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ೃ [015] cruel is your new name

𝗖𝗥𝗨𝗘𝗟 𝗘 𝗦𝗘𝗨 𝗡𝗢𝗩𝗢 𝗡𝗢𝗠𝗘
✩‧ೃ 𝐑𝐡𝐞𝐦𝐦𝐚 *Arryn* Pov༄୭࿔
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"Se um tem, o outro toma."

❝  sobre a lady Arryn, diziam que se mostrou ter tanta fertilidade quanto airosidade, no momento que pois ao mundo dois jovens, príncipe e princesa, após menos de um ano de seu casamento. ❞

{🪻}

O menino de cabelos esbranquiçados descansava, apoiando a pequena cabeça no seio de sua mãe, abrindo e fechando os lábios, perdido em seu sono. Rhemma cheirou o topo do bebê e beijou as pequenas mãos com manchas vermelhas. Ele resmungava e se remexia, acalmando-se apenas quando sua mãe murmurava em resposta.

Foi anunciada a entrada do meistre Orwyle, acompanhado pelo eunuco. A porta foi trancada, e o outro bebê, que ainda dormia, foi posto no berço.

Só havia um berço. Um ovo.

━━ Lady Rhemma ━━ cumprimentou Orwyle, como se não a tivesse visto na noite anterior, quando a ajudou a dar à luz aos filhos. Sob os braços, segurava um grande livro e, na outra mão, uma pena ━━ parabéns pelas bênçãos.

━━ Obrigada, senhor, e obrigada pela ajuda ━━ agradeceu verdadeiramente.

━━ É o meu trabalho ━━ disse, sentando-se à mesa perto da cama, abrindo o livro e recebendo o tinteiro de Varen, que olhava por cima ━━ trouxe o que pediu, senhora.

━━ Graças aos deuses. Houve um erro que deve ser corrigido ━━ sorriu atentamente, parecia uma armadilha.

━━ Perdão, qual erro, milady? ━━ perguntou confuso, movendo-se desconfortavelmente, as correntes balançando e o barulho quase despertando o sono do inocente.

━━ O nome do meu filho não é Jaehaerys ━━ negou, levantando o bebê que parecia emburrado, com o rosto redondo e sobrancelhas quase inexistentes franzidas quando saiu do calor da mãe ━━ ele se chama Maegor.

Varen sentou-se na cadeira mais próxima que viu, engolindo em seco e murmurando "deuses!" enquanto o outro se remexia, coçando a garganta. O nome era como uma maldição em seus ouvidos.

━━ O príncipe Aegon já o nomeou, e a Mão aprovou...

━━ O senhor vê meu marido aqui? ━━ levantou as sobrancelhas, olhando ao redor ━━ pode procurá-lo até embaixo dos lençóis e não verá a sombra dele. Não desejo incomodá-lo, o senhor também não, não é?

━━ Jaehaerys é um nome lindo, milady, nome de...

━━ Um rei ━━ completou. ━━ Mas eu acredito que meu filho pode homenagear outro rei além do tataravô. Não pensa o mesmo? E não queremos incomodar a Mão e o rei.

━━ Mas Maegor é um nome... amaldiçoado.

━━ Não leve em conta superstições bobas de gente leiga ━━ disse, deitando o bebê novamente ━━ sei que você é sensato.

━━ Parece que não gostou muito de Jaehaerys ━━ iniciou Varen, incomodado ━━ talvez, lady Rhemma, outro nome se não esse. Não teve muitos reis até hoje, mas temos grandes nomes na mesma linhagem ou tão bonitos quanto. Que tal Rhaegar ou Baelon?

━━ Porque você ainda está aqui, senhor? ━━ Rhemma vociferou sem pensar ━━ foi solicitado o nome de um rei, e isso ele está ganhando.

Meistre Orwyle e Varen se entreolharam, claramente desconfortáveis, mas sabendo que não tinham escolha diante da determinação de Rhemma. Orwyle mergulhou a pena no tinteiro e começou a escrever, registrando o nome escolhido.

━━ Maegor Targaryen ━━ disse Orwyle, quase sussurrando, como se o nome carregasse um peso tremendo.


Com o assunto encerrado, Rhemma deu o menino para a ama e tomou a menina em seus braços, afastando a camisola e a levando até o seio para dar de comer. Enquanto se retiravam em direção contrária, entraram Alicent e Aegon, os criados atrás deles carregando um enorme berço de madeira, decorado do início ao fim com os mais caros conjuntos.

