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ೃ [014] a hereditary loss

𝗔𝗡𝗧𝗘𝗦 𝗗𝗘 𝗖𝗢𝗠𝗘𝗖𝗔𝗥:
Esse capítulo contém gatilhos.

Boa leitura.

𝗨𝗠𝗔 𝗣𝗘𝗥𝗗𝗔 𝗛𝗘𝗥𝗘𝗗𝗜𝗧𝗔𝗥𝗜𝗔 
✩‧ೃ 𝐑𝐡𝐞𝐦𝐦𝐚 *Arryn* Pov༄୭࿔

𝓝a noite tempestuosa, restava apenas a escuridão no aposento. Nenhum louco sairia de sua casa com a tempestade que caía dos céus. Rhemma agradecia ter a fortaleza a guardando e criados trabalhando para aquecê-la durante a noite. Estava cansada e de barriga cheia após o jantar, guardando-se no aposento com todas as velas apagadas, exceto pela luz da lareira que a aquecia.

As batidas na porta a acordaram. Bruscamente, surge Aegon, vestido apenas com um roupão, olhando-a com expectativa. Rhemma estranhou e se questionou a razão dele estar lá.

━━ Está acordada? ━━ indaga, mas ela não responde, até o marido aproximar-se e tocar em seu braço, cutucando-a sem pausa como uma criança malcriada.

━━ Estou. ━━ responde com seus olhos ainda fechados, mas, quando o toque persiste, os abre para encará-lo mal-humorada.

Aegon se deita animado ao lado dela. Parecia uma tortura; a chuva lá fora seria todo seu ódio eterno declarado. Os globos oculares estavam na porta secreta, temendo a visita de Aemond, mesmo que tivesse bloqueado a passagem com seu baú.

━━ Podemos retornar à nossa última tentativa? ━━ animado, o homem retira seu roupão.

Ela não replica a pergunta, mas responde ao beijo com um certo desânimo. Aegon parecia tentar colocar seu peso sobre ela, sem perceber que havia um bebê entre eles. O príncipe suspirava como um porco em cima dela, até Rhemma afastá-lo rapidamente, sentindo uma ânsia subir pela garganta.

━━ Me perdoe ━━ ela balança a cabeça, recusando e se afastando. ━━ Eu não consigo...

━━ Estamos casados ━━ pressiona seus lábios contra os dela, o roçar machucando-a e a calando. ━━ Temos um filho a caminho e sinto que já consigo nesse momento.

Rhemma o empurra novamente, sentindo-o tão perto que a sufocava, respirava todo o ar a deixando sem nada.

━━ Escute, marido. ━━ encarando os olhos confusos dele, acaricia os cabelos na cabeça de Aegon tentando manter o controle, mesmo que usasse da gentileza como sua arma bruta. ━━ Esse bebê...

━━ O que tem o nosso filho? ━━ Ele interroga, retirando-se de cima dela e a vendo virar de costas.

Rhemma não iria desabafar o que sentia ou pensava. Claro que não! Isso não era permitido e não era como se importasse para ele. Mas não suportava a ideia dele continuar tocando-a, sentia-se suja e queria correr rapidamente para a banheira até que sua pele estivesse rubra.

Sentia-se culpada.

━━ Agora que esse bebê reside em mim ━━ seus olhos estão vermelhos, lacrimejavam, assim como a ponta de seu nariz estava ruborizada. Fungou, olhando para todos os cantos do aposento, menos para o marido. ━━ Ele toma todo o meu coração...

━━ Como assim? ━━ tenta novamente, deitando-se mais perto e tocando o seio crescido da esposa. ━━ Você não sente nada?

Aegon parecia chocado com o que estava acontecendo. Rhemma parecia desejá-lo, respondia aos seus beijos quando ele procurava e o abraçava nas noites em que ele solicitava, e agora parecia tão seca e triste.

Pareciam reais para ele.

━━ Eu sinto sua mão machucando meus seios. ━━ Replica com o rosto sério, removendo a mão dele.

━━ Tenha calma ━━ manda, irritado por ela o afastar. Não gostava dessa reação. ━━ Vamos, meu amor, me ajude a te ajudar...

