04. 𝘖𝘶𝘵 𝘰𝘧 𝘤𝘰𝘯𝘵𝘳𝘰𝘭
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𝗖𝗔𝗣𝗜́𝗧𝗨𝗟𝗢 𝗤𝗨𝗔𝗧𝗥𝗢
𝘍𝘰𝘳𝘢 𝘥𝘦 𝘤𝘰𝘯𝘵𝘳𝘰𝘭𝘦
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Alfea era realmente enorme, sua estrutura parecia ser ainda maior vista do lado de fora, definitivamente enorme. Alfea, a grande escola para fadas.
A Senhorita Dowling havia dito na carta em que me entregara que a escola se tornaria meu lar, que seria o melhor lugar para mim e que eu ficaria bem aqui, que eu teria e retomaria o controle sobre a minha vida e meus poderes. Ela estava enganada.
Eu ainda caminhava para o mais longe possível daquela enorme construção, daquela escola que deveria me ajudar e não me desgastar. Em horas, seu efeito já começara sendo negativo.
A cada paço que eu dava, era como se um peso recaísse sob meu peito, não importava o quão longe eu ia, parecia que as emoções das pessoas sempre me perseguiam. Eu continuei caminhando, sem olhar para trás. Não queria olhar para trás.
Eu sabia os perigos que rondavam Alfea, mas no momento isso não importava, eu só precisava tirar esse peso e aperto que crescia cada vez mais.
Em cada passo dado era como se o ar fosse sugado de meus pulmões, eles ardiam com o esforço para que o ar circulasse. Diminuindo meu ritmo, fechei os olhos fortemente, respirando fundo.
Foi algo inútil e perceber isso, perceber que eu estava quase ao ponto de perder o controle, apenas aumentou mais ainda o meu desespero. Instantaneamente meu coração adquirira um ritmo rápido, parecia que ele estava correndo uma maratona.
Ter consciência disso apenas fez meu desespero crescer, não importava se eu tentava me acalmar, pensar claramente ou respirar fundo, eu não conseguia fazer aquela sensação parar.
Eu me sentia quente, não, eu estava queimando por dentro, nem mesmo o vento gélido que batia em meu corpo era capaz de esfriar o fogo que crescia. Aquela sensação apenas me agoniava mais e mais, era como se não tivesse fim.
Então, de um instante para o outro, eu não conseguia mais respirar. Minha garganta estava fechada e impedia qualquer passagem de ar, eu estava sufocando e a cada momento aquela angústia e agonia crescia cada vez mais, me dominando aos poucos.
A tontura que me atingiu fora lacerante, foi impossível não recuar com a sua força, parecia que a mesma estava me puxando cada vez mais para baixo. Eu sentia meus joelhos fraquejarem, mas eu sequer tinha forças para me manter firme, então apenas recuei para uma das diversas árvores e me deixei deslizar e cair lentamente em cima das folhas e dos galhos, ouvindo-os partir-se ao meio.
A única coisa que se passava em minha mente era por quanto tempo aquilo iria durar? Por quanto tempo essa agonia me consumiria? Já fazem anos desde meu último ataque de pânico.
Eu sabia o que estava acontecendo, era óbvio, não tinha como eu negar. Para alguém acostumada a sentir além do limite e que já havia provado na própria pele, eu já sabia reconhecer os sinais.
Instintivamente, abracei meus joelhos, os mantendo colados ao meu pente e apoiando minha cabeça neles, apenas esperando que aquela sensação fosse embora. Eu sentia minha respiração esquentando aos poucos, mas a vertigem já se estava diminuindo.
Lentamente eu apoiei a cabeça na árvore atrás de mim, puxando o ar gélido e deixando o alívio me consumir enquanto o ar preenchia meus pulmões. Fiquei assim por alguns minutos, tentando acalmar meu coração e fazê-lo desacelerar.
Parecia que havia prensado algo em minha cabeça, a mesma doía para um inferno. Era como se tivessem pisado e atropelado a mesma, apenas piorando mais ainda com o suor frio que grudava meu cabelo em minha testa.
Em algum momento, minhas mãos passaram a tremer violentamente, levando meu coração a um ritmo desenfreado novamente. A sensação de vertigem voltara aos poucos, me deixando enjoada.
