Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

CAPÍTULO 73 - Vitórias

Eu acho que já chega

Posso ficar um pouco bêbada

E ai vou dizer o que vier na cabeça

Rihanna - FourFiveSeconds

________________________________

Naquela noite, quando Cáel tomou o seu posto do outro lado daquela porta que passou a carregar tantas lembranças, eu me preparei para um possível conflito, ou talvez para ouvir um longo sermão sobre minha imprudente decisão de treinar as meninas, porém, estranhamente, o guarda nada falou.

Achei aquilo um tanto esquisito, Cáel não tinha o hábito de esconder o seu descontentamento. Descobri, portanto, que preferia ouvi-lo despejar uma série de avisos e advertências, ao invés de escutar apenas o seu silêncio perturbador.

O guarda decidira instaurar o distanciamento entre nós, então eu o respeitaria. Era o melhor a se fazer, afinal.

Ignorando as pesadas respirações do homem prostrado do outro lado da porta, eu deitei em minha cama e tentei dormir. Fechei os olhos, mas o sono não veio. Havia uma estranha sensação no ar. Eu só queria fingir que tudo estava bem, mas não estava. Aquele súbito desconforto me consumia aos poucos, e em algum momento, eu deveria aceitar que Cáel nunca teve a intenção de nutrir qualquer laço de amizade comigo.

A noite muito se estendera, quando enfim, Cáel irrompeu o silêncio noturno.

— Erieanna. — ele chamou, receoso.

Sorri ao ouvir a sua voz. Achei que o guarda não voltaria a falar comigo, por essa razão fiquei aliviada em ouvi-lo.

— Sim. — eu respondi, ainda deitada em minha cama.

Fez-se um longo silêncio antes de Cáel tornar a falar:

— Soube do treinamento das meninas. Espero que realmente consiga ajudá-las. Todos merecem ser livres. Fico na expectativa de que elas encontrem a liberdade que tanto desejam.

Sua revelação pegou-me desprevenida. Eu esperava lidar com qualquer situação, menos com aquela. Cáel era muito diferente do que eu pensava.

Como de habitual, caminhei em direção a porta e sentei-me no chão daquela antiga torre que emanava a sua energia emblemática.

— Pensei que repreenderia as minhas ações. Já estava preparada para contradizer suas ordens. Você estragou o discurso que planejei para essa noite. — provoquei, arrancando-lhe uma risada.

— Geróid garantiu que você assegurou a discrição dos treinamentos. Além disso, os deuses não podem opinar sobre aquilo que não foi reportado.

Então eu soube, Cáel manteria aquela ação em segredo.

— Não precisará esconder essa informação por muito tempo. O treinamento será breve. As meninas devem partir antes de serem vendidas por seus pais. Acredito que isso ocorrerá em breve. — expliquei, sentindo o peso do tempo correr contra mim e as pobres garotas fadadas a um destino cruel.

— Eu entendo. — Foi tudo o que ele disse.

Ficamos, mais uma vez, completamente calados. O som de nossas respirações alterou-se pelo ar, que por sua vez era bloqueado por um simples pedaço de madeira. Todavia, apesar de tudo que ocorrera durante o Yule, havíamos nos tornados estranhos novamente.

— Os homens estão fazendo apostas sobre você. — revelou, Cáel, depois de algum tempo.

— Que tipo de aposta? — perguntei, desconfiada.

— Alguns acham que você não é capaz de treinar as meninas, outros acreditam no contrário. As apostas estão altas. Todos estão ansiosos pelo início do treinamento. — expressou, contendo o riso.

— E quanto a você, qual o seu lado da aposta?

— Ainda não decidi. — ele respondeu. — Você é diferente de todas as mulheres que eu conheci. Há uma força que emana do seu interior a qual eu não consigo identificar. Sei que pode manipular os elementos da Natureza, mas não sei se és habilidosa com a espada. Pessoas que manipulam a magia, não se importam em aprender a lutar.

Sorri mais uma vez. Cáel definitivamente não me conhecia.

