|Capítulo 40|
P.O.V Adeline Swan
Ao abrir a porta de casa e dar os primeiros passos na sala, meu coração deu um salto desconfortável ao ver quem estava ali. Não era uma visita que eu esperava, e muito menos que queria.
— Mãe? — minha voz saiu trêmula, quase engasgada. — Cadê o tio Charlie?
Ela se levantou do sofá com um movimento calculado, ajustando a jaqueta de forma casual.
— No trabalho.— sua voz carregava aquele tom frio e familiar. — Vim ver como você está se adaptando aqui.
— Melhor do que você imagina.—cruzei os braços, tentando manter a postura, mesmo com a onda de desconforto que me atingia.
Seus lábios se curvaram em uma expressão de desgosto evidente, como se eu fosse uma mancha no tapete impecável de sua vida.
—Seu tio está estragando você. — ela balançou a cabeça, cruzando os braços como quem já sabe todas as respostas. — Escola? Namorado?— perguntou, engoli em seco. As palavras estavam presas na minha garganta, mas eu não podia fugir da conversa.
— Na verdade...— comecei, minha voz falhando enquanto eu sentia o peso do momento. — Namorada.
Ela ficou imóvel por um segundo, mas o olhar dela dizia tudo. Nojo. Desaprovação. Aquele velho desprezo que eu conhecia tão bem.
— Namorada?— s palavra saiu da boca dela como veneno. — Você definitivamente é um desgosto mesmo.
Senti o peito apertar, mas mantive a expressão firme. Não ia dar a ela a satisfação de me ver quebrar.
A sala parecia sufocante, e minha mãe fazia questão de tornar o ambiente ainda mais insuportável. Ela me encarava como se fosse um inseto, algo que ela podia esmagar com palavras.
— Cadê sua namorada então— perguntou, sua voz carregada de desgosto. Cada palavra dela parecia um golpe, e eu sabia que aquilo não era curiosidade; era provocação. Respirei fundo, tentando manter a calma.
— Está viajando com a família dela. — menti, porque encarar a verdade diante dela parecia impossível.Ela soltou uma risada cruel, alta e vazia de qualquer compaixão.
— Viagem? Sua namorada te abandonou, não foi? — zombou, o sorriso dela se transformando em algo quase doentio. —Você deveria entender que sempre vai acabar sozinha. Ninguém te quer, ninguém te ama. Se essa sua namorada realmente te amasse, ela não teria te largado. Isso, se ela for real.
Aquelas palavras me atingiram como uma faca. Apertei meu pulso com força, tentando segurar o que crescia dentro de mim.
— Cala a boca. — sussurrei entre dentes, sentindo a tensão subir como uma onda. No mesmo instante, uma das luzes estourou com um som seco, espalhando cacos pelo chão.
— O que você disse?— ela deu um passo para trás, confusa, mas ainda com aquele olhar de superioridade, eu ergui o olhar, já sem conter a fúria.
— Cala a boca!— gritei, a força da minha voz acompanhada por um vento forte que atravessou a sala, bagunçando tudo ao redor. Minha mãe finalmente hesitou, o medo e o desprezo se misturando em sua expressão. Eu apontei para a porta, minha mão tremendo. — Vai embora!— ela piscou, surpresa, mas não perdeu a chance de uma última palavra.
— Essa conversa não acabou, aberração. — disse, com um tom cortante, antes de sair apressada pela porta, batendo-a com força.
Assim que ela se foi, soltei o ar que nem percebi estar segurando. Meus ombros caíram, e o silêncio que ficou para trás era quase ensurdecedor. Meu peito ainda estava cheio de raiva, mas pelo menos, por um instante, eu podia respirar.
(...)
Estava sentada no sofá, perdida em pensamentos. O silêncio da sala me envolvia, mas não me trazia conforto. Meu olhar vagava, fixo no nada, quando ouvi a voz de Charlie. Pisquei, tentando focar na realidade. Ele se aproximou devagar, como se já soubesse que algo estava errado.
— Você tá bem? — ele perguntou com aquela preocupação tranquila que só ele tinha,suspirei e desviei o olhar
— Minha mãe voltou.— minha voz saiu baixa, quase abafada. —Ela estava aqui quando cheguei.
