ღ 𝐁𝐄𝐍𝐓𝐎 𝐇𝐈𝐍𝐎𝐓𝐎
₊˚ପ⊹ Bᥱᥒt᥆ Hιᥒ᥆t᥆ — Mᥲ꧑᥆ᥒᥲ᥉ A᥉᥉ᥲ᥉᥉ιᥒᥲ᥉.
₊˚ପ⊹ 1993.
₊˚ପ⊹ 100% ᥆rιgιᥒᥲᥣ.
₊˚ପ⊹ 𝗡𝗮̃𝗼 𝗰𝗼𝗻𝘁𝗲𝗺 𝗻𝗲𝗻𝗵𝘂𝗺 𝗴𝗮𝘁𝗶𝗹𝗵𝗼.
₊˚ପ⊹ 𝗦𝗲 𝘃𝗼𝗰𝗲̂ 𝗻𝗮̃𝗼 𝗴𝗼𝘀𝘁𝗮 𝗼𝘂 𝗻𝗮̃𝗼 𝗰𝗼𝗻𝗰𝗼𝗿𝗱𝗮 𝗰𝗼𝗺 𝗮𝗹𝗴𝗼 𝗰𝗶𝘁𝗮𝗱𝗼 𝗮𝗾𝘂𝗶, 𝗻𝗮̃𝗼 𝗹𝗲𝗶𝗮.
❝ 𝐉𝐀𝐏𝐎𝐍𝐄̂𝐒 𝐒𝐈𝐌𝐏𝐀́𝐓𝐈𝐂𝐎 ❞
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ღ 𝐒/𝐍 𝐏.𝐎.𝐕 ღ
𝐄𝐑𝐀𝐌 𝐃𝐔𝐀𝐒 𝐇𝐎𝐑𝐀𝐒 𝐃𝐀 𝐓𝐀𝐑𝐃𝐄 numa sexta-feira de verão na cidade maravilhosa. Estava em meu quarto, terminando de comer minha salada de frutas que estava numa tigela de porcelana, enquanto retirava algumas roupas de meu closet, afim de decidir qual seria a melhor para ir à festa. Era uma festa bem do jeitinho brasileiro mesmo, num espaço que alguns amigos tinham alugado com piscina, grama e salão. Teria churrasco, álcool, música boa e risadas.
Enquanto mastigava um pedaço de uma das muitas frutas que tinham na minha sala, ouço batidas na porta do quarto, que estava aberta. Mas era somente para avisar que alguém queria entrar.
Ao olhar para trás me deparo com meu pai, Ayrton Senna. Você deve achar estranho que ele seja um cara de 33 anos com uma filha de 19. Mas é, eu fui adotada. Só que de qualquer maneira, ele é meu pai.
Não consigo acreditar que sou filha do cara mais legal do mundo, e nem estou dizendo somente da parte da popularidade dele, que é campeão mundial e fenômeno em vários países. Digo também em relação à forma como ele é um pai fodástico. Meu pai é simplesmente o melhor!
— Posso entrar? — ele pergunta com um sorriso atencioso e com uma mão no bolso da calça.
— Pode, pai.
— Está em dúvida sobre o que vestir? — ele questiona, olhando para a minha cama imensa e vendo várias peças de roupas.
— Estou- ei! — estava conversando descontraída, quando ele deu uma garfada da minha tigelinha.
Rimos juntos.
— Desculpa, desculpa. Realmente está muito bom — ele comenta, com a mão cobrindo a boca, enquanto termina de mastigar. — Mas então... aceita sugestão de pai?
— Sabe que sim.
— Eu acho que você deveria usar esse short jeans e essa blusinha aqui — ele comentava, separando as peças. — E levar esse biquíni aqui.
Ele se referia à um short jeans um pouco esbranquiçado — por conta do próprio tecido —, e uma blusinha amarela com algumas bolinhas brancas que eu achava adorável. O biquíni era um simples, branco.
— Mas... tão simples?
— Filhota, você vai numa festa com amigos, conhecidos, são família. E está um calor do caralho, né!
— Tem razão! — eu ri, começando a guardar as roupas. — E o que eu calço?
— Seus chinelinhos.