— Posso lhe garantir que eu sei empunhar uma espada, talvez até melhor que você ou qualquer um dos seus guerreiros. Fui treinada por um bravo e implacável líder escandinavo. Assim como também fiz parte da infantaria das Valquíria. Além disso, venci uma poderosa deusa em duelo mortal. Meus dons me auxiliam durante os combates, isso é verdade. Mas, se porventura falharem, sou capaz de lutar como qualquer outra pessoa. Jurei para mim que jamais voltaria a ficar indefesa, não permitirei que me machuquem sem que eu possa lutar.

Cáel, então, abaixou-se e sua voz soou bem próxima ao meu ouvido, quando voltou a falar:

— Sendo assim, confiarei em sua habilidade e apostarei aquele barril de cerveja que venho guardando para uma ocasião especial. Tenho certeza que dobrarei as apostas. — Ele riu, ao confidenciar o seu plano.

— Quero metade de seus lucros, pois não ganharia a aposta sem a minha ajuda. — barganhei, esperando ganhar ao menos uma adaga.

— Justo. — concordou, colocando-se em pé. — Eu sabia que existia uma mercenária dentro de você. — Ele gargalhou alto, fazendo-me rir com gosto.

꧁꧂

Na manhã seguinte, assim que o Sol surgiu no límpido céu azul, eu despertei animada ciente do meu propósito naquela ilha.

Caminhei até uma das janelas daquela torre e observei com atenção a movimentação dos homens de Cáel logo abaixo de mim. Havia um certo ar de euforia entre os guerreiros, eles pareciam animados com os acontecimentos que se seguiriam no dia. Era uma pena que as apostas não acabariam bem para eles.

Determinada a ocupar a minha mente até que as minhas pupilas chegassem, eu me enfiei em uma rústica calça marrom, ajeitei a camisa branca em meu corpo, calcei as pesadas botas de couro e parti rumo às instalações dos druidas. Eu precisava meditar e conjurar todo o meu controle antes de iniciar aquele treinamento. Era necessário que eu estivesse em minha melhor forma.

A manhã se estendeu depressa, como se o tempo determinasse que estava contra todos. Era quase meio do dia, quando o trio de garotas finalmente surgiu entre a clareia das árvores e se aproximou da torre.

Interrompi tudo que eu fazia, e parti em direção das garotas que estavam devidamente trajadas com calças e largas camisas masculinas. Não perguntei onde tinham encontrado tais vestes, não era da minha conta especular tais ações.

— Fico feliz que tenham voltado. — eu disse, exibindo um largo sorriso.

As meninas apenas balançaram a cabeça assentindo em confirmação. Seus olhares, contudo, analisaram furtivamente os pares de olhos dos guerreiros que as encaravam.

— Ignore-os. Eles não valem o esforço de conceder qualquer atenção. — Girei os calcanhares, afastando-me daquele bando de homens grosseiros.

Escutei os passos das jovens atrás de mim, seguindo-me silenciosamente.

Chegamos, por fim, junto às planícies, na qual podia-se observar as ondas do mar se agitando abaixo do morro. Dei-me conta, naquele momento, que eu precisava de armas para ensiná-las efetivamente. Entretanto, eu mesma não tinha qualquer adaga. Aquele seria um treinamento diferente, porém eficaz.

Analisei a estatura corpórea das garotas. Elas eram magras e de altura mediana. Qualquer homem as tomaria com facilidade. Porém, se soubessem lutar, jamais temeriam ser violadas por qualquer animal disfarçado em pele de homem. Elas estariam seguras quando aprendessem a se defender. Aquilo era o mínimo que qualquer mulher deveria saber.

Comecei o treinamento pelo básico. Manuseando pedaços de galhos, ensinei-as, a grosso modo, a altura correta de se empunhar uma espada, bem como s sustentar o peso do corpo de forma certa. No geral, elas se saíram bem. Existia uma força vital em cada uma delas, que as impediam de falhar, e quando erravam, elas tentavam novamente, não desistiam até acertar.

Não tardou para que os seis guerreiros se juntassem a nós, observando-nos com seus olhares astutos.

Eu sempre os ouvia rindo a cada vez que eu passava uma instrução para as meninas. Eram risos debochados, que tinham o propósito de nos intimidar com seus comportamos irônicos e desnecessários.