Mesmo sentindo a mão áspera dele tocando-a novamente, tentando aprisioná-la, Rhemma tenta tomar o controle, apoiando as mãos no peitoral do marido, tentando afastá-lo, mas ele continuava a tocar, sentindo-a mais seca e desgostosa que o deserto.

━━ Escute, meu querido esposo ━━ procurou segurar a mão áspera, mas Aegon continua, até que a esposa tomou o rosto dele entre as mãos, fazendo-o parar lentamente. ━━ Possivelmente o nosso amor seja algo espiritual.

━━ Como assim?

━━ De almas. ━━ Ele a encara chocado com o que ela falava, sua voz suave tentando encantá-lo, mesmo que o rosto estivesse corado. Ela molha os lábios, capturando as lágrimas salgadas. ━━ Vamos nos amar à distância até que nosso filho nasça, ao menos.

━━ Você não me ama?

Rhemma respira fundo, negando com a cabeça, trazendo-o para perto como faria se fosse uma criança em seu lugar. Ele tem o dom de parecer patético toda vez, ainda mais quando chora.

━━ Claro que eu o amo, meu querido ━━ tentou consolá-lo, puxando o lençol e cobrindo o corpo nu de Aegon. ━━ Mas às vezes devemos amar afastados, pelo bem do bebê e pelo meu bem. Respeitar o corpo de uma mulher grávida, ainda mais quando o filho é seu.

Ele parecia sem expressão, abriu e fechou os lábios quando sentiu Rhemma segurá-lo em persuasão, deixando que ele afogasse seu rosto, enquanto ela o acariciava, sorrindo com o nariz vermelho e os lábios cor de cereja.

━━ Pelo bem do bebê? ━━ ele pisca.

━━ Sim, eu também sofro com isso, mas devemos ser fortes pelo bem da nossa linhagem e pela nossa alma e espírito. ━━ Sentia-se frágil e pequena, mesmo que controlasse a situação. ━━ Tem amores que são tão fortes que são compartilhados de alma, apenas de alma.

As palavras pareciam loucuras para Aegon, mas sua voz era música no ouvido de qualquer homem; ela o tinha na palma da mão.

Era isso que pensava.

━━ Aprendeu isso em um dos livros da fé?

━━ Sim. ━━ assente, notando que ele parece atento ao que ela está falando. ━━ Já fomos apenas um em carne, mas não sinto espiritualidade em nós dois. Devemos nos unir mais em alma a partir de agora, meu querido.

━━ Acho que você está certa. ━━ ela sorri para ele, que leva a mão até o ventre saliente. ━━ Pelo bem da família.

━━ Pelo bem da família. ━━ concordou, aliviada. Virou-se de costas, deitada na cama, não olhando para ele, se cobriu e fechou os olhos. ━━ Agora que estamos de acordo, acho melhor você ir para seu aposento descansar. Eu e o bebê faremos o mesmo.

Ouviu o peso sair de sua cama assim como de suas costas. Aegon murmurou seu boa noite enquanto se vestia e caminhava em direção à porta. Rhemma sentia os olhos caírem, as pálpebras lutarem para descansar, até que caiu em um abismo.

Rhemma se deparava com ela mesma de costas, tinha os cabelos mais longos e mais cacheados, o chão tingido de um vermelho escuro, sendo iluminado por uma pequena luz, dando visão em meio à escuridão.

Seus passos são inseguros até ela mesma, o grito que ouvia a arrepiava por completo como uma serpente subindo em direção ao seu pescoço, e, por instinto, ela leva a mão ao ventre, mas sentia nada. Olhou para os lados com medo do perigo próximo, sentiu um vazio no mesmo instante.

O choro de uma criança se misturava com os de sua visão. Ao fundo, Aegon...

Aegon?

Coisas quebradas a deixavam confusa, parecia que sua mente estava no centro de um furacão. Reconheceu a chuva, tentando focar apenas no som. "Eu os matarei! — gritava loucamente — Eu declaro guerra!" Rhemma procurava pelo marido, mas não encontrava nada. O choro de um bebê se ressaltava novamente, confundindo a mente.

Otto diz sóbrio: Eu a avisei.

