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𝐗𝐗𝐗

˖˙❛ 𝐒𝐄𝐗, 𝐃𝐑𝐔𝐆𝐒 𝐄 𝐄𝐓𝐂. ❜ ꜝꜞ
30 ... ❨ capítulo trinta ❩
━━ o verão está no ar, e querido, o paraíso está nos seus olhos
escrito por 𝖗𝖊𝖈𝖈𝖆𝖜 𝖊 𝖒𝖘𝖚𝖌𝖚𝖗𝖔

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Para uma melhor experiência, sintonizem a música do capítulo em "A Little Death", The Neighborhood. Quando o símbolo * aparecer, troquem para a música indicada.

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Mesmo que na festa coubessem milhares de pessoas, o espaço parecia pequeno demais para eles. A música vibrava de uma forma como nunca havia feito e parecia abafar todo e qualquer som existente. Suguru, Satoru e Lexie avançavam, com dificuldade, em meio à multidão para o andar de cima almejando uma conversa pacífica que, de uma vez por todas, resolvesse o que existia entre eles.

Lexie aproveitou para subir o mais rápido possível e fugir dos próprios pensamentos intrusivos. Há alguns minutos atrás, tinha que fingir que não estava quase chorando por um pacote branco. Sentia de longe o cheiro intoxicante e espesso do produto e se martirizava por ter sido amaldiçoada por ele.

Satoru liderava o caminho percebendo isso. Seus ombros largos e corpo esguio abrindo espaço entre os corpos que preenchiam cada centímetro do lugar enquanto olhava para frente e por cima dos ombros para checar nos dois atrás dele. Os olhos claríssimos brilhando para ambos. Era um sentimento de não só perdê-los de vista, mas perdê-los para sempre. Como se um momento fosse o suficiente para acabar com tudo.

Mesmo assim, aquela era uma intensidade que os outros raramente viam. Algo que os três evitavam de mostrar por motivos não tão óbvios para um mero mortal. Suguru fazia o mesmo, tentando esticar a mão e pegar na do amigo em busca de tranquilizá-lo. Sua voz saia mais como um grito quando dizia: Estamos aqui, pode ir.

Evans abriu a boca como se fosse dizer algo, mas as palavras morreram em sua garganta. Com o coração acelerado, percebeu a hesitação nos olhos deles e sentiu um frio na espinha. Suguru, normalmente o mais calmo dos três, estava visivelmente desconfortável. Ele que sempre parecia uma rocha, inabalável,  agora tinha vulnerabilidade estampada em sua expressão, o que a deixou ainda mais nervosa.

O platinado também não ostentava o visual de sempre. A mente tomada por pensamentos confusos e contraditórios fazia seu rosto relaxado ficar rígido de preocupação. A cada passo que davam, o peso da penumbra que havia os assolava parecia aumentar.

Subiram as escadas em silêncio, o som abafado da festa ficando cada vez mais distante. A cada degrau, Lexie sentia mais vontade de vomitar. Pensava em diversas formas de como começar a conversa, mesmo sabendo que as primeiras palavras não deveriam ser dela. Queria desesperadamente romper aquele silêncio, porém não parecia tão fácil ao olhar para eles parados, prestes a iniciar o assunto.

A porta se fechou com um clique e a luz piscou uma vez antes de acender de verdade. O silêncio no quarto era o oposto do restante da festa. Tudo restava em um som distante, quase tanto quanto eles.

Satoru deu alguns passos até o centro do quarto, sentando-se no chão. Suas mãos tremendo ligeiramente enquanto olhava pro tapete e tentava achar nele alguma cerda maior que as outras - coisas que só pessoas ansiosas entendem. Ele respirou fundo e buscou amparo em Suguru, que logo percebeu, se sentou no chão ao lado do melhor amigo e posicionou a mão em uma das suas coxas.

— “Senta” aqui.

