ღ 𝐑𝐎𝐂𝐊 𝐈𝐍 𝐑𝐈𝐎 {𝐄𝐒𝐏𝐄𝐂𝐈𝐀𝐋}
☇ U꧑ᥲ ᥱdιᥴ̧ᥲ̃᥆ ᥱ᥉ρᥱᥴιᥲᥣ d᥆ R᥆ᥴk Iᥒ Rι᥆, ᥉ᥱ꧑ ρᥲr r᥆꧑ᥲ̂ᥒtιᥴ᥆.
☇ 2001.
☇ 100% ᥆rιgιᥒᥲᥣ.
☇ 𝗦𝗙𝗪.
☇ Gᥲtιᥣh᥆᥉: ᥙ᥉᥆ dᥱ dr᥆gᥲ᥉, ρᥲᥣᥲ᥎rᥲ᥉ dᥱ bᥲι᥊᥆ ᥴᥲᥣᥲ̃᥆, ꧑ᥱᥒᥴ̧ᥲ̃᥆ dᥱ ᥉ᥱ᥊᥆.
"O Brasil é encantador".
[...]
• S/N P.O.V ~
𝟏𝟖 𝐃𝐄 𝐉𝐀𝐍𝐄𝐈𝐑𝐎 𝐃𝐄 𝟐𝟎𝟎𝟏 e eu estava desembarcando no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. A viagem foi um pouco cansativa e eu só queria mesmo era saber de dormir na noite passada.
O Brasil é encantador, pelo o que parece, pelo menos. Nunca tinha vindo aqui antes por ser muito nova e isso poder atrapalhar meus compromissos na escola, só que, agora tenho meus recém-completados 18 anos e meu pai veio com o maior sorriso que eu já vi me chamando para viajar com ele e com o pessoal da banda para o Brasil.
Moro no Reino Unido e lá o clima é bem diferente do que aqui. Aparentemente aqui o verão começa no final do ano e se estende até metade de Março. Está bastante quente e não posso nem esconder que gosto bastante desse clima, lá é bem frio, sempre chove e tem neve. Estou ansiosa para poder ir à praia e pegar uma "corzinha".
O hotel onde estou é bem bonito, se chama Copacabana Palace. Até que o nome é chique e todos os funcionários são fervorosos e atenciosos, além de terem um astral muito contente. Não sei dizer se isso é por conta do trabalho deles ou se todos os brasileiros são bem receptivos com a gente da gringa, de qualquer forma eu estou amando, mesmo não sabendo falar muito bem português.
Acordando pela manhã pude observar a praia, a sacada do meu quarto tinha uma vista para o mar e a grande extensão de areia. Eram apenas oito horas da manhã mas, tinha guarda-sol de tudo quanto é cor que existe, com várias pessoas na praia. Pessoas jogando frescobol, peteca, vôlei. Pessoas indo à padaria, surfistas ajeitando suas pranchas, meninas tomando água de coco. E eu pude sentir o cheiro da maresia invadindo minhas narinas.
Tomei um bom banho refrescante com a ducha que tinha no quarto e vesti uma roupa mais agradável. Optei por um vestido branco fino e um par de chinelos amarelos que eu havia comprado ontem no aeroporto, pelo visto todo brasileiro usa, eles não vivem sem.
Nos corredores tinham várias pessoas famosas e também algumas pessoas que só estavam hospedadas lá para aproveitarem o verão. Fato é que aquele hotel era uma obra-prima. Desci de elevador até a parte do hotel onde estava tendo café da manhã, dei bom dia à todos mas principalmente ao meu pai.
— Oi, pai! Bom dia, bom dia! — eu abracei seus ombros e dei-lhe um beijo estalado na bochecha enquanto ele estava comendo um pedaço de bolo de baunilha com recheio de creme de leite ninho e morango.
— Bom dia, minha filhota! — meu pai disse me oferecendo seu sorriso fofo e infantil, porém muito contente e com dentes tortos. Seu sotaque era notável.
Inclusive, meu pai é o vocalista do Iron Maiden. Ou melhor dizendo: Bruce Dickinson.
Ele é o melhor pai que alguém poderia ter na vida, e eu amo ele demais. Meu pai é minha pessoa preferida no mundo todo, não há ninguém que me faça tão feliz quanto esse cara espetacular. Inclusive, usamos um anel com pedra da lua combinando.