Ele se referia às havaianas amarelas com uma bandeirinha do Brasil em cada tira que eu usava.
— Tá, certo — eu disse, concordando com o mesmo.
— Era só isso?
— É, acho que só. Obrigada, pai!
— Tá bom, de nada. Quer que eu te leve para a festa ou você vai chamar um táxi na avenida?
— Pode deixar que eu chamo um táxi, obrigada.
— Tá certo, então. Cuidado, hein — ele disse dando um beijo em minha testa e me dando um abraço de despedida, pois iria na festa de um amigo. — Vê se não chega depois das onze da noite, filha.
— Eu quem te digo, Sr. Ayrton, digo... pai! — eu disse, arqueando uma sobrancelha, em tom de brincadeira.
— Para de ser abusada, senhorita Senna, digo... filha! — ele riu antes de cruzar a porta de meu quarto, para se dirigir à sala, e então pegar as chaves de seu carro.
Eu suspirei, observando o céu azul radiante com pouquíssimas nuvens antes de ir tomar um bom banho refrescante para me perfumar e me vestir, com as roupas que meu pai havia me ajudado a escolher. Aproveitei, e coloquei protetor solar em minha bolsa juntamente ao biquíni, o sol estava forte e era sempre bom tomar conta da pele.
Fui até às escadas, descendo saltitando, antes de me despedir da governanta, e seguir meu caminho até a rodovia. Era um trajeto curto e o trânsito estava ativo, não demorei para pegar meu ansiado táxi. Durante o caminho, no rádio tocava uma música de Adoniran Barbosa: Trem Das Onze.
Segui, olhando pelas ruas, prestando atenção na movimentação agitada de turistas e moradores, de mercadores e surfistas, de paulistas e cariocas da gema. Rio de Janeiro era um bom lugar para se morar, sempre havia sido um lugar encantador para mim, além de ter sido aqui que conheci minha melhor amiga: mais conhecida como Hades.
Eu morava em Copacabana, e a festa era no Leblon, até que o trajeto foi veloz. Desejei uma boa tarde ao motorista, lhe entreguei o valor da viagem e desci do automóvel, indo até os portões extensos de madeira. De longe eu já ouvia os sons da folia e pensava em como os vizinhos poderiam ficar irritados. Pouco importava, para falar a verdade, era verão, tempo de alegria e zerado de preocupação.
Toquei a campainha, e logo fui recebida por um dos seguranças que somente pediu para que eu confirmasse meu nome para que pudesse entrar sem problemas. Ao entrar, meus pés tocaram na grama fofa e verdinha, assim permiti seguir meu caminho até um pouco mais além daqueles muros verdes com plantas e cheguei no local principal da festa.
Era como uma área grande com churrasqueira, uma piscina imensa, parte do que parecia ser um "salão aberto", banheiros separados num canto e mais para dentro deveria ter uma cozinha. Tinham várias boias na piscina, e algumas espreguiçadeiras no deck de madeira. Alguns enfeites estavam espalhados pelo local, tais como fitas coloridas, bandeirinhas e vasos com flores diversas.
— Você chegou! — Hades gritou, e veio me dar um abraço apertado enquanto estava com um drink de melancia na mão.
— Pensou mesmo que eu não vinha? — questionei de volta.
— Tudo nos conformes, moçoila? — senti alguém cutucar meu ombro, e ao me virar, dei de cara com Alecsander, mais conhecido como Dinho.
— Meu baiano favorito, quanto tempo! — eu o abracei imediatamente. Ele trajava uma regata vermelha e uma bermuda preta. — Veio só você?
— Vim só eu? Humf! — ele deu uma risadinha. — Claro que não né, muié! Eu tô com esses 'mula em todo lugar, só paro de andar com eles quando a galinha nascer dente!
— Vem, S/N, chega mais aí! — Hades dizia, com seu sotaque carioca, passando o braço ao redor dos meus ombros, e Dinho fez o mesmo.
Ao adentrar mais na festa, pude me deparar com Bento e Júlio, que estavam carregando cervejas geladas em suas mãos enquanto riam de alguma piada idiota. Ou riam porque eram completos retardados — acho que a segunda opção.