A platinada se vira, vendo a procura da visão de si mesma, mas dessa vez havia rastros de sangue no chão. Rhemma dá passos e, ao tocar em suas costas, o rosto que se vira estava vermelho como se faltasse ar, e, nesse instante, ela mesma não sentia entrar em seus pulmões.

Respira, respira, respira.
— repetia a si mesma.

Rhemma salta ao se deparar com o que se vê abraçando.

Um grito agora escapava de sua garganta. A mulher sente-se fechando ao mesmo tempo que seus joelhos fraquejam, vendo o corpo de uma criança, uma menina... O coração da lady chora quando se rasteja ao lado de sua igual, tentando tocar a criança, mas, assim que a abraça, seu próprio grito ecoa da dor que sente em seu ventre.

Os gritos saem arranhando suas cordas vocais, como um prisioneiro arranha as paredes de sua cela. Rhemma se levanta, jogando os lençóis para os lados, abraçando seus próprios braços imersa ao horror.

A única coisa que passava em sua mente era: "um filho por um filho".

Seu grito se torna um pedido de socorro quando sente sangue escorrer por suas pernas. Rhemma se senta sobre os joelhos, tentando levantar o tecido leve da camisola desesperadamente na tentativa de interromper o sangramento. A dor era forte, mas o desespero era maior.

Até que Mathos entra, deparando-se com a cena e chamando os meistres. É o suficiente para que todos da fortaleza acordem. Era como se seu coração parasse e a respiração se tornasse pobre e medíocre. Ela se abraçou, com medo do bebê, a luz que ela espera no meio da escuridão e o calor no inverno da sua vida.

A única coisa que vinha em sua mente era quem faria isso, e de seus lábios escapavam: "meu bebê".


Mesmo que tivesse se recuperado rapidamente após o sonho, Rhemma foi proibida de sair de sua cama, ou dos limites do aposento que lhe era dado. A barriga maior, a platinada observava se mover em diferentes tempos meses após meses, sua pele se esticar e ficar cada vez mais pesada, sentia-se delicada.

Não importava se Alicent entrasse mascarando suas intenções, oferecendo uma oração, Rhemma ainda se sentia insatisfeita. Notava que, enquanto Thalya organizava os brinquedos recém-chegados, a rainha especulava o aposento.

━━ Não precisa se incomodar, já tenho criadas para isso, Thalya ━━ indagou enquanto passava a linha no bordado, iniciando uma nova manta.

━━ Bobagem, ela já está aqui ━━ Alicent rebate, sentando-se ao lado da nora. ━━ Não tem problemas. Como está?

Rhemma mexeu os pés, sentindo-os inchados, segurou-se para não resmungar desde que iniciaram seu tratamento como uma doente em estado terminal — mesmo que realmente se sentisse assim. Alicent não tinha nada mais a fazer, o que aconteceu com o marido acamado?

━━ Certamente melhor que na noite passada ━━ sorriu forçadamente.

━━ As orações estão funcionando, graças aos deuses ━━ confortou, segurando o braço da lady. ━━ Pedi para que rezem por você quando visitei o septo esta manhã.

Outra coisa a preocupava além de sua saúde: a do rei. Tinha ouvido pela metade o que o meistre comentou quando foram examiná-la algumas noites atrás. Tinha noção de que o rei estava mal, mas não nesse estado, parecia se entregar dia após dia para sua doença sem nome.

━━ Em minhas orações cabem apenas o rei, para que os deuses o abençoem ━━ estava chocada com a fofoca e ainda mais quando Varen a completou: Viserys perdeu um braço.

━━ Oramos pela mesma coisa ━━ Alicent conclui em voz baixa. ━━ Então, Aegon vem cumprindo todas as visitas?

━━ Claro, vem sendo bem atencioso ━━ não mentiu, levando em conta o antigo comportamento do marido. Aegon vem sendo atencioso na medida dele.

━━ Soube que foi buscar um ovo de dragão como a tradição pede ━━ concluiu o óbvio. O mais velho levou o irmão, príncipe Aemond, para que o ajudasse.