— Pelo visto ela está bem feliz, Bruce — disse Steve Harris, o baixista da banda enquanto comia a salada de frutas que estava num potinho de porcelana branco.
— Estou sim, tio Steve — eu peguei um pedaço do bolo que meu pai estava comendo. Ele estava bem na mesa, fatiado e parecia delicioso. — Estou ansiosa para conhecer o Brasil!
— Lembro quando viemos aqui pela primeira vez em 1985, foi um dos melhores shows da nossa vida — disse tio Nicko McBrain, o baterista, enquanto tomava seu amado suco de laranja.
— E esse show aqui tem de tudo para ser mais um dos melhores shows, isso se não o melhor por causa da volta do Bruce! — tio Dave Murray disse, ele era um dos três guitarristas da banda.
Ele estava se referindo ao retorno do meu pai ao Iron Maiden. Ele estava na banda desde 1981 e saiu em 1993 para seguir carreira solo, mas retornou agora esse ano para a surpresa e alegria incondicional de muitos e muitos fãs ao redor do mundo.
Tomamos nosso café contando umas boas piadas e quando eram nove da manhã uma van enviada pelo Roberto Medina — fundador do Rock In Rio — chegou para nos levar até o local do evento. Indo até a cidade do rock eu pude observar bem a cidade, era ainda mais bonita do que a vista que eu tinha da janela do quarto. Foram uns 25 minutos, não muita coisa.
Chegando lá, fomos recebidos pelo próprio Medina e seu agente pessoal que nos entregou crachás para que facilitasse a identificação. Tinham alguns fãs já bem perto apenas esperando para que tudo começasse, e agora os artistas iriam fazer a famosa passagem de som, para ter certeza que no momento do espetáculo não passassem por problemas técnicos.
Nos bastidores meu pai reencontrou alguns amigos, outros artistas e todo mundo estava muito ansioso para se apresentar. Sentei-me num banco de madeira que havia perto de um dos palcos e vi meu pai conversar com um cara que era possível reconhecer em qualquer lugar: Ozzy Osbourne, o príncipe das trevas, pai do heavy metal.
Nem mesmo me dei conta quando uma menina se sentou ao meu lado e acendeu um cigarro de melancia, o aroma denunciava. Ela estava com um short jeans claro um pouco curto, uma regata amarela e em seus pés tinham havaianas pretas. O cabelo dela era liso, preto e longo e seus olhos eram castanhos escuros. Pude notar que ela tinha piercing no nariz e debaixo do lábio.
— Quer? — ela me mostrou a sua carteira de cigarros enquanto tragava o que estava em sua boca.
— Não, obrigada — recusei, afinal de contas é meio estranho você aceitar cigarro de quem nem conhece.
— Eu sou a Hades — ela sorriu e me estendeu a mão direita, eu apertei imediatamente enquanto sorria de volta para ela.
— Eu sou a S/N, legal te conhecer — disse cordialmente enquanto prestava atenção na mão dela, ela tinha umas pulseiras de prata no pulso e unhas longas e pontiagudas pintadas de preto. Também foi impossível não notar que ela tinha "Ozzy" tatuado nos dedos.
— Que bom ver que você fez uma amiga, filha.
Aquela não era a voz do meu pai e quando olhamos pude ver o príncipe das trevas mais de perto, com seus cabelos escuros com mechas rosa-choque e seus óculos escuros redondos que eram praticamente sua marca registrada. E meu pai estava bem ao seu lado.
— Filha? — eu questionei, nem mesmo tendo ciência do que estava fazendo. — Seu pai é o Ozzy Osbourne!?
— É sim — ela disse enquanto o pai a abraçava. — Calma, seu pai é o Bruce Dickinson!?
— É sim! — eu disse ficando em pé ao lado de meu pai.
— Meu Deus, Iron Maiden é minha banda favorita! — ela disse extasiada.
— Black Sabbath é minha banda favorita! — eu gritei em contrapartida.
— Pelo visto elas vão se dar muito bem, Ozzy — meu pai deu tapinhas nas costas do Osbourne enquanto ambos riam.
Nossos pais foram resolver outras coisas no palco e na passagem de som enquanto eu fiquei conversando com Hades. Ela me falou sobre Ozzy ter sido expulso do Black Sabbath em 1979, mas ter seguido uma carreira solo ainda maior do que quando estava na banda e ter voltado com os caras agora em 2001. Também me falou sobre sua mãe, a grandiosa Elvira, a rainha das trevas.