— S/N! — eles disseram juntos, vindo me abraçar no mesmo estante.
— Vadios! — eu disse, os abraçando.
— A gente sentiu tua falta, desgraça. Vê se não some! — Júlio bagunçou meus cabelos, me fazendo rir.
— Aí, S/N, vou pegar uma cerveja pra' tu, calma aí! — o japonês simpático disse, indo no freezer buscar uma para mim.
Era simplesmente tudo que eu precisava. E depois que tinha minha cerveja em mãos, só precisava mesmo ir ao banheiro para vestir o biquíni e poder me refrescar naquela piscina belíssima. Era um lugar bom de se estar, era uma época boa de se viver.
Chegando no deck da piscina, estavam várias pessoas lá, mas alguém acabou me empurrando e eu caí, mesmo que soubesse nadar, fiquei irritada. Mas, inesperadamente, senti braços que me seguraram como uma noiva e fizeram eu voltar a superfície.
— Já tá salva já, donzela — disse Sérgio, me segurando. Bem que eu não tinha visto esse bocó.
— Quem foi o arrombado!? — eu questionei, segurando o ombro do baterista.
Quando olho para cima, vejo Samuel, todo molhado e com um sorriso travesso no rosto. Bem que esse baixista tem uma alma arteira.
— Foi mal, escapuliu — ele disse, e eu lhe ofereci o dedo do meio, com todos nós rindo em seguida.
O dia no geral, foi muito bom. Foi incrível!
Comi bastante — principalmente churrasco e alguns doces —, tomei cerveja e algumas outras coisas que agora não me recordo, mesmo não estando bêbada, brincamos de luta na água com nossos macarrões, fiquei carregando Dinho na piscina como se ele fosse uma donzela em apuros e o vilão fosse Sérgio que agia como um vampiro maléfico. Hades e eu participamos de uma rinha de galo, além de cantarmos altas músicas e fofocarmos, todos juntos. Aquele dia também rendeu boas fotos, pretendo revelar todas e colocar no mural que tenho no meu quarto.
A noite já tinha praticamente chegado. O céu estava praticamente preto com as estrelas o enfeitando. Mas se olhasse bem poderia perceber que ainda sobrava um resquício de laranja, lilás e rosa no céu, indicando uma sutileza naquele adeus diurno. Eu, já tinha tomado um "banho" de chuveirão, somente para tirar o cloro do cabelo, e deixei o biquíni secando num varal que havia nos fundos.
Vesti um vestidinho solto e fino amarelo que eu havia trazido por via das dúvidas. Também havia trazido um creme para pentear para que o cloro da piscina não acabasse com ele, e suportasse até eu chegar em casa e lavar com meus produtos. Estavam penteados e úmidos. Eu estava sentada numa espreguiçadeira, sentindo a brisa fresca, mesmo que ainda estivesse calor.
Todo mundo estava lá no salão, dançando adoidado, parecia até que seus pés tinham vida própria naquele chão liso. Conseguia ouvir músicas internacionais e nacionais.
— Oi — ouvi uma voz tímida, ao meu lado e vi meu japonês preferido se sentar numa espreguiçadeira, a poucos centímetros de distância.
— Oi, Bentinho — eu disse, com um sorriso no rosto. — Eu estava com saudades de você.
— Também senti saudades de você... como tá o tio Ayrton?
— Ele tá bem, tá numa festa na casa de um amigo — eu comentei, dando um suspiro em seguida. — E você, japonês? Você tá bem, hm?
— Eu tô... a gente vai lançar um álbum!
— Finalmente!? Tô ansiosa para ouvir! — eu ri. — Você é meu guitarrista favorito, sabia?
— Ih, mente que nem sente — ele fez um movimento descontraído com a mão, fingindo não dar bola e porventura me fazendo rir.
— Japa ingrato da porra, hein — eu disse, fazendo ele colocar a mão sobre o peito, se sentindo ofendido ou tentando parecer que havia se sentido.
— Mas é mesmo metida, hein? Só por que seu pai é fenômeno no mundo de Fórmula 1? — ele arqueou uma sobrancelha e cruzou os braços, olhando para mim incrédulo.
— Sim, e daí? — eu fiz o mesmo.
