ೃ [020] broken laces
𝗟𝗔𝗖𝗢𝗦 𝗤𝗨𝗘𝗕𝗥𝗔𝗗𝗢𝗦
✩‧ೃ 𝐑𝐡𝐞𝐦𝐦𝐚 *Arryn* Pov༄୭࿔.
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" o sumiço de Dyana"
A mão dela estava apoiada no peito nu de Aemond, os olhos fechados enquanto gemidos escapavam de seus lábios entreabertos. Os cachos pesados caíam como cascatas pelas costas, enquanto os dedos longos do príncipe afundavam na pele do quadril com força, acompanhando o ritmo que ela alternava entre mais rápido e mais lento, tentando prolongar o momento.
Já Aemond poderia enlouquecer de impaciência. Ele não falava com palavras, mas seus gestos diziam tudo ━━ apertava-a como se implorasse por mais rapidez. A respiração saía entrecortada enquanto segurava a cintura dela, indo cada vez mais fundo, até que o estômago da lady se contorcesse em formigamento. Quando ele ergueu levemente os quadris, uma risada baixa escapou.
━━ Pelos deuses... ━━ murmurou ele, a voz rouca, enquanto os gemidos dela ecoavam pelo aposento, quase como uma melodia gravada no ar.
Rhemma deixou escapar um sorriso, as sobrancelhas franzidas, os lábios inchados e os olhos carregados de desejo. Parou de se mover com rapidez ━━ fazia de propósito. Gemeu baixo, observando-o.
━━ Rasgar minha pele não vai me fazer aumentar o ritmo ━━ disse, provocando, enquanto a visão dele debaixo dela parecia apenas intensificar o desejo de ambos.
━━ Precisamos ser rápidos, e você precisa ficar quieta ━━ rebateu Aemond, tentando se erguer. Mas antes que pudesse, ela o empurrou de volta contra a cama.
O príncipe revirou seu único olho, irritado e excitado, enquanto apoiava a mão na curva do quadril dela, observando-a dominar o ritmo.
Por um segundo, o teto pareceu girar ━━ e então ela percebeu que realmente girou. Com um baque, suas costas atingiram o colchão, e a boca de Aemond encontrou a dela em um beijo longo e profundo. Suas pernas enlaçaram a cintura dele, enquanto uma das mãos pesadas do príncipe apertava seus seios antes de segurar o rosto terrivelmente corado da esposa de Aegon.
Os lábios se moviam em harmonia, as línguas dançando em uma batalha lenta e deliciosa. A pele macia da coxa dela, intacta e sem um arranhão, agora era firmemente apertada. As unhas de Rhemma, por outro lado, arranhavam as costas de Aemond com intensidade, deixando marcas vermelhas. Ele parecia concentrado, seu corpo nu colado ao dela, movendo-se como queria ━━ mas aquilo não agradava a Rhemma.
━━ Não tenho o dia todo. Se não conseguir terminar, avise ━━ riu suavemente, encostando os lábios nos dele. Ela ergueu o quadril, buscando mais.
Aemond, então, segurou suas coxas, descruzando-as da cintura e abrindo-a enquanto voltava a entrar, alcançando o ponto certo. Ele a puxou, estalando os quadris contra os dela, ao mesmo tempo em que cobria a boca dela com a mão. Seus olhos reviraram para trás, e Rhemma gemeu abafado na palma dele, enquanto suas mãos seguravam os lençóis com força.
O ar parecia faltar, mas isso só aumentava o prazer. E então... o nó dentro dela se rompeu como uma onda quebrando, fazendo todo o seu corpo estremecer.
Com a visão clareando e os sentidos aflorados, ela ouviu Aemond gemer baixinho junto ao seu ouvido, tentando conter o som. Ele grunhiu, empurrando fundo, enquanto sentia ser completamente envolvido. Com um gemido rouco e tenso, seu rosto se contorceu em êxtase, olhos fechados e boca aberta, enquanto se derramava dentro da esposa do irmão.
Os corpos relaxaram, e Aemond desabou sobre ela, respirando pesado, tremendo levemente. Ele a viu sorrir e, com uma mão, acariciou seus cachos platinados, enquanto a outra deslizava suavemente pelas costas dela, a pele quente sob o toque dele.
Rhemma, no entanto, se levantou de supetão, sem dar tempo para mais um beijo. Já começava a se vestir. Sentindo-se de lado e um pouco carente, Aemond se ergueu e a puxou pela cintura, deixando um beijo em seu pescoço, provocando um arrepio que ele sabia que ela adorava.
