❝ chapter forty-eight. ❞
Já fazia alguns dias desde que descobri minha gravidez. Eu ainda estava muito confusa com tudo que estava acontecendo mas, como em toda minha vida, eu não podia fraquejar. Mesmo que tudo estivesse caindo sobre a minha cabeça como uma avalanche, eu não podia me render aos momentos ruins. Havia acabado de descobrir que seria mãe e não podia me preocupar com coisas fúteis.
Pelo que parecia, Katrina estava grudada em Jack como um chiclete. Se eu não conhecesse os dois tão bem, poderia dizer que estavam num relacionamento. Mas eu sabia da índole de Jack e de como Katrina era carente em questão de ter alguém. Provavelmente estavam, os dois, se usando para suprir sentimentos momentâneos. Aquilo só me dava dó.
Eu evitava ao máximo pensar nele ou em qualquer coisa que esteja ligada à ele, mas agora, eu estava com um filho dele na barriga. E, até então, ele ainda não sabia. Eu tive uma profunda discussão com Lindsay sobre informar à ele que estava grávida. Ela bateu o pé em questão de contar pra ele, mas eu, naquele momento, não queria sequer olhar em seu rosto. Sei que alguma hora eu teria que abrir o bico, mas não agora. Não era necessário.
Parando de pensar nos assuntos ruins, o meu aniversário estava chegando. Não sei o porquê, mas toda vez que essa data se aproximava mais, eu me sentia como uma criança quando completava mais um ano de vida. Sempre amei comemorar o meu aniversário e, nesse ano, não seria diferente. Não ia mesmo deixar de me mimar por conta de pessoas tóxicas e mal amadas.
Nesse momento, Lindsay e eu estávamos nos arrumando pra uma luau na praia em comemoração ao aniversário de uma colega nossa. Eu amo festas desse tipo e estou extremamente animada. Precisava mesmo de uma boa diversão e distração.
Eu trajava um top de amarração na frente branco e uma saia longa aberta na lateral também da mesma cor. Lindsay usava um vestido soltinho azul bebê e uma maquiagem que combinasse. Colocamos nossos calçados e saímos do meu apartamento rapidamente. Lindsay não parava de falar do quanto estava linda e disposta à arrasar corações hoje. Eu concordei com tudo que dizia, afinal, minha melhor amiga era realmente uma obra de arte.
Entramos no táxi e fomos rumo aonde seria a festa. Como o esperado, Lindsay começou a tagarelar. Eu até quis prestar atenção, mas no momento que olhei para baixo, foi quase impossível de não levar minha mão até a barriga. Pouso meus dedos sobre minha pele que estava nua pelo top que deixava à mostra e passeio meus dedos por ali, sentindo um sorriso crescer em meus lábios.
Eu já não estava mais sozinha. Estava gerando uma vida dentro de mim.
Acho que minha melhor amiga notou que eu não estava prestando atenção e virou seu rosto pra mim, vendo os gestos que eu fazia enquanto acariciava minha barriga. Um sorriso nasceu em seu rosto e senti sua mão pousar sobre meu ombro, fazendo com que eu levantasse minha cabeça e a olhasse nos olhos.
— É uma benção, Lindsay. — Eu não conseguia parar de sorrir. Meus olhos estavam marejados e eu sentia meu coração bater lentamente, como se aquele momento fosse algo que eu tenho que aproveitar cada segundo.
— Eu sei, amiga. — Lindsay me puxa pra si e me abraça, fazendo com que eu encostasse minha cabeça em seu ombro. — Eu sei.
•••
Eu via minha melhor amiga beijar metade daquela festa enquanto virava vários shots. Eu só ficava de longe, observando e rindo. Não coloquei uma gota de álcool na boca e estava optando apenas pela água. Não queria trazer problemas pro meu bebê e muito menos pra mim.
Olho ao redor daquela multidão e resolvo sair um pouco de todo aquele fervo. Caminho pela areia e me afasto um pouco da festa, tirando meus sapatos e os carregando na mão. Ando enquanto observo a marca dos meus dedos dos pés na areia e sinto a brisa fria do mar durante à noite bater contra o meu rosto. Sou amante da natureza e fazia questão de sempre viver expediências que eu tivesse contato com a mesma.
Paro de andar um pouco, vendo que eu já estava bastante afastada de toda aquela gente e que o som agora estava bem abafado. Me sento em pernas de índio e deixo meus sapatos de lado para observar o mar e toda a imensidão do céu negro. As estrelas estavam brilhantes e evidentes por conta de não haver uma nuvem sequer. Respiro fundo e abaixo minha cabeça levemente, acariciando meus dedos na barriga e sorrindo instantaneamente.
