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𝗖𝗔𝗣𝗜́𝗧𝗨𝗟𝗢 𝗢𝗜𝗧𝗢
𝘊𝘪́𝘳𝘤𝘶𝘭𝘰 𝘥𝘦 𝘗𝘦𝘥𝘳𝘢
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Nos abrir para a magia, essa era a lição da senhoria Dowling. Focar em nossas emoções e nas boas memórias, era isso que havíamos feito em nosso primeiro dia de aula.

O círculo de pedra era onde praticaríamos o controle, o mesmo captava a essência da natureza e amplia nossos poderes, com a junção do vaso mágico que a diretora trouxera, que canalizaria nossas habilidades e testaria nosso controle.

Cada fada usara o vaso, testando do que era capaz. Restava apenas Bloom e eu para que acabássemos a aula, a cada calouro que o utilizava, Dowling acrescentava um novo ensinamento.

Respirei fundo, colocando minhas mãos em cada lado do vaso. Lentamente, fechei os olhos, buscando em minha mente boas lembranças. De fato, haviam poucas, as mesma sempre tinham o mesmo foco: Daphne.

Com ela em mente, eu senti a leveza me alcançando. Inspirei e espirei devagar, sentindo o ar entrando e enchendo meus pulmões. De alguma forma, eu conseguia sentir a magia correndo por minhas veias.

Quando abri meus olhos, uma grandiosa esfera de emoções estava em minha frente, pulsando com as boas sensações que continha. Eu sentia a paz que a mesma transmitia e, de canto de olho, pude notar que Musa também. Ela me olhou agradecida por isso.

- Meus parabéns, Isobel.- elogiou Farah.

Sorri agradecida, mantendo a minha postura confiante quando retornei ao meu lugar.

O restante da aula se seguiu desastrosa, Bloom não havia conseguido conjurar seu fogo, recebendo em resposta centenas de comentários desnecessários. Fiquei com pena dela, principalmente por saber o que todos lá sentiam, Musa compartilhava do mesmo pensamento, dizendo que aquilo era um desastre. Realmente era.

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Eu sentia tudo, eu sentia tudo ao redor. Esse era o lado ruim de ser uma empata, havia momentos onde eu não conseguia bloquear as demais emoções e isso me consumia. O cansaço vinha em excesso e me tirava de órbita facilmente.

Você sentia como se as pessoas gritassem suas emoções, sem se conter. Era como se houvesse uma ponte ligada diretamente a cada pessoa e seus sentimentos, você não tinha um botão de liga e desliga para dar um fim neles. Então, você tinha que dar seu máximo para se distrair e não focar nisso.

O pior lugar para uma fada da mente seria estar em um lugar fechado cercada de pessoas, o que era onde eu estava no momento. O refeitório estava lotado, me causando uma enxaqueca infernal.

A pior parte era o barulho, pareciam que todos disputavam para ver qual mesa seria a mais barulhenta. Apoiei os cotovelos na mesa, descansando minha cabeça entre minhas mãos.

Musa e Aisha haviam chegado a mesa no mesmo instante, sendo a fada da água quem começara o assunto sobre a noite desastrosa e traumática que Bloom e eu tivemos. Não estava com cabeça e muito menos paciência para falar algo agradável, então me mantive quieta. Seria o melhor para todas.

Bloom e Aisha iniciara uma mini discussão, onde novamente falavam sobre a ruiva ser uma trocada. Me afundei mais ainda na cadeira, sentindo as emoções da Peters mudar. Na mesma hora, Musa me olhou preocupada.

Então, em questão de segundos, a mesa caiu em um silêncio mortal, sendo o único momento em que eu pude dar um suspiro de alívio. De alguma forma, com os ânimos delas calmos, eu havia conseguido desligar por um breve instante, o suficiente para me acalmar e retomar o controle.

Mas a calmaria não durou por muito tempo.

Abrindo um mapa sob a mesa, Stella anunciara a sua presença, alegando ter um plano em mente. Atrás da mesma, se encontrava Sky, que se uniu conosco para ouvir o plano da loira. Talvez tenha sido ele que arranjada o mapa.

Erguendo a cabeça e me ajeitando, notei que o mesmo me observava, me estudando. Acenei levemente para ele, o vendo pegar a deixa e tomar o lugar ao meu lado.

- Soube do que houve ontem, Stella me contou. Você está bem?- sua preocupação era fofa. O dei um breve sorriso, pronta para lhe responder. Entretanto, uma forte onda sentimental me atingiu. Era ciúmes.- Você não parece bem.

O mesmo afirmou, se aproximando. A dor de cabeça aumentou mais ainda.