Parecia preguiça aos olhos da mulher. Aegon sempre deu um jeito de fugir de suas obrigações como um santo do pecado. Rhemma teve de exigir que o mínimo fosse cumprido. Era tradição, e temia que, se não tivesse pedido, seu filho seria uma criança sem dragão.

━━ Espero que voltem logo ━━ murmurou quase em silêncio, estava assustada. Sua barriga estava enorme e havia sentido uma leve pontada pela manhã, estava inquieta como nunca.

━━ Eles não irão demorar mais, só devem estar escolhendo com cuidado.

﹋﹋﹋ ੈ✩‧ ೃ༄﹋﹋﹋

   Se preparava para descansar, com a criada ajudando a pôr a leve camisola para dormir após o banho, quando outra criada entrou, fechando a porta atrás de si.

━━ Precisa pôr o roupão, senhora ━━ declarou, correndo para pegá-lo e vesti-la. Notava a dificuldade da lady em apenas ficar em pé. ━━ O príncipe chegou, está vindo vê-la.

Rhemma se encontrou ansiosa, desejava ver o que trouxeram para seu bebê, mesmo que fosse Aegon que passasse pela porta. Vestida, as duas a ajudaram a sentar, os cabelos mais pesados pelo banho em que os lavou.

Mathos foi o primeiro a entrar, sua postura ereta e rosto sério enquanto avisava a entrada.

━━ Príncipes Aegon e Aemond Targaryen ━━ mesmo que tentasse, ainda tinha um resquício de sorriso em seus lábios carnudos.

Os dois entravam com dificuldade, segurando a cápsula fumegante, levando até a moça sentada e as criadas em pé, uma de cada lado. Rhemma tinha os olhos brilhantes, era a primeira vez em anos que se sentia assim. Ter um ovo em seu aposento ao lado do berço a fazia lembrar que logo mais não seria tão solitária, teria um dragão com ela, ou melhor, dois.

━━ Posso ver? ━━ pediu, olhando para cima, o violeta de seu olhar se movendo para implorar a eles. Aemond suspirou, pensava se deveria fazer algo já que Aegon não se moveu. Caminhou à frente e abriu a cápsula usando sua luva para não se queimar.

As mulheres presentes no aposento tinham os lábios entreabertos assim que o viram tão de perto, veneravam o objeto que guardava um dragão. Rhemma via o ar quente escapar, sentia o calor vir, mas mesmo assim sentia-se curiosa, com o anseio de tocar o ovo alaranjado com escamas.

━━ Posso pegar? ━━ nunca tinha tocado um em sua vida de mulher adulta, mesmo tendo o próprio dragão, Mistfyre, que nunca pôs um só ovo. Rhemma se esticou para ter em mãos até que um grito a assustou.

━━ Não! ━━ o grito de Aegon fez com que seus olhos ficassem arredondados de espanto. ━━ Está quente demais, irá queimar você e o bebê.

━━ Desculpe. ━━ Rhemma assentiu, observando Aemond fechar a cápsula e afastá-la para perto do berço, lugar onde dividiria com o novo integrante da família.

Uma tradição feita por Rhaena Targaryen.

━━ Preciso descansar depois de tantos esforços ━━ disse, andando pelo aposento à procura de vinho. Rhemma não bebia com frequência, apenas nas noites que Aegon a visitava, mas como pararam, sua fase também passou. ━━ Aqui não tem nada? ━━ a mulher negou com a cabeça, dando permissão para que continuassem a secar os cabelos. ━━ Certo, preciso de algo. É difícil escolher um ovo, mas eu fiz como a tradição pede, somos a realeza, não?

Olhou para Aemond, dividindo um olhar. Ela sabia que não foi o marido que escolheu. Aegon não dá a mínima para tradições, sempre foi desinteressado.

━━ Sim, fez bem em seguir a tradição ━━ encorajou, mesmo que obrigado era um avanço. ━━ Meu tio diz que tradições são o mais importante de uma casa.

O avaliando, Rhemma pensava no que Alicent errou em sua criação, ao nível de ter que agradecer e tentar moldá-lo, mesmo que às vezes sentisse ser impossível. Com Aemond, mesmo que o amasse a sua maneira, notava algo escondido. Era estranho, quieto, fácil de persuadir e imprudente; ambos, quando lhes era dado cuidado, se tornavam vulneráveis.

