𝔬. 𝔬 𝔭𝔯𝔦𝔪𝔢𝔦𝔯𝔬 𝔭𝔢𝔡𝔦𝔡𝔬 𝔡𝔢 𝔞𝔧𝔲𝔡𝔞, 𝖋𝖑𝖆𝖘𝖍𝖇𝖆𝖈𝖐 𝖎

Ando calmamente por entre as pessoas no grande e movimentado calçadão da cidade que nunca dorme. New York sempre foi um dos meus lugares preferidos para viajar e não foi uma decisão difícil escolhe-la para ter moradia permanente, com certeza a melhor escolha da minha vida. Aqui eu consegui realizar o meu sonho, dar continuidade em todos os planos feito pelos meus pais.

Amanheceu frio sendo perfeito para usar meu sobretudo bege que comprei semana passada, meus saltos altos batem contra o chão rapidamente conforme ando, estou um pouco atrasada — por parar para comprar dois cafés — para uma reunião importante no conselho junto a mais alguns investidores.

Meus cabelos amarrados em um rabo de cavalo balançam de um lado para o outro me irritando profundamente e tenho que respirar fundo para não desfazê-lo agora mesmo. Assim que avisto a empresa, suspiro aliviada e passo pelas portas de vidro sendo recebida por uma rajada de ar quente. Já no elevador, pressiono o botão do último andar e faço uma nota mental para pedir que tirem essa música irritante. As portas se abrem e saio para ir até a minha sala, algumas pessoas passam por mim, desejando "bom dia" no qual devolvo todos os comprimentos com um sorriso educado.

— Bom dia, chefe. — Kaira, minha secretária e melhor amiga, cumprimenta-me assim que coloca seus olhos em mim. — Sobretudo novo, é? Bonito, mas ficaria melhor em mim.

— Bom dia, Kai. É claro que ficaria melhor em você, se eu não existisse. — devolvo o nosso rotineiro comprimento parando em frente o balcão polido e bastante brilhante, — consigo até ver o meu reflexo —. Mando-lhe um beijo em que é devolvido por ela, ofereço um café que é pego de bom grado e pisco quando escuto seu agradecimento.
 
— A reunião foi cancelada de última hora, pois o avião de um dos investidores atrasou. — ela diz me olhando rapidamente e digitando no seu computador sem parar, logo ela me pede um segundo quando o telefone toca.

— Está de sacanagem. — resmungo comigo mesma respirando fundo buscando algum resquício de paciência. Eu não saio de casa sem tomar café direito apenas para essa reunião ridícula acontecer, e agora foi cancelada? É os céus me avisando que eu deveria ter ficado na minha cama incrivelmente macia.

— E aquele mala do Sage está aí de novo e exige uma conversa. — ela avisa entediada após terminar a ligação e eu reviro os olhos. — É amiga, coragem... Porquê noção...

— É claro que ele está aqui. E para com isso que foi só uma noite, não sabia que ele ficaria no meu pé desse jeito. — bufo voltando a andar para chegar ao meu destino, assim que chego em frente a minha sala, me viro para responde-la. — Manda ele subir, se passar dez minutos e ele não estiver fora daqui, chama meu advogado.

Ela concorda dando uma risada e pega o telefone para avisá-lo que poderia subir a minha sala. Empurro a grande porta e a fecho em seguida, faço uma breve caminhada para chegar até a mesa e deposito minha bolsa sobre ela, me sento na cadeira macia e levanto a tela do meu notebook o ligando, e aproveito para ligar o computador embutido a mesa.

Antes que eu comece a trabalhar, a porta é aberta bruscamente e eu nem me dou o trabalho de levantar o olhar já sabendo de quem se trata.

— Pensei que me ignoraria para sempre! — ele exclama irritado e organizo alguns papéis sobre a minha mesa. Coloco a senha nos dois aparelhos eletrônicos a minha frente e em segundos já estou digitando e-mails importantes. — Vai me ignorar até aqui, Soraya? Pensei que depois da nossa noi-

— Quando você se retirar da minha sala, bater como uma pessoa educada faria e esperar eu concordar com a sua entrada, podemos conversar. — digo ainda sem olha-lo e continuo digitando os e-mails que são bem mais importantes do que o homem a minha frente. — E para você, é senhorita White.