Lexie abriu a boca para dizer “tô de boa”, mas parou ao ver o olhar visivelmente abalado deles. A garota se desencostou da parede e se sentou de frente para os meninos,  abraçando a si mesma, como se precisasse se proteger do que estava prestes a acontecer.

Cada um lutava contra seus próprios demônios. Já não havia desculpas, as palavras já haviam sido ditas. A conversa não era só sobre “vamos ficar e ver no que dá” e sim, “eu te amo, mas não sei como resolver isso”.

A briga, o motivo que os levou até ali, agora parecia pequeno diante da imensidão do que eles realmente significavam uns para os outros. Mas ainda assim, o medo de não ser compreendido, de perder o que tinham, os paralisava.

Lexie, observando os dois, sentiu uma onda de insegurança varrer seu corpo. Ela não queria ser o motivo de uma possível separação, não queria que aquela amizade — ou algo mais — se desfizesse por causa de mal-entendidos e palavras mal colocadas. Se fosse para darem certo, teriam que ser sinceros. Mesmo que a verdade seja dolorida.

— Estamos com ciúmes.

— Satoru… - O moreno, ao contrário de toda sua personalidade, corou. Suas bochechas ficaram tão rosadas quanto as de nenéns.

— É mentira, ué? Realmente sentimos ciúmes daquela garota.

— Maxine. Ela tem nome.

— Maxine, então. Pouco me importa. Você sequer pensou em como nos sentimos?

— Se eu estou aqui agora é porque escolhi vocês, não ela.

Por um momento, ninguém soube o que dizer. Satoru nem conseguia disfarçar o pequeno sorriso no rosto. Já Suguru, apesar de feliz, não conseguia parar de pensar. Claro que não se arrependia de ter esperado a garota esse tempo todo, mas também não era algo que se orgulhasse. Óbvio que faria de novo e de novo, mas seria…diferente. 

— É diferente, Lexie. Nós nunca nem chegaríamos a pensar em esquecer você.

— E então o que foi aquilo naquela noite? Vocês transando com o que? Três meninas?

— Sabe a diferença? O que nós fizemos não tem porra nenhuma de sentimento. Você fez tudo isso porque amava ela. Você fez tudo isso por amor. Não pela gente, mas por ela. - O moreno fez uma pausa para que pudesse recuperar o fôlego. - E a gente pode até parecer burro, mas te garanto que não. A gente sabe que você ama ela.

O sistema nervoso de Lexie quase falhava já fazia um tempo, ainda mais agora ouvindo tudo isso como um balde d'água. Sim, era impossível negar que amava Maxine. Não mentiria para si, nem para eles. Porém, tudo era difícil demais. Não amava Maxine da mesma forma que amava eles. Era outro sentimento, outras pessoas.

Só não sabia explicar ao certo.

— É. Eu amo ela. Amo muito; mais até do que eu conseguiria expressar pra vocês. Mas eu amo vocês, também. - Riu, meio desacreditada. A sua atitude abriu os olhares deles. - Eu conheci vocês há tão pouco tempo comparado a ela e já amo vocês no mesmo nível. Têm noção?

— Vocês namoravam?

— Não, Gojo. Nunca namoramos. Ela era irmã de um amigo meu que morreu de overdose. E de certa forma, ela era a única lembrança dele. Mas com o tempo ela foi se tornando muito mais do que isso. Muito mais do que ele. Ela foi minha melhor amiga…até eu começar a gostar dela.

— Então vocês ficaram?

— Ela foi meu primeiro beijo, mas foi só esse. Porque quando nós duas percebemos, já era tarde demais. Eu fui pra reabilitação e ela ficou lá. Pensem que nós nunca mais nos falamos. Eu literalmente encontrei ela depois de anos sem ter uma notícia da sua vida, sua família ou qualquer coisa. Não é de uma hora pra outra que eu consigo consertar tudo isso. - Tentou escolher bem as palavras durante a pausa que fez. - Eu só não quero perder vocês.