Enciumada, a princesa de solariana chamou Sky, arranjando um pretexto para passar sua mão por ele enquanto pedia ajuda e o questionava algo. Por reflexo, o mesmo me olhou sem saber o que fazer, notando o ato da mesma.

Soltei uma risada sem emoção, sentindo o olhar da outra fada da mente sob nós.

- O seu ciúmes excessivo está me deixando enjoada, Stella.- revelei, me ajeitando na cadeira.

- Cale a boca, Isobel.- mandou com raiva. Seus olhos brilharam por um breve instante.- Deixe alguém fazer algo de útil e fique quieta.

- A minha inutilidade serve mais do que a sua irresponsabilidade, pode ter certeza.

Envergonhado, o especialista começou a explicar e dizer onde poderiam ter o escondido. Ignorei ambos, focando os olhos em minhas unhas.

Eu ainda sentia o olhar de Musa em mim, sabendo que ela lia minhas emoções, intencionalmente ou não. Então, por ela, foquei em me acalmar.

A conversa se seguiu adiante, com as garotas decidindo o que fazer. O engraçado era que Stella a cada frase que dizia fazia questão em dizer a gente, mas eu sabia que na primeira oportunidade ela cairia fora. Assim como não tivera coragem de nos encarar quando fez o possível para se livrar de Bloom.

Aisha também ficara indignada, juntando com Musa, tendo elas expressado suas opiniões.

- É, mas não fui eu que o perdi.- afirmou, ajeitado o cabelo.

Cansada da situação e da presença da loira, me intrometi.

- Pode não ter sido você quem perdeu, mas não fomos nós que fomos burras o suficiente para emprestar uma joia importante para uma caloura apenas porque estava com ciúmes do que não é mais seu.- retruquei, como quem não queria nada.- Sem ofensas, Bloom.

- Quem foi que te chamou na conversa, Isobel? Por que eu não me lembro de alguém ter te chamado.- respondeu a loira, na defensiva.

Sky a repreendeu, me olhando com um olhar de desculpas pela garota. O ignorei, assim como ignorei a razão e deixei o cansaço me consumir, não tinha forças para lutar contra mesmo. Parecia que aquela voz onde continha as emoções dos outros, tivesse ganhado força, o que antes era um sussurro se tornou quase gritos.

Levando uma das mãos à cabeça, como se a tivesse massageando, comecei a falar:

- Caso você não saiba, loira vadia, eu tenho o totalmente direito de me meter a partir do momento em que minha vida também foi posta em risco por um descuido e birra sua.- rebati, estressada.

Eu tinha consciência de que perderia o controle caso insistisse em discutir com ela. As vozes apenas aumentavam mais e mais.

- Você me chamou do que?- perguntou insultada, erguendo a voz.

Estava me sentindo uma bolha prestes a estourar, eu queria estourar. Queria perder o controle e ver no que iria resultar. A raiva estava me consumindo.

- Quando vamos?- Bloom interrompeu, antes que Stella e eu acabássemos em uma discussão séria.

Musa aproveitou a deixa para pegar em uma de minhas mãos e a segurar fortemente, me olhando como se implorasse para eu me acalmar. Eu via o seu esforço para aguentar aquilo. Novamente por ela eu lutei para recuperar meu autocontrole.

Mesmo sentindo meu sangue fervendo e meu coração batendo loucamente, eu me forcei a me acalmar. Com os punhos cerrados -já tendo soltado a mão de Musa-, contei até três, inspirando o ar e recontando antes de o soltar.

Estava dando certo, eu estava me recuperando aos poucos. Pude ouvir o suspiro aliviado da fada da mente, vendo ela assentir para Aisha, como se tudo estivesse sob controle. E estava, realmente estava, até a Princesa loira vadia de Solária nos chamar de inúteis.

- Já chega!- afastei a cadeira para trás de forma brusca, quase a levando direto ao chão.

No mesmo instante, todas me olharam preocupadas, eu estava beirando ao surto, prestes a voar em Stella. Eu sentia o descontrole mais próximo do que tudo, e as vozes que haviam diminuído em minha tentativa de total controle, haviam retornado com força total.

O que antes era quase gritos, agora eram berros. Minha cabeça passou a latejar intensamente.

Ouvindo o gemido de dor que Musa soltara, peguei minha bolsa e me retirei do refeitório o mais rápido que pude, tomando como deixa.

Mais uma vez eu havia ferido quem eu gostava sem querer. Mais uma vez eu tinha falhado e machucado alguém por não manter o controle.

Eu era uma bomba relógio prestes a explodir e meus estilhaços machucaria todos que estivessem ao meu lado.

.09.2022

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