━━ Me solte ━━ ela afastou a mão dele com um tapa, enquanto procurava o roupão. ━━ Sabe que hoje é um dia importante.
━━ Estou pouco me fodendo para o dia de hoje ━━ respondeu ele, tentando puxar o cabelo dela, mas Rhemma afastou o pescoço com firmeza. ━━ Volte para a cama do seu homem.
Um sorriso cruzou os lábios dela. Por um momento, ficou tentada a ceder e se deitar por mais alguns minutos, aproveitando o calor dos braços dele. Mas sacudiu a cabeça ━━ não hoje. Seus olhos doces se fecharam, e um suspiro escapou junto a uma risada baixa e harmônica, antes de ela se afastar.
━━ Todos estão se preparando. Deveria fazer o mesmo ━━ disse, tentando convencê-lo, embora soubesse que seria inútil. ━━ Sua irmã, seu tio e seus sobrinhos estarão aqui hoje.
━━ Não vou mudar minha rotina por essa sucessão de Driftmark ━━ deu de ombros, deitando-se novamente e aconchegando-se no travesseiro que ainda tinha o perfume dela. ━━ Alicent está no lugar do rei. Acha imprevisível a escolha?
Rhemma o encarou, pensando em como dizer que a rainha era louca. Nas últimas conversas particulares, a mulher parecia mudar de opinião a cada instante.
━━ Maegor deseja treinar com você ━━ anunciou, ao vê-lo voltar o olhar para ela.
━━ E por que ele mesmo não veio pedir? ━━ perguntou, aproximando-se para sentir o perfume adocicado da esposa. ━━ Ele não se acha um homem?
━━ Ele acha você... meio assustador ━━ respondeu, rindo ao sentir as mãos de Aemond subirem subitamente até sua cintura, massageando-a. ━━ E você não faz nada para mudar isso ━━ completou, arrancando uma risada dele.
━━ Ele é uma peste.
━━ Pare. Não o chame assim ━━ Rhemma o afastou, temendo que alguém entrasse. Já deveria estar cuidando de Maerys. ━━ Leve-o. Ele quer passar mais tempo com o verdadeiro pai dele.
Aemond fechou os olhos, se entregando por um momento à visão dela. Rhemma sempre sabia persuadi-lo.
━━ Você vai assistir? ━━ perguntou.
━━ Eu o levarei até lá para vê-lo ser derrotado por você ━━ respondeu, sorrindo. Sabia que Aemond nunca deixava Maegor ganhar. ━━ Seja gentil com o nosso menino.
━━ Ele tentou fugir para o Fosso dos Dragões e montar Vhagar ━━ lembrou Aemond. ━━ Ele poderia ter morrido.
━━ Fique tranquilo, meu amor. Ele disse que vai esperar a sua morte para tentar montá-la novamente ━━ disse Rhemma, escondendo o sorriso.
━━ Manda ele tentar ━━ pediu Aemond, observando-a fechar o roupão. ━━ Fique comigo.
━━ Talvez depois ━━ respondeu ela, caminhando em direção à porta secreta. ━━ Se for gentil com as crianças e não rir de Maegor por usar a espada de madeira.
━━ Se for para você voltar, darei a ele espadas de verdade.
━━ Eu mato você se fizer isso.
━━ Obrigado por me acordar assim esta manhã ━━ disse, malicioso.
Rhemma suspirou, sem saber se o som era de exaustão ou excitação. Virou-se para encará-lo.
━━ Você é tão cretino ━━ murmurou, revirando os olhos enquanto as bochechas esquentavam ao lembrar por que havia entrado no quarto dele.
Aemond riu, deitando o rosto no travesseiro. Rhemma fechou a porta da passagem, deixando-o para trás.
Alicent higtower Pov
Segurava o vestido enquanto tentava sair da sala do pequeno conselho, a mente em um turbilhão com a ideia do primeiro reencontro em tantos anos. Descendo os degraus apressadamente, observou um homem roliço se aproximar. Embora seu rosto fosse familiar, não se lembrava do nome, apenas de como todos o chamavam: o eunuco.
━━ Vossa Graça ━━ cumprimentou ao alcançar o final da escada. A ruiva o encarou e, com um breve aceno de cabeça, apressou os passos.
Mesmo acelerando o ritmo, ela ouvia as pernas curtas dele tentando acompanhá-la. Parou de repente, soltando um pesado suspiro antes de se virar para encará-lo.
