𝐗𝐗𝐈𝐕
˖˙❛ 𝐒𝐄𝐗, 𝐃𝐑𝐔𝐆𝐒 𝐄 𝐄𝐓𝐂. ❜ ꜝꜞ
24 ... ❨ capítulo vinte e quatro ❩
━━ que tempo para nós dois.
escrito por 𝖗𝖊𝖈𝖈𝖆𝖜 𝖊 𝖒𝖘𝖚𝖌𝖚𝖗𝖔
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Para uma melhor experiência, sintonizem a música do capítulo em What a Time, Julia Michaels. Quando o símbolo * aparecer, troquem para Just Give me a Reason, P!nk.
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Lágrimas e mais lágrimas. O sentimento era revoltante, ao passo que incrível. Não havia mais distância entre elas e de alguma forma, saber que Maxine estava a procurando era algo surreal.
Não soltou a ruiva em momento algum. Ficou pendurada nela enquanto todos da roda tentavam entender o que estava acontecendo. Mas Lexie não ligava para nada além do que tinha nos braços. Nada além do cheiro de perfume delicioso preso a ela.
Sentiu saudades. Saudades absurdas que a faziam chorar mesmo com a amiga na sua frente. Era inacreditável como, mesmo com o passar dos anos, elas ainda precisavam uma da outra.
Sabiam que as coisas não terminaram bem entre elas e que pouca coisa fez sentido naquele final. E agora ficavam um pouco tensas em estarem juntas, com medo de estragarem o que haviam levado anos agora construir. Dizem que não se encontra a mesma pessoa duas vezes, mas a afirmação já caia por terra.
Não sabia ao certo o que fazer nem o que pensar, mas era diferente. Maxine, no geral, era diferente. Tudo nela era excêntrico. Seu cabelo cortado em um mullet, as pulseiras no braço, milhares de tatuagens espalhadas pelo corpo, os olhos contornados e até as pontas do pé amassadas pelo allstar velho.
E apesar de toda a pose idiota que impunha, ela era um doce. Tudo que passou de bom na vida foi ao lado dela, que tinha um talento maravilhoso de sempre agradar. Sempre soube o que Lexie precisava - até com 20 mil quilômetros as separando.
A única época que ficou sóbria por um grande período de tempo foi ao lado de Max. Aiken sempre a incentivava a melhorar e tentar externar sua melhor versão, mesmo que fosse apenas por cinco meses, coincidentemente, o máximo de tempo em que Evans ficou sem usar nada.
Evans arregalava os olhos quase no modo automático. Apertava a ruiva como se não pudesse nunca mais soltá-la. Com as mãos trêmulas, se não fosse pelo casaco pesado dela, as unhas de Lexie penetrariam toda carne que tinha.
A boca secou e o coração começou a errar todas as batidas. Na hora, ambas sabiam o que estava acontecendo. Max caminhou até o sofá mais próximo, pois alguém havia aberto espaço, e colocou a amiga sentada.
Agachou em sua frente sem tirar os braços das coxas dela e com uma das mãos, acariciou sua bochecha. Só o polegar de Aiken já causava milhares de arrepios.
Sukuna e Itadori não estavam entendendo muito o que acontecia, mas ainda sim sorriam para apoiar a prima. Maki levantou uma sobrancelha e o restante da roda permaneceu em silêncio, se entreolhando com dúvida.
— Ei, meu anjo, não precisa chorar. Estamos bem. Vamos ficar bem de novo.
— Max?
— Eu. Sou eu.
— Como…como você veio? Como você me encontrou?
— Pra mim você está em todos os lugares, Lexie Evans.
— Eu senti sua falta.
— Eu também. Muito.
— Max. - Só conseguia clamar por seu nome. Ainda não sabia direito o que falar sem um ensaio prévio. - Eu não acredito. Desculpa. Desculpa por tudo.
— Qual é, você nunca precisaria pedir desculpas pra mim. Nunquinha.
A morena a puxou para mais um abraço, fechando os olhos outra vez. Passava a mão pelas suas costas, braço, ombros, clavícula e tudo que conseguia para conferir se havia a possibilidade daquela mulher ser um clone.
— Ah, meu deus.
— Vamos embora daqui, Evans. Vamos ficar eu e você.
— Vamos, só me deixe…
Em certos momentos, a morena acreditava que sua vida era um desastre. Tudo acontecia com ela. As piores coisas do mundo? Iam apenas para ela. E de todas as coisas na vida que erraram em cruzar seu caminho, Maxine era a única certa.
