𝐏𝐑𝐎𝐋𝐎𝐆𝐎
˖˙❛ 𝐒𝐄𝐗, 𝐃𝐑𝐔𝐆𝐒 𝐄 𝐄𝐓𝐂. ❜ ꜝꜞ
00 ... ❨ prólogo ❩
━━ é um novo dia, é uma nova vida.
escrito por 𝖗𝖊𝖈𝖈𝖆𝖜 𝖊 𝖒𝖘𝖚𝖌𝖚𝖗𝖔
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Los Angeles 2018
16h42 sexta feira.
"você é o que você consome"
Durante sua vida toda, Lexie escutou essa frase. Incontáveis vezes. Sua mãe sempre a lembrava repetidamente, junto da frase "nunca tome bebida que não foi aberta ou pega por você" como se fosse um mandamento. O que ambas tinham em comum? A garota não dava a mínima pra nenhuma.
Não até tal situação, em que Lexie havia se metido nos tempos recentes. Uma em que sabia que se entrasse, não sairia tão cedo.
A euforia em seu corpo, toda vez, era inevitável. Já podia sentir sua cabeça girando, a adrenalina subindo e seu nariz sangrando.
Lexie chegava às nuvens. A sensação que a cocaína trazia era algo de outro mundo, sem explicação. A fazia se esquecer de todos os problemas.
- Lexie, abra essa porta agora! - O grito estridente de sua mãe e as batidas incansáveis na porta apontavam que a mulher estaria furiosa.
Era de se imaginar o motivo.
E a verdade era a que Lexie já sabia. Sim, estava diferente nos últimos dias, e isso não passou despercebido pela mais velha, que tinha resolvido investigar a sério os acontecimentos recentes.
Ou melhor, achara plausível apenas contatar um dos antigos amigos de Lexie e persuadi-lo a falar a verdade sobre a filha. E a verdade doía como uma facada no peito.
Havia descoberto.
- Lexie Evans, eu estou mandando você abrir essa porta. Agora! - Os gritos não paravam. A cabeça de Lexie latejava de dor pelo pó que inalara recentemente.
Ela já sabia que não tinha como escapar disso. Uma hora ou outra, sua mãe descobriria.
E sempre agia conforme o passado. Ou conforme um futuro que deveria ser diferente. Pois, verdade era que sua vida era arrependimento. Tudo nela.
Lexie foi até a porta, destrancando-a e vendo o rosto irritado de sua mãe. Não sabe ao certo se havia dado permissão para Giovanna adentrar o cômodo porque não queria que o quarto fosse arrombado ou porque não tinha forças para lutar contra, então, só abaixou sua cabeça.
- Que porra é essa? - A mulher jogou um pacote no peito da mais nova, indignada.
Seu olhar trazia um vazio imensurável, quase inexpressivo. A não ser pela raiva que exalava por seus poros, até.
A menina observou o pacote jogado, vendo suas balinhas brancas agora no colchão da cama.
- Ué, são só remédios. - Ela se debruçou, pegando o plástico. - Nunca viu?
- Pelo amor de Deus, Lexie, você está se drogando? - A mulher empurrou a filha para trás. - Meu Deus. Meu Deus do céu!
Lexie nunca tinha visto sua mãe tão furiosa como naquela vez.
Se estivesse sóbria, se ajoelharia diante da mulher e pediria todas as desculpas possíveis - mesmo sabendo que nada adiantaria e não sentindo muito por aquilo, de qualquer forma - porém, não estava, e agora, seria impossível sair da sua bolha de ego e depressão. O efeito da cocaína a deixava irritada e com náuseas, fazendo todas as sensações se intensificarem.
No final, ela só queria dormir.
- Se eu falar que não, você vai acreditar? - Ela olhou para sua mãe com um olhar frio, vendo-a fazer o mesmo. - Imaginei.
A mais velha olhou para a mesa de estudo da filha, percebendo que o buraco era bem mais fundo. Um canudo e um pó branco disperso em várias carreiras estavam ali, junto de inúmeros outros pacotes vazios.
Ela se dirigiu a mesa da mais nova, pegando o que acabara de observar e jogando no lixo, logo voltando a encarar a filha.
Lexie ficou enfurecida.
- Que merda você pensa que está fazendo? Para! - Ela tentou tirar a lata das mãos de sua mãe. - Tira a mão das minhas coisas!
- Não vou ver você se matando, Lexie, não vou. - Deu outro empurrão na filha, olhou para ela e puxou o pacote que estava em suas mãos, já saindo do quarto.
