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ೃ [019] the coin is still in the air

𝗔 𝗠𝗢𝗘𝗗𝗔 𝗔𝗜𝗡𝗗𝗔 𝗘𝗦𝗧𝗔 𝗡𝗢 𝗔𝗥
✩‧ೃ 𝐑𝐡𝐞𝐦𝐦𝐚 *Arryn* Pov༄୭࿔.
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" quando sabe, sabe"

      Ela segurava Maerys da mesma forma que segurava seus dois primeiros no jardim. O nome foi pensado para ser a junção perfeita de "Maegor" e "Aenys", mas mesmo assim não foi o bastante para conquistar o coração dos dois irmãos. Maegor comia, espalhando frutas e pão para os lados, enquanto Aenys segurava uma galinha entre os braços, com pintinhos dentro de uma caixa, imitando o som dos animais e fingindo falar com eles. 

A mãe admirava o bebê no colo. Maerys se agitava, tentando tocar em tudo ao seu redor. Com apenas cinco luas de vida, ela já era considerada mais bonita do que os dois irmãos quando nasceram, pelo menos na visão do povo. Seu cabelo era mais longo que o das outras crianças de sua idade. Diferente dos dois mais velhos, não era tão atrevida e barulhenta quanto o irmão, nem pequena e frágil como a irmã. 

Rhemma "pintava" o rosto da bebê — diziam "pintava" quando ela passava suavemente as pontas dos dedos sobre o rosto de seus filhos, algo que fazia desde o nascimento dos dois primeiros, e também com Aemond. 

━━ Mamãe, posso mostrar Maerys? 

A pergunta a surpreendeu; não era costume que demonstrassem qualquer interesse pela irmã mais nova. Não gostava que os animais chegassem tão perto, mas era um avanço na relação que ela encorajava crescer. 

━━ Pode, querida ━━ permitiu, colocando a bebê sentada, com as costas apoiadas em seu corpo. 

━━ Olhe, Maerys ━━ a menina se aproximou, sentando sobre os próprios calcanhares. Apontava o pequeno pintinho na direção do rosto da irmã, que arregalou os olhos violetas ao vê-lo. 

Não demorou para que a pequena mão gordinha agarrasse o pobre animal e o apertasse. Antes que a irmã pudesse reagir, Maerys rapidamente o levou à boca, enquanto o pintinho piava desesperado. 

Rhemma tirou o filhote de forma rápida, enquanto ele se sacudia, com penas para fora da boca da bebê. Apesar do susto, o pequeno continuava a piar, mas Maerys chorava alto por terem tirado o que estava em sua mão. 

━━ Olhe o que ela fez! ━━ Aenys gritou, desacreditada. 

━━ Não grite com ela ━━ ordenou Rhemma, levando o rosto da bebê para perto de si. Deitou-a na curva do pescoço e começou a sacudi-la levemente, dando pequenas palmadas no bumbum até que se acalmasse. Quando a bebê finalmente relaxou, suas pequenas mãos subiram para o decote da mãe, puxando-o para indicar que queria ser alimentada. 

━━ Eu disse que ela é esfomeada ━━ reclamou Maegor, mal-humorado. 

━━ Terei que ir alimentá-la ━━ avisou Rhemma, levantando-se. 

━━ E nós temos que ir? ━━ protestaram os dois ao mesmo tempo. 

Era um dos poucos momentos livres após as aulas, e os irmãos odiavam dividir o tempo com a mãe desde a chegada da irmãzinha. Desde que completaram cinco anos, a rotina se tornara uma bagunça, com aulas, montaria e pouco tempo para brincadeiras. 

━━ Nem visitamos o Docinho, nem meu pônei de aniversário ━━ reclamou Aenys, tropeçando ao tentar seguir a mãe. ━━ Achei que tomaríamos chá na minha casinha. A senhora prometeu. 

A pequena casa da princesa ficava no jardim dos fundos da fortaleza, um presente do rei Viserys I no último dia de nome da neta, adornada com flores e pequenos animais pertencentes a ela. 

