𝐗𝐗𝐕𝐈
˖˙❛ 𝐒𝐄𝐗, 𝐃𝐑𝐔𝐆𝐒 𝐄 𝐄𝐓𝐂. ❜ ꜝꜞ
26 … ❨ capítulo vinte e seis ❩
━━ há um milhão de motivos pelos quais eu deveria abrir mão de você.
mas o coração quer o que quer.
escrito por 𝖗𝖊𝖈𝖈𝖆𝖜 𝖊 𝖒𝖘𝖚𝖌𝖚𝖗𝖔
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A noite passou rápido. Lexie Evans não se aguentava em pé, então foi andando até o seu quarto. Ficou perto da amiga por tempo demais e agora parecia confusa o suficiente para não conseguir tomar mais nenhuma decisão.
Lembrou dos tempos em que chegou na faculdade e Sukuna brigou com ela por estar alocada no dormitório dos homens, já que um menino aleatório de cabelos presos gritou para ela sair de lá.
Apenas deu de ombros, mostrou o dedo do meio e abriu a porta. Bateu-a com tanta força, acidentalmente, que achava que poderia quebrar. No entanto, quando se virou, caiu de costas se livrou de todo e qualquer pensamento que não fosse em relação a Maxine, Geto, Gojo e por algum motivo, sua mãe. Foi deslizando pela madeira por alguns instantes, passando os dedos pelo cabelo.
Olhou para o relógio de parede e percebeu que dia era. O aniversário de morte da sua mãe. O dia em que mais temeu por anos e anos.
Por não querer se sentir sozinha, ela ligou o celular, colocou uma música da Selena Gomez, que agora a lembrava de Maxine, e deixou algumas lágrimas limparem seu rosto. The heart wants what it wants.
Quer dizer, não sabia quem a lembrava muito bem, mas lembrava alguém. E não era nada bom pois parecia que aquele pesadelo não teria fim.
Tinha acabado de prometer à amiga que tentaria parar de usar drogas, mas não parecia possível. Parecia um desperdício de tempo e confiança. Olhou para o alto com os olhos alagados e clamou por ajuda.
— O que eu faço, mãe? O que eu faço?
O futuro incerto a incinerava. Nunca foi tão difícil pensar na frase: “todas nossas ações têm consequências”. Lexie Evans estava colhendo uma por uma e não sabia se era bom ou ruim.
Foi bom ela ter ido para a reabilitação. Eficaz? Não, mas bom. Foi bom ela ter se afastado de Max. Certeiro? Não, pois ela havia voltado. Foi bom ela ter conhecido Geto e Gojo. Deu certo? Não, nenhuma objeção.
No entanto, ao se virar para cama o coração disparou. Reconheceria aquela moldura há quilômetros de distância, como fez agora olhando para frente e engatinhando pelo chão, tentando não soluçar mais.
Era o quadro que sua mãe pintou quando ainda estava viva. Um quadro de algo que parecia uma estrela guardada em um jarro de vidro prestes a estourar. E de certa forma, se sentia exatamente assim.
Presa a um cenário caótico que lhe fazia muito, muito mal. Um cenário de tortura que apagava seu brilho intenso de anos e anos. Todos à sua volta eram as pétalas de flores despedaçadas. Apenas observando sua derrota, calados.
Um ou outro interferiram, mas ninguém mudava o pensamento da morena. Ninguém seria capaz daquilo. Ou ela achava que não.
Momentos com esse faziam com que ela não conseguisse pensar em nada. Forçava e condicionava a própria mente a tentar forjar uma solução, porém era inevitável somente deixar tudo ir. Afinal, tudo é água. Tudo flui, passa, cobre, prende e corre.
Passou os dedos pela tela e consequentemente acabou se deparando com um papelzinho minúsculo que dizia:
“aquele dia, com aquela garota, era isso. queria comprar dela esse presente para te lembrar do quanto eu, sua mãe e satoru nunca desistiriamos de você. nunca.
se tivermos que esperar, vamos. eu e ele. nem que seja para sempre.
— S.”
Lexie se contorceu no tapete, arrasada por todas as lágrimas que guardou. lutava para não ser tomada por toda a tristeza que ainda restava em seu corpo, mas não dava para conter a insegurança de pensar em escolher alguém.