━━ Jaehaerys! ━━ Aegon invadiu entusiasmado o aposento de Rhemma, que tentava descansar do pós-parto. A mulher imediatamente se cobriu com o lenço bordado ━━ meu garoto!

━━ Ele carrega o nome de um rei e homem Targaryen. ━━ Alicent expressou, sorrindo para o bebê no colo da ama que o acudia ━━ Poderia ser melhor? Nasceu para ser rei.

Aegon segurava seu antigo dragão de quando era criança, mostrando-o para o bebê que tentava descansar. O príncipe tentava acordá-lo a qualquer custo, pegando-o e sacudindo-o mesmo sonolento. Rhemma revirou os olhos percebendo que ele não dirigiu uma só palavra para Aenys. Ela ficaria surpresa se ele soubesse que o nome dela é Rhaenyris.

━━ Não se incomode com o que eles falam, Rhaenyris. ━━ Rhemma sussurrou para o bebê, tirando-o do seio e ajeitando as roupas. ━━ Você nasceu para ser minha.

Amava tanto que sentia o peito doer.

━━ Trouxe isso para o garoto ━━ Alicent contou, apontando para o luxuoso berço.

━━ Lindo, não? ━━ o príncipe andou até ele. A mulher reparou no tamanho, maior que o outro, muito maior na verdade. Com o dedo, chamava os criados para que movessem a cápsula do único ovo de dragão do lugar ━━ Coloquem isso debaixo do berço onde o príncipe dormirá. Só tem um e será de Jaehaerys.

Ele se virou, tentando ir em direção à porta, mas foi interrompido.

━━ Me dê ele. ━━ Rhemma pediu, entregando a menina e estendendo o braço para o marido. ━━ Não gosto que o afastem.

━━ Ele é meu filho, Rhemma. ━━ Aegon protestou, mas não demorou para a esposa se irritar e tomar o bebê por si mesma.

━━ Sim, meu querido ━━ disse entediada. Mudou o tom de voz para mais baixo, enquanto murmurava o que tinha em mente ━━ Apenas quero vê-lo seguro.

━━ Eu e a Mão estávamos com vários planos para os dois. ━━ Alicent disse, chamando a atenção da jovem mãe para que não se iniciasse uma discussão.

━━ E quais planos são esses, minha rainha?

━━ Vamos deixar que Jaehaerys cresça em Porto Real como lhe é predestinado ━━ Rhemma arqueou a sobrancelha, mesmo que concordasse. ━━ E para nossa doce Rhaenyris, a levaremos para Vila Velha, onde terá bons modos, aprenderá a fé e talvez um dia se tornará septã.

Era o suficiente para a mãe do bebê encarar como se fosse brincadeira, mas Alicent continuava séria.

━━ Você não vai fazer isso. ━━ Rhemma disse firme, a voz banhada de irritação.

━━ Uma ama de leite a acompanhará, assim como outra dará assistência a Jaehaerys quando ele ficar.

━━ Não é necessário, como pode ver. O leite que tenho serve para os dois ━━ respondeu na ponta da língua ━━ Ninguém irá para Vila Velha, são meus filhos, e devo contar que o nome dele não é Jaehaerys.

O rosto de Alicent se contorceu de confusão, assim como o de Aegon.

━━ Então qual é? ━━ o príncipe Targaryen soltou, notoriamente incomodado, sem acreditar no que ouviu.

━━ Maegor. ━━ respondeu, causando irritação em Alicent, que se contorceu.

━━ Você não está prezando pelo bem ou futuro dessa criança ━━ a ruiva mandou com o olhar para que a moça de pé saísse do aposento. Aegon estava quieto, olhando seriamente para a esposa enquanto segurava a menina ━━ Jaehaerys é o nome de um rei.

━━ Maegor também ━━ argumentou com teimosia.

O capricho da idade dançava em seus olhos violetas. Alicent, enfurecida, sorriu como quem não acreditava no que escorregava dos lábios dela.

━━ Ele foi um rei tirano! ━━ Alicent disse entre dentes, as sobrancelhas levantadas em sua expressão habitual. ━━ Quer que seu filho seja conhecido pelo nome de uma pessoa cruel?