━━ Tem algo para mim? ━━ perguntou, cruzando os braços. ━━ Apenas peço que seja rápido. É um dia corrido.
━━ Perdão, não quis ser inconveniente. Sei que Vossa Graça não tem tempo a perder ━━ disse Varen, aproximando-se para que não precisasse falar alto demais. ━━ Mas houve um incidente.
━━ Seja mais objetivo.
━━ A criada da Lady Rhemma.
A rainha franziu o cenho, apertando os lábios enquanto o encarava com a testa enrugada. Sabia que sua nora mantinha apenas uma criada oficialmente ━━ alguém de confiança para guardar segredos e cuidar das crianças.
━━ O que houve? ━━ sussurrou. ━━ Aconteceu algo com as crianças?
━━ Não, graças aos Sete, as crianças estão bem ━━ respondeu Varen, tentando acalmá-la. ━━ O incidente foi nos aposentos do príncipe Aegon... A moça veio até mim depois do ocorrido.
Alicent engoliu em seco, piscando rapidamente ao tentar afastar os pensamentos que surgiam sobre o que poderia ter acontecido nos aposentos de Aegon.
━━ É grave?
━━ Eu chamaria de... ━━ hesitou, buscando as palavras certas ━━ um desentendimento que deixou a moça apavorada. Não se preocupe, deixei-a com Thalya antes que contasse a mais alguém.
━━ Fez bem ━━ murmurou, assentindo enquanto ponderava o que fazer a seguir.
━━ Perdão por continuar a perturbá-la, minha rainha ━━ Varen prosseguiu, interrompendo seus pensamentos ━━ mas a Lady Arryn questionou a ausência da única criada. Não são tantas para memorizar...
━━ Não poderia inventar alguma desculpa para Rhemma até que tudo seja resolvido? ━━ sugeriu ela, já considerando ir até os aposentos do meistre antes de confrontar a nora.
━━ Rhemma não acreditaria em qualquer desculpa ━━ respondeu ele, a ideia já firme na mente. ━━ Estranharia se Dyana sumisse sem pedir permissão. Mas darei um jeito nisso.
Sua voz era confiante e tranquila. Alicent o encarou olho no olho, agora mais interessada.
━━ Qual é mesmo o seu nome?
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Rhemma Arryn Pov
Mesmo tentando disfarçar, Rhemma estranhava não ver Dyana nos aposentos. A criada sempre estava lá, pronta para ajudá-la, trocando a bebê que agora choramingava no berço. Sem outra escolha, fez sozinha a rotina da pequena Maerys: trocou as fraldas, vestiu-a e a alimentou. Depois de entregar a filha para Varen, foi tomar banho sem a assistência das outras criadas, apressando-se para que os gêmeos não perdessem a aula matinal. Maerys ainda era amamentada, mas os irmãos só aceitavam o desjejum se estivessem com a mãe.
Quando entrou no aposento das crianças, encontrou brinquedos espalhados pelo chão. O pequeno papagaio, que Aenys havia adotado recentemente, estava empoleirado no ombro da menina, repetindo palavras no seu ouvido. Aenys ria sempre que o pássaro beliscava sua orelha delicadamente.
━━ Querida, não é hora de brincar com animais ━━ repreendeu Rhemma, sentando-se em uma cadeira e ajustando o vestido.
━━ Vou levá-lo para minha casinha, mamãe ━━ respondeu Aenys, focada em oferecer ao pássaro um pedaço de maçã cortado.
━━ Demorou, hein ━━ reclamou Maegor, cruzando os braços. ━━ Íamos comer sem a senhora.
━━ Perdão ━━ disse, enquanto Varen a servia. Notou o olhar desconfiado do eunuco, embora ele não dissesse nada. ━━ Dyana sumiu. Vocês a viram hoje?
━━ Foi ela quem me vestiu ━━ anunciou Aenys, inflando o peito e exibindo orgulhosa o vestido lilás. ━━ Disse que combinava com os meus olhos.
━━ Será que sequestraram ela? ━━ Maegor perguntou com entusiasmo, seus olhos brilhando de animação. Ultimamente, andava fascinado por histórias de piratas e aventuras.
━━ Vocês sabem para onde ela foi? ━━ indagou, agora fixando o olhar em Varen. Por um breve segundo, ele arregalou os olhos, antes de balançar a cabeça em negação e voltar sua atenção ao prato à sua frente.
Ele sabe de algo.
━━ Uma dama não conta fofocas, mamãe ━━ disse Aenys, fingindo um tom de seriedade.