Aquele quadro pintado por sua mãe, nomeada uma das maiores artistas do século, trazia à tona muitas lembranças. Sejam elas de todas as naturezas, vinham voando como um furacão.
Inexplicável era a palavra certa. Sem dúvida alguma ela amava Maxine mais do que a si mesma. Era paixão certeira. A mantinha perto do coração, pois ela sempre fazia o papel de tornar tudo menos dolorido.
Mas ao mesmo tempo, ela tinha todas as suas manias e pensamentos que faziam Lexie não ter pena dela. Achava que Aiken, às vezes, merecia tudo que a vida lhe dava de mais injusto.
Todo dano causado por ela voltava em dobro e quando a ruiva vinha reclamar ou chorar no colo de Lexie, a morena fingia somente lamentar e não julgar.
Não faziam bem uma para outra como imaginavam. Como tanto idealizaram, mas já era tarde demais para desistir de um amor como aquele. Já haviam sofrido as milhares de consequências.
Pegou outra vez o celular, mas dessa vez entrou na conversa de Max, a qual provavelmente estaria em um dos quartos ao lado. Talvez dormindo, talvez pensando na sorte que teve de encontrar Lexie na vida.
Chamou a ruiva para ajudá-la naquele momento terrível e em questão de cinco minutos, ela estava lá. Bateu na porta e Lexie, ainda encostada nela, apenas girou a chave com a mão estendida para cima e se inclinou um pouco para frente, para que a amiga pudesse abrir.
— Evans?
— Aqui. - Respondeu como se fosse uma chamada oral em sala de aula.
— O que aconteceu? Tudo bem?
— Posso te perguntar uma coisa?
— Claro, ué.
— Você sabe o que está acontecendo comigo?
Ela não pareceu entender a pergunta. Franziu as sobrancelhas e não soube responder até Lexie complementar o pensamento:
— Você veio para cá sabendo de algo, não foi?
— Do que você está falando?
— Você sabe do que eu tô falando, caralho. Você sabe. - Os poucos minutos em que a droga saiu do corpo da morena já foram suficientes para que ela surtasse. Elevou a voz mais do que o necessário. - Você sabe do que eu tô falando, Aiken. Não banque a desentendida.
— Eu achei que o passado não importava mais.
— Não deveria, mas como você…como você pode vir até aqui e fazer isso comigo?
— Não estamos na mesma página, meu anjo. - Não foi irônico, foi carinhoso. - Você claramente não está bem e eu não sei do que você tá falando.
— Você sabe do que eu estou falando. Ou vai dizer que a porra da boca enorme do Sukuna te contou nada?
— Ele não me disse nada!
— Você sabia que eu estava…enrolada…com alguém.
O rosto da ruiva empalideceu. As pálpebras caíram e de repente, toda sua vontade de ajudar a morena fugiu. Foi substituída por uma tristeza desoladora e uma raiva crescente.
— Que? Quem?
— Não interessa. Eu não achei que você fosse capaz de fazer isso comigo, Maxine. Não achei mesmo. Tadinha de mim, não é?
— Evans, eu realmente não sei do que você tá falando.
— Max, seja sincera comigo. Por favor.
— Olha, eu ouvi dizer só. Eu vim porque te amo.
— E eu te amava! Eu te amava pra caralho, mas você nunca veio me buscar!
— E por que você nunca me disse isso? Como você queria que eu soubesse? Eu não tenho bola de cristal, Evans.
— Como você olhava pros meus olhos e não percebia? Como? - As lágrimas já não conseguiam deixar de cair e a voz falhava a cada palavra.
— Eu…eu não sei. Olha, eu só sei que eu te amei a minha vida toda. E parecia tão impossível. Parecia que um muro separava a gente. Você era distante e eu, eu só queria você.
— Como você me queria, Maxine? Porra, você sempre falava de outras pessoas pra mim. Você vivia livre e feliz e eu não sou assim. Eu sou completamente diferente de você.
— Eu só queria você, porra! Só você. Eu falava tudo aquilo porque você nunca me deu nenhum sinal.
— Você ignorou todos eles. Todos, Maxine. Absolutamente todos.
— Eu estava com medo de estragar o que nós tínhamos, só isso. Você sempre foi a única pessoa que eu confiava.