━━ Aenys, faremos isso depois. Sua irmã está com fome, e você precisa fazer o dever que a septã mandou. 

Vendo Aemond passar para ir treinar com Criston, Maegor correu até o tio, acompanhando-o e deixando facilmente a mãe e as irmãs para trás. Rhemma sorriu para o amante, mas não apenas para ele; Criston também recebeu um sorriso confuso, que retribuiu hesitante. 

━━ Senhora ━━ chamou Mathos, os olhos ainda na direção do menino que corria atrás do tio. ━━ Posso ter permissão para vigiá-lo? 

━━ Maegor quer espadas de verdade, não é? ━━ suspirou exausta. ━━ Vá. 

No aposento, Aenys apoiava o queixo na mão, observando a mãe e Dyana lavarem a bebê. Maerys batia na água, jogando-se para trás, divertida — uma diferença notável da irmã mais velha, que estava ali apenas porque não queria ficar sozinha. 

━━ Ai ━━ reclamou Aenys, levantando-se. ━━ Ela me molhou! 

As duas mulheres riram da menina emburrada. Os minutos se prolongaram; depois de lavada, Maerys foi vestida, penteada e perfumada. Uma pequena touca adornada com fios de ouro foi colocada em sua cabeça. Adormecida no colo da mãe após ser alimentada, parecia um anjo. 

Rhemma mandou que Aenys fosse para o próprio quarto, aguardando o término da aula do irmão para se arrumarem juntos e não se sujarem. Naquela noite, a fortaleza receberia um baile, e como em todos os bailes, haveria uma apresentação da pequena princesa, que sonhava em ser atriz. O rei estaria presente, e Aenys exigia que Maegor a ajudasse. 

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Assim que Rhemma adentra o aposento, depois de colocar Maerys na cama, se depara com os seus filhos compartilhando a mesma blusa. Os dois tentavam ir cada um para um lado oposto, enquanto gritavam e se debatiam.

━━ Aegon? ━━ ela chama, olhando para o homem que está sentado lendo um livro de figuras para as crianças — provavelmente inventando a história, já que o livro não tinha letras. ━━ O que está fazendo?

━━ Estou lendo para eles ━━ diz normalmente, enquanto Maegor começa a gritar e Aenys a chorar, tentando se separar. ━━ Eles brigavam o tempo todo, não me deixavam me concentrar, então tive que uni-los. ━━ Ele espreme os lábios, dando de ombros.

A explicação era tão natural que Rhemma sente vontade de rir, mas segura o riso antes de caminhar até o marido e acertá-lo na parte de trás da cabeça.

━━ Ficou doido? ━━ ela vai rapidamente até as crianças, tirando a camisa que as aprisionava.

━━ Mama! ━━ Maegor grita, enquanto Aenys chama por "mamãe".

━━ Eles se uniram para reclamar, está vendo? ━━ Aegon leva a mão à cabeça. ━━ Deu certo! Não sou tão incompetente.

Aegon vinha tentando se aproximar das crianças desde a última briga, mas nada parecia dar certo. Não era só Aegon quem insistia; Alicent, a rainha, também tinha pedido para Rhemma tentar mais, insistindo que eles se juntassem como uma família diante de todos. Alicent havia percebido o receio de Rhemma em deixar as crianças com Aegon, apesar de seus esforços.

━━ Está bem, agora escolha um vestido para Aenys enquanto eu a banho ━━ Rhemma ordena, procurando por Dyana, mas sem sinais da jovem criada.

━━ Você não tem alguma criada ou coisa do tipo? ━━ Rhemma o encara como se quisesse matá-lo, então ele levanta as mãos, rendendo-se. ━━ Por que você não faz como as pessoas normais e entrega os bebês nas mãos das amas?

Rhemma joga uma almofada nele, arrancando risadas de Maegor.