— E como vamos nos comportar depois dessa conversa? Conversar com ela pelos corredores? Dar bom dia e boa tarde olhando pros olhos dela? - O platinado batucava o pé no chão.

— Eu só quero que vocês entendam o meu lado. Ela já foi tudo pra mim, assim como vocês serão. Eu tenho certeza.

— Nós também não queremos te botar nessa posição. Não queremos que você escolha ninguém.

— Pode até ser, mas vocês já estão fazendo isso.

— Não estamos, não.

— Como seria se eu tentasse separar vocês? Tipo, se eu falasse “ou eu fico com um, ou com o outro”? Ou então: “eu não gosto de pensar na ideia de ser amada menos, se separarem. Eu ou ele”? Não seria uma escolha muito escrota? É exatamente isso. Quando decidi ficar com vocês, nunca nem passou pela minha cabeça tentar separá-los, nem que eu tivesse que ficar de fora. - Diante do silêncio, ela deu mais uma cutucada. - É uma pergunta.

— Eu não sei, Evans. Seria ruim.

— Ruim? Seria péssimo! Vocês não conseguem se desgrudar por 5 minutos sem ficarem pensando um no outro! Ainda mais agora que vocês, sei lá, se assumiram e estão mais juntos do que nunca. E eu, como sempre, estou de fora.

— Não quero soar grosso, mas você tomou essa decisão. Nós tentamos e muito. Inclusive estamos tentando agora.

— Lexie, você sabe quantas ligações perdidas têm no seu celular? - A menina pôde jurar que viu lágrimas nos olhos de Satoru enquanto ele falava. -  Você sequer se deu o trabalho de ver?

— Eu não tinha visto.

— Liga o celular.

Seu tom, pela primeira vez na conversa, soou firme. Foi forte, sem hesitação. Sabia que estava certo e em nenhum momento ia dar para trás.

— Não precisa.

— Liga o celular, Lexie. É só olhar. - O moreno acompanhou seu amigo.

Insistiu um pouco mais em não produzir provas contra si, mas cedeu assim que percebeu que seria impossível enganá-los. Deixou a cabeça cair para o colo - onde o celular estava - e tentou digitar. As pequenas teclas se embaralhavam um pouco à medida que sua cabeça funcionava medianamente.

Abriu a página de ligações perdidas, que já tinha o aviso vermelho de notificações, e seu queixo caiu com o número.

117 ligações.

Respirou fundo e bateu os dedos na tela antes de subir o olhar e encontrar os deles observando-a de perto. Mantinham uma expressão suave, com um leve ar de irritação. Por um momento, algo brilhou entre eles. Uma compreensão mútua, um reconhecimento do amor e da dor que compartilhavam.

O quarto, embora cheio de móveis e detalhes, parecia vazio. As emoções ali dentro absorveram toda a vida do ambiente. Satoru e Suguru trocaram olhares novamente, e sem uma palavra, ambos souberam que, independentemente de como terminariam, se manteriam firmes no que queriam.

Lexie sentiu seus olhos se encherem de lágrimas e mesmo que fosse quase invencível, não era. Nunca havia sido. Deixou aquele olhar grosso e forte dar vasão a um fraco e vulnerável: que era como se sentia quando o assunto era eles.

— Desculpa. Eu estou passando por um momento…difícil. - Como conhecia a dupla, já antecipou uma frase vinda do platinado. - Sei que posso contar com vocês, mas naquele momento não parecia. Todo dia tá sendo uma luta pra mim. Todo santo dia. Eu acordo, tento não levantar o colchão, tento não ir atrás daquela merda de pacote, começo a chorar e porra…não acaba nunca. Enfim, o que eu queria dizer…

— Enfim não, Lexie. Você não pode…

— Suguru, eu posso sim. Olha, o que eu queria dizer era que seria ridículo da minha parte tentar separar vocês. E é a mesma coisa pra Max e eu. Eu nunca mais seria a mesma pessoa sem ela.