━━ Eu quero que ele seja reconhecido por um nome que cause arrepios nas pessoas. ━━ Rhemma sorriu para o bebê, falando em deboche evidente ━━ Ele é o meu pequeno príncipe.

Rhemma queria amamentar Maegor novamente, o balançava alheia aos olhares que mãe e filho dividiam, restaurando cada vez mais o intenso silêncio.

━━ Eu não pedi que mudasse o nome do meu filho. ━━ cortou Aegon, insatisfeito, colocando a menina no berço.

O olhar de Alicent reprovava dos pés à cabeça, gritando "criança estúpida" da mesma forma que fazia na infância. Rhemma, que se sentiu novamente acuada e sem lar, olhou para seus filhos ao mesmo tempo em que assentia com a cabeça, não iria voltar atrás.

━━ Mas eu fiz ━━ confirmou.

Rolando a língua na bochecha, Alicent negava, desacreditada do que ouviu, uma barbaridade com o neto. Todos sabiam da admiração da rainha pelo velho rei, desejava que seu sangue carregasse o nome, e era isso que planejava.

━━ Espero que uma conversa entre vocês dois coloque algum juízo na sua cabeça pelo bem do bebê. ━━ indagou, se virando, mas não antes de olhar pela última vez para a esposa do filho. Fechou a porta com força, deixando-os sozinhos.

━━ Agora desejo conhecer a razão de ter trocado o nome do meu filho. ━━ o rosto do homem se contorceu em tempestade.

O ênfase do "meu" a fez revirar os olhos de forma discreta. O silêncio recaiu sobre o ar, apenas os murmúrios das crianças. Aegon nunca falou em tom de seriedade com a esposa, — nem mesmo quando a xingava na infância — mesmo que muitas vezes sobrepusesse o direito como marido em outras situações e ocasiões. Desde que fizesse suas exigências a sós, estava considerável, mas não na frente dos bebês, isso a incomodava.

━━ Você igualmente não solicitou minha opinião sobre o nome ━━ articulou na mesma entonação. ━━ Assim como nem a rainha Alicent, nem o lorde Mão. Eu almejava escolher o nome.

━━ O menino é minha prole, penso que é direito do pai escolher o nome do filho homem. ━━ seu olhar corrigia sua fala, pois olhou para a menina também, todos são dele e nada dela.

Segurou protetoramente o bebê nos braços, odiava com cada partícula do próprio ser quando Aegon a lembrava desse detalhe. Enraivecia-se ainda mais quando ele ecoava que foi criada e moldada como presente ao próprio. O rosto do marido passou a irritá-la naquele momento. Lembrou-se de algo que guardou para usar a seu favor. A bastardia do marido nunca incomodou, mesmo sabendo da origem que cada presente dado era para que acalmasse de toda humilhação, guardou para usar como arma em uma discussão.

━━ Bem, ele é o meu primeiro filho homem. ━━ articulou, observando os ombros do outro descerem e seus lábios se abrirem ━━ Diferente de você. Acha que não tenho ouvido ou olhos?

━━ Do que está falando? ━━ perguntou com os lábios amarrados, tentando fugir.

━━ A dama da sua mãe. ━━ queria gritar, mas não o fez ━━ Os boatos sujos que prefiro não acreditar, mas sei do menino pouco mais velho que o meu.

O príncipe Targaryen massageou as têmporas, sentou-se e olhou para as mãos enquanto brincava com elas, prosseguindo de cabeça baixa.

━━ Eu só... ━━ travou e, mesmo não olhando, Rhemma notou que piscava, parecia chateado ━━ Queria ser avisado.

━━ Você está sendo avisado agora. ━━ notando seus ombros cabisbaixos, Rhemma respirou fundo, sentindo ódio de si mesma, por ter que pedir perdão e o agradar se colocando no lugar de Aegon, quando ninguém nunca se pôs no lugar dela. Engoliu seu orgulho apenas para manter sua imagem, uma santa ━━ Perdoe-me, senhor meu marido.

Não a perdoou com palavras, sua alma infantil permitiu apenas que balançasse a cabeça. Não conseguia debater por mais de três minutos. 

Mexeu no bolso, tirando das vestes longas o dragão de madeira escura. Tinha um pescoço longo e asas pequenas, parecia antigo, mesmo que caro.

━━ De pro... ━━ parecia lutar para se acostumar com o novo nome ━━ Maegor, era meu quando era criança, ganhei no meu segundo dia de nome.