Charlie franziu o cenho e, sem hesitar, se sentou na mesinha de centro, bem à minha frente.
— Como foi?— ele perguntou, sua voz cuidadosa, mas curiosa.
—Eu...eu não estava esperando ver ela.— olhei para minhas mãos,
entrelaçando os dedos—Não agora, pelo menos.— suspirei,Charlie me observava em silêncio, e então, antes que eu pudesse me segurar, soltei a pergunta que me atormentava. — Tio Charlie, você acha que eu sou uma aberração?
— Como assim?— ele arregalou os olhos, genuinamente chocado— De onde você tirou isso?
— Ela me chamou disso... quando eu disse que gostava de meninas.—respirei fundo, minha garganta apertada
Charlie ficou imóvel por um segundo, a expressão dele uma mistura de tristeza e indignação.
— Adeline, você não é uma aberração. Nem de longe.— ele colocou a mão no meu ombro, seu toque reconfortante. — O que sua mãe disse não define quem você é. Você é incrível do jeito que é, entendeu?
Eu assenti lentamente, sentindo o peso das palavras dele aliviar um pouco o nó apertado no meu peito. Charlie sempre tinha essa habilidade de me trazer um pouco de paz, mesmo quando tudo parecia um caos.
Ele me olhou com aquele sorriso de quem queria confortar, mesmo que não pudesse apagar a dor.
—Vem cá, pequena.— ele chamou, abrindo os braços de um jeito acolhedor.
Não precisei de mais nada. Me levantei devagar e fui até ele, me enfiando em seu abraço caloroso. Aquele abraço paterno, cheio de proteção, parecia o lugar mais seguro do mundo naquele momento.
— Não sei como aquela mulher pode ser minha irmã. — ele murmurou, apertando-me um pouco mais, a voz carregada de indignação.Sorri levemente, mesmo com as lágrimas ainda ameaçando cair.
— Você sempre foi o melhor da família, Charlie. — digo, minha voz saindo abafada contra o ombro dele. Ele soltou uma risada curta, um som que parecia quase triste.
— Pode apostar que tento ser, porque você merece isso e muito mais, Adeline. — respondeu, afagando minhas costas de leve antes de se afastar um pouco, apenas o suficiente para olhar nos meus olhos. — Nunca deixe ninguém fazer você se sentir menos do que é. Entendeu?— assenti novamente, sentindo meu peito se aquecer com suas palavras.
— Entendi — murmurei, tentando guardar cada palavra dele dentro de mim. Ele me deu mais um abraço apertado antes de se levantar e bagunçar meu cabelo de leve, como sempre fazia.
— Agora, vai lavar o rosto e descer para comer alguma coisa. Eu vou pedir uma pizza.
Dei um sorriso tímido, sabendo que ele estava tentando me animar, e segui para o banheiro enquanto ele puxava o telefone.
(...)
Entrei no banheiro, ainda sentindo o peso da conversa com Charlie. Caminhei até a pia e liguei a torneira, deixando a água fria escorrer por alguns segundos antes de jogá-la no rosto. Suspirei profundamente, tentando me recompor.
Quando levantei a cabeça para olhar no espelho, meu coração quase parou. Lá estava Alice, seu reflexo me observando com aquele olhar intenso e curioso.
— Alice? — sussurrei, me virando rapidamente,mas não havia ninguém ali. O banheiro estava vazio. Olhei ao redor, os olhos varrendo cada canto, mas tudo estava como antes, exceto pelo meu coração disparado.Passei a mão no cabelo, tentando me convencer de que havia imaginado tudo. — Devo estar ficando louca... — murmurei para mim mesma, apertando os olhos fechados por um momento antes de abrir novamente e encarar o espelho.
O reflexo estava normal agora, apenas eu. Mas a sensação de ser observada não desaparecia, como se Alice ainda estivesse ali, de alguma forma.
Mais um capítulo amores amores, espero que gostem amores ❤️ 🥰 ❤️ 🥰
Meta 30 curtidas amores.
Meta 15 comentários amores
Até o próximo capítulo amores ♥️ 🥰 ♥️
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