— Isso é ridículo. — ele resmunga consigo mesmo e logo escuto seus passos se afastando, a porta se fechando e em seguida duas batidas agressivas.

— Pode entrar, Senhor Conway. — com um sorriso falso em meus lábios pintados de nude, levanto meu rosto para observa-lo vermelho de raiva entrando novamente em minha sala. — Em que posso ajudá-lo? 

— Você sabe muito bem o motivo para eu estar aqui! — responde exasperado e eu apenas fico em silêncio, coloco meus braços apoiados na mesa e espero por sua próxima fala. — Além de ter me deixado sozinho naquele quarto, você quebrou o nosso contrato! O que eu vou fazer com todos aqueles adolescentes sem controle?

— Não vai fazer nada, pois aqueles adolescentes sem controle já estão em uma academia apropriada. — respondo pacificamente ignorando a parte do quarto e dando ênfase em "adolescentes sem controle", ele me olha incrédulo.

— Roubou os meus tutelos?! — questiona levantando o tom de voz e eu respiro fundo pela décima vez no dia.

— Vamos combinar que você não era qualificado para exercer a profissão de tutela. — retruco sem perder a pose de pessoa calma, o que definitivamente eu não sou. Não é qualificado nem para uma noite de prazer, Deus tenha piedade da próxima mulher que se envolver. — Peço para que por favor, se retire da minha sala e não coloque os pés novamente na minha empresa.

Ele me olha furioso dando um passo a frente, arqueio as sobrancelhas esperando sua próxima ação, quando ele desiste de fazer seja lá o que fosse, dou um sorriso de lado vitoriosa, apenas para o provocar. Ele fecha os olhos e aperta as mãos em um punho, se vira bruscamente para sair da sala e fecha a porta de uma maneira bruta, fazendo assim o vidro se quebrar em milhões de pedaços. Sem me importar, abro mais uma aba nos e-mails e mando a conta da porta para ele.

— Menina, o que foi isso? — levanto meu rosto e vejo apenas a cabeça de Kaira, já que ela está inclinada por cima do balcão para conseguir me ver. Sua expressão está chocada e me seguro para não rir. — O bichinho saiu até vermelho de raiva, parecendo um pimentão, você falou para ele o que me disse ontem? Porquê se for, coitadinho... A dignidade foi embora.

— Kaira! — a repreendo não conseguindo segurar a risada. Logo estamos nós duas rindo, nego com a cabeça tentando cessar a risada. — Mas não, eu nem toquei nesse assunto. Talvez seja por isso que ele tenha ficado com tanta raiva... Ou pelo fato deu ter o demitido por ser extremamente incompetente.

Ela abre a boca chocada e logo depois um sorriso largo se espalha.

— Mentira! Estou chocada passada no ferro quente! — Kaira fala pausadamente e começa a rir novamente, dessa vez bastante alto. — Os dias de glória chegaram para essa empresa.

— Você não tem jeito mesmo.

Meu celular pessoal toca e pego vendo que se trata de um velho conhecido. Peço um momento para Kaira e ela assente voltando para sua posição anterior, sentada corretamente.

— O que você aprontou dessa vez para precisar da minha ajuda, Peter? — pergunto em um tom provocativo me encostando na cadeira e relaxando a postura. Escuto ele bufar do outro lado.

— Cala a boca e escuta! — ele responde aparentemente sem paciência, mas sem alterar o tom de voz e com aquele toque sarcástico dele. — A alcateia de alfas está em Beacon Hills.

Minha expressão muda drasticamente, perdendo toda a diversão de minutos atrás.  

— Estou a caminho. — desligo sem esperar sua resposta e assobio para Kaira, essa é uma forma pela qual nos nós chamamos quando estamos em uma distância considerável. Após tanto tempo, virou um costume. — Kaira, cancela a reunião de tarde e todos os meus compromissos por alguns dias.

— Quer que eu diga o quê para eles? — pergunta me olhando curiosa.

— Diga que vou tirar umas férias.

Umas férias que nem de longe são férias.

◌𓂂∘˚●．Uma dúvida vem me atormentando a um tempo, vocês querem hot nessa fic???

◌𓂂∘˚●．O que acharam? O próximo capítulo depende do feedback de vocês.