Mesmo com o passar do tempo, meu coração não desacelerava, eu sentia a adrenalina correndo por minhas veias. Eu sentia que poderia vomitar a qualquer momento.
Um toque suave soava ao longe, parecia bem distante, mas o vibrar em meu bolso denunciava não ser. Com a respiração falha e as mãos tremendo, alcancei meu celular, atendendo o cegamente, mesmo já tendo uma noção de quem poderia ser.
- Me escute com atenção. Eu preciso que você se acalme, Izzy. Você não está sozinha, você não tem que aguentar tudo sozinha. Se lembre disso.
- Daph...- sussurrei, tentando manter o celular em minhas mãos.
Estava fraca demais para segura-lo em minha orelha, então o pus no viva-voz.
- Izzy, eu preciso que você se concentre em minha voz. Acha que consegue fazer isso?- a mesma não conseguiu esconder o tom desesperado em sua voz, ela estava preocupada. Muito preocupada.
Pontos pretos dançavam em minha visão, eu me esforcei o máximo que consegui para não focar neles e sim nas palavras de Daphne.
- Eu... eu acho que sim.- sussurrei em resposta, realmente tentando.
- Tudo bem, vamos lá. Respire comigo: inspira, conte até três e solte.
Fui fazendo o que a mesma mandou, a seguindo conforme a mesma continuava repetindo a sequência, fomos assim até eu conseguir me acalmar aos poucos.
Eu não sabia quanto tempo havia se passado, ou quanto tempo ficamos em silêncio apenas esperando eu me recuperar, mas Daphne não me deixou ou desligou em momento algum. A mesma ficara lá, apenas ouvindo minha respiração se acalmar aos poucos.
Embora não soubesse, ouvir a voz da mesma e sua respiração, saber que ela estava lá comigo, mesmo que não fosse fisicamente já havia me feito um bem enorme. Estar com Daphne ou ter sua meia presença já era o bastante para mim.
Depois de mais alguns segundos em silêncio, a mesma disse:
- Quer me contar o que aconteceu?- indagou, receosa.
- Como você soube?- perguntei, de repente, sentindo minha energia voltando aos poucos.
Eu sabia que deveria voltar logo, antes que eu me deparasse com o que atacara o pobre pastor.
- O que?- a mesma perguntara, confusa. Ela não havia compreendido minha pergunta, mas eu não a julgara, eu tinha lhe questionado muito rápido.
Então, calmamente, refiz minha pergunta:
- Como você sabia que eu não estava bem?
A mesma demorou alguns segundos para responder, tendo ficado tão muda ao ponto de me fazer checar se não havia desligado.
- Eu não sei. Eu não sei explicar, foi só como...
Ela se interrompeu no meio de sua própria frase, me fazendo agarrar o telefone ansiosa por sua resposta.
- como...- repeti, a instigando a continuar.
- Foi como se eu soubesse que algo estava errado, eu senti que havia algo de errado acontecendo. A primeira coisa que me veio em mente foi você. Eu só conseguia pensar em você, Isobel.
Eu assenti com a cabeça, mesmo que ela não pudesse ver, processando o que ela havia me dito.
- Venha para casa, Izzy.
Sua fala repentina me surpreendeu, me fazendo ficar em alerta. Eu queria retornar para casa, mesmo eu não tento uma casa em si, com quatro paredes e um teto. Daphne era minha casa, ela era meu lar, onde quer que estivesse.
O receio me atingiu, juntamente com memórias dolorosas que eu tentava enterrar desesperadamente. Não permiti que as lembranças retornassem, tentando focar no momento atual.
Antes que eu pudesse avisa-la que não tinha como, ela se prontificou, como se já soubesse de tudo e, como sempre, estivesse a um passo à frente.
- Eu vou dar um jeito, Sol. Apenas volte para casa. Hoje.
Novamente, eu a obedeci. Eu sempre obedeceria e seguiria Daphne, onde quer que ela fosse ou que quer que pedisse, eu faria sem pensar duas vezes.
25.09.2022
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Mais um capítulo concluído, amém.
Nesses últimos dias, para a felicidade de todos, eu tenho conseguido escrever os capítulos sem ter muita dificuldade. Eu já tenho até o capítulo 11 pronto e o começo do 12.
Graças ao meu surto criativo, eu já consegui pensar em como pretendo fazer minha próxima fanfic e minha musa: mackiavelick
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