Nunca pensou que poderia haver um momento errado para ela. Mas agora, no dia, lamentou pela ruiva não ter aparecido antes. Anos e anos distantes e ainda sim, as memórias eram mais viciantes que a droga que Lexie abusava.
Mas ao contrário dela, outros dois sabores ainda estavam frescos na cabeça. Dois deles que começavam com G e ainda a faziam remoer memórias novas. Arrepiavam da mesma forma que o nome de Max.
Evans pegou na cabeça da amiga, a qual fez a mesma coisa e as juntou. Ficaram por alguns segundos com as testas coladas até que a morena começou a duvidar do que via.
Não a culpem. Estava nervosa, ansiosa, triste e feliz ao mesmo tempo. Afinal, tinha vinte anos e a vida não parecia tão boa.
“Porra. Não, não, não, não. Não faça isso comigo, deus. Eu não quero escolher.” pensava ela. Reduzida àquele pensamento, não soube o que fazer por minutos.
Estava viajando. Embora eles achassem que o relacionamento ainda estava bem (na medida do possível) e que tudo estivesse na cabeça de Lexie, não dava pra mudar o destino. Aparentemente ninguém os queria juntos.
Mas Lexie queria. Naquele momento, quis. Quis eles com todos os defeitos do mundo e suas perfeições mais que perfeitas junto dela. Não importava como fosse, só os queria. Mais do que tudo.
Ao longe, Gojo cutucou Geto. Mandou-lhe olhar na direção que vinha tanta melancolia e na mesma hora, ambos sentiram um aperto no peito.
Tentaram desvendar a importância da garota pelo olhar que trocavam. E daquela distância, dava pra ver que não se tratava de uma qualquer. Ela era linda. Alta igual Lexie, cabelos diferentes e chamativos e um sorriso mortal.
Por um segundo se intimidaram. No segundo, quiseram morrer por deixar Lexie ir com tanta facilidade. No terceiro, começaram a duvidar de si mesmos. No quarto, quiseram fingir que não se importavam e no quinto segundo, se entreolharam.
— Quem é aquela?
— Não sei. Elas tão muito coladas, né? Espaço pessoal: eu não existo.
— Cala a boca, Satoru. - O moreno coçou a cabeça tentando achar uma solução. - Talvez devêssemos ir até lá.
— Chapou. Vamos ficar por aqui.
— Você não quer saber quem é?
— E pra que iríamos lá? Brigar com ela pra soltar nossa ex?
— “Nossa ex”? Eu nunca pedi ninguém em namoro.
— Cala a boca. Você entendeu.
No instante em que tiraram os olhos de onde estavam, mais cinco meninas apareceram entrelaçando os braços e pernas neles. Surpreendentemente, quem respondeu primeiro foi o platinado:
— Dá pra tirar as patas da gente? Agora não, porra.
— Calma, Gojo! O que aconteceu? - Uma delas perguntou, externando a dúvida das outras.
— Só saiam daqui, caralho. - Quem fez a vez foi o moreno.
— Porra…eu não…
Gojo não completou a frase. Deixou as palavras no ar até que Geto quisesse contestar o significado.
— Deixa eu adivinhar. Não queria que isso estivesse acontecendo? Não queria que ela estivesse ali? Não queria que tudo isso estivesse uma merda?
— É, também. Eu só não achava que as coisas acabariam assim.
— Elas vão acabar, Satoru? - Ele se sentou novamente no sofá, mas continuou com os olhos longe.
— Não sei, Suguru. Não faço ideia.
— Que tal irmos pra casa?
— Agora?
— É. Podemos conversar um pouco, dormir tranquilos.
— Tá. Deixa eu só pegar alguma merda pra comer. Tô morrendo de fome.
— Nem o incrível Satoru vive só de buceta e água, não é mesmo?
O moreno passou o braço em volta do ombro do amigo e o puxou para perto carinhosamente. Se olharam com ternura de maneira rápida para que ninguém mais percebesse tamanho carinho e o platinado fez uma leve carícia na mão que o agarrou.
— Seu filho da puta. Só você pra me fazer rir agora.
Disse isso querendo dizer que o amava. Era a melhor maneira de expressar como se sentiam em relação um ao outro. Entraram na despensa na fraternidade ainda rindo muito. A música baixou e o som abafou quase por completo.
— O que você quer?
— Pega o que você quiser aí. Eu como qualquer coisa. - O moreno ficou recostado no batente da porta.
— O que você quer, Suguru?
Repetiu a pergunta com ênfase para conseguir uma resposta.
— Pode ser uma pipoca doce, mas pega o que você quiser aí, caralho.