━━ E você é uma dama? ━━ provocou Maegor, com a boca cheia.
Alicent higtower Pov
━━ Eu a trouxe para cá imediatamente, quando o eunuco me contou ━━ explicou Thalya, em tom baixo, inclinando-se para o ouvido da rainha. ━━ Ela não contou para mais ninguém, Majestade.
No chão do aposento, uma jovem loira estava de joelhos, com a cabeça baixa, chorando aos pés da rainha. Alicent hesitou por um instante, lançando um olhar inseguro a Thalya antes de abaixar-se. Tocou de leve no ombro da moça, ajudando-a a se levantar até que suas faces se encontrassem.
━━ Venha aqui, querida ━━ murmurou Alicent, sua voz suave, enquanto acariciava o braço da serva. Observava com atenção cada tremor da menina. ━━ Diga-me seu nome e o que faz.
━━ É Dyana, Vossa Graça, se me permitir ━━ a jovem respondeu em soluços, os cabelos desalinhados, os olhos azuis cheios de lágrimas. ━━ Sirvo a Lady Rhemma.
━━ Dyana é um belo nome ━━ Alicent sorriu suavemente, reconhecendo-a agora. Sempre via a serva próxima dos netos. ━━ Soube que você se envolveu em um problema.
Dyana engoliu seco, sua garganta apertada como se carregasse um nó. Os olhos permaneciam fixos no chão, envergonhada e assustada, como um pássaro acuado. Sabia que devia contar, mas a memória do que aconteceu fazia suas mãos tremerem. Alicent, no entanto, esperava pacientemente, exigindo que ela prosseguisse.
━━ Eu estava servindo as crianças, Vossa Graça ━━ começou, a voz entrecortada pelo choro. Tentava se controlar, mas as palavras vacilavam a cada esforço. ━━ Depois, o príncipe me chamou... Eu estava trocando a princesa Maerys, mas ele pediu que eu levasse o vinho até ele. Coloquei a taça na mesa e... ━━ Dyana parou, apertando os olhos, como se tentasse apagar a lembrança. ━━ Quando me virei... Eu não o vi.
Alicent juntou os próprios lábios, desviando o olhar para o chão enquanto ouvia os detalhes.
━━ Eu pedi que ele parasse, Majestade, eu pedi... Juro. Tem que acreditar em mim ━━ soluçava agora, desesperada. Tremendo e descomposta, implorava por compreensão.
A rainha tocou suavemente o rosto da moça, os braços a envolveram por um breve momento, oferecendo um conforto fugaz.
━━ Obrigada por compartilhar ━━ murmurou, acariciando o rosto de Dyana com os dedos. Seus olhos eram melancólicos, mas sua expressão permanecia serena. Com o polegar, limpou uma lágrima que descia pela bochecha da serva. ━━ Eu acredito em você.
━━ Acredita? ━━ Dyana perguntou, ainda tremendo, a esperança brilhando em sua voz.
━━ Acredito ━━ confirmou Alicent, sua voz baixa e firme. Mas então deu um passo para trás, unindo as mãos na frente do corpo. Seu tom endureceu. ━━ O que me preocupa, no entanto, é o que os outros vão pensar. Você estava sozinha com o príncipe, não estava?
Dyana hesitou, mas assentiu. ━━ Sim... Estava.
━━ E ninguém viu o que aconteceu entre vocês dois. Se alguém souber disso...
━━ Eu não contei para ninguém!
━━ Mas contou para o eunuco, para Thalya, e agora para mim ━━ Alicent a corrigiu, com a voz levemente severa. Uniu os lábios em uma linha fina, o olhar frio. ━━ Embora eu acredite em sua inocência, pergunto-me o que o povo pensaria dessa situação. Ou pior, o que Lady Rhemma pensaria. Ela pode achar que você tentou desonrar seu marido. Ou que é o tipo de garota que seduz os príncipes. Você sabe o que acontece com esse tipo de menina?
A porta do aposento se abriu abruptamente. Todos os olhos se voltaram para o homem que entrou, carregando uma sacola. Era Varen. Seus olhos pousaram sobre Dyana, carregando uma mistura de simpatia e gravidade. A jovem suspirou, como se ele fosse sua única salvação.
━━ Eu não diria mais uma palavra, Vossa Graça, nem sob ameaça ━━ implorou Dyana, as mãos unidas em súplica. ━━ Juro.