Enquanto ajuda a filha a sentar na banheira morna, Rhemma se encontra preocupada, questionando sobre Aegon em sua mente. Agora que Aenys já falava e entendia o certo e o errado, a desconfiança da mãe aumentava.

━━ Você acha que seu pai é um papai ruim? ━━ ela pergunta, lavando os cabelos encaracolados de Aenys, que levanta a cabeça para encará-la.

━━ Ele lê às vezes ━━ responde, brincando com as bolhas de sabão. Aproveitava a sensação dos dedos da mãe roçando seu couro cabeludo, uma demonstração de amor que adorava. ━━ Ele é divertido.

━━ E você gosta?

━━ Não mais do que gosto do tio. O pai conta as histórias erradas ━━ Rhemma se lembra, irritada, da vez em que Aegon transformou a história favorita de Aenys em um conto de terror, fazendo a menina chorar a noite inteira. ━━ Posso contar uma coisa? Tem que prometer não contar para ninguém.

Rhemma assente, aproximando-se da filha na banheira cheia de espuma. Os cílios claros estavam molhados, o cabelo escorria sabão pelo pequeno corpo, e as bochechas, tão vermelhas quanto os lábios, tremiam em um sorriso sapeca.

━━ Você pode me contar tudo.

━━ Acho que o papai não sabe ler, não tão bem quanto o titio ━━ as duas dividem um sorriso. ━━ Mas o titio não lê gravuras, e é meu tipo favorito de literatura.

━━ Diz isso porque ainda não sabe ler. Por isso, você deve ouvir sua septã ━━ Rhemma diz pacientemente. ━━ Você não quer ficar igual ao papai, quer?

━━ Não ━━ responde rapidamente, balançando a cabeça. ━━ Mas o papai não faz por querer.

Ela falava embolado, mas Rhemma entendia e assentia. Terminou o banho, secou a filha como se ela ainda fosse um bebê, vestiu um roupão e a levou para fora da sala de banho. Sobre a cama, estava o vestido escolhido por Aegon.

Verde, mas de um tom que não estavam acostumados a vestir quando Alicent exigia. Era um verde fechado, como musgo, com babados e tantos laços que Rhemma questionava sua própria sanidade ao imaginar vestir aquilo na filha.

━━ Gostou? ━━ Rhemma pergunta, levantando o vestido, mas era quase impossível disfarçar a cara feia para a roupa.

No fundo, Maegor entra acompanhado por Dyana, que finalmente apareceu e já o havia limpado, separado da irmã. O menino, em um mini roupão, entra animado com pulinhos, seus longos cabelos balançando ao redor, até parar ao ver o vestido que a mãe segurava.

━━ Quem fez isso? ━━ pergunta, mordendo o lábio inferior, tentando não rir. ━━ Está horrível ━━ ele diz, fazendo a irmã chorar. ━━ Parece que um dragão vomitou em você depois de comer Vhagar.

Dyana solta uma risada nasal, lançando Maegor na cama para secá-lo.

━━ Maegor, não diga isso! ━━ Rhemma o repreende, vendo-o sorrir levemente ao perceber que Aenys chorava. ━━ Seja gentil com ela.

━━ Ele é um pai ruim! Um pai bom não teria escolhido isso. Não quero usar isso, e ele lê errado também! ━━ Aenys grita, abraçando as pernas de Rhemma enquanto chorava. ━━ Maegor disse que parece que foi vomitado!

Rhemma ri, assim como Dyana, que corre para buscar outro vestido mais agradável.


A lady Arryn terminava de se vestir com um lindo vestido longo da cor de cereja, com detalhes brilhantes pelo busto e no decote dos seios. Rhemma olha para Aenys e Maegor, mas o menino, assim que vê a mãe arrumada, sorri de canto a canto, levantando o polegar na altura dos olhos.

━━ Como estou, meus amores? ━━ ela pergunta, pegando um espelho de mão e se olhando no reflexo.