Eilyn, cansada de ser alvo de chacota daqueles homens, tomada pela raiva, lançou seu galho com toda a força em direção ao Alec, o mais jovem guerreiro que seguia Cáel, e o golpe preciso acertou em cheio a sua testa, fazendo com que ele caísse de costas no chão.

O silêncio se abateu em todos enquanto observávamos Alec caído, de um jeito um tanto torto, no meio do mato.

Incapaz de esconder minhas emoções, eu soltei uma gargalhada que ecoou pelo ar até se perder no mar. Logo em seguida os homens também começaram a rir. Alec também ria enquanto um de seus amigos o ajudava a se levantar. Até mesmos a meninas foram contagiadas pelo repentino acesso de risos.

— Mais galhos vão voar em suas cabeças, se continuarem a zombar de nós. — advertiu, Máirenn, levando as mãos na cintura, igual a uma mãe quando repreende o filho.

Os homens imediatamente me procuraram com seus olhares.

— De nada adianta olhar para mim. — Levantei ambas as mãos. — Elas são livres para se defender como bem quiserem.

Aos poucos os espectadores foram se dispersando, voltando aos seus afazeres até que sobrou apenas Geróid, nos vigiando em silêncio. Com certeza, o astuto guerreiro não confiava inteiramente em mim, forjando guerreiras que poderiam se voltar facilmente contra os seus companheiros.

Muito do dia se passara, quando por fim, eu dispensei minhas pupilas do treinamento diário. Elas estavam longe de se tornar guerreiras, mas o pouco que haviam aprendido, poderia lhe conceder vantagem caso algum aproveitador decidisse abusar de suas virtudes. Ao menos elas tinham uma chance — ainda que mínimas — de se defender.

Ao retornar a torre, eu me despedi das jovens, e enquanto eu as observava adentrar na densa floresta, ouvi Alec resmungar:

— Acha mesmo que vai conseguir treinar essas meninas com pedaços galhos? Isso é uma piada.

Eu sabia que meus instrumentos não eram ideias. No entanto, eram os únicos recursos que eu tinha ao meu dispor e eu daria o meu melhor com eles.

Girei os calcanhares de modo a encará-lo. O jovem de boa aparência, mantinha um sorriso esnobe curvado em sua face.

— Está duvidando das minhas armas ou das minhas capacidades como guerreira? — eu perguntei, arqueando a minha sobrancelha.

— Duvido de ambas. — respondeu de supetão. — Acredito que não és capaz de treinar alguém, mesmo se tivesse todas as armas ao seu dispor. — Seus olhos de um verde tão claro, brilharam ferozmente evidenciando a descrença contidas em suas palavras.

Desviei meu olhar para espada que ele carregava pendurada em sua cintura. E naquele momento, surgiu-me uma ideia.

— Eu te desafio a um duelo. Você luta com sua espada e eu com o galho. Se eu vencer, fico com a sua espada. Todavia, caso eu perca, eu desisto do treinamento e informo as meninas que as enganei fingindo que sou uma guerreira, quando na verdade sou apenas uma charlatã em busca de atenção. O que me diz?

O jovem guerreiro abriu um largo sorriso reluzente. Logo em seguida, sacou a espada da bainha e colocou-se em posição de luta.

Os demais guerreiros, ao observarem as ações de seu companheiro, aproximaram-se para acompanhar o desenrolar daquela situação.

Selecionei um dos galhos que eu trouxera do treinamento e também me coloquei em posição de combate. Ficamos, então, nos encarando em silêncio, observando os sinais corporais um do outro, até que Alec, ergueu a espada e marchou em minha direção, comandando o primeiro ataque.

O jovem guerreiro lançou a lâmina afiada em direção ao meu tronco, determinado a rasgar a minha barriga. Contudo, antes que a espada me atingisse em cheio, eu desviei do golpe impulsionando meu corpo para traz do seu, inclinando-me levemente, manuseando o galho verticalmente, chocando-o contra a parte traseira de seu joelho. Devido ao meu ataque previamente calculado, Alec perdeu totalmente o equilíbrio e caiu de cara no chão. Ele ainda segurava a sua espada, quando eu levei a ponta do galho em direção ao seu pescoço e o pressionei contra a sua garganta.