Espantou seus pensamentos quando a porta se abriu, e o homem conhecido como eunuco fez uma reverência aos príncipes. Segurava uma caixa com o último brinquedo de madeira finalizado. Olhava em depreciação disfarçada para Aemond, não gostando da presença dele ao mesmo tempo que o marido de sua senhora.

Estava curioso com o ovo, nunca tinha visto tamanha riqueza.

━━ Acho que já podem ir, todos vocês ━━ mandou não apenas para as criadas, mas para o marido e amante. ━━ Senhor, meu marido? ━━ estendia a mão solicitando sua despedida.

━━ Claro! ━━ Aegon concordou com a cabeça enquanto unia os lábios finos e enchia a bochecha com ar, uma careta costumeira. Aproximou-se, deixando um beijo na mão da esposa e se afastando.

Aemond tinha um rosto nada bom, estava inquieto e insatisfeito. Se virou para o sorriso da sua lady.

━━ Cunhado ━━ chamou, sorrindo para ele e estendendo a mão. Aemond se aproximou insatisfeito, tomando a mão dela na dele, passando seu dedão pela palma suavemente, fazendo-a se arrepiar enquanto levava aos lábios. ━━ Não se esqueça dos bons modos.

━━ Perdão ━━ a forma que concordou com a cabeça dizia uma coisa, ele a veria essa noite.

Atrás da moça, Varen revirou os olhos, dando as costas para afofar a almofada. Observou em desprezo o príncipe sair, passando a negar com a cabeça, desaprovando a relação que presenciava.

━━ Não seja ranzinza ━━ reclamou como se achasse um absurdo a suposição que passava pela mente do eunuco.

━━ Não estou sendo, sou paciente e você sabe minha opinião sobre isso ━━ meditava enquanto se sentava, a tenra idade da jovem se misturava com a essência de seu sexo. Tentava ser paciente, mas era impossível com a insolência ━━ essa relação não vai durar.

━━ Não tem mais nada ━━ murmurou, arregalando os olhos, fingindo-se de inocente.

Varen parecia pensar: nada enquanto estiver grávida.

A vontade de protestar era grande, Rhemma já havia entendido esse lado dele. O perturbava que ela não escutasse seus conselhos, mas não poderia simplesmente descartar Aemond, havia esperado por ele...


﹋﹋﹋ ੈ✩‧ ೃ༄﹋﹋﹋

O tempo estava seco e fresco, a cama parecia confortável até que, em um instante, ficou molhada. Rhemma despertou no mesmo momento, sentindo um chute de um homem adulto corroer suas entranhas, o fogo do dragão a consumia viva. Estava sem ar quando olhou para baixo, pensando ter urinado na cama, mas a dor só dizia uma coisa: o bebê não estava bem.

Tentou se pôr de joelhos, mas estavam fracos e o peso a puxava para baixo. Arrastou sua mão para a barriga e o horror tomou sua face. Sentia a deformação dentro de si, estava oblíqua. Gritou pedindo ajuda, mesmo tomada pela dor.

Poucos instantes depois, Mathos adentrou a câmara já com as amas prontas para ajudá-la. O guarda não podia entrar, ia contra as ordens e regras durante o parto da realeza, sem homens, a não ser o necessário.

A assustou no primeiro instante, os uniformes da Casa do Dragão e as bacias com água. Correram para perto, ajeitando-a na cama enquanto tentavam acalmá-la. Rhemma tinha seus olhos avermelhados e arredondados e os lábios secos, navegando com a cabeça enquanto assistia todas a ajudarem a deitar de forma confortável.

━━ Está doendo muito ━━ contava, choramingando. Queria voltar atrás, estar desacordada, enquanto respirava fundo pelo nariz e inspirava pela boca, a queimação serpenteando seus pulmões.

━━ Acalme-se para vermos o bebê, lady Rhemma ━━ pedia, e então olhava para sua outra colega de trabalho.

Conversavam entre si, e aquilo a irritava. Poderiam ter dito algo para ela, explicar o que estava acontecendo, mas isso não lhe era dado. Tocavam seus joelhos fracos tentando abrir as pernas, mas Rhemma choramingava, sentindo a queimação.