— E você era a única que eu amava de verdade!
— Você não precisava me lembrar que me amava, bastava ir embora! Teria sido melhor. - Nunca havia visto Max chorar tanto. - Mas como você diz: talvez só devêssemos esquecer. Sabe de uma coisa, Lexie? Você é egoísta. Muito egoísta.
— Que?
— Como eu poderia me esquecer, porra? Você me deixou! Nem pensou duas vezes antes de me esquecer. Antes de seguir sua vida e simplesmente deletar meu número.
— Que porra você tá falando, Maxine? Eu passei todos esses anos da minha vida pensando em você! Só em você!
— E mesmo assim me deixou? Mesmo assim você conseguiu amar outra pessoa? Uau. Parabéns.
— Vai me dizer que você não amou mais ninguém? Mentirosa.
— Não. Eu não amei mais ninguém.
Silêncio profundo. A morena engoliu seco e repensou as atitudes. Talvez não tenha dado tanta importância como deveria.
— Não faça isso. Não me faça escolher. Você tem que entender o meu lado.
— Eu me sinto uma idiota agora. Sério.
— Eles são…
— Eles?
— É complica…
— São quantos?
— Por que você está falando como se eu fosse uma puta, Maxine? Vai tomar no cu.
— São aqueles dois que eu vi ontem?
Nada disse. Apenas abaixou a cabeça e se levantou, indo na direção da janela.
— Nossa. Eu esperava mais de você.
— Sai do meu quarto. - Cansou de ouvir aquilo. - Sai.
— Que?
— Sai agora, vai. Dá um tempo.
— Só porque eu falei dos seus amores? Ah, Evans, pelo amor de deus.
— Acho que você não entende, Aiken. Eu amo eles da mesma forma que eu te amei há muito tempo. - Toda a sua saliva pareceu desaparecer da boca naquele momento. A garganta secou e o lábio se curvou.
— Amo eles de uma forma que você não imagina e para mim, nossa história é tão bonita quanto a minha e a sua. Eu te amo e não quero abrir mão de ninguém. Na verdade você deveria ficar feliz por mim porque eu finalmente consegui gostar de pessoas incríveis. E sempre que eu olhar no olho deles eu vou lembrar de você.
— É melhor eu ir mesmo antes que eu tenha que ouvir mais merda sua.
— É a verdade só. Se não quiser ouvir, ok, mas isso é totalmente imaturo da sua parte.
— Disse a pessoa mais madura do mundo que não sabe ficar um dia sem a porra do nariz sangrando.
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Lexie se sentiu tão inferior e humilhada que mal soube como reagir. Fechou a porta na cara da amiga e chorou mais e mais. Ninguém precisava dizer nada para a morena se dar conta de que não passava de uma drogada.
Ela já sabia. Sabia desde que não conseguiu parar de rodopiar pelo cômodo enquanto a mãe estava tentando abrir a porta duas semanas depois de começar a usar drogas.
Mas deixou tudo cair por água abaixo muito rápido, então apenas deu margem ao erro. Ligou para Shoko, a qual não atendeu o telefone. Diante da falta de resposta, ligou para Maki e tentou se acalmar.
A amiga disse que poderia passar o dia lá e foi o que a morena fez. Se dirigiu ao dormitório da esverdeada e deu um abraço nela assim que passou pela porta.
A garota vestida apenas com uma regata e uma calcinha a acolheu nos braços com um olhar preocupado. Passou os dedos pelo cabelo moreno da amiga e fez “sh” para que ela parasse de chorar.
— Calma, Lexie. Calma.
— Eu nunca mais vou usar nada na minha vida. Eu juro. Eu quero voltar a ficar limpa.
— Tudo bem, calma. Você vai conseguir.
— Você acredita em mim?
— Óbvio. Quando você estiver fazendo seu primeiro ano limpa, eu vou ser a primeira a te ligar para comemorarmos, ok? Te juro.
— Eu quero tanto…
É como sempre dizem: o que te preocupa, te escraviza.
E agora ela era uma escrava das drogas.
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sinto muito a todas as pessoas que sofreram ou sofrem por algum tipo de vício, já passei por isso e sei a dor que é querer se libertar de algo que você já está preso.
todo nosso apoio a vocês :)
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