— Como têm certeza disso?

— Como vocês cogitaram fazer algo assim pra mim? Como vocês acham que tirar ela da minha vida seria bom? Ela é minha irmã! Minha alma gêmea, meu…

— Alma gêmea. Nossa. - Satoru se abalou.

— Não muda de assunto. Me responde. Como vocês têm coragem de cogitar tirar ela da minha vida? Eu nunca faria isso com vocês.

— Em algum momento você já pensou como é frustrante ser a segunda opção de alguém? Isso se eu for otimista, né.

— Fala sério, Geto. É diferente.

— Diferente do que, Lexie? Tudo é diferente pra você. Você mesma diz que nos escolheu, mas, no final das contas, ela continua sendo quem você escolheria na vida.

— Exatamente.

— Vocês querem que eu minta ou fale a verdade?

— Minta. - O platinado foi mais rápido, mas o moreno veio em seguida.

— Fale a verdade.

— Eu escolheria ela. Sem pensar duas vezes até. Mas isso não significa que eu não ame vocês. Eu amo tanto que sei que isso deve doer, mas eu prefiro ser sincera do que mentirosa. Na verdade, me digam vocês. Quem vocês escolheriam? Um ao outro ou a mim?

— Lexie…

— Só falem. Não tem problema.

— Você sabe a resposta.

— Não tem problema. Eu sei a mesmo, só quero ouvir.

— Eu escolheria ele. - Cada um em sua palavra disse a mesma coisa, em uníssono. Um olhar feliz os acompanhou e Evans se sentiu da mesma forma, genuinament.

— Eu sei que escolheriam um ao outro e tá tudo bem. Não é como se fosse uma surpresa. Não é como se eu estivesse pedindo que me escolhessem. Eu sei o meu lugar.

— Está dizendo que precisamos saber o nosso lugar?

— Não nessas palavras. - Bufou e passou a mão nas têmporas, sentindo uma dor aguda. - Só tem uma diferença entre eu e a Max e vocês dois. Literalmente uma. Vocês querem um ao outro. Eu não quero ela.

— Romanticamente.

— Isso. Eu e ela temos uma conexão única, mas isso não significa que eu não posso estabelecer outras conexões como essa. Eu quero estabelecer uma conexão nesse momento. Aqui, agora, com vocês. É só vocês…entenderem o meu lado.

— Você entende o que está pedindo, né? Você literalmente falou que nós somos as segundas opções.

— Satoru, não é isso! Não estamos falando de opção. Ninguém mencionou opções aqui. Estou dizendo que você não pode me pedir pra escolher um lado. Só isso.

Eles ficaram ali, em um círculo imperfeito, conectados por um fio tênue de esperança e amor, tentando encontrar uma maneira de continuar. O medo e a insegurança ainda estavam presentes, mas havia também um amor profundo que, no final das contas, os mantinha juntos.

Bem quando Suguru ia dar o primeiro passo para falar, a porta se abriu. Aqueles olhos amarelos de raposa encontraram Lexie de primeira, varrendo o resto do cômodo e se deparando com a feição irritada do platinado.

Aiken, ao invés de simplesmente sair, usou toda sua simpatia falsa. Deu um sorriso e disse:

— Estava te procurando, Evans.

— Eu já vou. Rapidinho.

— Precisa de alguma coisa? Eles estão te incomodando?

O platinado levantou uma sobrancelha e resmungou para si mesmo em tom de deboche “incomodando, né? sínica do caralho”. Não teve certeza se ela ouviu ou não, mas com a mesma coragem que disse ali, diria na cara dela se preciso.

Seu amigo desaprovou, mas continuou quieto. Quem deu mais um passo pra frente foi a ruiva, que provou que escutou a frase de Gojo quando começou a dizer:

— Oi? Falou comigo?