━━ Mas está doendo ━━ chorou, fechando-as. ━━ Não me toquem.

Gritou quando outro chute a atingiu, sentindo o grito a sufocar. O clima do aposento, antes calmo, agora estava frenético. Seguraram as mãos dela, tentando levantá-la, mas o peso continuava a puxá-la para baixo, não permitindo que ficasse de pé. Quando tentavam fazê-la sentar, forçando a barriga a tentar dobrar, perdia o ar a ponto de nem poder gritar, restando apenas negar com a cabeça até a deitarem novamente.

Isso a estava matando, sentia a barriga se partir ao meio.

Levantando a camisola, as parteiras se entreolharam sussurrando baixo, e um vislumbre correu pela imaginação da platinada: sua mãe. Isso aconteceu com ela? Se olharam na frente dela da mesma forma que fazem agora?

━━ O que está acontecendo? Eu vou morrer nessa cama ━━ afirmou chorando, sentindo a mais jovem das mulheres, da mesma idade que ela, passar o pano úmido em seu rosto.

━━ Respire ━━ aconselhou, segurando as mãos dela e puxando para frente. Uma foi para as costas da grávida, dando suporte para ficar sentada, e outra no pé da cama, levantando o tecido do vestido. ━━ Vai ficar tudo bem.

A mais jovem das vestidas de vermelho acariciava a barriga com calma, tentando senti-la e acalmar Rhemma, que tinha a voz fraca.

━━ Por favor, não deixe meu filho morrer ━━ implorava enquanto tentava fazer força.

━━ Ninguém vai morrer, fique calma ━━ tentava, olhando para as mais velhas e assentindo com a cabeça. ━━ Força, lady Rhemma, mais força.

"Força" era a palavra que era repetida nas próximas horas, os gritos ultrapassando as grossas paredes da Fortaleza Vermelha. Tempos que não ouviam algo assim, mas tentavam não chamar ninguém ainda e, no fundo, Rhemma agradecia por não ver o meistre ou algum homem atravessar sua porta.

Tinha certeza que morreria naquela cama, seu corpo se partiria. Tentavam movê-la, forçavam a barriga fazendo massagens dolorosas, mas continuava assustadoramente torta, parecia que explodiria.

Quando abriu os olhos, notou a porta se abrindo e a parteira se retirando, fechando-a novamente atrás de si. A mulher de cabelos escuros e lábio com cicatriz olhou ao redor até encontrar a rainha. A família que esperava do lado de fora se levantou, procurando pelo marido da grávida, mas não o encontrou, estava apenas a rainha, a mão e o príncipe Aemond.

Reparando, ao chamar, Alicent foi na direção da mulher, em seguida caminhando juntas lado a lado.








━━ Minha rainha, estamos tentando ━━ contou em sussurro ━━ já se passaram seis ou oito horas e ela está cansada de fazer o trabalho, precisamos chamar o meistre.

━━ Faça o que for preciso ━━ a ruiva concordou com a cabeça, seus cachos perfeitamente enrolados e olhos preocupados, pensando no bebê. ━━ Não podemos adiar mais isso.

Dito isso, correu à procura do homem recém-promovido, que se levantou cansado. Estava uma bagunça pelos corredores, os criados preparando os últimos detalhes, e entre eles Aegon corria acompanhado pelos amigos.

━━ Príncipe Aegon ━━ curvou-se no momento em que chegou de frente à porta, ouvindo os gritos do lado de fora ━━ poderia vir?

O único olho do irmão do príncipe se arregalou, e ele mudou a postura, olhando ainda mais atento. Esperava ao lado da porta, batendo o pé contra o chão.

Concordando, o marido entrou. O céu estava escuro ao redor, a noite abraçava o aposento alaranjado pelo calor das velas e lareira. Espantou-se ao ver a esposa deitada, estava descoberta e sua barriga diferente. Nunca a tinha visto descoberta desde que soube de sua gravidez, nem a barriga de grávida.

Rhemma gritava, e tinha o rosto vermelho.

━━ Não quer virar ━━ disse a ama em voz baixa.

