𝐗𝐗𝐕
˖˙❛ 𝐒𝐄𝐗, 𝐃𝐑𝐔𝐆𝐒 𝐄 𝐄𝐓𝐂. ❜ ꜝꜞ
25 … ❨ capítulo vinte e cinco ❩
━━ enquanto eu estiver aqui ninguém pode te machucar.
escrito por 𝖗𝖊𝖈𝖈𝖆𝖜 𝖊 𝖒𝖘𝖚𝖌𝖚𝖗𝖔
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Para uma melhor experiência, sintonizem a música do capítulo em: Everything I wanted, Billie Eilish.
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A madrugada estava fria. O vento congelava tudo à sua frente e a lua cheia lançava um brilho prateado que iluminava os olhos de Lexie, de frente para eles. Seu olhar repleto de nervosismo contratava com a música alta e as risadas estridentes.
70% das pessoas do mundo todo sofrendo de ansiedade. E ficava cada dia mais aparente para a dupla que era isso que os afetava. Dia após dia. Era o medo de não ter o primeiro sentimento da vida correspondido. O amor.
Geto podia sentir o coração errando as batidas. A boca secava e os músculos ameaçavam se rasgar por inteiro. Gojo também sentiu, só que de maneira diferente. As pálpebras pesaram e a garganta formou um nó quase impossível de se desfazer.
Estava na ponta da língua. O que precisava ser dito já morava entre os dentes e tomava forma na língua pra sair da maneira mais suave possível.
As palavras claras e determinadas de Lexie era carregadas de emoção, mesmo sendo trêmulas e quase cantadas.
Por um momento, o mundo ao redor deles pareceu parar. A música, as risadas e os sussurros das conversas desapareceram, deixando apenas o som de seus corações batendo rapidamente e a ânsia de uma vida que nem começou.
Então Gojo reagiu. Pegou em sua mão tão forte que a fez querer puxá-la para si de volta, tudo porque estava com medo de que a garota desaparecesse.
Geto, sempre tão controlado e calmo, sentiu uma lágrima de alegria rolar livremente pelo rosto. Lexie limpou-a com o polegar, mas parecia irrelevante perto do seu tamanho. Ele deu um riso bem leve como se apreciasse a atitude e então, a puxou para um abraço.
Ele puxou seus pequenos cabelos pretos, recém cortados, para trás e grudou os lábios na sua testa, tão delicado como se pudesse quebrar. Sussurrou alto para que o amigo também pudesse ouvir:
— Eu acho que também te amo.
Sem deixar o amigo de fora, Geto também estendeu um braço para Gojo, o qual se enfiou ali dentro e deixou seus olhos azuis marejados a vista. Ele, mesmos sendo um pouco mais alto que Geto e um tanto quanto mais alto que Lexie, abaixou a cabeça e encostou sua testa nas deles.
Afagou o rosto de ambos e começou a rir. Não um riso normal, mas um de alegria e alívio. Um de “finalmente estamos na mesma página”. Cada uma de suas mãos foram direto para o rosto deles e só conseguiu dizer:
— Porra, eu também. Eu amo vocês.
Os três ali conectados de alguma forma que jamais estiveram. A intensidade do momento fazia todos na sala sentirem uma felicidade inexplicável, igual a Shoko que observava de longe com um sorriso satisfeito.
Lexie assentiu, lágrimas começando a se formar. Se afastou deles e se recompôs, limpando a garganta.
Agora vinha a parte que doía. A parte que mais a machucava por dentro. Todo seu ser repelia com força o que guardava, mas tinha que soltar. Se não, ia acabar morrendo sozinha.
— Mas, tem outra pessoa… - Um soluço escapou. - Outra pessoa que eu sempre amei que está de volta agora e eu não sei o que fazer.
A confissão pairou no ar, carregada de emoção. Geto e Gojo trocaram um olhar, ambos processando o que ouviram. Conectaram o que tinham acabado de ver e então, os três estavam com a visão embaçada por lágrimas.