Eu contei à ela sobre minha mãe, meus pais são separados e tinham minha guarda compartilhada, então às vezes eu estava com minha mãe e às vezes com meu pai. Contava sobre as pequenas turnês que eu ia que não atrapalhavam minhas aulas, ou turnês durante as férias que eu amava.
Descobri que o Ozzy também estava hospedado no Copacabana Palace, e que nós só não nos vimos na hora do café por pura ironia do destino. Afinal de contas aquele lugar é mesmo enorme.
— Bom, pelo visto você tá afim de dar um rolê por aí, né? — ela disse enquanto ajeitava algumas mechas de seu cabelo.
— Tô, mas meu pai não vai me deixar sair andando por aí num país que não conheço.
— Não tem problema não, eu conheço muito bem o Brasil, já vim aqui várias vezes com meu pai — ela respondeu, se levantando do banco. — Vamos?
— Meu Deus, claro! Vamos! — eu estava tão animada que agora tinha uma amiga e que eu iria conhecer o Brasil, eu sonhei com esse momento desde que meu pai me falou sobre Iron Maiden ter sido convidado para tocar no festival.
Caminhamos pelos bastidores até acharmos nossos pais. Lá estavam todos eles conversando. Num camarim um pouco maior do que o normal estavam Black Sabbath e Iron Maiden numa conversa muito louca sobre um pouco de tudo.
Hades se aproximou e disse:
— Pai, posso ir com a S/N passear?
— Pode, minha filha. Na sua idade eu era mais solto no mundo do que ex presidiário.
— Tio Bruuuuuce... — Hades pediu com os olhinhos brilhando enquanto estava bem ao meu lado e olhava meu pai, que estava sentado ao lado do dela.
— Diga, princesa das trevas?
— A S/N pode ir comigo? Relaxa que eu conheço o Brasil e tenho 19 anos!
— Hmmm... — meu pai fez seu famoso tom de suspense. Um de tom suspense tão certeiro que somente o lendário Bruce Dickinson é capaz de fazer. — Não vejo problema.
— Obrigada, pai! — eu disse o abraçando imediatamente.
— Obrigada, tio Bruce! — ela pegou minha mão. — Vamos, vamos!
— Morceguinha, não se esqueça de voltar antes das 17h para poder dar tempo de se arrumar! Vamos vir para cá às 18:30! — tio Ozzy disse antes de passarmos pela porta e Hades o respondeu com um: "pode deixar, papis!".
Nós não saímos dos bastidores. Ela foi me guiando até outro camarim, e eu fiquei confusa por breves instantes querendo saber para onde estávamos indo. Chegando numa porta específica ela a abriu e já entrou sem dizer nada.
Lá no camarim estava um cara alto, sem camisa, apenas usando short tactel preto e havaianas azuis. Ele tinha várias tatuagens e um cabelo curto loiro bem claro com uma mecha preta, ou mais alguma, não prestei muito bem atenção. Ele estava em frente à um espelho cantarolando uma música que não consegui identificar enquanto fazia gestos teatrais, como se estivesse ensaiando.
— ANTHONYYYYYY! — Hades o chamou no momento em que entrou, e ele parou seus movimentos e a olhou no mesmo instante.
— Opa, morcegata, o que tu manda?
— Essa aqui é a S/N — ela me apresentou para ele. — Ela quer dar rolê com a gente.
— Oi, S/N — ele veio até mim e apertou minha mão gentilmente. — Anthony Kiedis!
— Caralho! Você que é o Anthony Kiedis? O vocalista do Red Hot Chili Peppers!?
— A seu dispor, mademoiselle — ele fez uma mesura cortês. Eu mal conhecia Anthony mas sentia que ele era uma pessoa incrível e com um espetacular alto astral, se bem que ele também parecia ter um parafuso a menos, como se fosse a personificação do LSD. — Então bora, né. Vou avisar o Flea!
Enquanto Anthony foi avisar Flea — o baixista —, Hades e eu nos dirigimos para fora dos bastidores e ficamos esperando ele retornar. Tinha um carro conversível branco que ela disse que era do vocalista de cabelos loiros, nós imediatamente entramos e ela se sentou no banco do passageiro da frente enquanto me sentei no de trás.
— Espero que não se importe de eu ter chamado o Anthony para sair com a gente.