— Sabe o que eu quero?
— O que?
— Quero um beijo seu.
— Vem cá, am...
O platinado largou o que pegou com as mãos e atacou o amigo. Pôde jurar que ouviu a palavra “amor", escapando entre seus lábios. Seus dedos se cruzaram no caminho de suas costas e não houve nem pedido de permissão para a língua.
Foram direto para um beijo quente e lento, daqueles que em filmes românticos clichês eram destaque para a câmera. Suas bocas já estavam dormentes e um sorriso brotava nos dois.
Gojo não era bruto ao puxar o rabo de cavalo do moreno. Adorava ver seu cabelo longo solto caindo pelas costas - assim como o de Lexie. Abriu os olhos por alguns segundos e acariciou a bochecha de Geto, quebrando o silêncio e o barulho de baba:
— Não acho que consigo fazer isso. Somos nós três.
— Ei, tudo bem. Seremos nós três de agora em diante, tá? Tentar não mata ninguém.
Um abraço caloroso surgiu. A noite havia sido longa e depois de tanto verem, precisavam de um sossego.
No entanto, quando voltaram, saíram da bolha em que estavam. Lexie ainda estava babando o ovo da menina ruiva e parecia não querer parar tão cedo. Ainda tinha resquícios absurdos de um passado incrível ao lado dela.
Entrou em estado catatônico em pouco tempo. Éxtase puro e o efeito não era da droga. Era da garota. Maxine era foda. Foda pra caralho em todos os sentidos. No bom e no pior, com certeza.
Tinha seus momentos. Puxava Lexie como um fantoche quando queria e se esse não fosse o caso, Lexie iria do mesmo jeito. Uma amizade descompassada em que ambas não sabiam exatamente o que precisavam, muito menos o que queriam.
E isso ficou claro quando Evans olhou para sua esquerda e, apertando os olhos, viu Geto segurando a mão de Gojo. Eles estavam andando depressa com um pacote de salgadinhos nas mãos.
Geto olhava para trás como se procurasse por sua felicidade e Gojo, por sua vez, estava em busca de sua melhor versão.
Tudo aconteceu tão rápido que a morena mal sabia o que falar. Ficou boquiaberta, com a fala entalada na garganta. Era algo tão bom e ao mesmo tempo tão ruim que ela só podia ficar parada para processar. Enquanto a roda toda conversava e tentava desvendar esse novo mistério entre as duas, ela só existia.
*Na hora começou a tocar “Just give me a reason”, P!nk.
— Max…
Bem a sua frente não dava para fazer desfeita. Havia conseguido o que sempre sonhou e se sentia muito ingrata por não dar o devido valor. Mas o coração pedia espaço. Pedia que ela fosse atrás de outras pessoas e só saísse de lá correndo como um raio.
— Desculpa.
Então, foi o que fez. Se levantou do sofá em um solavanco que quase derrubou Maxine. Invadiu a multidão em seguida. Começou a empurrar todo mundo, deixando a roda antiga para trás. As lágrimas ainda estavam ali brotando em seus olhos e o sentimento de culpa foi substituído por alívio.
Quando encontrou quem procurava, foi mais rápido ainda. Não queria deixar chances para o acaso destruir.
Eles estavam parados trocando um pouco de conversa com um saco de doces em frente ao corpo.
— Quem sabe nós poderíamos tentar outras coisas. - O platinado queria se convencer de que estava tudo bem.
— Que coisas? Só se for um psicólogo.
— Também. Sei lá, eu não sei o que fazer.
— Ela também não deve saber.
— Será que ela namorava esse tempo todo?
— Nunca vi uma aliança e não havia nenhum contato estranho no celular dela, então não.
— Você olhou o celular dela, Suguru?
— Não, não! Eu só puxei o olho quando ela estava mexendo.
— Bom, talvez seja nossa hora de ir embora daqui.
— Você tá louco? E a faculdade? Não podemos ficar na sua casa.
— Podemos ficar na sua.
— Não. É perigoso pra você ficar com os meus pais lá. Não deveríamos fazer nada disso.
— Você me protegeria, não é?
No final, o mais forte só precisava disso. Abrigo.
— Sempre.
Ambos deram um riso frouxo e triste. Gojo apoio a cabeça no ombro do amigo e logo retomou a conversa:
— Eu não consigo olhar pra ela e não poder fazer nada, cara. Não consigo.
— Quem eu quero enganar? Nem eu.
— Eu tenho tido pesadelos outra vez.