A calma dela era impressionante. Definitivamente uma das coisas que Lexie mais admirava na garota. Era o equilíbrio perfeito entre Geto e Gojo. Um pouco extrovertida demais e um pouco serena demais. Embora sua personalidade se contradissesse, funcionava de modo perfeito.

Se manteve calma, sem nem ao menos alterar o tom de voz. Nem mesmo quando o platinado começou a respondê-la.

— Você só engana ela, tá? - Se referiu a Lexie, a qual se ofendeu na mesma hora. - Se puder dar licença…

— Tá louco, Satoru? Que isso?

— Pelo que a sua fama diz…acho que é o contrário.

— Fica quieto, Satoru. - O moreno era um pouco mais esperto. Bem pouco. - Deixa ela falar.

— Você acha que é quem, em? “Eu sou a melhor amiguinha da Lexie, se afaste dela por favor”. - Debochou.

— Dá pra vocês dois pararem? 

— Deixa ele, meu anjo. Vai passar vergonha sozinho porque eu não dou palco pra maluco.

— Se ela realmente gostasse de você, ela nunca teria te deixado pra trás. Sabia, né?

O mais alto se aproximou da ruiva, dando uma piscadela pra ela. Mas a garota não deixou abalar, se virando para a direção dele. Sustentou a pose e peitou Satoru, mesmo não tendo a mesma altura. Deu alguns passos até ele e ambos ficaram frente a frente um para o outro. Maxine não era de ficar estressada, mas aquela frase surtiu efeito inesperado.

De repente, Suguru se sentiu de novo no ringue do seu pai. Dois competidores prestes a matar um ao outro. Assim como o que sentiu Evans, que já começou a gritar:

— Vocês ficaram loucos? Parem com isso, mano!

— Você não consegue aceitar que é a segunda opção, né? Realmente deve ser muito difícil pra você.

Com apenas 17 centímetros de diferença, Maxine esticava a cabeça um pouco para cima e botava os braços para trás, forçando o peito estufado.

— Que que você tá falando? Você veio até aqui só pra encher o saco da garota e depois quer falar que deve ser difícil pra mim?

— Já deu, né. - O moreno bocejou e pegou a pequena garrafa de água que deixou em cima do móvel. - Vocês parecem dois idiotas.

— E estão sendo dois idiotas!

— Eu só acho engraçado ver dois homens tão inseguros ao ponto de terem que brigar por isso.

— Escuta, Maxine…Esse é seu nome, né? Você fala demais. - Suguru peitou a ruiva da mesma forma que o amigo fazia. - Nós só estávamos conversando, já deu do seu show.

Aiken se sentiu de frente para uma muralha, mas tentou não transparecer a pequena intimidada que levou. Limpou a garganta e falou:

— Do jeito que vocês são egocêntricos, pelo visto só começou agora.

— Max!

— É bom ela continuar falando mesmo, Lexie. A gente começa a entender de que tipo de pessoa estamos falando. - Suguru apertou o garrafa nas mãos, mas ela não fez barulho, visto que estava cheia.

— Sug...

— "De que tipo de pessoa estamos falando?" Por favor, né. Eu só estou abrindo os olhos de vocês.

— Quer saber? A Lexie é uma santa de aguentar você. - O platinado deu uma risada que fez os pelos de todos ali arrepiarem. Parecia incrédulo e ao mesmo tempo, divertido. - Aí, aí, o que a dependência emocional não faz com a gente, né?

Jogada a bomba na roda, com o clima extremamente pesado, Gojo bateu os pés até a porta. A fechou em um baque escancarado e de repente, estava do lado de fora. O moreno se levantou já sem paciência, como uma mãe que tem que limpar a merda do filho, e foi atrás. Deixou apenas um comentário para trás:

— É isso que você quer defender, Lexie?

Não que ele estivesse estressado. A culpa claramente não foi do amigo, mas de qualquer forma, seria melhor ter poupado saliva por uma discussão boba daquelas. Bateu a porta e também foi embora. Porém, assim que ouviu Lexie gritando, decidiu se encostar perto dela.