━━ Muito linda, mama. ━━ Maegor elogia, junto à irmã mais velha, que sorri para a mãe admirada, se questionando se seria como ela quando crescesse.

Diferente de Aenys, Maegor ainda a chama de "mama". O pequeno príncipe sabe falar "mãe", mas ainda assim escolhe usar "mama".

━━ E como eu estou? ━━ a pequena menina pergunta, se levantando e exibindo seu vestido azul e suas pequenas joias delicadas, que a enfeitam por completo. Em seu pulso há uma linda pulseira com uma pedra de safira e, nas costas, um enorme laço para a apresentação.

━━ Perfeita. ━━ responde a filha. E, de longe, os olhos de Maegor brilham enquanto olha para a mãe e para a irmã.

Enquanto andam pelos corredores, a música do salão preenche os ouvidos dos três. Rhemma amava quando a corte estava em festa. O pequeno príncipe corre para Aegon assim que o vê no fim do corredor, mas o rosto de Rhemma fica tenso ao notar um cálice de vinho na mão do marido. Ela sabe o que acontece quando ele bebe, mas não diz nada, apenas vira para o próximo corredor.

A festa estava animada. Rhemma se senta ao lado de Alicent, que segura a mão do marido debilitado. Assim que Aenys adentra o salão de mãos dadas com o irmão, todos batem palmas para que ela e o pequeno príncipe iniciem as danças, a pedido do rei.

Maegor olha para a mãe, implorando para não ter que fazer isso, mas não adianta. Com apenas um olhar, Aemond o faz se levantar e caminhar até a irmã com passos inseguros.

Rhemma sorri para o cunhado, agradecida. O filho não obedecia Aegon, porque ele fazia todas as suas vontades, diferente de Aemond, que era mais firme. Era isso que Maegor mais admirava nele — o pequeno príncipe queria ser igual ao tio. Aenys, por sua vez, dizia que um dia se casaria com alguém como Aemond.

As pequenas mãos dos irmãos se encontram, encaixando-se perfeitamente, enquanto dançam. Os olhos de Maegor estão no chão, e as bochechas de Aenys ficam avermelhadas pela atenção de todos sobre ela.

Ele murmura "desculpa" sempre que pisa nos pés da irmã, já que ainda não havia começado as aulas de dança. Maegor nunca pedia "desculpas" ou dizia "por favor", mas ali parecia uma exceção.

Um sorriso discreto cresce nos lábios de Rhemma, enquanto sente o cunhado se sentar ao seu lado. Assistir aos outros se divertirem havia se tornado cansativo. Bebendo pouco vinho, uma ideia inusitada lhe ocorre — e, sem pensar, ela a coloca em prática.

Tirando o próprio sapato, ela se inclina pra trás descendo o corpo, roçando o pé na calça do amante até tocar sua pele. Podia sentir os pelos de Aemond se arrepiarem enquanto acaricia. Por um momento, ele a encara, engolindo em seco, e tenta esconder o sorriso, mas as covinhas o denunciam.

Ele gostava, mas não tanto quanto ela que piscava inocentemente, queria o beijar.

Não era comum o príncipe platinado sorrir, e isso faz com que um sorriso genuíno surja nos lábios de Rhemma, que continua o acariciando.

━━ Levante-se ━━ Aegon chama a dispersando, virando o cálice, o que dá tempo para ela calçar o sapato discretamente. ━━ Vamos nos juntar a eles.

Desconfortável, Rhemma aceita a mão de Aegon, que a tira para dançar. Ele ainda bebia, e o cheiro da bebida invadia suas narinas, deixando-a tonta. Do outro lado, Aemond vira um cálice de bebida forte como se fosse água, sentindo o fervor do ódio ao vê-los dançando.

A dança do marido era desajeitada, mas, mesmo assim, um sorriso surge nos lábios de Rhemma quando ele a gira. Toda vez que ele sorria torto ou quando ela chegava perto demais para sentir seu cheiro, uma parte dela se perdia nos pensamentos sobre o que aquilo significava e sobre os arrepios que causava.