O moreno ficou em silêncio como se estivesse pensando em uma solução. No entanto, nada parecia factível. Não poderia fazer nada sem a vontade de Lexie. Eles ficariam no escuro para sempre.
“Pra sempre” era real. Geto soube assim que ficou bons momentos com Evans. Se não fosse ela, não seria outra pessoa. Era o mesmo que sentia com o platinado. Não sabia muito bem como agir, sua postura sumia, as palmas das mãos suavam e o peito palpitava mais que o normal.
Um sorriso brotou, sincero, no lábio de Lexie ao ficar a centímetros deles. Não prestava atenção na conversa. Dava apenas para ver suas feições viradas para o lado oposto da morena, a qual fez o que o coração mandou.
Correu um pouco mais até enlaçar os dois com os braços e iniciar um abraço doloroso para os três. Sua cabeça recostada entre a barriga dos dois e o joelho fraquejava a ponto de levar-lhe para o chão.
Gojo olhou para o amigo e não hesitou em segurar Lexie, tentando erguê-la para retribuir o abraço. Geto agiu da mesma forma, pegando-a pela cintura e recostando a cabeça na curvatura do seu pescoço.
❛ oh, tear ducts and rust ❜
Na penumbra que parecia nunca ter fim, iluminados pelas janelas abertas do lado de fora, as sombras dos três se entrelaçavam uma última vez como se fossem uma só.
❛ we’re collecting dust but our love is enough ❜
O ar estava carregado de uma melancolia densa, que parecia sufocar cada suspiro, cada batida de seus corações emaranhados em pura confusão.
❛ no, nothing is as bad as it seems ❜
E sufocava de verdade.
❛ we’ll come clean ❜
Lexie não conseguia dizer nada. Apertava os olhos se convencendo de que o final das suas histórias seria bom enquanto eles só pensavam em um jeito de fazê-la feliz pelo menos uma vez na vida.
❛ we can learn to love again ❜
Ela ergueu as mãos e deixou seus dedos deslizarem lentamente pelo rosto deles, como se quisesse gravar cada detalhe, cada contorno. Geto segurou a mão que o acariciava, trazendo-a aos lábios num beijo suave e reverente.
Os olhos azuis de Gojo, normalmente tão vivazes, estavam obscurecidos por uma tristeza profunda e um sentimento de perda total. Ele se inclinou, e seus lábios se encontraram em um beijo que continha todo o amor, a dor e a despedida que palavras nunca poderiam expressar.
Era um beijo de almas que sabiam que aquele momento seria eterno, mesmo que seus corpos fossem separados pelo destino. Lexie sentiu as lágrimas quentes de Gojo misturarem-se às suas, cada gota um testemunho silencioso do que jamais poderiam recuperar.
Ao lado deles, Geto observava com uma expressão de resignação sombria. O amor que sentia por amor era maior do que qualquer coisa na galáxia. Ele se aproximou, envolvendo ambos em um abraço que era ao mesmo tempo protetor e desesperado.
❛ we’re not broken just bent and we can learn to love again ❜
O calor de seus corpos entrelaçados era uma frágil tentativa de preservar o que estava prestes a ser desfeito. Lexie sentiu o coração partir mais uma vez ao perceber a firmeza e a tristeza nos braços de Geto. Eles entenderam que era uma despedida.
"Vamos sempre estar juntos, de alguma forma", sussurrou Geto, sua voz rouca e quebrada pela emoção. Lexie assentiu, incapaz de encontrar palavras que pudessem aliviar a dor insuportável que apertava seu peito. Gojo apenas fechou os olhos, permitindo-se um último momento de vulnerabilidade entre aqueles que mais amava.
Lexie não esperou mais nada para levar os lábios até o moreno, o qual a aguardava pacientemente. O momento não era fácil para pressa, o que os fez segurar uns aos outros naquele beijo como se o mundo estivesse caindo.
Sentiram todo o tipo de emoção.
Inclusive surpresa. Quando Evans sentiu uma lágrima - que não era sua - na bochecha, abriu os olhos. Com as mãos de Geto no seu cabelo, entendeu que aquilo se tratava de uma súplica. Um pedido de “por favor, não nos deixe”.
O tempo parecia ter parado, congelado naquele instante. A ausência dos abraços e do toque parecia um abismo impossível de transpor. Lexie, Gojo e Geto ficaram ali, em silêncio, de luto pelo que nem tinham conquistado.
E assim, com corações partidos e esperanças desfeitas, eles se separaram. A promessa de uma vida toda ecoava como um sussurro distante, perdido no vento frio da noite que começava a cair.
— Eu acho que amo vocês.
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