— Me deixou sem argumento! — ele riu, colocando as mãos sobre o rosto.
Uma música em especial havia começado a tocar no salão, uma música calma, entre muitas animadas que estavam tocando. Nos primeiros segundos fui capaz de reconhecer Só Tinha De Ser Você de Elis Regina e Tom Jobim. O guitarrista parecia meio tímido, mas me ofereceu sua mão esquerda:
— Quer dançar, boiola?
— Claro, boiola — eu respondi, pegando sua mão, e assim nos levantamos.
Logo, ajeitamos a postura, e eu coloquei uma mão no ombro de Bento enquanto segurava a outra mão dele, e a mão dele que não segurava a minha, estava na minha cintura enquanto começamos a dançar no deck de madeira. Nossos pés descalços se moviam sobre o material sólido e estávamos nos olhando calmamente enquanto nossos corpos condiziam um ao outro na dança. Era lento e pacífico, num ritmo ideal.
"É, você que é feito de azul
Me deixa morar nesse azul
Me deixa encontrar minha paz
Você que é bonito demais
Se ao menos pudesse saber
Que eu sempre fui só de você
Você sempre foi só de mim"
Enquanto estávamos ouvindo a voz da icônica Elis Regina cantando os versos poéticos e marcantes, aproveitamos para apreciar o rosto um do outro. Prestando atenção nos sorrisos idiotas e no brilho que estávamos carregando no olhar. Eu não sabia dizer porque estávamos assim exatamente, talvez fosse pelo brilho das lâmpadas laranjas, como pisca-pisca, que iluminavam o quintal, e a forma como elas reluziam na piscina. Uma certa hora ele me fez rodopiar e aterrissar em seus braços, foi fofo e acabamos rindo juntos, rir com aquele japonês simpático era sempre bom.
Instantaneamente, comecei a aproximar mais meu rosto do dele. Não sabia porque, mas eu sentia que aquilo deveria ser feito. Talvez fosse a Pimentinha sussurrando em meu ouvido que essa era a decisão certa a se tomar. Pensei que ele fosse recuar, e eu já estava começando a me arrepender, pois tinha medo de sair como afobada.
Porém, Bento começou a aproximar seu rosto do meu também. O momento em que nossos lábios se selaram foi esplêndido, havia sido simplesmente perfeito sentir o calor dos lábios dele sobre os meus, e a forma como ele soltou minha mão para poder passear com seus dedos por minha nuca, enquanto mantinha sua mão em minha cintura. Nossas línguas faziam um estalo conectivo, e ali tínhamos todo tempo do mundo, parecíamos controlar cada minuto que habitava o relógio.
Um fogo invisível ardia em meu peito, e eu tinha certeza que ardia no peito de Hinoto também: o fogo da paixão. Uma corrente elétrica percorria meu corpo a cada segundo que ele apertava minha cintura, eu estava tendo um colapso que subia pelo meu corpo dos pés a cabeça.
Sem querer, eu o queria mais e mais.
No momento em que a música acabou, nos distanciamos, encerrando o beijo. Nos olhamos e sorrimos, parecia que a gente não conseguia se lembrar de uma palavra sequer de nosso vocabulário. Uma outra música começou a tocar, dessa vez era Cara Caramba Sou Camaleão de Chiclete com Banana. Nem ao mesmo percebemos quando Hades e os meninos vieram até nós, que estávamos sorrindo um para o outro como idiotas apaixonados.
— Muito melosos, eca! — Hades gritou, antes de pular na piscina, respingando água em nós.
— Manés! — os meninos gritaram, pulando na piscina em seguida, dessa vez nos molhando bastante.
Rimos, e nada fizemos além de pular na piscina junto com eles. Pudemos desfrutar a companhia uns dos outros, rindo e contando piadas idiotas. Era de fato, uma época muito boa de se viver, tendo amizades incríveis, nunca me canso de dizer isso.
O beijo daquele japonês alugou um quarto na minha mente, e não pretendia se mudar nem tão cedo.
[...]
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Desculpa o sumiço, galerinha. Sumi para dar saudade, mas já estou de volta porque não existo sem escrever, assim como não vivo sem o carinho de vocês. 💕🌈
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