06. 𝘛𝘩𝘦 𝘋𝘦𝘱𝘰𝘴𝘪𝘵
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𝗖𝗔𝗣𝗜́𝗧𝗨𝗟𝗢 𝗦𝗘𝗜𝗦
𝘖 𝘥𝘦𝘱𝘰́𝘴𝘪𝘵𝘰
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Uma das coisas que mais me surpreendia em Daphne, era que de alguma forma a mesma sempre sabia quando havia algo de errado, ela sempre sentia. Quando a mesma não pressentia, as mensagens vinham atrás de sonhos. Visões para ser exata.
Suas desculpas sempre foram a mesma: ela era sensitiva. Qualquer que fosse sua linhagem, era de mulheres sensitivas. Ela nunca me contou de onde veio, nunca me contou como fora parar naquele orfanato.
Era assim que havíamos nos conhecido, em um orfanato. Era o segundo orfanato da qual eu ficava, no antigo em que eu estivera, eles me diziam que eu era uma aberração, algo cruel e demoníaco aos olhos de Deus e eles não permitiram isso em sua casa.
Na época, eu não entendia, estava encantada demais com o fato de ter feito meus olhos brilharem. Eu era apenas uma criança.
Então, quando fui chutada para o segundo orfanato, eu conheci Daphne, a doce garotinha loira que amava plantas e borboletas e sempre chorava quando encontrava uma formiga morta. Por isso, as garotas de lá sempre a zoaram, a chamavam de fraca e a faziam de fantoche.
Isso durou apenas até o dia em que eu a protegi, tínhamos sete anos e eu havia encontrado ela chorando baixinho embaixo da escada, a perguntei o que tinha acontecido e ela disse que não foi nada. Ao anoitecer eu havia descoberto que as garotas mais velhas haviam a maltratado, então eu cheguei nelas e soquei fortemente o rosto de Maggie, a brutamontes.
Eu bati tão forte que seu nariz chegara a sangrar, porém eu havia quebrado meu pulso, mas escondi a dor e as alertei que se mexem com Daphne novamente, elas estariam mexendo comigo.
Tarde da noite eu fui na enfermaria cuidar do meu pulso e tia Jessy, a enfermeira, me deu uma bronca, mas também me deu um pirulito por ter sido corajosa o suficiente para enfrentar Maggie brutamontes.
Na manhã seguinte, as garotas sequer ousavam olhar torto para Daph, na verdade sequer ousavam em cruzar nosso caminho. Então, nos almoços e recreios eu passava com ela, unidas e a partir daí ficamos juntas para sempre.
Essa era a nossa história, irmãs de alma e coração. Inseparáveis até mesmo a distância, nossa conexão era difícil de se achar.
Então, quando Daphne me acordou assustada no meio da noite, eu entrei em estado de alerta. A mesma dizia coisas desconexas, me preocupando.
- Daph, ei, fala comigo. Devagar. Respira.- pedi, levantando apressada.
A mesma estava nervosa, eu sentia seu nervosismo e medo. Rapidamente peguei um copo com água e levei até a mesma.
- Ei, linda, bebe. Vamos.
Mesmo desesperada, a mesma fez o que eu pedi, tomando a água e tentando não se engasgar. Aproveitei sua distração para lhe acalmar, a dando um pouco de paz, um pouco do que ela me dava quando estávamos juntas.
- Me conta o que houve. Teve um pesadelo?- perguntei preocupada, a alinhando em meus braços.
A loira rapidamente se aconchegou em mim, me abraçando com força. Eu sentia o medo emanando dela, assim como a ansiedade e a adrenalina. Ela se acalmou um pouco antes de me responder:
- Você precisa ajudar ela, Izzy.- pediu, preocupada.
- O que? Ela quem, raio de sol?- perguntei, tentando manter a calma e não denunciar minha preocupação.
- Você precisa voltar, ela precisa de você.
- Ela quem, Daphne?- questionei alarmada, ajeitando minha postura e a virando para mim.
- A garota ruiva que veio com você. Eu a vi, ela precisa de você, Isobel. Ajude-a.
Meu coração começou a acelerar, não tinha como Daphne saber sobre Bloom, eu não havia a contado sobre ela.
