𝐕𝐈𝐈
˖˙❛ 𝐒𝐄𝐗, 𝐃𝐑𝐔𝐆𝐒 𝐄 𝐄𝐓𝐂. ❜ ꜝꜞ
07 … ❨ capítulo sete ❩
━━ por você, eu sangraria até secar.
escrito por 𝖗𝖊𝖈𝖈𝖆𝖜 𝖊 𝖒𝖘𝖚𝖌𝖚𝖗𝖔
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Gente, peço de coração que vocês votem e comentem, isso motiva mt as autoras a postarem o capítulo mais rapido:)
Boa leitura!
Tokyo, 2022
Dias atuais
A regra era clara. Depois de alguns dias de felicidade, vinha o dilúvio. Quase como um tsunami ao consumir por inteiro a cabeça da garota. E Lexie não tinha opção a não ser ceder. Esperar tudo aquilo ir embora.
Mas, naquele dia em especial, era o aniversário de alguém especial. Alguém que foi embora cedo demais da dança e fazia falta. Muita falta.
Nos tempos atuais, ninguém dá um coração esperando que alguém retribua com outro. Mas, Evans sabia que sua mãe apostaria tudo por ela, se ainda estivesse viva.
Essa angústia a circulava e arranca de seu corpo, por dias a fio, o seu "eu" de ontem. Mesmo assim, sempre que a data se aproximava, ela tentava se distrair. Outros corpos, outros bares, outros cheiros…Outras emoções.
Ainda podia, depois de anos, citar quantos minutos e segundos se passaram desde o último olhar profundo que sua mãe havia lhe lançado, mas revelaria mais do que todos mereciam saber sobre ela.
E, mesmo não se passando das cinco da manhã, o quarto exalava um forte cheiro de embriaguez. Cacos espalhados pela madeira clara e líquido incolor escorrendo das paredes; vodca sob medida para luto e noites mal dormidas.
A menina abriu o Instagram, atualizando a página de minuto a minuto. Nada de publicações. Verificava o "online" do WhatsApp de segundo a segundo, esperando que de alguma forma as mensagens fossem chegar.
Não conseguiu cerrar os olhos desde a meia noite, depois que voltou a fraternidade. O dia era especial, uma estrela brilhava mais que as outras. Quarenta e nove anos do seu maior orgulho e tristeza, ao mesmo tempo.
Maior amor. Quatro anos sem olhar em seu rosto. Não iria querer a ver chorando, no entanto, não teve nem a oportunidade de dizer o que desejava.
Logo bateu um aperto no peito ao remexer suas fotos ontem. A mão dela ao redor do seu ombro e ela obviamente irritada com toda sua energia positiva.
Afinal, toda família tem um mais legal. Alguém bom de verdade. Ela era muito mais que só um exemplo. Era um lar; o motivo pelo qual Lexie sempre voltava.
As duas nasceram com força nas veias, mas era quase impossível não sentir fragilidade ao falar sobre a mãe. Era uma ferida aberta; como se fosse ontem. Nunca iria se curar.
Doía mais ainda saber que ela era a culpada. Foi ela que fez o estopim chegar, com todas suas manias e jeitos. Uma sequência abrupta de lágrimas escorria duplicadamente pelo seu rosto, enquanto abria a janela e soluçava para fora.
Não havia como explicar o amor do mesmo sangue. Ligações de alma. Mesmo do céu, da terra, das águas, sempre seria filha de sua mãe. Independente de todas as brigas, reclamações e mal criações.
Foi uma morte cruel, pensava. Apesar de levarem seu corpo material, ela a sentia ao seu lado sempre que estava atrasada pra faculdade, ou quanto via passar uma borboleta branca lentamente sob seus olhos.
Como um anjo da guarda.
Acordar sem vê-la sentada no sofá era a parte mais triste. Chamar seu nome sem obter respostas, pular do precipício sem ninguém para lhe segurar.
Pelo menos agora estava a salvo de toda maldade que o mundo leva, afinal, nem todos estavam preparados para ter uma alma tão linda vivendo entre nós.
Luto é como viver uma vida em silêncio e outra, gritando por socorro. Incansável e dolorido.
Então, tentou formular algo como o que desejava ser capaz de falar para sua mãe, olhando para cima:
— Eu espero que você não esteja brava comigo. Mas, olha, eu só… - Pausou, sentindo o nó se formar mais uma vez. — Só sinto sua falta. Mais do que tudo. O que eu mais queria era seu colo. Seu abraço, seu sorriso, seus conselhos ridículos e seu carinho. Só isso. Enfim, não quero ser ridícula demais por estar falando sozinha, até porque eu sei que você odiava o seu aniversário e só comemorava porque eu adorava apagar a vela do bolo, mas, feliz aniversário, tá? Parabéns, mãezinha. E obrigada por ser a melhor pessoa do mundo. Eu te amo. Muito, muito, muito.
Capítulos novos, experiências e aprendizados. Pequenos passos e nenhum deles foi para trás. Mas, também não a levaram para lugar algum.