━━ Precisamos virar o bebê, mas, caso isso não dê certo ━━ o meistre iniciou ━━, temos que saber: devemos escolher a mãe ou o bebê?

Virando-se de costas, pensou por menos de cinco segundos, evitando a visão gritante atrás de si.

━━ Eu escolho o bebê ━━ avisou e abriu a porta, saindo rapidamente.

Rhemma, por sua vez, suspirou de alívio ao vê-lo sair, não desejava ele ali.

Desceu o corpo cansado, não queria mais. As contrações vinham mais rápidas e sentia-se dilatar, mas nada vinha, não importava o esforço que fazia ou os berros que dava. As correntes no pescoço dele a assustaram como um novo reflexo da mãe, quem sonhava desde que recebeu os vestidos.

Sentia seus olhos fecharem, passou a noite inteira acordada.

━━ Lady Rhemma? ━━ chamava assustado.

A ama ao lado molhou o pano, passando no rosto dela e afastando os cachos platinados.

━━ Humm? ━━ Rhemma murmurou, abrindo os olhos calmamente, notando a voz gentil conhecida.

━━ Preciso da sua ajuda ━━ iniciou limpando as mãos. Sentou-se na beira da cama com delicadeza, fazendo sinal para que ela respirasse ━━ Se acalme e tente relaxar o corpo. Preciso ajeitar o bebê, posso contar com você?

Sentiu os lábios secarem e engoliu em seco, com o queixo trêmulo, notando as amas se aproximarem ao redor.

━━ Pode ━━ assentiu com a cabeça, enquanto dava espaço. Precisava de alguém segurando sua mão nesse instante, mas não foi isso que aconteceu. No instante que virou sua cabeça para o travesseiro, mordeu-o para segurar seu grito.

Parecia que suas entranhas estavam sendo reviradas até que sentiu o homem se afastar novamente. Parecia preocupado ao mesmo tempo que tentava acalmá-la.

━━ Faça força ━━ pediu novamente.

Estava exausta quando gritou pelo que pareceu ser a última vez. Todos os músculos de seu corpo ficaram tensos e sua cabeça explodia. Ela jogou sua cabeça para trás, sentindo o pano úmido ser pressionado na testa. Chorava, mas com toda a força empurrou novamente, finalmente deixando seu filho sair e ver o mundo.

Rhemma levantou a cabeça, mas não ouviu nada.

━━ É uma menina ━━ anunciou, levantando para que a mãe visse.

Piscou, ainda não ouvindo nada. Estava alegre por ser uma menina, mas a criança não se movia. Estava suja, com uma crosta amarelada pela pele; dos pés à cabeça, as únicas partes livres estavam roxas.

━━ Por que ela não está chorando? ━━ questionava, ignorando as contrações.

━━ Não se preocupe, ela vai chorar.

Em seguida, deu um pequeno golpe nas costas da criança, repetidamente, até que, por um milagre, ela gritou o máximo que seus pulmões conseguiram, até que o choro se tornava cada vez mais baixo, chorando fracamente.

Rhemma tentava questionar e segurar, mas dessa vez sentiu a contração mais forte.

Com menos esforço, sentiu algo maior passar, e novamente, silêncio.

Colocando forças para olhar com mais atenção, não via nada além da bolha que o prendia, apenas o tom avermelhado da pele e os cabelos tão claros que na bolha de água se tornavam transparentes.

━━ Alguém pode me dar a faca? ━━ solicitou. Rhemma não sabia o que falar. Não desejava perder um filho, ele estava vivo?

Vendo-o se aproximar de seu bebê com o objeto cortante, fechou os olhos com força, virando o rosto.

Toda a preocupação sumiu no momento em que ouviu o choro do bebê enquanto a água caía ao chão. Um suspiro de alívio chegou atrás da nova criança. A irmã, um pouco mais velha, foi levada para o peito da mãe, agora limpa.

        Tentavam trocar o lençol da cama, mas a mãe estava dolorida demais para fazer. Limparam o bebê e o máximo que conseguiram da cama e da camisola molhada e banhada de vermelho.