━━ Seu? ━━ questionou, dando passos até o objeto e pegando-o. Era uma madeira lisa, digna do príncipe e primeiro filho homem do rei, mesmo que estranhamente parecesse mais velha que Aegon. Talvez tivesse sido criado para o famoso herdeiro de um dia. ━━ Está bem cuidado. Ele vai gostar, obrigada.

━━ Tenho que ir. ━━ declarou, se levantando e virando as costas ━━ Irei vê-lo mais tarde.

Ao vê-lo sair, Rhemma deixou seu menino no berço ao lado da irmã que dormia. O balançava, se dando conta de que tem apenas um ovo e esse ovo estava guardando o berço de Maegor. Sabia que teria que pedir a Aemond que procurasse, mesmo que pertencesse a Rhaenyris por ser a mais velha. Tinha conhecimento de que Maegor se sobrepõe à irmã; se pertencia nos primeiros três minutos de vida, ele tomou mesmo vindo depois.

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O aposento, de um minuto para o outro, estava cheio de visitantes. Dessa vez, entrava o rei Viserys, acompanhado pelo lorde mão e seu guarda habitual, Sor Harold. Andava com calma, mostrando dificuldade em andar. Rhemma calculou sem esforço: em poucos meses ele não andará mais.

Em pé, aproximou-se dele, sorrindo e sentindo-se grata por ele ter se esforçado para ver as crianças. Beijou o lado sem ferimento do rosto do velho.

━━ Meu rei ━━ disse, segurando sua mão. Acenou com a cabeça para o restante dos homens. Acompanhou-o em passos lentos até sentá-lo na poltrona mais confortável. ━━ Eu não poderia estar mais honrada.

━━ Bobagem, somos família agora ━━ expressou, observando a mulher pegar um de seus próprios cobertores para cobri-lo ━━ E aumentamos com estes novos integrantes, pequenos dragões.

A platinada uniu os lábios, sabendo o que ele mostrava; ele sentia falta dos filhos de Rhaenyra, falta de crianças.

━━ Graças a Deus são mais calmos que dragões, ao menos a menina ━━ sorriu levemente. Levantou o olhar, notando Otto em pé com seu rosto habitual amarrado. Ele sabia. ━━ Lorde Mão, deseja ser apresentado aos seus bisnetos?

━━ Desejo, se não for incômodo. ━━ Mal-humorado, caminhou ao lado de Viserys.

━━ Não, não é. ━━ rebateu no mesmo tom.

Rhemma piscou, afastando-se na direção dos bebês que descansavam. Rhaenyris estava dormindo, assim como o irmão, mas seu corpo estava atrás de Maegor, o rosto avermelhado emburrado grudado nas costas do irmão, seu braço com uma leve camada de pelos brancos em cima da barriga do outro.

A lady olhou para Viserys. Ele estava doente e parecia mais fraco do que já tinha visto qualquer homem estar. Sentiu o medo dominar seus pensamentos, engoliu em seco, pegou o mais pesado e o entregou nos braços de Otto. Retornou para a mais leve, levando-a até Viserys, mas sentando ao lado dele, com olhos de águia para a forma que ele segurava o bebê, dando apoio com a mão, afinal, tinha apenas um braço.

Mesmo enrugados, os bebês tinham a aparência mais saudável que o avô.

━━ Esse deve ser o Maegor. ━━ declarou inflamado. Estava insatisfeito com a escolha e o desdém feito sobre o nome escolhido.

━━ Portanto, consequentemente esse é Aenys. ━━ Rhemma sorriu nos primeiros segundos que a fala de Viserys a atingiu, seu raciocínio mirando em ser apenas uma brincadeira, mas a voz que proferiu estava séria e amorosa.

━━ Quase isso ━━ concordou, ignorando o olhar chocado do outro homem, diferente do guarda que permanecia em silêncio ━━ Uma boa observação, vossa graça.

━━ Serão bons meninos ━━ murmurou em um devaneio.

━━ Essa é menina, meu rei. ━━ Otto o corrigiu, desgostoso com o nome que acabaram de chamá-la.

Parecia uma zombaria ao neto e à escolha de Aegon diante dos seus olhos. Todos viram em seus livros de história que o rei Aenys era um homem tolo e fraco, uma aberração para o povo. Chamar alguém assim parecia um presságio não apenas para ela, mas para o irmão. Além de tudo, ele tinha em mãos uma menina.