Quando Aegon finalmente para, deixa um beijo suave em sua bochecha antes de ir até a mesa de petiscos, onde conversa de forma nada formal com seus amigos.

Os convidados continuam a se revezar na dança. A sala parece girar até que uma mão segura a de Rhemma, convidando-a para se juntar à multidão.

━━ Você não gosta de dançar. ━━ ela diz, sorrindo ao encarar o dono da mão.

━━ Maegor também não, mas, mesmo assim, eu o fiz dançar. Nada mais justo do que não deixar a mãe dele sozinha.

Isso a tocava. Gostava quando ele demonstrava se importar. Assim, ela aceita a mão de Aemond, mas olha ao redor, fingindo que era algo casual, como se não fosse comum estarem sempre a dois passos de distância.

O príncipe a gira com cuidado, de uma forma tão ritmada que a surpreende, como se coração falasse com coração. Maegor também dança com Aenys ao lado, enquanto a mãe dança com o tio.

━━ Não sabia que dançava. ━━ a lady caçoa, rindo ao ser girada. Pela primeira vez, o clima estava tão bom na corte que cada um parecia cuidar apenas de sua própria felicidade.

Olhando para Aemond e para os filhos, Rhemma percebe que conseguiu o que sempre desejou na infância, mas com outra pessoa. Desejava poder manter aquilo para sempre.

━━ Eu sou um príncipe ━━ ele diz, como se fosse óbvio. ━━ Danço desde sempre, mas guardo minhas danças apenas para você.

Seu olho brilhava enquanto ele a segurava novamente, em perfeita sintonia. Parecia que eram a pequena Rhemma e o pequeno Aemond outra vez. Assim que a música termina, ela segura a mão dele para se despedir e retorna ao seu lugar, agora acompanhada pelos filhos.

Não demorou para que os gêmeos sumissem e os músicos começassem a bater no tambor, indicando que todos deveriam se sentar. Um dos atores adentrou o pequeno salão silencioso, e Viserys, mesmo debilitado, batia palmas animado quando chamaram a neta. 

Aenys estava mais arrumada que o normal, mais feliz e saltitante. Corria até o avô, beijando-o e agradecendo; Maegor, por outro lado, passava pelas mesas pedindo moedas para quem quisesse assistir à apresentação. Da mesa da família, Otto foi o mais relutante, sabendo que a menina exigia moedas de ouro por uma performance que, aos seus olhos, seria medíocre. 

Maegor carregava uma sacola pesada nas mãos, remexendo-a enquanto se sentava no colo da mãe. Quando o restante dos cantores iniciou a peça como plano de fundo para a jovem princesa, ficou claro o destaque que ela recebia — mas não de forma positiva. Parecia perdida, sendo guiada pelos mais velhos que, educadamente, apoiavam suas costas para corrigir os passos ensaiados. 

O silêncio era constrangedor, e Maegor ria discretamente da irmã. Rhemma o cutucou para que parasse de zombar. Ela e Viserys eram os únicos animados à mesa, encorajando a pequena a cantar. Otto estava impaciente, Alicent tentava disfarçar sua desaprovação, e Aemond e Aegon coravam de vergonha, embora Aegon levantasse seu cálice, batendo os pés no chão como um tambor para animá-la. Aemond, por sua vez, aplaudia educadamente. 

O príncipe amante se esforçava para apoiar, até que o desgosto tomou conta ao ver Maerys — quem deveria estar dormindo, a julgar pelo rosto sonolento — ser trazida para a apresentação em um cesto. 

Aemond engasgou e se inclinou na direção de Rhemma, sem tirar os olhos da pequena bebê, cujo rosto estava pintado e enfeitado com um laço. Não podia acreditar que a mulher havia permitido aquilo. 

━━ Ela não deveria estar dormindo? ━━ ele perguntou, levantando as sobrancelhas, visivelmente contrariado. 