A família real entrou, mas a única pessoa com quem Rhemma se importava veio logo atrás, olhando curiosa para os dois bebês deitados ao lado da mulher. Os sinos tocavam, anunciando o nascimento dos novos bebês, e Rhemma se deu conta de que havia passado horas naquela cama; estava amanhecendo.

━━ São gêmeos, Vossas Graças ━━ anunciou o meistre ━━ uma menina e um menino.

━━ Um menino? Meu herdeiro? ━━ Aegon correu para ver a criança, enquanto Aemond o olhava com desgosto.

Pareceu ignorar o fato de que, minutos atrás, havia nascido primeiro uma menina. Pegou o maior bebê nos braços, mesmo com a clara tentativa da mãe de parar.

━━ Aegon... ━━ tentou pedir.

━━ UM MENINO! ━━ o príncipe se afastou gritando.

Rhemma sentiu o alívio soprar no instante em que o corpo leve do seu recém-nascido tocou seus seios cobertos. Aconchegou-o em seu peito, passando seu nariz sobre a cabeça da menina, sentindo o cheiro agora limpo do bebê. Aegon retornou com o menino chorando em seus braços e o entregou para a espiã. Ao se virar, ela o acalmou, deixando um beijo suave em sua testa, sentindo tanto amor que poderia explodir.

Não parecia verdade; sentia seu peito doer. Pela primeira vez, não sentia mais aquela solidão que tanto a assombrara durante mais anos do que suportava contar.

━━ São tão lindos, tão pequenos, olha essa mãozinha ━━ disse apaixonadamente, rindo fraca, segurando a pequena mão da menina que havia agarrado seu polegar.

Tinham grandes olhos violetas: a menina serena e o menino curioso, com madeixas esbranquiçadas e pele pálida, levemente avermelhados. Nunca tinha visto tanto encanto como esse.

Notando Aemond observando de longe, via a forma como se sentia deslocado com a bagunça e correria do lugar. Ele continuava em pé, tentando ver à distância. Rhemma tomou coragem, ignorando Aegon que pegava o menino novamente.

━━ Deseja segurar? ━━ ninava a menina com adoração. Seria sua nova religião a partir de hoje.

Desconfortável e inseguro, o príncipe foi em direção à cama com passos lentos. Pegou-a sem a menor noção de como segurar um ser tão pequeno e magro. Era tão leve que poderia segurá-la com uma mão.

━━ Ela é tão pequena, não é? ━━ poderia quebrá-la a qualquer momento, como uma escultura de vidro do peso de uma pena.

Alicent fechou o rosto nublado de desconfiança, aproximando-se da neta que sorria sem dentes. Outra coisa era visível: covinhas em suas bochechas. O olhar animado de Alicent decaiu no mesmo instante que o viu.

Seus lábios se reprimiram, emanando seu desconforto. Virou-se para Rhemma, engolindo em seco, espantando todos os pensamentos incoerentes que vinham à mente. Eles logo seriam levados até o rei.

━━ Quais são os nomes dos bebês, lady Rhemma? ━━ Aegon, do outro lado do aposento, virou-se para a mãe.

━━ Rhaenyris ━━ disse alegremente, possuída pelo fascínio ━━ e para o menino...

━━ Jaehaerys ━━ Aegon cortou.

Rhaegar, corrigiu mentalmente, olhando sem graça. Aemond, vendo o rosto dela cair, devolveu a menina para a mãe, sabendo que a confortaria. A platinada levou a pequena mão da filha à boca, balançando-a, procurando conforto no pequeno bebê gorducho.

━━ Jaehaerys é perfeito ━━ Otto anunciou, finalmente adentrando o aposento ━━ um bom marido, um bom homem e um bom rei.

Estava tão cansada que mal conseguia arranjar forças para discutir. E já Aemond não pôde dizer uma só palavra; afundou a unha tão forte na palma da mão que sentiu a carne ser perfurada.

Vendo seu filho chateado, Alicent, pondo fim à sua raiva, pegou o bebê do colo de Aegon e o carregou até Aemond, do outro lado da sala.

━━ Segure seu sobrinho, meu filho. ━━ É como um acordo silencioso; ela ficará quieta daqui para frente, se não fosse por Aegon, que olhava para Aemond pela primeira vez.

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