O jovem, furioso, cerrou os punhos contra o cabo da espada e tentou se levantar, no entanto eu apenas sinalizei:

— Se meu galho fosse uma espada, você já estaria morto.

Alec grunhiu irritado, mas não efetuou qualquer ação. Esperei que ele se acalmasse e só então tirei o galho do seu pescoço, afastando-me do meu oponente abatido.

Ninguém ousou tecer qualquer comentário, todos os homens permaneciam calados em estado de pura estupefação.

— Darei a você mais uma chance de provar o seu valor. Assim também será refutada a hipótese de que eu tive sorte. Entretanto, se eu vencer novamente, ficarei com a sua espada.

Alec limpou a poeira do rosto, e rapidamente se pôs em pé, empunhando a espada com vigor. Seus olhos irradiavam uma fúria devastadora, não era o seu desejo perder para mim.

Fechei minhas mãos em torno do galho e tomei uma posição de ataque. Alec soltou um grito raivoso antes de disparar correndo em minha direção, determinado a cravar a lâmina da espada em qualquer parte do meu corpo.

Estimulada por sua ação, também disparei em sua direção. Entretanto, ciente de que meu galho não teria qualquer chance contra a espada, um pouco antes de nos confrontar, eu deslizei por entre as suas pernas, sentindo a espada cortar o vento do lugar onde eu deveria estar. Ainda agachada, tentei mais uma vez golpear as costas de seu joelho, mas Alec aprenderá a lição os deixou rígidos, bloqueando, assim, o ataque. Pegando-me totalmente desprevenida, ele lançou a espada em minha direção. Vi, completamente alarmada, a laminar descer rumo ao meu pescoço, pronta para ceifar a minha vida, Porém, no último momento, consegui rolar pelo chão, desviando do ataque fatal.

Coloquei-me em pé, novamente, aumentando a distância entre eu e meu oponente que se mostrara demasiado agressivo.

Por breves instantes analisei a minha situação. Eu não tinha chances se lutasse em proximidade, mas se eu o desarmasse antes que ele chegasse perto, eu teria uma certa vantagem.

Com esse pensamento, andei um pouco mais para trás, e aguardei o próximo ataque de Alec. Como esperado, o jovem guerreiro, disparou apressando em minha direção. Eu fiz o mesmo, todavia, antes de chegar na metade do caminho, eu cravei o galho no chão, peguei um impulso, girei no ar e choquei meus pés no centro do peito de Alec, que com o agressivo impacto, desequilibrou-se para trás, completamente sem fôlego. Aproveitei o momento em ele que estava indefeso, puxei o galho do solo, e o lancei em direção ao braço do guerreiro que mal conseguia segurar a espada. Devido ao inesperado ataque, sua arma despencou no chão.

Corri em disparada em direção a espada que seria minha. Todavia, movido pelo desespero, e ainda que lhe tivesse faltando ar, Alec também se arrastou no chão rumo a espada. Mas para a sua infelicidade, eu fui a primeira a tomá-la em minhas mãos.

Alec, no entanto, não se deu por vencido e jogou todo o peso do seu corpo sobre mim, tentando retirar a espada que eu segurava com afinco. Choquei minha testa contra o seu nariz. O jovem guerreiro urrou de dor. E, enquanto ele se perdia na agonia de seu nariz quebrado, eu girei meu corpo por cima do seu e coloquei a lâmina da espada que já não mais lhe pertencia, rente à sua garganta. Seu nariz sangrava enquanto eu respirava apressadamente segurando a espada em seu pescoço. E foi meio a profundas arfadas, que eu declarei:

— A sua espada agora é minha, guerreiro.

Então eu levantei, levando a espada comigo. Estirado no chão, Alec soltou risos histéricos que eu não soube identificar se eram de ironia ou humilhação. Não pensei muito no guerreiro esticado no chão, pois já havia conquistado a espada que eu tanto queria.

O jovem ainda permanecia caído naquele solo arenoso, quando eu encarei aqueles guerreiros, levantando a minha espada no ar, vociferando em alto e bom tom:

— Alguém mais deseja me desafiar.

Os homens se entreolharam, receosos e completamente calados.