Olheiras gigantes impediam-na de gostar de si mesma e o saquinho do lado da cama já estava vazio.
Trovejava, derrubando cubos de gelo pesados no corrimão da escada de incêndio. Sem a visão clara, tentava ler e desembaralhar as pequenas letras em itálico na capa do seu cigarro.
Vinte anos e tão sofrida desse jeito? Sentia pena de si mesma. Sentia raiva. Desgosto. Dor.
Correu até a cama, abafando um grito com o travesseiro. Coitado era o cara do quarto ao lado, que escutava aquilo, além dos choros e soluços.
Estava quase hiperventilando. Inquieta, ela ia de um lado para o outro. Sem parar um segundo, revistou o espelho e sentiu asco vendo sua figura.
Revirou a estante onde estavam todas suas coisas, para o chão, fazendo todos os vidros se estilhaçarem e os líquidos pingarem.
Desde quando odiou viver? Desde quando se perdeu e não conseguiu se encontrar mais?
Todos os dias eram torturantes e mais ainda agora, no aniversário de sua mãe, que se matou por culpa dela. Pelo fardo que carregava de ser sua mãe.
Alguns gritos destaparam sua garganta e ecoaram por todo o corredor, estremecendo tudo ao seu redor.
As lágrimas também desciam sem parar. Lexie Evans se sentia um bebê, necessitada de colo e qualquer tipo de afeto.
Deu um soco no espelho, estilhaçando-o em pedaços, cortando sua mão e fazendo o sangue pior de seu rosto.
Gemeu de dor, gritou vários palavrões, mas não pensou em parar. Revirou os armários a procura de mais saquinhos com suas drogas, porém naquele minuto, tudo parecia distante.
Por que nunca conseguia ser feliz?
Por que sempre eu?
Batidas na porta e alguns chamados do lado de fora a tiraram do eixo. Meio agitada e sem senso de noção - devido ao uso das substâncias ilícitas - ela engatinhou até a grande parede.
Estendeu uma das mãos para cima, tentando girar a chave e destravar a maçaneta, mas não obteve sucesso. Tentou mais vezes, ainda ouvindo as vozes chamando do lado de fora.
Quando a tranca fez barulho, a mulher se jogou para trás, sob seus cotovelos. Os olhos fixados nos três pés em sua porta.
— Que barulheira do car….
Satoru, que estava preparado para dar uma bronca na garota, parou ao observar quarto a dentro.
Mais de vinte garrafas de bebidas, as paredes com aspecto molhado, o sangue nas cobertas e no piso e um pó branco espalhado por praticamente toda madeira do chão.
Sukuna foi o primeiro a entrar e correr até Lexie, que não parecia nada bem, embora não admitisse.
— Evans? Que isso?
— Meu Deus. Você tá bem?
— Tô. - Ela levantou os cotovelos de apoio, batendo as costas no chão bruscamente, as lágrimas não paravam de cair. — Vão embora.
— Você que, tecnicamente, abriu a porta… - Suguru repensou a frase assim que os olhos da menina o encontraram, penetrantes.
— São quatro da manhã, Evans. Porra.
— Cuida da sua vida, Sukuna.
— Ei, calma aí.
— Me deixem sozinha!
O rosado se sentou do lado da garota, notando que em seu rosto se formaram pequenos arranhões. Ele, então, notou o espelho quebrado e a estante vazia e ligou o quebra-cabeça.
— Você se machucou.
— Não enche o meu saco. Cai fora.
Evans não tinha paciência naquele instante. E não poderiam culpá-la. Um dos sintomas mais comuns da depressão era esse. A irritabilidade.
— A gente só ouviu uns barulhos estranhos e viemos ver o que estava acontecendo. Só isso. – Satoru explicou.
— Foda-se. Eu não poderia ligar menos.
— Você precisa arrumar essa bagunça. – Geto olhava o quarto ao redor.
— Vão embora.
— E limpar aqui dentro. Tá com um cheiro podre. - Os dois homens olharam para Gojo com negação, sem acreditar que ele falara algo assim. — Quer dizer, podemos te ajudar.
— Vão embora, agora, cacete! – Lexie jogou um livro que estava caído ao seu lado, a tirando-o na direção dos dois amigos.
Diante daquilo, Suguru já ligou o celular e mandou uma mensagem para Maki e Shoko, pedindo para que as duas viessem o mais rápido que pudessem.
Nenhuma resposta foi rápida como queria. Então, começou a ligar para as garotas sem parar, até que uma delas atendesse. Shoko assentiu e foi buscar Maki, para irem até lá.
Satoru foi para dentro, encostando a porta assim que os outros dois caras entraram. Já começou a ajudar com o que podia recolhendo as garrafas, enquanto Lexie continuava com os olhos cheios d'água, caída no chão, com a cabeça escondida entre os joelhos.
Suguru e Sukuna fizeram o mesmo, cada um tentando organizar uma coisa. O moreno juntando os cacos de vidro com cuidado e o outro colocando todas as roupas de volta no cabide e, em seguida, no armário.