Olhando acima dos ombros, retrucou novamente:
- Você tem algum problema, não é possível.
- Você me criou assim!
- Eu não te criei assim! Nem um pouco...assim. - Desdenhou.
Acho que pensou mais algumas vezes, pois antes que sua mente processasse, voltou até a cômoda e pegou todos os pacotes cheios que pôde.
- Mãe, você não pode fazer isso. Me devolve porra! - Lexie a seguia pelos corredores.
A senhora se virou rapidamente para a filha.
- Você fala direito comigo, caralho! - Apontou o dedo para o rosto da morena, ainda segurando o pacote com uma das mãos. Por um momento Lexie achou que ia apanhar. - Vá pro seu quarto antes que eu me estresse!
Lexie não questionou, apenas se virou e foi para o quarto, enquanto ainda escutava as palavras de sua mãe soando pelo corredor amplo:
- "Você me criou assim" - Repetiu as palavras da filha. - Puta que pariu. Era só o que me faltava criar uma coisa dessa.
Precisava imediatamente dormir depois disso.
Antes, pegou seu celular na cabeceira e foi diretamente no contato da única pessoa que a compreendia.
Max <3
Você: ela descobriu.
Max <3: eu avisei.
você está bem? precisa que eu vá aí?
Você: não, vou dormir.
Max <3: tudo bem, tenta descansar
lembre-se de que dormir não é a solução
amanhã a gente se fala, te busco na sua casa.
Você: ta, boa noite.
Max <3: boa noite, Lexie.
se cuida
eu amo você.
Você: eu também. eu te amo :)
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Tóquio 2022, dias atuais.
8h21 segunda feira.
- Lexie, saia logo desse quarto. Já está atrasada. - A voz do homem por trás da porta a incomodava profundamente.
- Eu já tô saindo, pai. - Lexie terminava de arrumar suas coisas, pegou sua mala e saiu do quarto. - Que saco. Não tem nem horário lá!
O homem mais velho a esperava no corredor da grande mansão. Seu terno totalmente alinhado e o cabelo penteado para trás, junto dos óculos na ponta do nariz que deixam sua aparência ainda mais sofisticada.
Um homem de classe, respeitado pelo país inteiro. Conhecido por muitos como um grande empresário, mas por Lexie, era conhecido só por ser mais um grande babaca.
Se eles soubessem como era por trás de toda fama...
- Eu quero que você se comporte, tudo bem? Você mora comigo agora e eu não quero que me envergonhe na frente das pessoas. - Avisou a filha, que revirou os olhos.
- Tanto faz. - sussurrou, pois sabia que sua fala não havia passado despercebida pelo seu pai, já que o mesmo virou e a repreendeu com o olhar.
- Toji, coloque as malas de Lexie no carro. - Ordenou para o segurança.
- Sim, senhor. - O homem se aproximou da mais nova, sorrindo para ela enquanto pegava suas malas.
Toji usava uma roupa toda preta, camiseta colada no corpo. O nome do homem bordado em amarelo no canto superior, com seu sobrenome bem aparente. "Fushiguro". Enquanto nas costas estava escrito "segurança". Na parte debaixo usava uma calça social, que marcava totalmente suas coxas bem desenhadas e fortes.
Uma perdição.
Espantou esse pensamento de sua cabeça, lembrando de que ele era muito mais velho e a conhecia por anos. Respirou fundo e seguiu para o carro.
Entrando lá, seu pai se juntou a ela. Em menos de um minuto, o veículo foi retirado da frente da mansão e partiu em direção a nova casa de Lexie Evans.
A qual estava com a cabeça encostada sobre a porta, pensando como seria sua vida daqui em diante. Cogitava se as coisas iriam se complicar mais ainda, ou se iriam amenizar um pouco.
A garota queria recomeçar. Queria se sentir viva de novo. Não com as drogas, que pareciam tirar pequenos pedaços da sua alma, e sim, com algo novo. Ou alguém.
Escutou o seu pai limpando a garganta, querendo chamar a atenção da filha para si. Lexie revirou os olhos ao pensar no sermão que levaria do pai.
- Eu quero que você se comporte, me ouviu? - Olhou para ela, e continuou. - Já basta o que eu ouvi.
- Porque você, literalmente, não para de falar e confia em mim? Caramba.
- Como?
- Isso mesmo. Pare de falar, por favor. - Amenizou o tom, com medo. - Eu só estou cansada de ouvir você falar mal de mim..