A morena soltava fogo. O rosto queimava e a cabeça pensava em mil e um argumentos para matar Maxine ali mesmo. Não entendia o porquê de uma bobeira daquelas, ainda mais sabendo do que a conversa prévia se tratava.

— O que foi aquilo? - Deu um grito. A voz claramente irritada.

— Hm, o que foi o que?

— Não se faz de maluca, porra. Por que tratou eles daquele jeito? Por que ficou provocando?

— Que? Eu não provoquei ninguém! Eles que começaram querendo contar vantagem pra cima de mim. Hum, coitados.

— Não precisava, Max! Tem noção do que você tá fazendo? A gente tava conversando. Tentando resolver as coisas que você fudeu.

— Por isso que eu ia embora, mas eles começaram a falar e...

— E porquê não foi?

Max a olhou confusa. Tinha um pingo de raiva e mediocridade no olhar, como se não estivesse entendendo onde a amiga queria chegar. Ou melhor, como se não quisesse entender onde a amiga queria chegar. 

— Não sei. - Deu de ombros.

— Porra, Max, você tem que parar com isso! Não pode agir sem pensar sempre que quiser!  Você podia conversar com eles ou sei lá.  Esclarecer tudo de uma vez!

A ruiva fez aquele maldito olhar de confusão outra vez. Agora, com mais desamparo ainda.

— Esclarecer? Esclarecer o que? Você já deixou muito claro pra eles, Lexie!

— Do que você tá falando?

— Do que você acabou de dizer!

— Você ouviu a conversa?

— Não. Bem, quase nada. Só a parte que você disse que me escolheria.

— Ainda bem, né? Se não, você daria de louca também? Poxa, cara.

— Na real, acho que daria sim. – Ela deu de ombros e riu.

— Para de brincar, Aiken. Sério, que saco. – A morena colocou ambas as mãos sobre a cabeça, frustrada com a situação. — Eu precisava que eles entendessem. Eu quero resolver isso, não aguento mais.

— Eles não vão entender, Lexie. Primeiro que: imagina eu chegar em você e dizer que te amo menos que, sei lá, minha melhor amiga do primário.

— Eu sou essa melhor amiga, Maxine.

— Imagina que não. Você surtaria, não é? Segundo: eles não suportam saber que uma mulher gostosa e linda igual a mim é a primeira opção!

Deu uma pausa como se tivesse dito a coisa mais absurda do mundo.

— Eles amam você, isso ‘tá bem claro. Mas eles não conseguem entender que existe alguém mais importante que eles. E falando sério; qual o problema? Eu sou sua melhor amiga, conheci você primeiro!

— Não é tão simples.

— É sim! – Foi se aproximando dela. - Se eles tivessem que escolher, eles se escolheriam. Você seria a segunda opção e tá tudo bem! Você entende isso! E precisa mesmo entender, até porque eles se conhecem desde sempre!

Lexie engoliu seco. Também tinha, se pensasse muito, um pequeno ciúmes. Quase retroativo. De tudo que já passou com Maxine e com eles.

— Não é porque você me escolheu que eu vou falar isso, tá? É porque realmente faz sentido. Mas não faz nem sentido você querer escolher eles. Tipo, vocês se conhecem há pouco tempo e eu sei que tempo não é qualidade, mas dá a entender muita coisa, né? Eu sou sua melhor amiga e é isso. Eles realmente são tão inseguros ao ponto de quererem me tirar da sua vida?

Lexie a olhou irritada.

— Sério? Sério, Maxine? É por isso que voltou?

— Que?

— Você sabia, não é? – Lexie deu um passo para frente. — Nós vamos bater na mesma tecla outra vez. Você sabia que eu estava com eles e foi justamente por isso que você decidiu voltar.

— Tá maluca, porra? Eu não sabia de nada! Eu não queria te fuder assim!