━━ Aenys pediu para que Maegor participasse ━━ Rhemma explicou em sussurros. ━━ Ele se negou, então ela pediu que Maerys fizesse parte. ━━ Ao receber o olhar de desaprovação, acrescentou: ━━ Não pude negar uma tentativa de aproximação. 

━━ Podia sim. Maerys é um bebê. ━━ Alicent interveio, fingindo paciência. ━━ E ainda deixou que a pintassem? Parece uma aberração de teatro. 

━━ É apenas uma pintura ━━ resmungou Rhemma, tapando os ouvidos de Maegor. ━━ Isso não fará dela uma futura prostituta. 

━━ Ela tem apenas cinco luas. ━━ Alicent cortou a tentativa de defesa da nora. 

━━ Por que não foi você, Maegor? ━━ Aegon questionou, tirando uma moeda da sacola do menino. 

━━ Quer que eu passe vergonha? ━━ o pequeno príncipe respondeu, indignado. 

O silêncio de Aemond era o mais pesado. Seu olhar fixo na filha mais jovem misturava desaprovação e um senso de proteção que Rhemma notava de imediato. Era evidente o desgosto por Maerys estar ali, sendo segurada pelos cantores, enquanto brincava com as próprias mãos, alheia ao que acontecia ao redor. 

━━ Ninguém vai passar vergonha ━━ Rhemma declarou, segundos antes de o desastre começar. 

Maerys encontrou os olhos da mãe, e bastaram poucos segundos para que seus lábios tremessem e o choro explodisse. 

Aenys, que mais sorria do que cantava, revirou os olhos, parando para apontar para a mãe e batendo o pé no chão. Impaciente e envergonhada, arregalou os olhos, indicando que retirassem o bebê antes que arruinasse a apresentação. 

A risada de alguns convidados ecoou pelo salão quando Aenys se agachou, segurando a parte de trás do cesto e o empurrando na direção da mesa maior. Para surpresa de todos, Aemond se levantou, pegando a bebê chorosa no colo e tentando acalmá-la enquanto caminhava até Rhemma. No entanto, a música alta começava a incomodar Maerys ainda mais. 

Quando a apresentação terminou, palmas educadas ecoaram pelo salão. Varen se aproximou para pagar os cantores, enquanto Aenys, radiante, corria até os avós, agradecendo e distribuindo beijos. 

━━ Você foi ótima, querida ━━ elogiou o rei, alisando as costas da neta. 

Ela era, sem dúvida, a favorita de Viserys, e adorava chamá-lo de "vovô mais amado". 

━━ Acha que serei uma boa musicista? ━━ perguntou Aenys, com os olhos violetas brilhando de expectativa. 

Rhemma considerava talvez ensinar a filha a arte da costura, imaginando que poderia redirecionar seu foco para algo em que realmente tivesse talento. 

━━ Você é melhor que isso. É uma princesa. ━━ Alicent fingiu sorrir enquanto limpava o rosto da menina. 

Após algumas horas de festa, os gêmeos, sonolentos, distribuíram suaves beijos de boa noite e seguiram com a mãe. Maegor limpou rapidamente os lábios depois. 

Enquanto saía com as duas crianças, os dedos pequenos entrelaçados no tecido de suas vestes, Aemond percebeu algo. Os três pareciam uma constelação de estrelas solitárias, brilhando juntos, mas sempre tristes. 

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         Rhemma agradecia aos deuses por Aegon estar em algum canto do castelo, provavelmente aproveitando uma das moedas que havia roubado da própria filha. 

Depois de colocar as crianças no aposento que dividiam, ela se sentou ao lado de Aenys para ajudá-la a trançar os cabelos. Enquanto isso, Maegor comia, sentado perto da janela, observando a escuridão do lado de fora. Ela havia permitido que ele comesse um pedaço do bolo, e o menino aproveitava cada pedaço como se fosse um prêmio. 

