𝐑𝐎́𝐋𝐎𝐆𝐎
𝖺𝖼𝗂𝖽𝖾𝗇𝗍𝖾
𝐂𝐎𝐌 𝐎 𝐓𝐄𝐌𝐏𝐎, Allegra foi se acostumando que não ficaria com eles, mas não quer dizer que a dor passou, ainda doía, e muito.
Só percebeu que precisava sair dali, não sabia quanto tempo aguentaria naquela casa até ela se desmoronar junto de suas paredes, aquelas paredes sujas e descascadas que passou sua infância. Foi difícil sair de uma casa onde ela considerava seu lar e agora é só mais uma coisa que a faz lembrar do acidente.
Allegra olhou para as árvores na janela do carro e se pegou pensando o que aconteceria se não fosse por sua avó, achava que todo mundo havia notado que não estava bem, mas era compreensível, afinal, perder os pais não é uma festa, mas mesmo assim só sua avó queria ficar com ela, e a menina sentia como se devesse muito à ela.
A natureza de Forks era linda, ela se perguntou se havia alguma praia naquele lugar, adorava o mar, sempre sentiu uma conexão por ele, e, mesmo com a sua hidrofobia, não a impedia de o observar; costumava nadar quando era pequena e talvez ela sentia falta disso.
Rapidamente ela tira esse pensamento da cabeça e volta a prestar atenção na estrada. Aos poucos, consegue avistar a placa de Forks já afastado, estava feliz que não iria ficar tanto tempo assim dentro do carro, já estava faminta e morria de saudades de um abraço aconchegante.
Quando entrou na cidade, avistou algumas lojas, e poucas pessoas andando, nunca entendera o porquê de sua avó gostar tanto daquela cidade.
Não demorou muito e logo chegou na casa de sua avó, era bege a cor das paredes, fazendo a lembrar da areia. Olhou para os dois andares que a casa possuía e nesse momento sentiu nostalgia, estava do mesmo jeito que lembrava, e sua parte preferida da casa, as vinhas, que desciam pelas janelas e quase encostavam ao chão.
Estacionou seu carro e tirou as malas do mesmo sem dificuldade. Andaou devagar até a porta, se perguntando se ela ainda gostava tanto dela quanto antes, mas se reprimiu ao ver que era bobagem, a menina balançou a cabeça pra sair desses pensamentos, sua hipótese era que depois do acidente ela ficou mais insegura.
Resolveu bater na porta, fez o mesmo toque que fazia quando era pequena, Noc Noc Noc e dar uma batidinha, costumava pensar que se não tivesse um toque secreto alguém iria rouba-la de si.
Quando a porta se abriu, não tinha ninguém, era como se fosse um vento a abrindo. Foi andando pela casa á procura de sua avó, calmamente.
- Vó? - Gritou ela da entrada, e como se não pudesse ficar mais esquisito, sentiu um vento à empurrando até a sala, e logo vê ela sentada em uma de suas poltronas.
- Allegra querida, venha aqui - Ela disse se levantando com cuidado e abrindo os braços para a menina ir abraçá-la.
- Vó... Senti tanta saudade - A abraçou o mais apertado que conseguia.
- Estou tão orgulhosa de você - Falou saindo do abraço - Agora vamos ao seu quarto, acho que irá adorar.
Assim, ela e sua amada avó foram ao seu novo quarto. E quando olha para ele, seu coração para e sente seus olhos piscarem rápido até demais, era como se sentisse a presença de seus pais ali, outra coisa que lembre deles não, por favor, pensou.
Fingiu que nada aconteceu quando sua avó a pergunta se gostou, acena rápido com a cabeça indicando que sim e coloca suas coisas no tapete ao lado da cama, hoje tinha sido um dia longo e a menina só desejava descansar.
- Vó, a senhora se importa se eu dormir um pouco? - Disse bocejando.
- Claro que não querida, fique a vontade, qualquer coisa me chame - Concordou com a cabeça.
Quando sua avó deixou o quarto, abriu suas malas procurando por seu pijama, logo achou e trocou de roupa, o colocando.
Deitou na cama e se cobriu com as cobertas, sentindo o sono à invadindo e seus olhos pesando e rapidamente se entregando ao sono.