Alicent observou Varen por um momento, então caminhou até ele. Pegou a sacola que ele trazia. Abriu-a e conferiu seu conteúdo antes de entregá-la a Dyana. Lá dentro, moedas e um colar de safiras ━━ as joias pertenciam a Lady Rhemma. Alicent lançou-lhe um último olhar, enfim entendendo a desculpa que dariam.
Roubo.
━━ Pelo aborrecimento ━━ disse friamente, entregando a sacola.
Dyana recebeu o saco com as mãos trêmulas, seus olhos se enchendo de lágrimas novamente. Mas sua atenção foi atraída para Thalya, que se aproximou com uma jarra e uma xícara.
━━ O chá, Vossa Graça ━━ anunciou Thalya.
A rainha segurou a jarra com calma, despejando o líquido na xícara, enquanto Dyana chorava em silêncio.
━━ É melhor termos certeza ━━ comentou Alicent, entregando a bebida à serva.
Dyana tomou a xícara com mãos trêmulas e entornou o líquido, lágrimas caindo de seus olhos enquanto engolia o conteúdo. Tossiu levemente, limpando os lábios com as costas da mão, enquanto Alicent a observava perdida em vergonha.
[...]
Alicent corria pelos corredores, ignorando os cumprimentos que recebia. Não tinha tempo para cortesias. Sentia a bile subir pela garganta enquanto o peso do que havia feito e do que estava por vir consumia seus pensamentos. O dia seria tumultuado ━━ os preparativos para a petição entre Lucerys Velaryon e Vaemond sobre Driftmark mantinham o castelo em frenesi.
Sem hesitar, abriu a porta dos aposentos de seu filho.
━━ Levante-se! ━━ gritou assim que entrou, encontrando Aegon jogado na cama, como um corpo sem vida. ━━ Levante-se, Aegon!
O príncipe permanecia imóvel. Alicent puxou o lençol de cima dele com força, expondo sua nudez sem cerimônia. Aegon se cobriu com um braço, piscando os olhos, tentando entender quem o acordava aos gritos.
━━ Mãe... O que houve? ━━ murmurou, a voz pastosa e arrastada pela bebida.
━━ "O que houve?" ━━ repetiu ela, ainda gritando. ━━ É só isso que você sabe dizer?
━━ Aconteceu alguma coisa? ━━ resmungou, fingindo interesse, antes de virar-se de lado novamente.
━━ Dyana ━━ cuspiu o nome, esperando uma reação que não veio. Ele a olhou com indiferença, e Alicent continuou. ━━ A menina, Aegon! ━━ Sua voz se tornava mais ríspida a cada palavra. ━━ Aquela que você humilhou e desgraçou, mantendo na sua companhia!
Aegon bufou, ainda confuso, como se não soubesse de quem ela falava.
━━ Pelo amor dos deuses, Aegon! ━━ ela gritou, as mãos tremendo de raiva. ━━ A serva de Rhemma!
━━ Ah ━━ ele finalmente murmurou, rolando na cama. ━━ Foi só uma diversão inofensiva. Ela não precisava agir daquela maneira...
O horror estampou-se no rosto de Alicent. A explicação casual do filho era insuportável.
━━ Pense na minha vergonha! ━━ gritou. ━━ Na vergonha da sua esposa! Ela é a criada de Rhemma, como você pode continuar com esse comportamento?
A indiferença de Aegon apenas alimentava o ódio crescente em sua mãe. Alicent sentia sua paciência evaporar.
━━ Não posso mais esconder o que você faz ━━ ameaçou, a voz carregada de fúria. ━━ Vou contar para Rhemma.
Os olhos de Aegon se abriram de imediato. Ele sabia o que isso significava. Se Rhemma soubesse, perderia a única pessoa que ainda o tratava com alguma gentileza. Ele se levantou, agarrando o lençol para cobrir a nudez.
━━ Você não pode ━━ disse, sua voz trêmula, mas séria. ━━ Por favor, mãe, não conte a ela.
As súplicas de Aegon apenas intensificaram a raiva de Alicent. Ela o empurrou de volta na cama e começou a desferir tapas em seu rosto e corpo.
━━ Por que você faz essas coisas?! ━━ ela gritava enquanto o golpeava.
━━ Por favor, mamãe, não conte a ela... ━━ implorava, protegendo o rosto com os braços, lágrimas caindo de seus olhos.
Mas Alicent não parava. Continuou até que toda sua raiva fosse esgotada, até que seus próprios braços estivessem cansados. Finalmente, ofegante, recuou, segurando o estômago enquanto tentava recuperar o controle.