━━ Então uma bela princesa e um belo pequeno príncipe.

Sentindo o braço dele tremer de fraqueza, tentando esconder seu desespero, tomou a menina enquanto sorria de forma artificial, como se dissesse: tudo bem, acontece.

━━ Irei levá-los para o senhor assim que me recuperar. ━━ deu a menina, que a partir desse dia fora chamada de Aenys, para a ama que a ajudava. Tomou o único braço existente de Viserys, dando força para que se levantasse. ━━ Perdoe-me minha indisposição, não desejo que o senhor se esforce.

Viserys sentiu a doçura da voz dela, era algo familiar, do qual seu peito gritava de saudades. Os lábios dele se abriram, revelando seus dentes no início de seu fim. Afastou-se, tomando a mão da nora em honra à dele. O frio do anel gelado arrepiou a pele da mais jovem.

━━ Eu não quero que você se esforce após um parto, Rhaenyra. ━━ Todo o ar de Rhemma foi sugado. A força da fala de Viserys puxou todo o som do aposento. Ele falava com desejo e nenhuma das pessoas presentes foi capaz de corrigi-lo.

Sor Harold caminhou mais evasivo, indo atrás de seu rei e o avisando sutilmente.

━━ Já se esforçou demais, vossa graça.

━━ O meistre deve estar esperando o rei ━━ Otto concordou, fazendo uma reverência.

Os dois se retiraram, deixando apenas a lady e seus filhos, com ela, lorde mão e as empregadas que trabalhavam ao redor, como de costume. O aposento se tornava cada vez menos espaçoso com os presentes e tudo que lhe era deixado para as duas crianças.

━━ Podem sair, ━━ anunciou em tom grave. Otto continuava a balançar o bebê robusto, seus olhos focados nele como um prêmio. ━━ Preciso ter uma prosa em particular com a lady.

Não precisavam de resposta. Após o rei, Otto era o mais poderoso dos sete reinos. Rhemma o olhou com atenção, ajudando a moça e tomando a filha para que saíssem. Sentia-se incomodada e desconfortável com a tensão que o homem exalava ao mesmo tempo que segurava o bisneto nos braços. Parecia irritado e protetor.

Sentiu as palavras presas em um gaguejo dentro de sua garganta. Odiava parecer uma criança na presença de suas proles. Estava acuada, ameaçada; tinha uma mão, mas a outra estava em posse contestável.

━━ Poderia me entregar? ━━ sondou, empenhando-se em aparentar ser condescendente.

━━ Confie em mim, ━━ murmurou, não devolvendo. Assistia à esposa do neto soltar a filha, mas não largava o que detinha. Almejava ter todo o foco, e sabia que com isso nos braços, teria toda a atenção. ━━ Ela parece com sono. Não quero que fique sobrecarregada.

━━ Me dê, não é uma carga, lorde mão.━━ Apertou a manga do vestido, puxando e puxando, tentando segurar-se para não roubá-lo.

━━ Mas parece que quer transformá-lo em uma, ━━ argumentou irritado, não o devolvendo. ━━ Por que mudou o nome? Não pensa nas consequências disso?

━━ Como assim?

━━ Deixou que a idade afete sua orientação. Isso é maior que você.

━━ Não sou criança, ━━ argumentou, aborrecida.

━━ Quem dera fosse apenas criança, do que uma inconsequente, ━━ pareceu querer gritar, segurar os ombros da mais jovem e sacudi-los. ━━ Lembre-se que servi o velho rei e sirvo como mão há mais anos do que você respira. Conheci seu pai. Acha que ele desejava isso, ou sua mãe, quando te prometeram para o primeiro filho homem do rei? ━━ Recebeu silêncio em troca. ━━ Abrindo caminho para falarem dos seus filhos, para Rhaenyra falar.

━━ Rhaenyra? ━━ repetiu sem entender o que exatamente ela tinha a ver com isso.

Não a via há anos, as cartas foram diminuindo com o tempo e agora só restavam lembranças e felicitações escritas para os bebês. Felicitações secas e nem uma palavra daqueles que considera seus amigos.

━━ Não vejo o que Rhaenyra poderia falar dos meus filhos.

━━ O que todos vão falar quando ouvirem; ━━ seu peito subia e descia, acordando a criança conforme falava. ━━ Um mal presságio.