— Então por que voltou, Maxine? Eu te abandonei! Fui um lixo com você. Te provei várias e várias vezes que eu não merecia sua confiança e aí você decide voltar pra resgatar sua princesa? Fala a real! Porquê caralhos você voltou? – As lágrimas já começavam a preencher seus olhos. — Eu tava com eles, você descobriu e quis fazer da minha vida um inferno, é isso? Ou você só queria me fazer pagar pelo passado?

Max a olhou incrédula. Como sua melhor amiga pensava daquele jeito de si mesma? Suspirou, passou as mãos entre os cabelos tentando manter a calma e o resto de sanidade que ainda restava e respondeu;

— Eu voltei porque eu te amo.

— O que?

— É. É isso. Voltei porque eu te amo. Você é a minha família e a real é que eu não aguentava mais me sentir sozinha. Eu precisava de alguém. Precisava de você.

— Mas e seus pais?

— Longa história.

— Eu tenho o dia todo!

— Acho que você não entendeu. Você é mais família ainda. E apesar da minha mãe ter deixado a nossa família desde cedo, a minha e a sua engravidaram juntas, Lexie. Você é literalmente minha casa. Minha família.

Pauso alguns segundos para pegar ar e retomou:

— Você nunca me decepcionou. Na vida inteira, você foi a única que nunca me decepcionou. Você tem noção disso? Você nunca mentiu pra mim, ou quis me fazer mal de algum jeito. Você me ama assim como eu te amo, não tem como esquecer disso, Lexie! Você esteve do meu lado quando o meu irmão morreu. Eu te escrevi centenas de cartas quando estava na reabilitação e cuidei da sua mãe até o último dia de vida dela! Sempre me certifiquei de que ela tomasse os remédios no horário certo e quando ela não tinha energia, eu fazia a comida dela. Então não me venha com essas perguntas ridículas, por favor. Eu vi você indo embora, esqueceu? Eu vi a garota que eu amava me deixando para trás. Mas naquele momento achei que era culpa minha. Eu poderia ter te ajudado mais, te apoiado mais. Me esforçado mais…Ela até me deu a cópia da chave da sua casa, Lexie, com um chaveiro da Disney. Nossa primeira viagem juntas. Meu mundo desabou muito antes dela se matar. Ele acabou quando você foi embora. Eu só percebi que você nunca mais ia ser a mesma quando isso aconteceu.

A morena não tinha palavras. Não sabia de nada daquilo. Não imaginava tudo que Max havia feito em sua ausência. Durante anos evitou pensar ou tirar conclusões precipitadas sobre o que a amiga tinha feito quando ela estava internada, mas agora, com a verdade à tona, ela só conseguia respirar fundo e segurar o móvel ao seu lado justamente para não desabar outra vez.

Eu organizei todo o velório. Eu fiz as porras de convites. Eu encomendei as flores e…ah, merda. - Ela também sentia os olhos cheios d'água. - Eu perdi ela também. Eu também perdi a minha mãe. E quando eu fui ao cemitério para visitá-la, eu vi você. Vi você chorando, sofrendo. Vi o quão destruída você estava e achei que era culpa minha.

— Porque você não foi falar comigo?

A essa altura, a morena já gritava.

— Você já tinha deixado bem claro que não queria contato comigo quando deixou aquele recado na minha caixa postal. E quando eu vi, já era tarde. Você foi embora com o seu pai.  Eu nunca soube para onde, mas, mesmo assim, eu fui viver a minha vida. Ou pelo menos o que restou dela, né. Às vezes eu pensava na besteira que tinha feito em te deixar ir, mas como você mesma dizia: era o melhor a se fazer.

— Max…

— Meu pai ficou doente pouco tempo depois. Descobrimos que ele estava com câncer. - A morena botou a mão na boca, chocada. - Minha mãe nem deve ter ficado sabendo. Só ouvi uma notícia dela esse tempo todo: ela passava o dia, tarde e noite bebendo. Eu tive que largar a faculdade e arrumar dois empregos para pagar o tratamento dele. Fomos nós dois por um bom tempo.