Finn, o guerreiro de meia idade, cuja parte esquerda do seu rosto ostentava um complexo traço de tatuagem, foi o primeiro a colocar-se à frente:

— Eu aceito a desafio. — disse, ele, revelando um sorriso de canto que evidenciou seu dente de ouro.

— Pois, bem... — concordei — Como pode perceber, eu já não preciso de uma espada. O desafio, portanto, terá outra recompensa. Se eu vencer, desejo que me ajude a treinar as meninas. Mas se eu perder...

— Quero me deitar contigo! Quero que seja minha por uma noite. — Cortou-me, abruptamente, sorrindo com demasiada malícia.

Mal sabia, o tolo guerreiro, que ele jamais me venceria.

— De acordo. — expressei, colocando-me em posição de combate.

Finn fez o mesmo. Posicionou-se a minha frente, empunhando a espada, lançando-me um feroz olhar de um guerreiro ávido pela vitória.

Levantei minha espada à frente do meu rosto e olhei-o por cima da lâmina reluzente e afiada, flexionando os meus joelhos, enquanto aguardei pelo ataque.

Finn ergueu a sua espada, que cortou o vento, e com demasiada fúria, lançou-se contra mim. O atrito de ambas espadas se chocando ecoou pelo vento, silenciando a floresta que pareceu nós observar. Senti seu hálito alcoolizado contra meu rosto. Finn, baixou a espada e tentou penetrar a lateral do meu corpo, porém eu fui rápida em desviar do ataque, jogando-me para trás de si, golpeando o cabo da espada em sua nuca. Aturdido por tal movimento inesperado, Finn, perdeu o equilíbrio por alguns instantes, o que me concedeu vantagem sobre ele. Sem que o guerreiro pudesse se defender, com um ataque rasteiro passei minha perna por seus joelhos e o tombei de costas no chão. Instantes depois eu estava sobre ele, com a lâmina da espada colada em seu pescoço, enquanto homem me encarava espantado. Seus negros olhos cor da noite, estavam arregalados.

A plateia que nos assistia, encontrava-se completamente silenciada. Alec que já havia tomado o posto junto aos seus companheiros e era o único que sorria com certo deboche.

Estendi a mão ao meu oponente e o ajudei a levantar.

Finn, ao retomar a compostura, ajustou as suas vestes antes me estender a sua mão, amistosamente.

— Tens a minha palavra de que a ajudarei a treinar suas pupilas.

Agradei o seu gesto com um leve aceno de cabeça e separei nossas mãos.

Depois dele, Garret, Keefe, desafiaram-me com o mesmo propósito de Finn. Também pedi auxílio no treinamento caso eu vencesse, e ambos aceitaram.

Aqueles duetos foram curtos e eu obtive a vitória sobre o dois sem muito esforços. Os guerreiros lutavam bem, mas não eram tão habilidosos quanto os seus companheiros. Flym, no entanto, disse que eu já o vencera uma vez, portanto não tinha interesse de ser humilhado novamente por uma mulher. Todos riram de seu comentário. E, embora eu tivesse os vencidos, eles não haviam ficado furiosos comigo, ao contrário, até passaram a me respeitar.

Pensei que não precisaria mais utilizar das minhas habilidades de luta, pois o único qu não fora desafiado foi o Geróid, pelo fato de que, de um certo modo, éramos amigos. Todavia, logo depois de eu baixar a minha guarda e despedi-me dos guerreiros. Geróid me surpreendeu, declarando com sua voz grossa que ecoou pelo ar:

— Eu te desafio, Erieanna.

Meneei a cabeça de modo a encará-lo. O homem mantinha sua habitual postura de austeridade. Entretanto, a forma como empunhava a espada deixava evidente a seriedade de seu desafio.

O silêncio dominou o ambiente, enquanto eu ponderava se lutava ou não com Geróid. Por fim, temendo ser taxada como uma covarde, eu aceitei o desafio proposto pelo homem que mais parecia uma muralha.

Empunhei a minha espada recém conquistada, e parti em sua direção.

Geróid, por sua vez, tomou a posição de combate. Eu repeti seus movimentos.

Ambos nos encarávamos em profundo silêncio. Seu olhar não revelava nenhuma informação, mas no fundo eu sabia que ele era um guerreiro a altura.