A sua reputação não era boa, estava ciente. Mas não decepcionou a vida inteira - ou pensava que não. De qualquer forma, ela sabia das consequências.
Lexie baixou a cabeça, Toji olhou para o banco de trás através do retrovisor, sabendo muito bem do que a conversa se tratava. E mesmo que quisesse intervir, sabia que não podia.
- Eu não ligo para a minha reputação. - Resmungou. - Você deveria fazer o mesmo.
- É, mas eu ligo. - Ele parecia furioso.
No entanto, Lexie queria rir. Amava irritar seu pai, mesmo sabendo o que poderia acontecer. Era quase como um passatempo. De certa forma, nem sabia de onde vinha tanta paciência, pois nem sua mãe, como seu pai, tinham algum pingo de calma no corpo.
Deixando o assunto de lado, Lexie recostou no banco, esperando que finalmente chegassem irmandade.
Ela nunca imaginou que seu pai a deixaria morar numa casa como essa, já que sabia que tudo que havia lá dentro era sexo, drogas e etc.
Além de todo dinheiro sujo por trás e até mesmo, a reputação que seu sobrenome carregava.
Mesmo assim, a jovem já imaginava que ele pouco se importava com isso. Só queria se livrar da filha. Mas não de forma literal, uma vez que ela era como um disfarce para a personalidade do homem. Era como se fingia de "bom pai".
Evans já havia pensado em ir morar sozinha, mas sabia que não podia. Seu pai era a única pessoa rica o suficiente para sustentá-la e pagar sua faculdade. Não podia largar a mão logo agora. E nem queria, na real.
Era difícil viver com ele, mas esse era o preço para tudo que tinha feito sua mãe passar ao decorrer da vida.
Parando para pensar, ela nunca soube que era tão igual ao seu pai, até conhecê-lo.
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- Chegamos, senhor. - A voz de Toji invadiu os ouvidos de Lexie, que saiu de seu mundo imaginário, logo vendo o local que estavam. - Tudo certo?
- Tudo sim. Muito obrigada, Toji.
- É. Valeu aí, Toji.
- Por nada. Senhor, vou levar as malas dela lá dentro. Aguardo no carro.
Seu pai assentiu, ouvindo a porta do motorista se fechar e o porta-malas se abrir, já falando para Lexie:
- Veja se não faça nada que eu não faria.
- Você não faria nada, pai. Literalmente.
- Exatamente. Não me faça passar vergonha. Honre meu sobrenome.
- Sim, senhor. Já posso ir?
- Já era hora. - Murmurou, crente que sua filha não havia o escutado. - Vá.
Olhou para trás uma última vez, vendo que seu pai a encarava com os óculos de sol e a cara fechada, havia acabado de pisar no cigarro.
Enfim, de todo modo, fitou a fachada do casarão.
"Nexus"
A irmandade era muito grande. Em média, mais de 20 pessoas por grupo. E todos dentro de uma faixa de 20 a 24 anos.
Estranhou. Esse não era o tipo de nome que garotas dariam para uma irmandade. Sem querer estereotipar nada. Ainda mais se todas fossem patricinhas, o que era normal na cidade. Mesmo assim, deixou passar.
Além de que não havia nenhum ornamento na porta. Ou enfeite, sequer. Nada.
Deixou passar outra vez.
Ela revirou os olhos, seguindo pelo corredor vazio e subindo as escadas.
Era um caminho longo e até cansativo para sedentários, entretanto, não foi difícil achar seu quarto, uma vez que na porta estava escrito "Evans".
Adentrou o cômodo um tanto quanto comum, notando ali uma cama de solteiro, uma mesa de estudos, armários e estantes, acomodados por paredes pintadas de branco e um lustre empoeirado.
Nada além do normal.
Sorriu para Toji em forma de agradecimento, ao ver que ele já ia se retirando. Ele retribuiu.
- Qualquer coisa é só ligar. Você tem o meu número. - Sorriu para ela enquanto passava pela mesma. - Até mais, Lexie. Boa sorte.
- Até, Toji. - O olhou de canto de olho. - Obrigada, viu?
A morena dirigiu-se até a cama, batendo a porta. Nenhuma voz. Pensou que não era algo normal.
Lexie trancou a porta e tirou os chinelos slides que tinha no pé, deixou a mala em um canto qualquer e se jogou na cama. Tudo que desejava naquele momento era um cochilo.
Então, ela apagou.
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