— Claro que não, ele parece ser bem legal!
— Ele é demais. Anthony é um dos meus melhores amigos! — ela disse sorrindo enquanto ele chegava e trazia as chaves do carro.
— Amigas, o reizinho chegou! — ele disse se sentando no banco do motorista e colocando a chave na ignição. — Vamos para a praia!
— Põe música! — eu pedi.
— Músicas brasileiras para entrarmos no clima! — Hades o advertiu e ele colocou de fato músicas brasileiras que eu conheço e que ela conhece também, ele não fica para trás.
Enquanto estávamos indo para a praia o vento brincava com nossos cabelos. Estava calor mas o clima era esplendoroso e fenomenal. Todo mundo nas ruas gargalhava de felicidade. Tinham crianças se sujando com seus sorvetes, adolescentes de bicicleta, moças pegando um bronze.
Eu mal havia chegado e já estava totalmente encantada com aquele país maravilhoso e tropical. Enquanto estávamos indo à praia tocava a música "Apesar de você" de Chico Buarque.
"Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia"
Eu, Anthony e Hades cantávamos em plenos pulmões sentindo a maresia atingir nossos rostos junto com os raios solares. Chegando na praia Hades me arrastou para uma loja de biquínis que ficava no calçadão. Eu comprei um biquíni branco e ela comprou um biquíni vermelho, agora estávamos prontas para pegar um bom sol e aproveitar a água salgada. O loiro também tinha comprado outra bermuda, do mesmo tecido só que preta e branca.
— Meu Deus, tem tanto tempo que eu não vou para a praia — disse tocando meus pés na areia quentinha enquanto ia até a água refrescante do mar com Hades e Anthony.
— Acha que está precisando de um empurrãozinho? — a morena me questionou.
— Talvez.
— Pode deixar comigo! — nem mesmo deu tempo de eu poder raciocinar quando Anthony se abaixou e me pegou no colo.
— Anthony! — gritei rindo por impulso enquanto ele me levava para o mar.
Depois de muito tempo senti a água salgada refrescante em minha pele com o contraste dos raios solares quentinhos. Ficamos brincando na água agarrando as pernas um dos outros, ou Anthony ficava me carregando nas costas.
Após ficar bastante na água fomos até a areia e ficamos sentados numa canga colorida que Hades comprou. Estávamos os três um pouco distantes do guarda-sol pois estávamos pegando sol depois de reaplicar o protetor solar. Estávamos de bruços, enquanto tomávamos picolé. Tomávamos depressa para que não derretesse e melasse nossas mãos.
— Meu Deus, que lindo... — a morena disse se referindo à um surfista que passava no calçadão e estava com os cabelos longos molhados pela água do mar.
— Eu sentava — falei sem nem perceber e coloquei a mão em minha boca repreendendo o que havia acabado de pronunciar.
— Pelo visto a piranha saiu do mar — Anthony zombou de mim e eu mostrei o dedo do meio para ele enquanto nós três estávamos rindo demais.
Passamos um tempão pegando sol e tomando água de coco, voltando para o mar para nós refrescarmos ainda mais. Algumas pessoas vinham tirar foto com o Anthony, até porque ele era o vocalista do Red Hot Chili Peppers e todas as meninas estavam babando nele.
Almoçamos num quiosque que tinha ali na praia. Era um lugar muito agradável onde várias outras pessoas estavam almoçando. Comemos feijoada enquanto tomávamos caipirinha e depois comemos pudim de chocolate. Tive que me contentar com Hades brigando comigo falando que eu não podia simplesmente terminar de almoçar e já entrar na água.
Mas o dia rendeu outros bons momentos como por exemplo: nos juntamos com um grupo de jovens para jogarmos vôlei. E também jogamos altinha. Já estava começando a ficar mais tarde, mesmo que o sol estivesse longe de se pôr, devido ao horário de verão. Só que, tínhamos nossos compromissos.
Já estávamos praticamente secos e retiramos o excesso do sal com o chuveiro de água doce que havia na praia. Porém, mesmo com isso, Anthony pegou toalhas que ele tinha guardadas no porta-malas para que pudéssemos nos sentar sem sujar o carro.
Voltando para o Copacabana Palace ouvíamos mais músicas brasileiras e cantávamos em plenos pulmões, dessa vez a grande música era "Ska" de Paralamas do Sucesso.