━━ Podemos dar boa noite ao tio Aemond? ━━ Aenys perguntou, chupando o dedo indicador, um hábito que Rhemma não conseguia corrigir. 

━━ Por que você quer isso? ━━ questionou, confusa, enquanto terminava as tranças perfeitamente alinhadas. 

━━ ele não leu para gente hoje, nos comportamos mal?  ━━ respondeu a menina, em um sussurro baixo, como se temesse ter dito algo errado. 

━━ não, meu  amor ━━ negou rapidamente, deixando um beijo na bochecha.

━━ Ele tem que vir aqui ━━ Maegor interveio, ainda mastigando e sem levantar os olhos, envergonhado. ━━ Só ele pode expulsar os monstros que vivem aqui. 

Rhemma suspirou, colocando as mãos no colo. Ela sabia que os filhos ansiavam pela presença de Aemond tanto quanto ela mesma, mesmo que não o admitisse. 

Quando o príncipe adentrou o aposento, iluminado apenas pela lareira crepitante, Aenys pegou um dos livros que ele não havia terminado de ler. Correu para ele, mas acabou deixando o livro cair no chão, as páginas se espalhando aos seus pés. Aemond entrou segurando Maerys adormecida nos braços. 

━━ Ouça, mamãe ━━ Aenys sussurrou, puxando de leve o vestido da mãe. ━━ Eu gosto da Maerys, mas acho que já está na hora. 

━━ Na hora de quê? ━━ Rhemma perguntou, confusa. 

━━ De devolvê-la ao grande pássaro branco ━━ murmurou, deitando-se rapidamente e escondendo o rosto sob o cobertor. 

━━ Ela já está aqui há tempo demais ━━ Maegor concordou, limpando os lábios sujos de bolo. ━━ Mande um menino para levá-la. 

━━ Quem lhes disse isso sobre o grande pássaro branco? ━━ Rhemma questionou, puxando o cobertor do rosto da filha, mas levantando-se para pegar a bebê que dormia tranquilamente nos braços de Aemond. 

━━ Eu sei das coisas, mamãe ━━ Maegor respondeu com confiança, como se fosse o dono de toda a sabedoria do mundo. 

━━ Garoto, você está começando a ouvir coisas, hein? ━━ Aemond comentou, segurando o pequeno pelas pernas e o jogando sobre os ombros com facilidade. ━━ Por que você a odeia, hein? ━━ provocou, enquanto Maegor começava a se debater. 

Com um movimento ágil, Aemond o colocou de cabeça para baixo, deixando-o cara a cara com a pequena Maerys, que dormia com os lábios levemente entreabertos, respirando suavemente. Maegor parou de se debater, observando a bebê em silêncio. 

Quando o irmão finalmente se acalmou, Aemond o lançou na cama com um sorriso travesso. 

━━ Eu não a odeio! ━━ Maegor protestou, cruzando os braços, agora sério. ━━ Por que eu odiaria ela? ━━ perguntou, sua voz cheia de inocência. ━━ Maerys parece um anjo. 

A simplicidade e sinceridade nas palavras do pequeno príncipe fizeram Aemond se abaixar lentamente, como se estivesse verificando algo sob a cama. Rhemma sorriu, sentindo uma felicidade tranquila ao ver Maegor demonstrar, mesmo que de forma relutante, carinho pela irmã mais nova. 

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[...]

            Do lado de fora, quem observasse veria Rhemma dormindo tranquilamente, mas a realidade era bem diferente. A escuridão envolvia suas visões, e o sentimento que a consumia fazia com que choros silenciosos escapassem de seus lábios entreabertos. Em seus sonhos, algo acontecia. 

Ela reconheceu o lugar imediatamente. Estava na sala do trono. 

As tochas estavam acesas, mas a sala parecia envolta em breu. Tudo ali estava diferente, como se tivesse sido arrancado do tempo e remodelado. O ambiente era frio, tão congelante que parecia atravessar a pele sensível de Rhemma. Ela abraçou o próprio corpo, sentindo um pressentimento ruim que a fez estremecer. Seus olhos apavorados fixaram-se no chão, onde avistou algo perturbador: uma fileira de crânios de dragões, de tamanhos variados, dispostos aos pés do trono. 