— Merda, vai sobrar para mim.
— Cala a boca, Sukuna. Não reclama.
— Ah, Geto, porra! Vai dizer que não enche o saco? Eu não tenho filha, caralho.
A dupla sentiu o corpo ferver. Tamanho era o desrespeito.
— Pode até encher….
— Mas você tem uma amiga, não tem? Então cala a porra da boca e começa a ajudar. - Satoru perdeu a paciência, pegando na sua camisa e o ameaçando.
De certa forma, eles entendiam Lexie. Talvez porque já estiveram no lugar dele, ou só porque desejavam que algum dia, alguém fizesse isso por eles.
— Eu já disse, cara. Eu quero que vocês vão embora! – Por um momento a garota tirou o rosto dos joelhos, apenas para gritar com eles.
— E a gente já disse que não vai! Inferno de mulher. - O único que era capaz de tirar um sorriso dos outros naquele momento era o platinado. Só ele.
— Olha…fique aí. Quieta, de preferência. Só fique aí e deixe a gente aqui.
Sukuna mostrava preocupação da maneira mais bruta possível. Ainda sim, era uma preocupação.
— Eu não sou uma criança.
— Não mesmo. Sabemos disso.
— E eu sei me virar sozinha.
— Tem uma vassoura aqui? - Suguru perdeu um pouco da própria paciência, tentando permanecer neutro.
— Por que caralhos teria uma vassoura aqui? – Lexie mantinha o tom grosseiro.
— Vai lá buscar, Sukuna. Lá no lavabo embaixo da escada.
— Puta que pariu. – O rosado bufou.
— E, Sukuna. Faz um favor.
— Hum?
— Deixa na porta. Pode ir embora.
Ele revirou os olhos, mas pensou duas vezes em deixar sua amiga machucada, ali no chão. Inclinou o corpo para frente, na direção onde ela estava e fez um carinho na sua testa. Com a mão dura, como se acariciasse um cachorro.
— Se precisar de mim, não hesite em chamar.
— Vai embora.
— Se cuida, pirralha.
Marchando para o lado de fora, deixou os três sozinhos no quarto. Um silêncio absurdo entre eles por alguns minutos.
— Vá pra cama. – Geto mandou.
— Não.
— Vá logo. É mais confortável.
— E eu preciso limpar o chão! – O platinado também incentivou.
Percebendo que a mulher ia continuar na teimosia, ambos pararam o que faziam e a pegaram pelos braços. Um de cada lado, a incentivando a levantar.
Ela não protestou. Foi em direção a cama, se cobrindo com o cobertor por baixo do lençol. Ficou encarando a janela aberta e sentindo o vento no rosto.
Era triste. Muito triste. Como o fim do mundo parecia chegar mais perto de toda crise. Afinal, foi-se o tempo que os medicamentos faziam efeito. E também nem poderia tomá-los com o uso das drogas. Era risco de ataque cardíaco e mais inúmeros problemas.
— Por que você não canta?
— Que?
— Canta. De cantar.
Ela ainda não entendia o comentário do moreno.
— Quando fica irritada. Ou triste, ou sei lá. Deveria cantar. – Suguro a olhou por um momento. — Às vezes cantar pode te ajudar.
— Ele tem razão, Lexie. – Satoru também a olhou. — Porque você não canta sua música preferida?
— Eu não sei cantar. – A mulher se encolhia ainda mais na coberta, os machucados expostos ardiam.
— Você não engana a gente. Você disse que era ruim em apenas cálculos e tocar piano. – O platinado tinha razão.
Duas batidas na porta. Geto saltou de onde estava e a abriu, pegando a vassoura que pediu
Geto pediu para Lexie cantar de novo.
Evans não respondeu. Sabia que não podia argumentar sobre isso. Ligou o celular e abriu o Spotify, pesquisou o nome da música, bem baixinho, o som de “Yellow” começou a ecoar pelo quarto.
Fechou os olhos, sem ligar para muita coisa além do barulho das cerdas da vassoura batendo contra os vidros no chão.
Pílulas e mais pílula jogadas pelo chão e ela nem ligava. Todo o dinheiro que ganhava do pai dela era pra isso e amanhã, assim que acordasse, estaria com os seus bolsos cheios da mesma maneira. Pra gastar da mesma exata maneira.
Não era certo daquele jeito. Ninguém deveria sujar as mãos por ela, mas ali, naquele quarto, ela se sentia mais do que incapacitada. Sem rumo ou força alguma. Estava mais frágil do que uma taça de cristal.
Cantarolava a música baixinho, os meninos que varriam tinham um sorriso pequeno no rosto, encantados pela voz da garota.
— And your skin, oh yeah, your skin and bones. – Lexie fungou, em baixo tom, enquanto cantarolava em um quase sussurro. Lembrou que aquela era a sua música e de sua mãe, a qual ela sempre amou. — Turn into something beautiful…
Lexie tinha pequenos espasmos enquanto cantava por causa do choro. Os meninos haviam percebido isso, por mais que achassem que a garota nunca choraria na frente deles, estava bem claro o quão vulnerável Lexie estava.