Ela abriu os olhos e se viu no mar novamente, na praia de sua cidade natal, sua cabeça se moveu para o lado e viu seus pais sorrindo enquanto tiravam fotos da paisagem, conseguiu ouvir as gaivotas gritando em seu ouvido, e estava brincando com as ondas enquanto olhava para o céu.
Era o lugar perfeito, para a menina perfeita, onde todos seus sonhos se realizariam naquela praia, naquele mar, com aquela cor de azul e aquela cor de areia.
Estava no fim da tarde e o pôr do sol não poderia estar mais bonito, quando percebeu uma presença atrás de si.
Ela se virou rapidamente e deu de cara com seu tio, um homem barbudo e forte, que sua face assusta qualquer um, ele a tirou da água e começou a puxá-la em direção ao carro, ignorando os resmungos da menina de contradição, ela pensou, não, de novo não.
Tentou se debater de todas as formas mas tudo é em vão devido sua força, ela optou por gritar mas o homem logo percebeu e calou sua boca com a mão, seu aperto já estava começando a machucar e ela sentia seus dedos formarem marcas roxas em sua pele.
Ela se sentia indefesa, desprotegida e perdida, e seu único pensamento era de que faria de tudo para aquele desgraçado morrer, ela queria que ele morresse por tudo que a fez passar.
E como se o universo tivesse a ouvido, ela viu uma onda alta vindo em direção a praia, rapidamente seus sentidos se alertaram e ela tentou avisar seu tio mas ele não a escuta, continua a segurando pelo braço e a puxando para o carro.
Estavam a um metro de distância do carro quando sente a onda bater em si, ela gritava dentro d'água para viver, queria viver, 15 anos era pouca coisa.
Tentava nadar pra cima, balançava suas pernas como se isso fosse adiantar alguma coisa, mas logo percebeu que estava sem respirar, começou a entrar em desespero e continua se debatendo, é água, porque isso é tão difícil, ela pensou.
Era agonizante, todos seus sentidos dentro de si berravam para sair dali, seu pulmão implorava por ar.
Parece que finalmente conseguiu e se vê em pé na areia, seu primeiro pensamento foi de que provavelmente foi uma alucinação daquele momento e que andou até lá.
Mas quando olhou para o lado, viu seus pais caídos no chão, o desespero tomou conta de si e sem hesitar tentou fazer respiração boca a boca, pressionou seus pulmões e continuou soprando em suas gargantas, a menina deveria ter ficado no mínimo uns 30 minutos ali, tentando fazer seus pais voltarem a vida.
Quando percebeu que seus pais estavam definitivamente mortos, se sentou na areia apoiando seus braços em sua cabeça cabeça e chorou, chorou até o pôr do sol acabar.
A dor de perder os pais era incurável e tudo que ela conseguia sentir era culpa, culpa que ela foi a única que ficou viva.
Se levantou da areia e viu seu tio caído ao lado de seu carro, ela agachou ao seu lado e fechou seus olhos cuidadosamente, mas sem que pudesse impedir, vomita água e bactérias que estavam dentro daquela onda, bem ao seu lado.
Conseguia apenas ouvir sua respiração chiando e seu sussurro por ajuda, antes de cair desmaiada sob a areia.
Acordou ofegante com a respiração pesada e podia sentir as lágrimas que estão caindo de seu rosto, leva suas mãos até os cabelos e bate devagar em sua cabeça, 4 vezes, o número exato para ela saber o que é real e o que não é.
- Estou no meu quarto, estou salva, estou com a minha avó - Repete isso baixinho para si mesma até conseguir se acalmar.
Tinha um tempo que não acontecia esses sonhos, pensava que já tinha passado a fase de reviver a morte dos meus pais, deve ser só o lugar novo, só isso, diz mentalmente.
Não voltou a dormir depois disso, continuou acordada esperando o horário de sua nova escola enquanto abraçava seus joelhos com medo de que tenha o mesmo pesadelo.
- Hoje vai ser um dia longo - Respirou fundo - Já consigo sentir - Sussurrou para si mesma enquanto tentava pensar em coisas boas.
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