❝ chapter eight. ❞
O tédio corria pelas minhas veias enquanto eu passava os canais na TV em busca de algo pra assistir. Hoje era um dia chuvoso. Em uma mão, eu estava com uma caneca que tinha achocolatado bem quentinho na mesma e na outra eu mexia no controle. Esse tempinho só me servia pra passar o dia todo deitada tomando bebidas quentes e comendo besteiras enquanto assistia um filme qualquer.
Eu havia feito uma inscrição para trabalhar como advogada num escritório de advocacia muito renomado em Las Vegas. Depois que a mamãe morreu, eu terminei a faculdade com toda a pouca força que me restou e por incrível que pareça eu consegui. Ganhar o meu diploma foi mais uma coisa que me fortaleceu muito depois que eu fiquei sozinha e tive que me virar. Era eu por mim e foi assim por três anos. Minha mãe foi assassinada quando eu tinha dezoito anos, e hoje com 21, eu poderia dizer que mesmo nova eu já havia criado maturidade pra muita coisa.
O meu padrasto assassinou a minha mãe e sumiu do mapa. Até hoje a polícia nunca conseguiu acha-lo e mesmo que eu batesse na tecla todos os dias nesses últimos anos, o caso foi dado como encerrado por não haver mais nenhum rastro do filho da puta. Muito provável que está morando em outro país, com outro nome, outra vida. Se não estiver morto, está andando por aí com a consciência de que assinou uma mulher incrível à sangue frio e deixou a filha dela totalmente desestabilizada e largada pelo mundo.
Meu pai é meu melhor amigo. Atualmente ele está morando no Brasil junto com a sua atual mulher e meus dois irmãos que ele teve com ela. Papai e mamãe se separam quando eu ainda era muito nova, mas desde sempre, a minha relação com ele sempre foi ótima e ele sempre vai ser o meu herói. Ele me liga e manda mensagem constantemente. Quer sempre saber das novidades e sempre quando tem uma folga do trabalho, tenta vir me ver. Meus irmãos, Arthur e Maria Júlia, estão com onze anos e são as coisas mais lindas do mundo. Minha madrasta Helena é brasileira e conheceu o papai logo quando ela estava numa viagem na nossa cidade. Se apaixonaram de imediato e logo resolveram noivar. Papai e mamãe sempre foram muito amigos e se separaram de uma forma civilizada, tanto que quando ele começou a perceber os sinais abusivos do meu padrasto, tratou de conversar com ela. Mas, como toda pessoa apaixonada, ela estava cega.
Eu sei de tudo isso pois meu pai sempre me contou tudo e eu nunca escondi nada dele também. Realmente, era o meu melhor amigo.
Sinto que se eu estivesse presente no dia que minha mãe foi assassinada, eu poderia ter feito alguma coisa. Às vezes eu me culpo por tudo que aconteceu, mas eu sempre olho pro céu e quando vejo a estrela mais brilhante, eu sei que é ela me passando tranquilidade e paz.
Quando fui me tocar, as lágrimas já desciam pelo meu rosto sem mesmo eu querer. Eu sentia muita falta dela. Muita mesmo.
Como um sinal divino, meu celular começou a tocar e eu engoli o choro, atendendo a ligação do número desconhecido.
— Quem é? — Perguntei.
— Lalinha. — Aquele apelido e aquela voz aceleram meu coração no mesmo instante.
— Papai! — Pulei do sofá com rapidez. — Meu Deus, eu estava com tanta saudade! Onde você esteve que não me ligou ultimamente?
— Eu fui assaltado, Lalinha. Aqui no Brasil é muito comum esse tipo de coisa. — Ele disse com um ar triste e eu suspirei.
— Não gosto nem de imaginar. Mas esse celular é de quem?
— Da Helena. Ela disse que está com saudades. — Um sorriso surgiu em meu rosto.
— Diga pra ela que também estou. Cadê meus irmãos?
— Estão na escola. Daqui a pouco estou indo busca-los. Só liguei pra dar um pouco de sinal de vida. Estava sentindo sua falta.
— Eu também estava. — Olho pros hematomas na minha perna e no mesmo instante paraliso. Eu deveria contar para o papai o que tinha acontecido? Eu sei que não escondo nada dele, mas ele tinha sido assaltado e eu não queria preocupa-lo com uma notícia repentina dessa.
— Alguma novidade? Arranjou algum namorado? — Sua voz saiu dura na parte do "namorado", o que me fez rir.
— Você sabe que eu não namoro, pai. — Falei baixo enquanto bebia o pouco de achocolatado que tinha na minha caneca e a colocava na pia.
— Tudo bem. Menos mal. — Ele riu. — Quando eu tiver uma folga, prometo que irei te ver, ok? Tenho que ir agora. Eu te amo, minha menina.
— Também te amo, papai. — Eu sorri e a ligação foi finalizada.
Lavei minha caneca com um sorriso só no rosto. Era muito bom saber que pelo menos uma pessoa se preocupava comigo de verdade.
Assim que guardo a caneca no lugar, volto pra sala e dou uma checada no meu celular, vendo que havia novas mensagens.
Ignoro as mensagens de Katrina e Lindsay e de imediato respondo a mensagem do desconhecido.
aileen: quem é?
número desconhecido: o cara mais gostoso de las vegas
aileen: cara eu não sei, mas a mais gostosa sou eu
número desconhecido: sou o jack, aileen
número desconhecido: gilinsky
aileen: ah, o meu salvador
gilinsky: pode me chamar de chapolin
aileen: idiota
aileen: como conseguiu meu número?
gilinsky: as vozes da minha cabeça
gilinsky: elas falam o tempo todo, aileen...
aileen: eu acreditaria se você não fosse tão pateta
gilinky: obrigado pelo tapa na cara
gilinsky: pedi pra sua amiga, a karina
aileen: katrina
gilinsky: é
aileen: não entendo pq ela mandou meu número pra ti
aileen: não estou falando com ela
gilinsky: por que?
aileen: eu entendo que o johnson provavelmente tinha 5x mais força que ela
aileen: mas ela podia ter feito alguma coisa
aileen: ela ficou só olhando eu ser agredida
aileen: se nao fosse por você, eu provavelmente estaria no hospital agora
gilinsky: eu sei
gilinsky: mas nao pensa que ela não se importou
gilinsky: talvez ela só tenha medo
aileen: não sei nem pq to te contando isso, nem nos conhecemos
gilinsky: eu salvo a sua vida e é assim que voce me trata?
aileen: quer o que? flores?
gilinsky: você
aileen: homens...
gilinsky: sou um homem que fica de pau duro toda vez que te vê
aileen: isso era pra ser algo agradável de se ler?
gilinsky: não sei, era?
aileen: boa tarde, jack
gilinsky: boa tarde
gilinsky: gostosa
aileen: ridículo
gilinsky: uh, essa doeu
✔️ visualizado.
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