— You know, for you i'd bleed myself dry. – Soluçou. — For you, I'd bleed myself dry.
Sentia como se estivesse com 17 anos novamente, na pior época da sua vida, chorando nos braços de sua mãe, enquanto era o aniversário da mais velha.
A verdade era que Giovanna sempre viveu por Lexie, sua vida girava em torno da sua filha. Sempre foi assim.
A mais velha sempre se sentiu na obrigação de cuidar e proteger a mais nova do mundo inteiro, e nunca quis um final terrível para ela.
Mas era inevitável, um dia os pais morreriam e deixariam seus filhos no mundo, porém, Giovanna sempre disse que Lexie iria vencê-lo e contrariar as estatísticas.
Ela não havia vencido. Não mesmo.
A vida acabava com ela cada dia mais, e a morena sabia que tudo seria mais fácil, se sua mãe estivesse ao seu lado.
Infelizmente nem todo faz de conta se realiza em um piscar de olhos, ou uma volta no tempo.
Verdades, por vezes, eram difíceis de engolir. E embora fosse uma merda se mostrar tanto assim, não tinha escolhas naquele momento.
Com a batida soando leve em seus ouvidos, ela foi ficando mais suave. Ainda chorava um pouco, mas estava melhor. O efeito eufórico da droga já havia se esvaído.
Em mais alguns minutos, a dupla recolheu o pó pelo quarto e limpou as paredes, que pareciam suadas de tanto álcool.
Também juntaram o restante das roupas nos cabides e recolheram o lençol sujo para mandarem a lavanderia na manhã de segunda.
Porra, não custava ajudar um pouco. Além de que eles eram os responsáveis por conter o barulho na fraternidade. Especialmente durante a madrugada de um domingo.
Optaram por permanecerem em silêncio, ouvindo a garota, até as amigas, Shoko e Maki, chegarem.
Quando ambas adentraram o cômodo, se depararam com uma cena atípica, mas não questionaram nada. Apenas deitaram ao lado de Evans e se cobriram.
Maki estendeu o braço, aconchegando a cabeça da morena em seu peito e Shoko abraçou, de lado, a mesma. As três, grudadinhas, no conforto de uma noite fria e triste.
Lexie tinha saído da fase irritadiça para a tristeza. Naquele momento só queria chorar e sentir a dor.
— Shh, estamos aqui. Vamos te ajudar com o que precisar. - Shoko foi usando todo o seu pouco conhecimento de psicologia para acalmar a ansiedade da amiga. — Não precisa esconder nada da gente.
— Quer uma água? Um biscoito? De repente, um brigadeiro? Eu busco pra você.
— Não precisa. Eu queria um papel higiênico na verdade.
Não podia limpar suas lágrimas e todos os fluidos do seu rosto na manga da camisa pra sempre. Então, necessitava do rolo.
— É pra já. - Satoru, em um passe de mágica, lhe estendeu o papel.
— Obrigada.
— Tá vendo? Eles só tem cara de maus.
Evans não tinha vontade de sorrir, mas mesmo assim, queria se mostrar melhor para que pudesse chorar sozinha, sem ninguém no quarto.
— Eu achava que vocês eram diferentes.
— Diferentes como? Malvados e idiotas?
— É.
— Nós também achávamos isso de você. - O comentário do moreno era sincero. Não tinha nada de implicação.
— Geto!
— Não, não! É verdade.
— O que você achou da gente, de primeira? - Maki se colocou na conversa, afagando a cabeça da nova amiga.
— Que vocês eram legais.
— Alguma coisa mudou?
— Nada.
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Evans levou em um solavanco, ouvindo vozes. Não se recordava do dia anterior, apenas de que teve uma breve conversa com os amigos antes de capotar.
Maki já não estava mais lá, nem Shoko. Mas não questionou nada.
Levou um baita susto vendo a dupla caótica simplesmente sentada no chão do seu quarto, sem camisa, conversando.
Eles estavam com cara de sono, mas pareciam ter acordado já faz um tempinho.
— Posso saber porquê vocês estão no meu quarto?
— Que mal agradecida, em. - Seu tom soava brincalhão, mas falou um pouco sério.
— Viemos ajudá-la ontem a noite, caso você não se recorde. – Suguro a recordou.
— Bem, eu não pedi ajuda.
— É só falar uma palavra, Evans. Uma. - Satoru se levantou, enfiando uma blusa. Agora já estava com o pavio curto.
— Não enche.
— Satoru…
— Não posso nem me ausentar pra ir ao banheiro e vocês já estão brigando? Pelo amor de Deus. - Shoko saiu do banheiro, secando o cabelo em uma toalha qualquer.
— Desde quando minha casa virou um hotel?
— Casa? Nós somos os donos aqui. - O moreno ria enquanto falava. Era o único achando graça da situação.