Aegon soluçava baixinho, encolhido, ainda implorando para que sua mãe não revelasse nada a Rhemma.
━━ Você não é meu filho ━━ disse ela, fria, os olhos cravados nele com desprezo.
Aegon parou de chorar naquele instante. Respirava pesado, ainda assustado com a ideia de Rhemma descobrir. Para ele, ela era tudo que restava. A única pessoa que ainda lhe dava atenção, que o abraçava durante a noite, que lhe dizia palavras de encorajamento ━━ doces mentiras, mas que ele precisava ouvir.
━━ Eu não pedi por isso ━━ murmurou, abaixando os olhos enquanto pegava o lençol do chão e o enrolava em torno de si. ━━ Eu faço tudo o que a senhora pede. Faço tudo o que Rhemma pede. Eu tento, e tento, mas nunca sou o bastante. Não para a senhora, nem para o papai, nem para Maegor... Nem para minha esposa.
Rhemma andava pela Fortaleza Vermelha à procura de Dyanna, mas não a encontrava. Ela então deu a Varen o pedido para que a procurasse e pedisse que acompanhasse Maegor da biblioteca para o pátio, onde treinaria com Aemond. Aenys logo iria para sua aula de pintura. A rotina tinha se tornado definida para os gêmeos: o menino com aulas privadas, além de montaria e o início do treino.
━━ Você viu Dyanna? ━━ ela pergunta para Alicent assim que a vê no corredor. Parecia atordoada, segurava as próprias mãos e, por um minuto, parou para encará-la. ━━ A minha criada. ━━ Explicou, mas a rainha levantou a sobrancelha sem entender, fazendo com que ela repetisse. ━━ A serviçal loira. Preciso da ajuda dela para vigiar os gêmeos.
Alicent permanecia imóvel, encarando-a com uma guerra interna dentro de si. A ruiva a surpreende ao dar passos apressados, se aproximando e abraçando a platinada, que permanece confusa.
━━ Aconteceu algo, Alicent? ━━ questionou, apoiando a mão nas costas da rainha, tentando afastá-la.
━━ Não, está tudo bem ━━ soltou a nora, alisando o vestido preto com o colar da Estrela dos Sete destacando-se à frente. ━━ Vamos cumprimentar os convidados.
Começou a andar na frente, com passos rápidos, forçando Rhemma a se apressar para acompanhá-la. Alicent parecia animada para vê-los, afinal, não os encontrava desde o casamento.
Quando as duas adentraram os aposentos do rei, viram de imediato Rhaenyra e Daemon conversando. O marido estava sentado, segurando a mão da princesa, que, com a outra mão, apoiava-se no topo da barriga inchada ━━ exatamente como Rhemma se lembrava de que ela fazia sempre que estava grávida.
━━ Princesa Rhaenyra, Príncipe Daemon ━━ Alicent disse aos dois. ━━ Quanto tempo não desfrutamos de vossas companhias.
Foi o suficiente para Daemon fechar os olhos, irritado com a voz da rainha, coçando a têmpora. Os dois só trocavam palavras respeitosas por conta dos títulos; Rhemma sabia que, se não houvesse essa barreira, seriam como dois piratas em um bar.
━━ Sim, Vossa Graça ━━ Rhaenyra cumprimentou, mas não parecia nada satisfeita.
━━ Vossas Altezas ━━ a mais jovem sorriu, caminhando até as cortinas e as abrindo. ━━ Estamos todos felizes pela chegada dos dois ━━ Rhemma falou calorosa.
Mas nem mesmo todo o calor amolecia a irritação e a frustração do príncipe e da princesa, que se sentiam oprimidos pelas mudanças feitas no castelo. Com o tempo, Rhemma encorajou Alicent a trocar tudo que não as agradava: a ruiva introduziu estátuas da Fé, enquanto Rhemma encheu o castelo de bobos, cantores, dançarinos e qualquer outro tipo de distração que aliviasse suas frustrações e agradasse os hábitos das crianças que criava.
Ainda circulava o fato de que nem Rhemma nem Alicent cumprimentaram os dois com toda a cortesia que a herdeira e o futuro consorte mereciam.
━━ Não o suficiente para recebermos os cumprimentos pela nossa chegada ━━ Daemon lançou, fazendo com que o sorriso de Rhemma sumisse, enquanto um arrepio percorreu sua espinha.
━━ Eu peço perdão ━━ respondeu de forma passiva, mesmo que mentisse diante da falta de educação do homem. ━━ Tive que trocar os curativos do rei Viserys pela manhã. Sinto muito por não ter mantido o aposento arrumado.