— Isso é pesadelo. Eu não quero escolher ninguém. Mas eu ainda amo a Max. Ela foi o meu primeiro amor e esses sentimentos…
— Eles nunca desaparecem, não é? - Gojo disse em um tom cansado, como se soubesse onde Lexie queria chegar.
A garota balançou a cabeça. Exit, Conan Gray, martelava na sua cabeça.
— Talvez isso seja o melhor para nós. Ficarmos longe um do outro. Eu não faço bem pra vocês. Olha só pra mim? Eu sou uma pessoa confusa que mal sabe que porra fazer se não está completamente drogada!
Geto tentou engolir o choro enquanto ouvia aquelas palavras. Elas perfuravam seu peito como uma faca. Atravessavam cada vaso e estouravam tudo dentro. Era insuportável.
— E a Max sabe lidar comigo. Ela me entende melhor do que ninguém e…eu sinto saudades dela. Mais do que qualquer outra coisa.
— Mais do que sente muito pela gente? - O moreno deu um passo para trás.
Evans de repente cambaleou. A pergunta foi tão repentina que a pegou de surpresa para ouvir a resposta. Não queria descobrir quem tinha mais importância naquele instante. Nem nunca.
— Não sei, Suguru. Não sei e não quero saber. Não agora.
A confissão pairou no ar, carregada de emoção. Geto e Gojo trocaram um olhar, ambos processando o que ouviram. Não ficavam com raiva, mas ao mesmo tempo se sentiam inúteis. Trocados por uma pessoa que acabara de chegar.
E isso era culpa só deles. Culpa deles por não terem valorizado o que tinham antes. Quem sabe se não tivessem errado da primeira vez nunca teriam passado por isso. Quem sabe se não nunca tivessem a magoado, ela não teria espumado pela boca e passado por tudo que passou com o pai. Quem sabe se não fossem por eles, Lexie Evans seria uma pessoa totalmente diferente.
Porém, antes de poder falar qualquer outra coisa, Lexie ouviu aquela voz feminina atrás de si.
— Meu anjo, o que…está acontecendo?
Quando viu o rosto da morena triste, estremeceu. Olhou para os dois meninos na sua frente e pegou seu braço, conferindo se estava inteira. Segurava com firmeza, os olhos cheios de determinação e saudade.
— Ei, tudo bem? O que aconteceu? Eles fizeram alguma coisa?
— Não, Max, não fizeram nada. Desculpa por ir embora daquele jeito.
— Tudo bem! - Ela deu um beijo na sua mão e riu, querendo lhe mostrar que não tinha nenhum problema. - Vem, vamos. Vamos pra casa.
A ruiva puxou o corpo de Evans à força. No entanto, a alma e os olhos dela permaneceram na frente dos dois. Permaneceram com os dois. Ela olhava para trás como se estivesse de luto.
Enquanto se afastavam, Lexie mordeu o lábio inferior, seu coração dividido entre o passado e o presente. Olhou para o celular, onde uma tela de fundo das duas residia e brilhava.
Fechou os olhos, tentando conter as lágrimas que ameaçavam cair. Lembrava-se dos momentos felizes que havia passado com Geto e Gojo – risadas compartilhadas, segredos sussurrados, promessas de algo tolo para adolescentes. Cada memória era uma faca afiada em seu coração.
Maxine Aiken era o calor de infância que esquentava os dias dela. Gojo era neve. Tão suave e diferente que a fazia sempre ansiar por mais. E Geto, ah Geto. Ele era como a chuva desmanchando sua maquiagem. Era o fim de tarde nublado que pedia conforto e paz.
— Estaremos te esperando. - Gojo murmurou de forma que fosse audível para a morena.