Estava tentando fazer uma limonadas com os seus limões. Bem azedos.
— Ela pegou a minha toalha! – Lexie apontou para a amiga.
— Ela estava no armário, guardadinha.
— E desde quando nós viramos empregados? – Satoru franziu o cenho.
— Eu já disse que ninguém pediu pra vocês limparem!
— Recolhe as garras, gatinha. - O platinado ironizou. — Dá um tempo, vai.
— Eu já vou embora.
— Eles só estão de mau humor, Shoko.
— E eu com isso? Eu, em.
— Não, Shoko! Fica, por favor.
— Você acabou de falar que sua casa não é hotel!
— Minha casa. - O platinado implicava com tudo, nesse momento.
— Que seja. - Evans revirou os olhos com tanta força que eles quase foram parar nas costas. — Shoko, fica. Por favor. Eu preciso de uma companhia hoje.
— Vou pensar. Só se você prometer controlar esse seu mau humor.
— Por favor.
— Tá vendo? Nem ele aguenta.
O moreno só sabia rir, com as mãos na cabeça, para tentar esconder aquilo de alguma forma.
— Do que você está rindo?
— Vocês acordaram assim porque?
— A gente ficou não sei até que horas limpando esse quarto ontem e ela acorda sendo grossa desse jeito?! Faltou eu catar bosta!
— Tá reclamando do que, Satoru? Pior sou eu que sai de casa uma hora da manhã pra vir pra cá.
— Ei. Vocês podem parar com isso? - Suguru tentou intervir, observando que a expressão de Lexie de pouco a pouco se fechava.
Shoko e Gojo continuaram o argumento.
— Teve que varrer o chão feito uma vagabunda?
— Pelo menos você dormiu um pouco, né? Eu com a insônia que eu tenho e vocês me ligando…
— Deixa de ser criança.
Lexie ponderou antes de falar o que queria. Achava melhor só esclarecer algumas coisas para ter uma espécie de álibi.
O caos era crescente. Se não tomasse alguma providência, tudo pioraria.
— Hoje é aniversário da minha mãe, tá bom? E ela está morta.
Um silêncio mortal se instaurou no quarto. Shoko com a boca aberta, sem saber o que falar; o riso de Suguru se fechando e Satoru engolindo seco, percebendo que estava dificultando ainda mais um dia já difícil.
Achava que o celular teria ficado ligado a noite toda tocando músicas baixinho e na hora que todos fizeram silêncio, United in Grief começou a tocar. Só a melodia arrepiou todo mundo.
Não falava muito sobre sua mãe. Na verdade, eram pouquíssimas pessoas que sabiam disso. E tinha um motivo.
— Eu estou me sentindo mal, só isso. Desculpa. Agora, Shoko, pode me fazer companhia hoje?
— Dá pra negar depois disso? - Suguru reprovou a resposta, transparecendo uma pergunta “sério? sério que disse isso?” — Fala sério, eu não sei se rio ou se eu choro de nervoso.
— Relaxa.
— Foi mal. - O platinado entrou no banheiro, sem falar mais nada.
— Tudo bem. Não precisam sentir pena.
— Não é isso. É que…foi rápido demais. A informação. – Shoko coçou a nuca.
— É…eu sinto muito.
— Não se joga uma bomba parcialmente, né? Tudo bem. Enfim, o que vocês querem fazer hoje?
— Nada de drinks por hoje, Shoko. - Ele já avisou a amigaz tentando aliviar o clima.
— Até parece, Geto. Podemos tomar um sorvete.
— Naquela sorveteria perto do clube?
— É, pode ser! Podemos dar uma passada lá, também. - Satoru deu a ideia e se enfiou no banheiro, outra vez. — Vão se arrumar.
— Como eu poderia me arrumar, mesmo se eu quisesse, se você está no meu banheiro?
— Noss…
— Nosso. - Evans se corrigiu depois do comentário do moreno. — Já entendi. Só preciso tomar um banho e podemos ir.
— Eu preciso ir trocar de roupa!
— Shoko, eu te levo lá. Vou só pegar uma roupa lá no quarto e vamos. – Suguro se ofereceu.
— Ok. Eu espero aqui fora. - Ela bateu no ombro do colega e lhe disse algo, em um sussurro. — Fala alguma coisa reconfortante pra ela agora.
Suguru torceu o nariz, sentindo que tinha uma grande responsabilidade. Podia até ser bom com palavras, mas com sentimentos era péssimo. Nunca havia dito um “eu te amo” de verdade, quem dirá “eu sinto muito”.
— Evans?
— Oi.
— Eu não sou nenhum especialista no assunto, mas…se precisar, você tem com quem falar.
— É, eu sei. Definitivamente não com vocês.
— Eu tô falando sério.
Ela também estava. Porém, não queria estragar a conversa.
— Obrigada.
Ele piscou e se retirou do quarto, junto de Shoko, que mandou um beijo e também saiu.
Mais alguns minutos se passaram até que Satoru saiu do banheiro, com apenas uma toalha na cintura e o cabelo bagunçado, molhado.