━━ Um aviso, ━━ corrigiu, olhando seriamente. Molhou os lábios, dando atenção para o rosto de Otto. ━━ Para não o usarem.

━━ São da família real, princesa e príncipe, ━━ doutrinou sobre o significado de morarem na proteção e às custas da coroa. ━━ Nasceram para isso. Não seja ingênua. Seus filhos são ameaças à ascensão de Rhaenyra. Não vê isso? Já é mãe. Pense neles agora.

━━ Meus filhos ninguém toca, ━━ reforçou com a respiração aguçada.

━━ O menino vem após Aegon, se formos pela tradição dos nossos antepassados. ━━ lembrou, enquanto o choro do bebê começava a se espalhar. Otto ainda não entregava o menino. ━━ Antes de Aemond e Daeron, vem a criança que você espalhou como um mal presságio. Disseram a você que seria uma rainha, não?

Rhemma se aproximou com um passo firme, tentando tomar o filho, mas Otto ainda olhava o recém-nascido.

━━ Me dê meu bebê, ━━ pediu, tentando pegá-lo, mas a mão do lorde mão impunha atenção. Ele a olhou com seriedade, como se estivesse esperando uma resposta. A mente de Rhemma parecia confusa, misturando-se com o soluço de Maegor. Respirou fundo, mantendo a calma, mesmo que forçada. ━━ Sim, me diziam desde a infância, a rainha.

━━ Então pense, a de Rhaenyra não é. ━━ deu o bebê à mãe para que parasse os berros. ━━ Seu marido é o meu neto, calcule o básico e saberá seu lugar, que já foi ensinado há anos.

Suspirou, aproximando o bebê do peito; o pequeno corpo quente calou-se imediatamente. Estava nervosa, mesmo que não tentasse demonstrar. Otto não especificou o suficiente para algo mais sério.

━━ Não me atreveria a tais pensamentos, ━━ sussurrou, mordendo a própria língua.

Não em traição. Rhemma notou, deseja manipulá-la, fazer com que seja sua segunda Alicent. Não era boba, tinha suas ambições, mas ia além do que segurava. Mesmo sendo tão pequeno, a lady sabia que um homem bem criado faria o que a mãe manda. Aegon será rei e já sabe-se que Alicent não o criou para ser um bom homem. Otto e a mulher tinham em comum a mesma coisa, mas não irão compartilhar. Nem mesmo o controle sobre Aegon está em negociação.

━━ Não se atreveria a ter piedade da própria prole? ━━ questionou Otto, com um tom de desdém.

Como ele ousava duvidar de suas capacidades como mãe assim bem na frente dela? Rhemma fitava julgando no momento toda a linhagem a partir de Otto, Alicent e então os filhos dela, que não parecia estar em posição de juiz.

━━ Meus filhos são criaturas inocentes, ━━ declarou tensa. ━━ O rei sabe que o senhor costuma ter esse tipo de conversa com membros da família? ━━ Olhou-o com atenção, sua mente nublada em clareza com o que conseguiu ver naquele instante. ━━ Não tem medo pelo próprio pescoço? Uma espada não lhe dá medo o suficiente?

━━ Minha cabeça não é tão importante quanto a dos seus filhos. A espada não lembra de antigos laços... ━━ agarrou o que conseguiu e Rhemma teve consciência de que a insistência dele mostrou uma das perdas do caminho. ━━ Esperava lhe trazer alguma clareza, mas parece fingir que não vê o inevitável caminho de guerra que iremos; ou simplesmente finge que não entende o que eu digo. Qual seja a opção, eu sei que você não é boba.

Batidas na porta chamavam por um instante. Atordoada, a jovem mãe deu permissão para que entrassem sem antes pôr fim ao assunto.

Para seu alívio, era Varen acompanhado de empregadas, trazendo como parte de sua rotina o chá da lady que servia. Agora que a senhora virou mãe, amas para que segurem enquanto fica a par de tudo que não pode por estar limitada novamente às paredes do aposento.

━━ Lorde mão, ━━ foi o bastante para que Rhemma, que o conhecia bem até o momento, reconhecesse falsidade em seu choque e reverência a respeito. ━━ Me perdoe, não viria se soubesse que o senhor estava aqui.