- Eu a vi em meus sonhos, Izzy, foi uma visão. Ela correria desesperada de algo, ela estava com medo, com muito medo. Você precisa ir.
- Você tem certeza, Daphne?- ela concordou com a cabeça apressadamente, preocupada.
Me levantei em um pulo, calçando meus sapatos e recolhendo algumas coisas, principalmente meu celular.
Não sabia explicar como Daphne tinha isso, mas ela sempre sabia quando algo iria acontecer e geralmente seus sonhos nunca estavam errados, eu aprendi a não duvidar deles na pele.
- Ela está em um tipo de depósito mal iluminado, aquela coisa está encarando ela. Parecia que estava estudando ela.
Um calafrio percorreu meu corpo. Uma coisa, não algo ou alguém. Havia alguma coisa cercando Bloom. Talvez o que tenha atacado o pastor tenha nos seguido e atravessado conosco.
Estava pronta para ir atrás da fada do fogo, mesmo não a conhecendo direito. Bloom havia se importado comigo e me ajudado a rever a única coisa que me importava em todos os mundos, eu devia uma a ela e também tinha a dito que não deixaria ela só.
Me encaminhei rapidamente até a porta, prestes a sair quando a loira atrás de mim me gritou.
- Espere! Leve isso com você.- ela veio rapidamente em minha direção, com uma adaga em mãos. Eu não sabia dizer do que ela era feita, mas era bastante delicada e bonita, mas eu não tinha tempo para perguntar de onde ela tirara isso.- Tome cuidado, Izzy.
Assenti com a cabeça, depositando um beijo em sua testa e saindo porta a fora. As únicas coisas que se passavam em minha mente era que Bloom corria perigo e precisava de mim, mas a outra era que eu não poderia rever Daph nem tão cedo, não se isso significasse trazer mais perigos para este mundo.
O que quer que tenha nos seguido do Outro Mundo, estava atrás de Bloom e conseguiu chegar até aqui, mais poderão vir. Não posso deixar que os perigos que cercam Alfea se tornem uma possível ameaça a loira. Eu não permitiria isso.
Eu correria o mais rápido que podia de volta ao depósito abandonado, rezando a Deus para que nada de ruim tivesse acontecido com Bloom e que ela estivesse bem e que o que Daphne viu fosse apenas um pesadelo. Porém, eu sabia que não era apenas isso, porque eu não tinha a avisado sobre Bloom.
Conforme me aproximava do lugar, uma sensação ruim me preenchia, era como se algo que não devesse estar ali, estivesse, contaminando a Áurea do lugar. Adentrei o depósito desesperadamente, segurando a adaga com tanta força que chegava a formar nós brancos em minha mão.
Fui caminhando cautelosamente, até estar próxima a porta de onde atravessamos. A sensação ruim apenas cresceu, juntamente com o arrepio que percorreu minha espinha. Eu me sentia observada e isso apenas aumentava meu medo.
O que quer que fosse, sabia que Bloom não estava mais só.
Com minha mão tremendo levemente, me aproximei da pequena salinha onde havia luz, chegando a porta pronta para um ataque. Virei a maçaneta, adentrando com tudo.
A adaga se encontrava firme em mim, que chegara a doer com a força que eu segurava ela. Bloom levou um susto com minha repentina aparição, mas eu não me importei com isso. Chequei o local para ver se estava seguro.
- Mas o que?- ela estava indignada e claramente confusa.
- Graças a Deus você está bem.
Respirei aliviada, vendo a mesma inteira e em segurança. Talvez a loira tenha errado dessa vez, talvez fosse apenas...
Aquela sensação ruim me alcançou com força, era algo podre.
Bloom ainda reclamava, falando que havíamos combinado de nos encontrarmos apenas pela manhã e que eu não deveria estar ali.
- Cale a boca.- ordenei, puxando a mesma para perto e tampando sua boca.
Eu sentia sua indignação apenas crescendo cada vez mais, mas eu não tinha tempo para isso. Um grito feral se foi ouvido por todo o depósito, arrepiando todos os pelos do meu corpo. Por reflexo, nós duas nos jogamos no chão, ficando agachadas embaixo da janela.