Lexie não acreditava em como eles não tinham vergonha. Tomavam banho onde quer que estivessem com você de fazê-lo, e não se preocupavam que alguém os visse pelado. Estava mais para algo cotidiano. Como trocar uma meia.
— Tem alguma roupa aqui?
— Pra você não.
— Você só usa esses negócios largos, dá pra eu pegar alguma coisa. - Ele foi direto para o armário, abrindo-o e caçando algo.
— É, mas não tem nenhuma pra você.
— Eu uso o mesmo tamanho do Choso. Cabe em mim.
— Que?
— Ontem você saiu do quarto dele, com a roupa dele.
Podia não parecer, mas era um tico de incômodo em saber que o primeiro a transar com ela não foram eles e sim, Choso. Mal sabia o platinado que nem no ato puderam chegar.
— E o que isso tem a ver?
— Se você pode usar a roupa dos outros, eu também posso usar as suas.
Ela arqueou uma sobrancelha, intrigada.
— Não seria ao contrário? Eu usar as suas?
— Baby, eu não iria querer te ver de calça jeans e moletom. - Caminhou em sua direção, colocando uma mecha do cabelo da garota para trás. — Eu vou indo. Daqui a pouco eu passo aqui.
Evans assentiu e foi direto para o banheiro, parando na porta apenas para conferir se ele tinha se retirado ou não.
Acho que o Satoru Gojo cotidiano estava de volta.
Então, tirou a roupa e foi para dentro da água quente. Necessitava que aquela tensão fosse embora e que tudo que passou aquela madrugada, ficasse na madrugada.
Tinha uma grande dificuldade em sentir as coisas no tempo certo. Embora tivesse acordado mal, agora já não conseguia se sentir daquele jeito. Já estava “recuperada”, à força.
Se passaram quinze minutos até que o registro fosse fechado e ela saísse do box, limpando o espelho embaçado e vendo suas olheiras. Não eram os únicos roxos que tentava esconder por trás da maquiagem.
Quando saiu, teve uma pequena surpresa.
Por cima das cobertas da cama, estava uma calcinha sua. Rendada, rosa e bem pequena. E do lado um pequeno bilhete escrito:
“ Eu gostei dessa. Não sei se prefiro colocá-la ou arrancá-la do seu corpo. ”
Evans deu um sorriso contido, sem acreditar naquilo. Satoru Gojo era um safado. Pervertido. E ela gostava disso.
Botou seu típico top preto, com uma calça moletom e uma blusa social por cima, aberta por completo. E pasmem: a roupa íntima não foi a escolhida pelo platinado.
As tatuagens em seu peito ficaram bem aparentes, em combinação com a parte raspada na lateral da sua cabeça, que ficava mais visível com as madeixas presas.
Poucos instantes depois, batia na porta do platinado, aguardando uma resposta. Quando ele abriu, já estava propriamente vestido e a apressou para seu carro, indo já para a sorveteria.
Sentando no banco do veículo, Pray for me começou a tocar.
— Você dirige uma Lamborghini?
— Eu tenho cara que dirige o que? Um Daihatsu Mira e:S?
— Não, claro que não. Mas…sei lá.
— Você entende de carros?
— Eu me esforço. Mas é uma Lamborghini linda, por sinal.
— Ela se chama Deb. Debora.
— E você acha normal dirigir a “Debora” pelas ruas daqui? Como você deixa ela na garagem com tanta tranquilidade? Aliás, como eu nunca soube que você tinha uma Lamborghini?
— Primeiro: eu comprei ela. Ou seja, não dá pra ficar com ela intocada, né? Segundo: se alguém encostar um dedo nela, eu mato. Terceiro: sei lá. Você é estranha.
— Uau. Por dentro ela é mais bonita ainda. E ela é muito espaçosa. E confortável.
Gojo a olhava aproveitando a sensação do estofado marrom, querendo sorrir. Realmente não era normal um cara da sua idade ter um carro desses. Afinal, não era a maioria das pessoas que tinham o privilégio de estarem no lugar dela.
— Experimente fazer outras coisas nela…
— Que nojo. - Ela fez careta, afivelado o cinto. — Estou apaixonada.
— Que bom que gostou. Só não encosta muito, não. Vai que você suja ela.
— Desculpa aí, príncipe de Shibuya.
— Rei.
— Rei não. Você não tem postura para ser um.
— Ah, sim. Porque você tem, né? - Deu partida, fazendo o motor roncar.
— Eu nunca disse que tinha. Suguru tem.
Quando suas palavras saíram, o platinado se irritou profundamente. Deu para ver em seu olhar. Lexie bateu contra o banco, em um solavanco.
O velocímetro foi disparado para a mais rápida velocidade. Os olhos de Satoru vidrados em Lexie ao seguir a reta só até a estrada - que ficava consideravelmente perto.
— Diga que eu sou o rei.
— Satoru, você vai bater a porra do carro.
— Diga.