Tocando o colar em seu pescoço, Rhemma deu passos lentos, incapaz de desviar os olhos do menor dos crânios. Ele era tão pequeno que caberia na palma da mão, lembrando a cabeça de um gato decapitado. 

Os crânios aumentavam de tamanho à medida que ela caminhava, seus passos ficando cada vez mais apressados em busca de um fim. O brilho das tochas tornou-se mais intenso, refletindo nos ossos e deixando tudo envolto em uma luz vermelho-fogo. Um arrepio percorreu sua espinha quando ela viu, no fim da fileira, um crânio tão colossal que o reconheceu de imediato. 

━━ Vhagar... ━━ sussurrou, com os olhos arregalados e perdidos. 

Rhemma engoliu em seco e se aproximou. Estendeu a mão trêmula, tocando os ossos gelados da cabeça do dragão. O contato fez seu coração arder, e quando fechou os olhos, ela viu uma imagem fugaz: Vhagar viva, o olho azul flamejante do animal fixo nela como se atravessasse sua alma. 

O som metálico de algo girando a fez levantar a cabeça abruptamente. Era uma moeda de ouro, caindo do céu negro. Ela girava no ar até tocar o chão de pedra diante de seus pés descalços. 

A moeda rodopiava incessantemente, como se recusasse a parar. Rhemma se agachou e a pegou entre os dedos. 

Quando ergueu o olhar novamente, a sala do trono parecia ter se partido em dois lados opostos. Segurando a moeda, ela brincava com ela entre os dedos, tentando manter o foco enquanto sentia suas forças sendo sugadas pelo vazio ao redor. 

Em um dos lados, viu um menino loiro sentado no trono. Suas vestes eram pretas, e seus olhos melancólicos carregavam uma tristeza impossível de ignorar. Na cabeça, uma bela coroa reluzia, mas não havia glória em seu semblante. Aos pés do trono, uma menina de cabelos platinados estava sentada, pequena e delicada. 

O coração de Rhemma apertou. Na clavícula da menina havia uma safira, idêntica à que Rhemma carregava em seu colar. 

Ela se aproximou, observando os traços adoráveis da criança ━ mais bonita do que Rhemma jamais fora um dia. Mas mesmo com tamanha beleza, os olhos da menina eram tão tristes quanto os do garoto no trono. Duas crianças, coroadas e presas por anéis de casamento. 

O ar ao seu redor ficou pesado, como se o fogo houvesse tocado sua pele. Rhemma respirou fundo, girando sobre os calcanhares. Quando se virou, viu outro trono ━ um trono de ferro semelhante, mas este ocupado por um homem. 

Ele tinha cabelos platinados, a coroa do Conquistador na cabeça, e um porte que exalava arrogância e confiança. Seus olhos desafiadores pareciam atravessá-la, e havia cicatrizes marcadas em seu rosto. Uma delas começava na testa, cortava a sobrancelha e descia abaixo do olho. 

Mesmo assim, ele não dizia nada, nem se movia, mas sua presença irradiava força. Em um de seus dedos menores ━ ligeiramente queimado ━ brilhava um anel com uma safira idêntica à da menina. 

Rhemma sabia quem ele era. 

━━ Maegor... ━━ murmurou, um sorriso orgulhoso surgindo em seus lábios ao reconhecer seu filho. 

A moeda escorregou de seus dedos. No ar, ela continuava girando, indefinidamente.

OLÁ!!!
Aqui estou eu novamente me humilhando por curtidas 😭 votem e comentem, POR FAVOR!!
Os comentários são dos capítulos reorganizados na época, e vocês estão tão desanimados 😭

O próximo capítulo será finalmente o retorno pra série, Vaemond...

BEIJOOOS

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