Ela apontava na direção do homem doente na cama, que quase não ouvia, pois, de fato, não esteve lá pela manhã ━━ estivera com Aemond.
━━ Essa bagunça ━━ Daemon olhou ao redor: a maquete com incensos e os brinquedos dos netos do rei ━━ não me parece fruto de uma tentativa de arrumação.
Rhemma engoliu em seco, mordendo a própria língua para não demonstrar que, por alguma razão, a presença de Daemon a deixava nervosa. Odiava ser questionada, ainda mais depois de anos sem vê-lo.
━━ As crianças estiveram a manhã toda com ele ━━ Alicent a defendeu, mesmo achando incomum que a nora só agora abrisse as cortinas. ━━ O rei as adora.
Rhaenyra a encarou em silêncio, unindo os lábios em uma linha fina e assentindo lentamente enquanto alisava a barriga antes de deferir as próximas palavras, cobertas de acusações.
━━ Tenho certeza de que a rainha e a lady estavam ocupadas, meu amor ━━ Rhaenyra disse, voltando-se para Alicent e Rhemma. ━━ O que eu e você sabemos sobre governar um reino?
━━ Eu não governo, como você bem sabe ━━ Alicent disse na defensiva. ━━ Meu pai e eu apenas administramos a vontade e sabedoria do rei.
Vendo o clima pesar, Rhemma caminhou até a cama do rei, pegou uma xícara com leite de papoula e o ofereceu à boca dele. Depois, secou os lábios do que escorria com seu próprio lenço, parecendo o mais inocente possível para que ambos os lados não a notassem além de como uma figura calorosa e dedicada ao rei.
Mas aquilo não satisfez o príncipe.
━━ Como exatamente ele expressa sua sabedoria, hum? ━━ Daemon lançou com tom ácido. ━━ Piscando os olhos? Ofegante? Ficaria surpreso se ele lembrasse o próprio nome.
Os olhos de Rhaenyra e Daemon buscavam explicações, não só de Alicent, mas também de Rhemma, que participava ativamente do tratamento do rei. Ela largou o pescoço do homem, o deitando novamente, e se aproximou, segurando as próprias mãos. Então, recuou da cama e respirou fundo antes de responder:
━━ A condição do Rei Viserys tem piorado desde a última vez que o viram ━━ disse, o tom frio contrastando com a doçura habitual. ━━ Tenho cuidado dele com toda a dedicação.
━━ Há! ━━ Daemon soltou uma risada curta, sarcástica, mas Rhemma o ignorou.
A mulher fechou os olhos, irritada, mas logo retornou com sua máscara de boa menina. Desde que se mudou, teve que aprender a dominar a arte das máscaras.
━━ Os conselhos dos meistres... ━━ Alicent tentou intervir, mas foi interrompida.
━━ Sim, os meistres, é claro ━━ Rhaenyra deu passos à frente, se aproximando das duas. ━━ A lady Arryn vem sendo instruída por eles, não?
━━ O quê? ━━ Rhemma soltou, confusa.
━━ São eles que mantêm meu pai confuso com tanto leite de papoula, enquanto os Hightower aquecem o trono ━━ acusou Rhaenyra.
Rhemma ficou em choque com tantas acusações lançadas, não apenas contra Alicent, mas também contra ela. Os olhos fumegantes de Rhaenyra estavam fixos nela, acusando-a de conspiração.
━━ Rhaenyra ━━ chamou de forma passiva-agressiva. ━━ Meu nome é Arryn, assim como o de sua mãe e o de minha mãe, não Hightower ━━ Rhemma disse com a voz doce. ━━ Se você o visse sem o leite...
━━ Não tenho dúvidas de que foi um ato de pura misericórdia de vocês duas ━━ Daemon acusou entrelinhas, assim como sua esposa.
━━ Se os dois tivessem ao menos vindo visitar o rei, saberiam do estado dele, como toda a corte sabe ━━ Rhemma soltou, ainda se controlando para manter a boa fé que antes tinha deles. ━━ Quase cego de tanta dor, é melhor perdido em sonhos do que em sofrimento. Saberiam por que estamos tão preocupados com as dores do rei.
━━ Ele não dorme sem o leite, mal respira... ━━ Alicent contou. ━━ Estamos fazendo o nosso melhor.
Uma parte de Rhemma sabia que estavam deixando o rei mais indefeso, entregando o trono aos Hightower. Mas também culpava Rhaenyra e Daemon por permitirem essa aproximação. Nem ao menos conversavam com o povo que desejavam governar, nem mantinham laços com os lordes.