Enquanto dizia, suas memórias flutuavam. Seu pai era o grande amor da sua vida, diferente de muitas meninas da sua idade. Lexie paralisou. Nunca soube da notícia que o pai da amiga tinha adoecido. E agora, ouvir aquilo, era como se estivesse buscando o final de uma história triste. O pai dela era um que Evans nunca teve.

— Max, eu…

— Ei, deixa eu terminar de falar. Mas acho que você já deve saber. Ele morreu e eu tive que cuidar de tudo sozinha. Quase tomaram a casa por falta de pagamento e eu me esforçando mais do que tudo pra manter o que um dia já foram memórias pra mim. E tudo isso enquanto eu trabalhava sem parar. Quase nem dormia! Você tem noção? Eu me sentia completamente perdida, sozinha. Eu não tinha ninguém! Nem minha mãe, meu pai, meu irmão, nem você. Eu não consegui pensar em outra coisa a não ser vir pra cá no minuto que eu te encontrei…eu posso não saber de muita coisa agora, mas sei que não posso te perder de novo. Não posso não lutar pela gente de novo. Ainda podemos ser felizes.

Nesse patamar da conversa, Lexie não conseguia conter as lágrimas, igual a amiga. Só conseguiam chorar. * Ainda mais com Lana Del Rey, National Anthem, tocando abafadamente. Como foram tão egoístas, uma em cada ação que fez, de pensar absurdos como aquele?

— Eu sinto muito...

— Eu ainda te amo. Ainda te quero. Ainda quero te proteger, te ver feliz e ser aquela pessoa pra você. Acima de toda paixão que já sentimos uma pela outra. Nós somos família, entendeu? Família. E se você ama eles e eles te fazem feliz, então eu vou aprender a amar eles também. Por mais que sejam…desse jeito. Sua felicidade é a minha, garota. Você é tudo que eu tenho de mais precioso no mundo. Não posso perder você de novo.

Os soluços podiam ser ouvidos pelo quarto. Nada mais importava, apenas as duas e o amor que sentiam uma pela outra, porque, como Max havia dito, acima de tudo, elas eram família.

Suguru entendeu isso depois de passar esse tempo ouvindo a conversa atrás da porta. Entendeu, finalmente, o que significavam uma para outra. Assim como o que Satoru significava pra ele. Irmãos, amantes, namorados, melhores amigos, família ou até, muito mais que isso.

Evans não pensou duas vezes antes de pular nos braços da amiga, a apertando tanto que pôde ouvir o suspiro pesado dela. Mesmo assim, a mulher retribuiu de igual forma. Ambas com um sorriso no rosto, enquanto a música

— Max, eu te amo. Eu te amo, te amo, te amo! - Deu vários beijinhos pela sua bochecha. - Eu sinto muito pelo seu pai e desculpa por ter te deixado daquele jeito. Eu nunca...

— O que passou, passou, meu anjo. Vamos pensar no agora.

— Certo. Obrigada. Você é minha família, desculpa pelo o que eu disse antes. Mas obrigada por estar aqui. Você não sabe quão difícil foi estar longe de você esses anos todos.

— Eu voltei. Por e para você, linda. Quero que seja feliz.

As duas se separaram e encostaram a testa uma na outra. A música permeando o caminho longo que elas trilharam até lá como um som de fundo para a vida. Desnivelada, um pouco cansativa, mas marcante o suficiente para nunca ser esquecida.

— Então… não teria problema a família aumentar, não é?

— Não, querida. - Se esforçou mais do que tudo pra dizer aquilo. - Quanto mais melhor.

Sorriu diante da frase da amiga.

— Sempre e para sempre?

Sempre e para sempre, Lexie Evans.

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max e chloe de outro universo,
onde tem um final feliz 😭

( foto da mídia )

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