
❝ chapter twenty. ❞
Já eram sete horas. Me apressei em me arrumar pois sabia que não conseguiria ficar pronta a tempo caso começasse muito tarde. Depois de um banho logo, fui direto ao meu guarda roupa. Opto por um vestido simples justo ao corpo amarelo e sandálias pretas. Faço uma maquiagem leve e deixo meus cabelos ondulados soltos caídos aos meus ombros antes de passar o meu perfume no fim.
Quando terminei, me sentei na cama e dei uma checada nas redes sociais antes de olhar o relógio. Quando o ponteiro bateu exatamente oito horas, a mensagem de Jack avisando que estava na portaria do prédio me alertou. Mandei um "ok" para ele e peguei minha bolsa, desligando as luzes e trancando o apartamento logo depois. Desci com o elevador e ao chegar ao térreo, desejei uma boa noite para o porteiro e fui até o lado de fora do prédio onde a inseparável moto de Jack estava estacionada.
Jack tirou seu capacete e percorreu seus olhos pelo meu corpo de cima a baixo.
— Sabe que eu posso muito bem quebrar a sua moto no meio da rua e fazer parecer que eu sou louca, não sabe? — Perguntei, o olhando com a sobrancelha arqueada.
— Com certeza eu não pago pra ver. — Ele se ajeitou na moto e me deu o outro capacete na minha mão.
— Vai bagunçar meu cabelo. — Resmunguei, pegando o capacete em mãos.
— Melhor um cabelo bagunçado do que a sua cabeça rolando pela avenida. — Ele disse ligando a moto quando eu já havia montado em cima dela. Ri baixo.
Gilinsky percorreu por aquelas ruas com a sua moto enquanto eu agarrava firme em sua cintura. Seria uma ótima oportunidade pra empurrar ele da moto e acabar logo com toda essa chatice, mas poderia ser uma experiência interessante sair com ele.
Jack parou a moto quando chegamos em frente à um estacionamento. Desmontamos da moto e fomos andando até o final da rua, onde tinha um portão com algumas pessoas na porta, o que me fez franzir o cenho.
— Me trouxe pra algum tipo de rave cheio de LSD e heroína? — Perguntei enquanto entrava na fila.
— Fica tranquila. — Ele me olhou. — Sai da fila.
Ele virou as costas e andou até a frente da fila, trocando algumas palavras com o segurança que estava ali e me olhou, fazendo um gesto com a cabeça para nós entrarmos. Dei de ombros e o segui, entrando num local que era uma espécie de campo, onde tinham milhares de pessoas sentadas no chão e um telão enorme estava fazendo uma contagem para ligar na frente de todos.
Cinema ao ar livre.
Sorri com entusiasmo ao olhar para o telão e ver que começou a transmitir o filme da Dama e o Vagabundo. Olhei para Jack e o mesmo estava com um sorriso de canto.
— Vem, vamos sentar.
O segui até um pouco atrás de toda aquela gente e sentamos no chão que estava forrado. Aquele era o lugar perfeito que o telão não ficava tão longe e nem tão perto.
— Como você descobriu esse lugar? — Perguntei animada.
— Vi que teria um filme ao ar livre aqui no Instagram. É uma maratona dos clássicos da Disney. — Ele me olhou. — Você gosta?
— Eu amo, Jack! — O respondi de forma entusiasmada e ele riu pelo nariz, ficando em silêncio.
Assistimos o filme em silêncio e logo senti minha barriga roncar. Jack me olhou e provavelmente adivinhou que eu estava com fome, pois eu coloquei a mão sobre o meu abdômen e fiz uma careta.
— Vou comprar pipoca. — Ele se levantou. — Não sai daí.
Apenas concordei com a cabeça e ele saiu, me deixando só enquanto assistia aquele filme. Depois de alguns minutos, ele voltou com um balde de pipoca e dois copos de refrigerante. O cheiro da manteiga invadiu minhas narinas e eu senti minha fome aumentar mais ainda.
— Você nunca veio num cinema ao ar livre? — Ele perguntou enquanto se sentava.
— Não. — Respondi enquanto colocava algumas pipocas na boca. — Digamos que, por um longo tempo, meu maior foco era estudar e tentar esquecer dessa vida de merda que eu tenho.
— Seus pais nunca te levaram à nenhum? — Ele perguntou e eu ri baixo. Bobinho.
— Digamos que eu não confie em você pra contar sobre a minha vida. — Ele levantou as sobrancelhas.
— Você nunca baixa a guarda, não é?
— Eu não deixo mais minha emoções me levarem. Já me afoguei nelas, não me arrisco de novo.
Com essa frase, encerramos a conversa e Jack apenas assentiu. Continuamos à assistir o filme e o resultado foi eu chorando horrores por conta do final.
— Você tá mesmo chorando por conta de um filme de animação de cachorros? — Ele perguntou enquanto nós saíamos daquele enorme lugar.
— Me deixa em paz, seu sem coração.
Ele gargalhou enquanto íamos em direção ao estacionamento. Ao subir na moto, ele me olhou.
— Segura na minha cintura com força. Essa hora as ruas são bastantes movimentadas.
— Acha mesmo que eu vou me agarrar a você? — Cruzo os braços. — Prefiro morrer.
— Prefere mesmo? — Ele arqueou a sobrancelha e eu bufei. — Foi o que pensei.
Abracei o seu tronco e ele deu partida naquelas ruas. Jack corria em alta velocidade e confesso que toda essa adrenalina que ele anda nessa moto me dá medo.
Não demorou muito até que ele me deixasse na porta do meu prédio. Desci da garupa de sua moto e ajeitei meus cabelos quando tirei o capacete, entregando o mesmo em sua mão.
— Não vai me agradecer? — Ele perguntou enquanto me olhava e eu sorri de lado.
— Obrigada por hoje, Gilinsky. Foi incrível.
Ele passou a língua pelos seus lábios enquanto me encarava. Senti todos os pelos do meu corpo se arrepiarem.
Jack desceu da moto e andou lentamente até mim, ficando apenas a alguns centímetros do meu corpo e encarou os meus olhos. Eu estava paralisada. Meu cérebro gritava para eu dar um soco na cara dele imediatamente mas a outra parte de mim apenas não sabia o que fazer. Merda, Aileen.
— Boa noite, Aileen.
Numa fração de segundos, Jack deu um selinho rápido em meus lábios e subiu na sua moto, me dando uma última olhada antes de colocar seu capacete e sair dali, me deixando sozinha e totalmente irredutível.
Maldito filho da puta. Eu não podia me sentir atraída por ele e eu não iria.
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