— Faz pouquíssimo tempo que eu descobri sobre ti, sabe? Ainda tá sendo difícil pra mim processar isso tudo e minha ficha cair. Não penso que você é um erro, nem nada disso. Na verdade, você é minha dádiva. Penso que no meio de tanta coisa ruim acontecendo, você chegou para me ajudar e me reestruturar. — Suspiro, já sentindo meus olhos se encherem de água. — Talvez leve tempo para eu me acostumar com a ideia, e talvez até para as pessoas próximas ficarem sabendo, mas eu farei o possível para ser uma pessoa boa pra você. Ser uma mãe maravilhosa pra ti, como a minha foi pra mim. Eu prometo que não vou desistir de você e nem de nós.— Uma lágrima escorreu pelo meu rosto. — Eu ainda não sei se contarei pro seu pai. Ele fez muitas coisas ruins pra mim, e sem dúvidas, a mentira foi a pior delas. Mas nada disso me puxará pra longe de você.
Fico um pouco em silêncio depois de dizer todas aquelas palavras e deixo um sorriso aparecer em meu rosto, antes de começar à cantarolar Vejo Enfim a Luz Brilhar do Enrolados enquanto olho para o meu umbigo. Meu peito estava totalmente aquecido naquele momento e meu corpo estava sendo tomado por um amor totalmente indescritível que eu nunca havia sentido antes.
Eu me sentia amada por um serzinho que nem sequer sabia quem eu era, ainda.
— Aileen?
Aquela voz fez com que eu paralisasse. Eu fechei meus olhos e puxei meu lábios pra dentro, pensando em mil e uma maneiras de sair correndo dali o mais rápido possível, mas meu corpo estava tão congelado que não tive nem tempo de ter uma reação sequer.
Tiro as mãos da minha barriga e me viro levemente, levando minha cabeça e olhando pro cara à minha frente. Ele usava uma camisa branca de botões, com as mangas dobradas nos cotovelos e uma bermuda preta.
— Você tá sozinha? Eu posso me sentar? — Jack pergunta.
Eu fico em silêncio e desvio o olhar de seu rosto, abraçando meus joelhos e voltando à olhar pro mar. Acho que levou meu silêncio como uma permissão, pois ouvi o mesmo sentando do meu lado e vidrando os olhos no mesmo oceano que eu enquanto o silêncio reinava.
— Você canta bem. — Ele comentou.
Eu permaneci em silêncio. Estava me esforçando ao máximo para manter a minha postura e não o estapear aqui e agora.
— Com quem você veio? — Questionou mais uma vez. Continuei quieta. — Qual é, Aileen. Não precisa disso.
— Eu não quero falar com você, Jack. — Eu fechei meus olhos. — Dá pra você me respeitar?
— Eu quero conversar. — Ele me olha. — Não quero ficar assim com você, porra.
— Você é nojento. — Eu estava pronta pra me levantar, mas fui puxada pelo pulso por ele. — Me solta ou eu grito.
— Grita. — Ele falou e eu fico em silêncio.
— Por que você fez isso, merda? — Eu puxo meu braço de sua mão e o encaro com os olhos marejados.
— Eu me arrependi, porra! — Ele passa as mãos no cabelo. — Eu só quero o seu perdão. — Eu rio sem ânimo.
— Você realmente acha que é só isso? Eu te perdoar e acabou? — Ele fica em silêncio. — Você é tão egoísta...
— Eu amo você. — Ele se senta na areia e me olha. Eu deixo algumas lágrimas caírem e soluço.
Sinto minhas pernas fraquejarem e caio sentada ao seu lado. Sem medo, eu desabo ali mesmo. Deixo toda a dor que eu senti nas últimas semanas vazarem pelos meus olhos. Eu choro e soluço compulsivamente, na frente do maior motivo do porquê eu estava assim.
Eu sinto meu corpo ser aquecido por braços me aconchegando e eu continuo desabando. Jack estava me abraçando e eu desmoronava ali, bem na sua frente. Eu nunca tive o costume de chorar na sua presença. Era a primeira vez que eu me quebrava pra ele.
Sinto seus dedos afagarem meu cabelo enquanto meu mundo caía. Eu não sabia o porquê estava deixando aquilo acontecer, só sabia que precisava desabar. E se naquele momento, ele era a única pessoa que podia me confortar, eu não iria sair correndo.
— Me perdoa. — Ele fala num fio de voz. — Eu sei que você não vai me aceitar de volta tão cedo, mas me dá mais uma chance de te conquistar novamente. A pessoa que aceitou aquela aposta não era eu, não era o Jack. Não era o Jack que você se apaixonou. — Ele segurou o meu rosto com suas mãos. — Eu vou ser uma pessoa melhor. Por mim e por você.
Eu não respondo. Apenas desvio o olhar mas, logo meus olhos voltam à se encontrar com os dele.
— Amigos? — Ele pergunta.
Eu deixo mais algumas lágrimas descerem pelo meu rosto inchado e fecho os olhos, apenas concordando levemente com a cabeça antes de encostar minha cabeça em seu peito e voltar à desmoronar.
Eu sabia que guardar rancor de tudo aquilo só faria mal à mim e me traria mais estresse, e essa era a única coisa que eu não queria e nem podia passar.
Eu só precisava de mais tempo.
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