Ele acelerava mais e mais, o vento da janela aberta fazendo seus cabelos balançarem. Mais de 200 km/h e uma sensação avassaladora no peito.
— Satoru, para!
— Diga…
— Qual a porra do seu problema?
— Diga que eu sou o rei.
— Não! Satoru Gojo, para de brincadeira! Olha pra frente!
— Tic.Tac. - imitou o ponteiro do relógio.
Evans via a estrada lotada se aproximando através dos vidros fumês. Adrenalina correndo solta pela veia dela e indo para o cérebro, causando um efeito próximo ao da cocaína.
Não queria parar. Mas sabia que a partir dela, era uma questão de tempo para tudo dar errado. Seu orgulho se despedaçou quando disse:
— Você é o rei! Você é o rei!
E então, uma freada. Uma freada tão brusca que se não estivessem usando os cintos, seriam arremessados para o outro lado.
Pararam na boca da rodovia. Satoru jogou o carro para o lado, e brecou, fechando a rua em que estavam. Uma das rodas do carro se prendeu dentro da grama, quase caindo no barranco. Enquanto a outra foi em direção a um carro parado, por conta do trânsito.
Lexie Evans fechou os olhos e se segurou no porta luvas, esperando o pior. Ao abrir os olhos, estava virada para outro sentido e com o coração na garganta.
— Você é maluco! Seu imbecil. - Ela deu um soco em seu braço, o que fez com que ele grunhisse.
— Ai, porra! Deixa de ser chata.
— Chata? Você quase me matou! Nós podíamos ter morrido!
— Cala a boca, Evans.
O batimento da garota parecia não querer acalmar, mas uma hora ele o fez. Parou de pulsar sem parar, indicando que ela estava mais calma. Quando a euforia baixou, a mulher passou os dedos pelo cabelo e começou a rir.
De nervoso ou não, estava na hora de admitir que ela tinha gostado de como se sentiu.
— Sua licença vai ser caçada. Idiota.
— Talvez.
E ele entrou, em uma velocidade normal, na avenida. Como se nada tivesse acontecido.
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A chegada na sorveteria foi calma, diferente do trajeto. Ficaram conversando até chegarem lá, encontrando com Shoko e Suguru.
— Chegaram rápido, em? - A jovem que já estava lá, lambeu o sorvete recém entregue a ela.
— Trânsito na rodovia.
— Sei.
— Deus me livre.
— Nada de batons borrados, está vendo? - O platinado respondeu o amigo, dando um tapa nas suas costas e rindo, já na direção do food truck de gelato. — Vai querer o que, Evans?
— Limão e framboesa. Cestinha média.
— Não é mais fácil você ir lá com ele? Vou também, quero mais um. Vamos, Shoko.
— Não, não. Eu espero aqui. Vou falar rapidinho com a Maki. Ela está preocupada com você, amiga. Vou avisar ela.
— Ah, obrigada. Manda um beijo e agradece, por favor. Eu já mando uma mensagem pra ela.
— Tá bom.
Então, os três se viraram e foram pegar mais do doce. Não se importaram muito com a fila, já que quem já havia pago, podia ter o refil.
Suguru observou Evans fazendo o pedido e quis puxar um assunto, quebrando o silêncio:
— Caramelo com pimenta? Nunca vi esse.
— Não é tão comum. É quase um milagre encontrar esse.
— Como vocês inventam, né? O que aconteceu com o morango e o chocolate? - Gojo caçoou, pedindo o que havia falado.
— Isso é para os sem graça. O que seria do rosa se não fosse o bran…
— Branco e vermelho. Blah, blah, blah.
— Essa mulher é chata, em. - Suguru passou o braço pelo amigo. — Não quer ir lá com a Shoko? Ela já já começa a aprontar.
— Estão me expulsando?
— Não.
— Sim. - Satoru contradisse o amigo.
Lexie abriu a boca e bateu os pés até a Shoko. Fez isso de birra, mas não havia ficado brava. De qualquer forma já ia fazer o que eles tinham dito, pois ela estava quieta demais.
— Tenho que voltar cedo hoje. Minha mãe quer falar comigo. – Satoru mudou o assunto.
— Ixe. Deu ruim?
— Sei lá. Ela só me liga pra pedir favor.
— Satoru…
— Você conhece ela. Se não fosse pra isso, ela nem se importaria.
— Pelo menos, vai. Não que seja grande coisa, né. Mas, fazer o que. – Suguro encostou o ombro no de Satoru em forma de conforto.
— Ela arrumou um novo marido.
— Espera. Mês retrasado ela não tinha se casado de novo?
— Pois é. - Ele riu. Talvez fosse desgosto. — Cara, eu estou mais branco que o normal.
— Calma ai, Edward Cullen.
Eles riram.
— Cala a boca. - Tentou mudar de assunto. — Quando é a próxima festa?
— Quarta. Tem uma da Pinnacle.
— Eu quero é ficar com aquela caloura bonitinha de lá.
— Qual das? - Eles já iam em direção às meninas. — A de cabelinho rosa?