Muitos subestimavam a força do povo, o orgulho dos lordes e de seus herdeiros. Mas Rhemma não; ela não era Targaryen. As mesmas feras que os mantinham no poder estavam presas, acorrentadas, longe de seus montadores. Mil homens podiam matar um gigante, e, pelos cálculos dela, havia mais homens do que dragões com montadores.
Rhaenyra estavam uma posição sensível por uma simples razão, ela permitiu que a fizessem se sentir menor.
Exibiam a lealdade dela, algo que não podia ser dado. Afinal, quase ninguém a via como uma ameaça.
━━ Os meistres também prescreveram a retirada das insígnias Targaryen e a troca por estátuas de estrelas? ━━ o príncipe rebelde lançou para Alicent.
━━ Os emblemas dos Sete servem apenas para nos guiar por um caminho incerto ━━ Alicent respondeu, olhando para Rhemma como se buscasse apoio. ━━ Para nos lembrar de que há uma autoridade maior.
━━ E a quem você se refere quando diz "autoridade maior"? ━━ Rhaenyra questionou, séria. ━━ Amanhã, qual autoridade decidirá o julgamento da reivindicação do meu filho sobre a própria herança?
Rhemma ergueu o rosto, um sorriso sereno nos lábios enquanto Rhaenyra e Daemon suspiravam em desaprovação. Rhemma abaixou os olhos e os levantou novamente com uma serenidade fingida para si mesma, mas verdadeira aos olhos de quem a via.
━━ Não se preocupem ━━ disse suavemente. ━━ O pai é justo.━━ Fez uma pausa, levando a mão ao colar com a safira que Aemond lhe dera, o juntando com o colar da fé ━━ E tenho certeza de que a rainha esquecerá as acusações lançadas hoje nesta sala.
━━ Agradeçam ao Pai ━━ Alicent começou com a voz calma, mas ainda defensiva. ━━ Caso contrário, poderiam estar em maus lençóis neste instante.
Virando-se, a rainha se retirou, cansada das acusações. Rhaenyra a encarava, os olhos faiscando com uma ira contida, enquanto seus lábios se uniam em uma linha fina, quase pálida.
━━ O que aconteceu com você? ━━ Rhaenyra perguntou, encarando Rhemma assim que Alicent saiu. ━━ Ouvi boatos sobre você se esgueirando na presença dos Hightower. Não era essa a menina que eu deixei em Porto Real! ━━ A irritação de Rhaenyra era transparente.
━━ Eu ainda estou aqui, prima, mas agora tenho mais responsabilidades ━━ Rhemma explicou, indo até a maquete do rei e retirando os brinquedos deixados pelos filhos. ━━ Não posso ser uma criança para sempre.
━━ E agora está disposta a tirar o direito do meu filho? ━━ Rhaenyra acusou, com a voz carregada de frustração. ━━ Luke sempre admirou você.
━━ Eu jamais faria algo contra Luke; ele é como um irmão para mim. ━━ Rhemma tentou tranquilizá-la.
━━ os laços podem se quebrar com o tempo, pessoas mudam ━━ assentia alisando a mão do marido. ━━ trarei um mestre de pedra do dragão.
━━ Não deveria estar preocupada comigo ou me acusar de algo tão cruel ━━ referindo-se à acusação de manter o rei dopado. ━━ Deveria direcionar suas preocupações para Rhaenys. É ela quem senta no trono de madeira e pode decidir algo relacionado a isso. Eu sou apenas uma mulher, prima. Em um reino como este, mulheres como eu não têm poder — apenas o suficiente para seguir ordens e manter a paz. Você que tem poder; é filha do rei. Eu não sou filha de um, então, diante de todos, sou apenas mais uma mulher.
Rhemma sorriu para os dois, um sorriso calculado, antes de se retirar com a xícara de papoula e brinquedos dos filhos nas mãos. Finalmente, as peças estavam se movendo.
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FINALMENTE DE VOLTA PRO JOGO
Estava amando escrever as crianças mas finalmente o molho tá chegando. Desenvolver é um saco quando temos algo em mente pra lá na frente akakk
Estou focando daqui pra frente na relação dela com o aemond como pediram, pensando em cenas e tals, esse foi meu primeiro hot escrevendo "sozinha", digam o que acharam POR FAVOOOR
E pontos que vocês acham que devo melhorar
VOTEM E COMENTEM!!!!!!!!!
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