"A vida não é filme, você não entendeu
Ninguém foi ao seu quarto quando escureceu
Sabendo o que passava no seu coração
Se o que você fazia era certo ou não"
Dessa vez eu estava sentada na frente, ao lado de Anthony enquanto ele dirigia sem se perder da letra da música. Eu estava muito feliz, feliz como eu não havia me sentido em muito tempo.
Chegando no hall do hotel várias dondocas ficavam olhando nós, os idiotas com roupas de praia enrolados em toalhas coloridas. Eu, uma adolescente de 18 anos. Hades, uma adolescente de 19 anos, e Anthony que não aparentava mas já tinha seus ilustres 39 anos.
— É isso, minhas princesas, vejo vocês lá na cidade do rock! — Anthony disse no elevador, saindo no andar dele enquanto eu e Hades acenamos para ele.
Chegando no andar de Hades, ela se despediu de mim e eu segui contente para o meu andar. Entrei no meu quarto e tratei de me arrumar o mais rápido que pude. Comecei tomando um banho morno relaxante e lavando bem meu cabelo. Em pouco tempo me encontrei olhando minha mala, enquanto usava o roupão branco do hotel e meu cabelo estava enrolado numa toalha da mesma tonalidade.
Passei um bom hidratante na pele e peguei uma calcinha confortável. Logo em seguida peguei a roupa que eu usaria hoje. Consistia em uma blusa do Iron Maiden, do álbum Fear Of The Dark, um short preto um pouco curto e um colete jeans claro. A parte dos acessórios era vasta. Eu usava anéis diversos, cinto com correntes, pulseiras, colares e etc. Em meus pés optei por calçar um all star vermelho.
A maquiagem foi simples porque eu provavelmente iria suar. Então nada melhor do que um delineado, rímel e batom vinho. Sequei meu cabelo com o secador e enquanto penteava e passei um óleo reparador de pontas para não perder o brilho, junto com meu perfume.
O sol dava indício de que começaria a se pôr levando em conta o horário de verão e eram quase 18:30.
Chegando no hall, o pessoal do Iron Maiden já estava lá. Inclusive meu pai que veio me abraçar com um sorriso no rosto. Ele disse que eu estava extremamente linda e que ele estava muito feliz que eu estava usando colete jeans para combinar com ele.
Rumo a cidade do rock, no Morumbi, ganhei meu crachá de volta para a identificação e tinham diversos fãs alucinados. Estava realmente sendo algo legal de se ver e ver o amor dos brasileiros pelo Maiden. Lá dentro encontrei meus dois malucos favoritos: Hades e Anthony.
Hades estava usando um vestido vermelho escuro que era colado em seu corpo e ia até a metade de suas coxas, junto com uma jaqueta de couro preta com um patchwork do Black Sabbath nas costas e vários bottoms. Em seus pés tinham coturnos pretos e ela estava com um batom vermelho quase da mesma tonalidade que os vestido nos lábios, isso sem contar a gargantilha com spikes e os inúmeros anéis em seus dedos.
Anthony estava com uma bermuda jeans, com uma regata branca que ele iria tirar no início do show e coturnos pretos foscos nos pés. Ele usava um colar muito bonito com um pequeno cristal, uma pulseira que fazia parte do conjunto e meias coloridas em tons de azul, rosa e amarelo.
— Daqui a pouco é a vez da minha banda subir — Anthony disse se aproximando de nós e nos dando um abraço. — Ai, meninas, tô nervoso.
— Relaxa, Anthony — Hades disse o abraçando.
— Você vai se sair bem — eu disse o abraçando de volta.
O tempo passou e logo era a vez do Red Hot Chili Peppers subir ao palco. Anthony mesmo com nervosismo resistiu à usar alguma droga para acalmar e foi firme e forte para o palco com um sorriso no rosto e seu jeito inconfundível de vocalista da banda de rock alternativo mais amada do momento. Foi um show de tirar o chapéu, e eu e Hades ficamos cantando e torcendo pelo nosso amigo.
Num determinado momento, Anthony cantou Californication, fazendo os movimentos parecidos com os que ele estava fazendo hoje em frente ao espelho quando Hades entrou no camarim dele e finalmente fomos apresentados:
"First born unicorn
Hardcore soft porn
Dream of Californication
Dream of Californication
Dream of Californication
Dream of Californication"
Toda a platéia estava cantando e principalmente nós nos bastidores, eu e Hades ainda mais já que estávamos apoiando nosso amigo. Nosso amigo que tinha idade para ser nosso pai, mas era nosso amigo. Pessoa que eu conheci em um dia e já amava.