O velho negou com a cabeça como se fosse nada, mesmo que estivesse visivelmente acuado em dispensar as amas novamente. Virou-se, olhando no fundo dos olhos da esposa do neto como se a visse como inimiga ao mesmo tempo que dizia para abrir seus olhos.

Virou as costas.

━━ Lorde mão! ━━ chamou, fazendo-o se virar. ━━ Peço que esqueçamos o que falamos hoje aqui nesse aposento. Orarei para o Ferreiro antes de dormir durante a hora da coruja, para que cuide de você durante seus próximos anos como mão.

Os dois pares de íris pareciam um castanho avermelhado quando mirados em sua pele. Parecia querer responder, mas não o fez. Saiu sem dizer nada.

━━ Guerreiro? ━━ questionou Varen.

━━ Você entendeu. ━━ Rhemma riu, sendo acompanhada pela risada do eunuco que estendia sua xícara para ela, após o menino ser tirado para descansar no berço. ━━ Graças aos deuses você entrou.

Rhemma agradeceu a Varen, aliviada por ter dado fim ao assunto, não pela raiz, mas mesmo momentaneamente. Aliviou-se o suficiente, mesmo que naquela mesma noite, sabia que deveria verdadeiramente orar para o Guerreiro, o deus da guerra.


      Estava tarde, e até o presente momento, Rhemma estava aprendendo a não se sentir solitária. Sabia que não dormiria mais sozinha e nem passaria os dias em tristeza novamente. Tinha dispensado as amas, se limitando aos frutos que descansavam como anjos. A mão balançava o berço; descansavam com as bocas abertas, a menina abraçando o irmão na mesma posição de antes.

Estava exausta, e o som da porta se abrindo a alertou. Cautelosa, caminhou até o barulho, sabendo quem era. Sorriu ao vê-lo e animada, tomou as mãos dele nas dela.

━━ Faça silêncio, ━━ pediu com olhos brilhantes. Aemond sentiu ela tentar puxá-lo, mas ele continuou com os pés presos ao chão, puxando Rhemma para perto. ━━ O que foi? ━━ confusa, ela se afastou, sentindo as dores do parto ainda presentes.

Ele não parecia querer ir até o berço, pois passou o braço pelos ombros dela, puxando-a para perto. A cabeça da mulher encostou em seu peitoral enquanto a mão dele acariciava seu ombro e a outra descia suavemente até o final das costas.

━━ Nada, ━━ murmurou, tentando beijá-la, mas foi interrompido pelas mãos dela o afastando.

━━ Venha ver nossos filhos, ━━ puxou apertando a mão dele na dela, levando-o até o leito infantil.

Aemond encarou. Ela sorria animada e dava pequenos pulos, como se não aguentasse mais se segurar para não gritar até que todos ouvissem. Olhava para eles como se nunca tivesse visto algo que amasse tanto, brilhando para eles como nunca olhou para o amante.

━━ O que acha? ━━ questionou, mas não deu tempo para ele responder. ━━ São crianças tranquilas até, dormiram mais rápido do que pensei após comerem. ━━ O príncipe analisava, mas não os tocava. ━━ São fofos, não é? Pequenos, sinto que poderia abraçá-los a cada minuto.

━━ São fofos, ━━ declarou. ━━ Dormindo.

━━ São perfeitos, ━━ adicionou, meditando. ━━ Maegor e a pequena Aenys.

Ele virou, desacreditado no que ouviu. Os filhos do Conquistador? Olhou-a como se visse uma criança.

━━ Trocou o nome dos bebês? ━━ voltou-se para os bebês. Tinha uma menina ali. ━━ Dará para a menina um nome masculino e para o menino uma maldição?

━━ De novo esse assunto? ━━ revirou os olhos, unindo os lábios em uma linha fina e levando o homem para longe dos que dormiam. ━━ Quem disse que Aenys não pode ser menina? ━━ Antes que Aemond abrisse a boca para argumentar, foi parado pela jovem. ━━ É apenas um apelido, algo pensado pelo seu pai.

━━ Que, deixe ressaltar, não está no ápice de sobriedade. Um apelido de muito mau gosto, e Maegor...━━ Não terminou sua fala, pois fez uma careta. Não havia gostado.

Sabia que tinha se deixado levar pela ignorância, deixando que controlasse o que achava que pertencia a ela. Aemond sabia disso. A possessão de Rhemma desde antes do nascimento dos gêmeos. Queria irritar a corte e, bem, conseguiu.