— Não! Quer dizer, também, mas…
— E a Evans? Pode ficar pra mim?
— Vamos dividir.
— Eu não divido o que é meu, Satoru.
— Vai ter que aprender. Ela mexe comigo, cara.
— Até parece que você pensa com algo que não seja seu pau.
— Ei, vai se fuder!
— Já está apaixonado? Não era você que falava que “se amarrar no primeiro semestre era coisa de idiota”?
— E é. Eu resolvo meus problemas assim.
— Como?
— Beijando mais e mais, bebendo mais e mais, fudendo mais e mais. Isso se chama ser inteligente.
— Não, isso é pedir pra ter uma overdose ou uma doença sexualmente transmissível. Ou um filho. - O platinado gargalhou diante do comentário.
— Por falar no diabo... - Shoko disse, ao reparar nos dois.
— Eu, ein, garota.
— Estávamos falando da festa de amanhã. Vocês vão? - Suguru sentou ao lado de Shoko, seguido do amigo, na beirada do chafariz ali.
— Vocês não cansam de festas? Meu Deus.
— Quase nunca. - A amiga lhe respondeu.
— Lá em LA não faziam tantas festas universitárias assim.
— Azar o deles.
— Nós vamos. Certo, Evans? Será na Pinnacle mesmo. Um espaço que a gente viu lá.
— Acho que eu não tenho escolha.
Lexie apoiou a mão na bochecha um tanto quanto desanimada, ela podia até ser uma pessoa que iria nas festas, mas na maioria das vezes era apenas para fugir de seu pai, agora que não morava mais com ele gostaria de ter a possibilidade de apenas ficar deitada na cama, mas sabia que seus amigos nunca permitiriam.
— Não mesmo. Bom que sabe. - Elas se entreolharam e riram, cutucando uma a outra.
— Vai ser uma festa do pijama.
— Vocês não sabem fazer uma festa normal sem algum tema? – Lexie franziu o cenho.
— Não.
Revirou os olhos diante a fala do platinado, se afastou um pouco do grupo para jogar fora o que não mais lhe servia e quando voltou, viu Satoru dentro do chafariz. Todo molhado, com a sua blusa branca transparente e o cabelo molhado pelas gotas que pingavam nele.
Eu apenas pisquei e eles já estão assim?
No minuto seguinte, ele puxou Suguru para dentro, fazendo o moreno derrubar o resto do sorvete no chão pouco antes de cair de costas, quase mergulhando, na água fria.
O platinado gargalhava e gritava, enquanto o moreno o olhou com feição de ódio e resmungava todos os palavrões possíveis. Shoko só sabia rir, incitando todos no ambiente a fazerem o mesmo, ou apenas olharem feio.
Quando Evans se aproximou, ela não se conteve. Riu sozinha, observando a discussão dos dois.
— A não, Satoru. Porra!
— Foi sem querer!
— O caralho que foi! Porra, mano!
— O que vocês estão fazendo? – A morena se aproximou.
— Esse imbecil me empurrou! - Geto soltou o cabelo do rabo de cavalo e foi tentando penteá-lo rapidamente.
— Você me empurrou antes!
— Eles são assim. – Shoko deu de ombros, como se já estivesse acostumada.
— Burros? Sempre assim?
— O que foi que você disse? - Satoru pareceu parar o mundo para ouvir o que a garota havia dito.
— Nada. - Lexie logo percebeu o que era.
— Você nos chamou de burros?
E, em um piscar de olhos, eles alcançaram o corpo da menina, a puxando para dentro da cascata. Shoko, em uma tentativa solidária de ajuda, enfiou a casquinha na boca e tentou puxar a amiga, mas acabou sendo levada também.
Ambas escorregaram no chão molhado pelos respingos e foram direto de encontro com a água. Estava realmente muito gelada.
Por ser um espaço um pouco fundo, elas caíram com o corpo todo dentro, molhando da cabeça aos pés.
Shoko deu um grito agudo e Evans mal podia expressar sua raiva com palavras. Cuspiu tudo que entrou em sua boca e se levantou em um movimento muito rápido. Deu dois tapas, um no braço de cada homem. Mas, não fraquinho. Forte. De ódio.
Mas não demorou muito para que toda aquela raiva passasse e eles se vissem felizes. O olhar de preocupação fora se transformando em um breve vislumbre de leveza e as cicatrizes pareciam totalmente curadas.
Corriam um atrás dos outros, como gatos e ratos. Houve até um momento em que Geto pegou Lexie no colo e a atirou na água outra vez e o platinado, para variar, pulou em suas costas, fazendo-os quase caírem.
Até que o dono do estabelecimento começou a gritar e eles saíram correndo, mais pesados que antes por conta das roupas ensopadas e os pés gelados.
Enquanto isso, Lexie Evans não poderia ter uma memória melhor que aquela em um dia tão especial. Se sentiu bem. Esqueceu do porquê chorava horas antes.
A real era que, com eles, as coisas mais idiotas pareciam as mais maravilhosas.
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