E eles desapareceram no seu campo de visão. Sua mão esticada para tentar encontrá-los já não passava de uma reflexo inútil. Agora já estava feito. Era o que queria, não podia simplesmente voltar para trás.
Nem sequer pensar nisso.
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A sobriedade de Lexie se esvaiu no caminho de casa, dando sinal de vida quando entrou no carro e já não conseguia mais prestar atenção em nada a não ser os próprios roncos. Capotou com facilidade. Maxine decidiu passar em um mercado para comprar alguns doces e petiscos, então foi pro seu novo dormitório - que era o de Sukuna, pois estavam tentando colocá-la em algum vazio.
A morena sentiu um aperto na coxa. Como nos velhos tempos. Se levantou com o toque da ruiva e já foi logo para o andar de cima. Tropeçou um pouco nas escadas, mas nada que já não fosse normal na rotina conturbada de Lexie.
Ou até mesmo para a relação das duas que era certamente peculiar. Não era a mesma como Lexie pensava que continuara sendo. Mas sim algo estranho, de certa forma.
Evans se sentou no chão, recostada na cama com uma garrafa de água indo e voltando nos lábios. Maxine bebia com ela, podendo sentir na boca da garrafa o amargor das bebidas alcoólicas consumidas horas atrás pela morena.
Pretty when I cry, Lana Del Rey, fazia a pequena caixa de som tremer.
— Você não parece muito bem.
— Eu não estou bem, Max.
— Consigo perceber. - Ela se referia a bebida e possíveis drogas que estavam em seu corpo. - Não adiantou muito a reabilitação, não é?
— Não…
— Eu sei que não é fácil, mas você tem que tentar. Só deus sabe como eu e sua…- Hesitou. - Mãe. Eu e sua mãe ficamos preocupadas.
— Max, eu ouço isso todo dia. Eu sei que tenho que tentar. Mas isso não interessa agora. Podemos falar de coisas boas. Como me achou?
— Apenas segui meus instintos. - Lexie revirou os olhos e a olhou em represália. - Tá bom. Eu te stalkeei muito no Instagram.
— Aiken!
Ambas riam daquilo. Era um momento repleto de saudade, apesar de parecer muito normal.
— Nunca me planejou falar que era prima do Sukuna e do Itadori?
— É. Isso foi uma grande coincidência.
— Como eu nunca soube disso?
— Eu te falei que tinha primos estranhos! Só nunca mencionei o nome deles.
— Espera. Eles são aqueles primos?
— Sim! Aqueles primos.
— Que uma vez acabaram a reunião de família por terem fingido que cortaram a própria língua?
— É, esse foi o Sukuna. Dá pra perceber, né?
Uma risada contagiante fez com que as duas dessem muita risada. Lexie apoiou a cabeça no ombro de Maxine, continuando a sorrir, e fechou os olhos. Então era assim que deveria lembrar do passado. Do jeito que ela sorria e ganhava certa leveza.
— É de família aparentemente.
— Está me xingando? - Levantou uma sobrancelha e preparou as mãos para fazer cócegas caso a resposta não lhe agradasse.
— Não. Não, por favor, não faça isso. Eu acho que vou vomitar.
Fingiu estar ruim do estômago - o que era extremamente plausível dada a situação - para não receber cócegas. O plano funcionou, já que Max fez uma careta de nojo misturada com preocupação e desarmou defesas.
Ao contrário disso, passou as mãos pelo cabelo de Lexie e começou a fazer cafuné. Um silêncio perturbador assolava ambas até que um murmúrio causou um pequeno tremor na morena.
— Por que fez isso com seu cabelo?
— Longa história.
— Seu pai?
— É. - Deu uma risadinha. - Como você me conhece tão bem?
— Sei lá. Eu te amo demais pra não conhecer.
— Eu também te amo, Max. E te conheço melhor do que qualquer um.
Te conheço melhor do qualquer um para saber que você veio aqui sabendo que Geto e Gojo já estavam na minha vida.
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