━━ Até você? Aegon já deixou o assunto para trás. ━━ Molhou o lábio inferior. Agora, sob a luz da lareira, notou os olhos cansados dele. ━━ Discutimos, claro, mas...

Sorriu, interrompendo-a. Aemond enfiou as mãos nos cachos espessos, os lançando para trás, descendo até as orelhas da esposa do irmão e levando o rosto para cima. Queria que ela olhasse para ele. Com a ponta do dedão, escovou o lábio inferior, o separando. Tentava impedir que os ciúmes invadissem seu próprio peito.

Rhemma havia pedido sugestão de nomes, mas não usou. Eles haviam discutido? Aegon permitiu que esse discernimento acontecesse? A mulher à frente usou de algo a mais para convencê-lo? ...Beijou-o?

Os pensamentos foram paralisados no instante em que sentiu os lábios macios tocarem os dele. Murmurou em resposta, sentindo seu coração querer rasgar enquanto delirava. As mãos da platinada agora tocavam o rosto do príncipe Targaryen, parecendo queimar ao contato. Todas as coisas ruins que invadiam sua mente eram varridas, restando apenas uma mente nublada e o arfar que estampava ambos os lábios.

━━ Não vamos falar disso, ━━ a travou. ━━ Como está se sentindo?

━━ Bem, ━━ respondeu ainda sentindo o rosto aprisionado no controle dele. Sussurrava, não queria acordar os filhos. ━━ Estou feliz por você ter vindo nos ver.

O sussurro em Aemond gritava outra coisa.

Dizia: você, eu precisava ver você.

Uniu os lábios novamente, capturando e segurando entre beijos, roubava todo ar intencionalmente. Almejava que Rhemma o privasse de ar, proibindo que o oxigênio alcançasse a mente e lançasse os pensamentos ruins.

━━ Fico feliz que ande sentindo minha falta, ━━ declarou, Rhemma segurava as vestes dele, apertando-o.

━━ Me diga, Aemond ━━ iniciou com olhos manhosos ━━ um dragão pode ter dois montadores, mesmo se forem gêmeos?

━━ Obviamente não ━━ sentiu a testa dela, pensando que estivesse com febre ━━ Por que pergunta algo assim?

━━ Porque há apenas um, e se um tem, o outro toma. ━━ Soltou em tom secreto, virando o rosto atentamente para trás e apontando para o menino e para a menina ━━ Precisa trazer outro antes que ela se sinta roubada.

Ele negou com a cabeça, sem entender.

━━ Eu? Não vão reclamar ou achar estranho?

━━ Dirão que está se tornando um homem atencioso.

━━ Atencioso? ━━ Fez uma careta.

━━ Meu amor ━━ o paralisou, a primeira vez que o chamava assim. A voz soava como a de uma sereia, levando-o para o raciocínio de uma mãe recém-nascida ━━ Deram o ovo para Maegor e ainda não mostraram interesse em trazer para Aenys. Isso me incomoda. ━━ Agora foi a vez de Rhemma pegar o rosto de Aemond, que ficou visivelmente afetado com a proximidade repentina ━━ Ele irá tomar dela...por favor.

Não disse mais nenhuma palavra, apenas concordou com a cabeça, como se confirmasse, prometesse. Ela pediu, ele faria.

Um sorriso escapou da lady. Ela se pôs na ponta dos pés, depositando um beijo na bochecha dele, libertando-o para que ele saísse atordoado até a passagem. Virou-se para o berço, caminhando para observar os filhos dormindo novamente. Tinha suas companhias como sempre sonhou. Cobriu-os do frio da noite que se transmitia em outra chuva longa, com o manto bordado à mão.

Sabia que os amava.

NOTAS DA AUTORA:

Capitilo mais longo como pediram, Maegor e Aenys finalmente entre nós !!!!

Eu peço perdão pra quem está achando a fic rápida demais mas explicando: o lance da fic é uma mãe. A rhemma é focada como uma mãe e antes foram apenas pra vocês conhecerem a solidão dela e o quanto ela desejava alguém pra compartilhar amor e afastar isso dela.

Irão ver a mudança em relação a certas coisas na fic dela e em como uma mulher realmente lidaria nesse universo. Avisando: ela não é guerreira de batalhas, ela é Mãe.

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Beijos.

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