Automaticamente Bloom me olhou com medo, eu tentei transmitir calma a ela, mas eu sequer estava calma para isso. Na verdade, eu estava com medo, com muito medo, mas agora não era hora para desespero, eu tinha que ser racional.
- O que foi isso?- ela sussurrou, com sua voz falhando.
Eu neguei com a cabeça, dizendo que não sabia. Apertei firmemente a adaga em minha mão, conferindo se estava a segurando certo. Nunca havia usado uma, mas agora eu teria que saber usar, por nossas vidas.
Nós duas checamos a janela ao mesmo tempo, abrindo uma brecha entre a cortina que a cobria. Aquilo não era um homem e muito menos um animal, aquilo era algo jamais visto.
Meu coração se acelerará mais ainda e enquanto eu me joguei ao chão novamente, Bloom recuou para trás, no exato momento em que aquele coisa se virava.
Por descuido, ela acabada derrubando o anel de Stella no pequeno bueiro, perdendo a nossa única saída. Estávamos presas com aquela criatura.
Para piorar nossa situação, o forte medo exalado de Bloom estava me deixando desnorteada, apagando aos poucos alguns sentidos.
Rapidamente a ruiva se jogou ao meu lado, me olhando desesperada.
- Controle seu medo, eu preciso pensar e ele está me distraindo.- pedi, em um sussurro, tentando me concentrar nas batidas ritmadas do meu coração.
Bloom tentou fazer o que eu pedi, ficando em extremo silêncio e tentando se acalmar. Alguns segundos se passaram e nada, parecia que a barra estava limpa, mas eu sabia que não estava. Aquele mal agouro apenas crescia dentro de mim.
No instante seguinte, a mão daquela criatura atravessou a janela em cima de nossas cabeças, nos fazendo se jogar cada uma para um lado. Bloom gritava desesperadamente, com seu medo voltando com força.
Tentei bloquear o máximo que eu pude, não deixando isso me distrair. Aqui era vida ou morte, não havia tempo para distrações.
Bloom olhou para uma grade no chão, que dava a um túnel. Rapidamente ela a abriu, me chamando. Olhei para ela, desesperada, precisávamos de uma distração, se não essa coisa nos alcançaria.
Forçando minhas mãos, lembrei da adaga de Daph. Agora era hora de usá-la. Olhei para Bloom em alerta.
- Vai.- gritei, no mesmo instante em que a cravei na mão da criatura e a arrastei com força para baixo, abrindo um corte feio e profundo em sua mão.
Felizmente a ruiva havia entendido o sinal, se jogando no buraco. Segui seu exemplo, deslizando até o mesmo e fechando a grade. Ficamos abaixadas, esperando.
Fiquei em estado de alerta, enquanto Bloom começou a engatinhar até outra grade. Assobiei chamando sua atenção, gesticulando e tentando entender o que ela iria fazer. A mesma apontara para algo em sua frente: o anel de Stella.
Suspirei aliviada, finalmente havia algo bom.
Mas como o karma é uma droga, nossa paz durou pouco, aquela coisa criatura ou o que quer que seja, apareceu novamente, como se estivesse nos caçando. A mesma tentava invadir aqueles túneis a todo instante, aumentando o nosso desespero.
Suas garras seriam capazes de nos partir ao meio caso desejasse e, olha que interessante, parecia que era exatamente o que ele queria.
A fada do fogo engatinhou mais rápido ainda, tentando alcançar o anel, mas falhando. Sua mão não alcançava o mesmo. Me aproximei dela, pronta para a ajudar. Porém, na mesma hora, a coisa atravessou a grade do outro lado, tendo apenas o anel de Solária e a grade que nos separava entre eles para nos ajudar.
Bloom insistiu no anel até onde pode, quando a criatura começou a se jogar contra a grade e nós duas tivemos que fugir e abandonar a joia real. Stella a mataria quando retornássemos, se retornássemos.
Alguns metros à frente tinha uma grade, arrombei a mesma, nos tirando daqueles túneis. Aquela gradezinha não conteria aquela criatura por muito tempo, estávamos ferradas.
Como conhecedora do local, Bloom agarrou minha mão livre e me arrastou por uma porta, do qual felizmente demos de cara com Farah Dowling, nossa querida diretora.