Depois de um show memorável, todos saíram do palco rindo e comemorando depois de se despedirem do público tendo lhes entregue um show esplendoroso. Anthony veio sem camisa e um suado nos abraçar na medida do possível. Completamente feliz.
E agora já era a vez da banda do meu pai subir no palco, Iron Maiden. O Sr. Dickinson veio e me deu um abraço, abraço de sorte de pai e filha, essas coisas que sempre funcionam e são como um verdadeiro amuleto da sorte para meu pai.
Lá foi ele, o cara que me inspira, agitando o público que já estava bastante agitado e começando a cantar como um verdadeiro deus do metal. Meu pai pulava e corria de um lado para o outro no palco, todos estavam cantando feito loucos e eu pude sentir ainda mais a energia do público com The Number Of The Beast. Antes dessa música começar tem uma pequena narração, e até isso o público brasileiro estava cantando:
"In the mist, dark figures move and twist
Was all this for real or just some kind of Hell?
Six six six, the number of the beast
Hell and fire was spawned to be released"
— Muito obrigado, Brasil! Obrigado por essa energia incrível que vocês tem, é muito bom estar de volta! Queria que vocês soubessem que sem esses caras eu não sobreviveria e também não sobreviveria sem a S/N, minha filha!
Ele disse apontando e olhando para o lado do palco em que eu estava e toda a platéia já tinha começado a gritar. Ver Bruce Dickinson sendo uma figura paterna fazia eles festejarem. Anthony e Hades me empurraram um pouquinho para que eu pudesse ir até o palco, e lá fui eu.
Um pouco tímida, eu confesso, acenei para aquela multidão de pessoas e abracei meu pai o mais forte que pude.
Depois de duas horas de show era a vez do Black Sabbath subir ao palco. Meu pai e meus tios vieram até a gente para poder nos abraçar de novo e comemorar mais um show realizado com sucesso. Eu amava a sessão de abraços pós-show.
Tio Ozzy estava contente e dando pulinhos, não ficava nervoso como meu pai ou ansioso como Anthony. Para tio Ozzy aquela era a coisa mais legal do mundo, era o que ele mais gostava de fazer. Subindo no palco com uma leve névoa no palco, ali ele estava.
Em plena noite com os óculos escuros, sobretudo preto que ele tiraria no decorrer do show e um grande crucifixo de prata no peito que tinha um contraste com a fina blusa preta que ele usava por baixo. Black Sabbath estava levando todos a loucura pois era a segunda vez de Ozzy no festival, assim como Iron Maiden eles haviam vindo na primeira edição, a de 1985.
A platéia gritava e ansiava por mais e mais músicas. E eu juro que senti que todos poderiam colapsar a qualquer momento quando eles começaram a tocar um dos maiores clássicos da banda: Iron Man.
— I AM IRON MAN! — Ozzy gritou com toda a convicção do mundo e fez a platéia gritar junto enquanto a melodia da guitarra de Tony Iommi se tornava mais encorpada.
"Has he lost his mind?
Can he see or is he blind?
Can he walk at all
Or if he moves, will he fall?"
Hades subiu no palco em certo momento no final do show para se juntar a Tony na guitarra e tocar a música N.I.B que era uma música marcante do primeiro álbum do Black Sabbath, de 1970. O fofo foi a forma como seu pai a levantou no colo, segurando suas pernas enquanto ela fazia o solo sem errar uma nota sequer.
Ozzy estava com um sorriso de orelha a orelha tão grande quanto o do meu pai. Pois é, vocalistas de heavy metal também são pais orgulhosos dos filhos. O príncipe das trevas se despediu da platéia com uma felicidade imensa por ter feito um bom trabalho e abraçou a filha fortemente.
No backstage o assunto era a festa do after, essas festas que sempre tem depois de shows. Eram meia-noite agora, e acredite, aquilo não ia terminar nem tão cedo. Ou melhor dizendo, nem tão tarde.
Eu iria me embebedar com Anthony e Hades, mas que bela vida para se viver.
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Galera, eu acho que me empolguei e esse imagine ficou grande mais KKKKKKKKK
Eita bicho fotinha da Hades ✋🏼🤠
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