- Vocês duas, retornem a escola. Vão!
Com o poder da mente, a mesma abrirá a porta para nós, do qual atravessamos o mais rápido possível, olhando sincronizadas para trás a tempo de ver a senhorita Dowling deter a criatura e fechar a porta em nossa cara.
Ofegantes, rentávamos recuperar e acalmar nossa respiração e coração. A adrenalina que corria pelas veias da ruiva percorria minhas veias, alimentando a minha. Eu estava elétrica.
- Caramba, essa foi uma aventura e tanto.- levei a mão ao coração, checando o quão acelerado estava, por mais que eu já soubesse, já que parecia que ele queria saltar para fora da minha caixa torácica.
Bloom me olhou feio, ainda tentando se recuperar.
- Vocês estão bem?- a voz preocupada de Aisha ressoou atrás de nós, quase me matando do coração.
Eu sequer fiz algum esforço para conter a sequência de palavrões que saiu de minha boca, vendo as três figuras paradas devidamente alinhadas atrás de nós.
- Estamos vivas, isso basta.- respondi, ofegante, tentando me recuperar do ataque e do susto que havia levado.
- Que droga era aquela!?- Bloom gritou exasperada.
- Eu tenho quase certeza de que era um queimado.- Terra respondeu nos avaliando.
Eu não estava mais prestando atenção nelas e sim em me acalmar e retomar o controle. Precisava me manter controlada.
Fui respirando e inspirando devagar, contado até três em cada inspirada antes de soltar o ar. Felizmente, durante o caminho eu consegui me recuperar, mesmo ainda estando um pouco em choque e traumatizada por conta daquela criatura, do Queimado.
A coisa mais difícil foi ter que lidar com a emoção das garotas, a preocupação delas me cansava, a ansiedade da Bloom me estressava e o medo delas me deixava com enxaqueca. Eu também estava sentindo tudo isso, era óbvio, mas a dosagem de cada uma delas misturada com a minha apenas me deixava pior.
O caminho inteiro eu voltei calada, sem sequer dirigir uma palavra a qualquer uma delas. No meio do caminho, Musa havia me dado um olhar solidário, porque ela também compartilhava do mesmo dom que o meu, então ela me entendia.
Alguém, sem ser Daphne, me entendia e saber que eu não estava só aqui era até reconfortante. Foi pensando nisso que me fez dormir com a cabeça leve assim que cheguei em nossa suíte, sem qualquer sinal da princesa solariana.
A última coisa que eu fiz antes de apagar foi avisar Daphne que eu estava bem e viva, ignorando a queimação em minha mãe pelo corte que fiz com a adaga da loira, sem querer. Cansada demais para limpar o corte, apenas enfaixei a mão rapidamente e de qualquer jeito, pronta para apagar.
29.09.2022
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Meus queridos e queridas leitoras, hoje é um dia especial. Muito especial.
Há exatos 1 ano, 8 meses e 28 dias eu conheci três garotas incríveis por meio desse app de leitura. Com o tempo, nós fomos nos aproximando e deixando de ser apenas amigas, nós viramos irmãs de coração uma das outras.
Eu nunca pensei que pudesse encontrar alguém assim na minha vida, alguém do qual eu sempre pudesse contar, que mesmo morando longe (coloca longe nisso), parecia que sempre estava comigo. Alguém que me mostrasse que eu era algo a mais, que eu sempre poderia melhorar, que eu sou bem melhor do que as pessoas dizem e do que eu me rebaixava a ser por essas pessoas.
Essas três garotas mudaram minha vida de um jeito surpreendentemente e hoje eu sou totalmente grata por ter minhas parceiras comigo, minhas agentes.
Hoje é aniversário de uma delas, da minha irmã do meio: Lara31254 . Garota, você me ensinou tudo do que eu mais precisava. Você me incentivou a ser forte e não desistir e dar ouvidos aos comentários desnecessários, a aqueles que apenas me usavam. Larinha você me fez ser um pessoa melhor, nunca desistiu de mim e sempre me apoiou em tudo.
Eu te amo com todo meu coração e continuarei te amando até depois qie ele parar.
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