Esperei com paciência o ataque de Geróid, mas como ele não veio, resolvi dar início a luta comandando um golpe em direção ao seu tronco. Geróid foi rápido ao se defender, bloqueando a lâmina minha espada com a sua. Flexionei o joelho, baixando-me para atacar suas pernas, entretanto Geróid, mais uma vez defendeu-se do ataque, lançando o peso do seu corpo contra o meu. Perdi o equilíbrio e quase estatelei no chão. Geróid aproveitou o meu vacilo e habilmente atacou-me, enquanto eu tentava recobrar o equilíbrio. Sua espada atingiu a minha barriga e uma dor lacerante tomou conta de mim. A lâmina rasgara boa parte da minha pele que começou a arder e sangrar.

Atordoada pelo súbito ataque, não percebi quando Geróid pegou-me pelo pescoço e me ergueu no ar. Suas grossas mãos apertaram minha garganta, sufocando-me, à medida em que ele exibia um singelo sorriso de vitória em seu rosto

Tomada pelo desespero, e quase perdendo o sentido, impulsionei minhas pernas para frente e escalei seu corpo até atingir meu pé em seu rosto. Geróid urrou de dor, mas não me soltou. Continuei a chuta-lo, até que ele, irado, jogou-me com força no chão.

O forte impacto do meu corpo conta o solo duro, fez-me perder, por alguns instantes, a capacidade de respirar. Determinada a não perder o duelo, inalei ar profundamente, controlando minha respiração. Geróid, implacável, veio para cima de mim, com sua espada na mão, determinado a pôr um fim naquela luta.

Procurei minha espada no chão, mas ela estava longe de onde eu caí. Não tinha absolutamente nada em mãos para me defender do golpe que viria. Fiz, portanto, a única ação plausível em determinada situação. Deslizei por entre as pernas do gigante, e enquanto ele estava de costas, lancei-me contra seu corpo, passando o meu braço em seu pescoço forçando-o a desmaiá-lo.

O homem soltou a espada no chão e debateu-se tentando se livrar de mim. Ele era forte, quanto mais eu apertava o braço em torno da sua garganta, mais ele se defendia. Quando começou a ficar vermelho, pensei que logo desmaiaria. Todavia, usando suas últimas forças, Geróid se lançou com tudo de costas no chão, esmagando-me debaixo de si.

Senti o impacto de meus pulmões esmagados embaixo do gigante. Perdi, mais uma vez, a capacidade de respirar. Minha cabeça zuniu devido à força em que a bati no chão duro. Ainda com a vista turva, vislumbrei Geróid se levantar meio desajeitado, procurando a sua espada. Se eu não agisse rápido, ele me atacaria e eu nem seria capaz de me defender.

Conjurei toda minha força e pus-me em pé, afastando-me do maldito guerreiro que desejava acabar comigo.

A medida em que eu observava a distância, percebi que eu nunca teria chances de enfrentar aquele homem em uma luta corpo a corpo, pois ele era o dobro do meu tamanho. Porém por sorte, a minha espada, naquele exato momento estava bem perto de mim.

Geróid ao notar meu olhar em direção a espada, arregalou seus olhos e logo em seguida disparou correndo em minha direção. Rapidamente peguei a minha espada, empunhei-a rente à minha face e parti de encontro ao guerreiro soltando um grito furioso.

Não pensei duas vezes, apenas girei a lâmina da espada em minha direção, e quando Geróid se aproximou, choquei o cabo da espada, com toda a força, em sua garganta. O guerreiro perdeu o ar de imediato, soltando a sua arma que desabou desajeitada no chão. Geróid ainda estava sem ar quando eu choquei o cabo da espada em sua testa, derrubando-o no chão.

O guerreiro não teve tempo de se recuperar do ataque quando a lâmina da minha espada encontrou o seu pescoço. Então ele soube que perdera. A luta enfim acabara.

Fez-se um silêncio descomunal enquanto todos observavam o desfecho daquela luta. Por fim, Geróid, ergueu os braços e sorriu.

— Pode baixar a espada, Erieanna. Você venceu. — ele disse, sem qualquer rancor.

Exausta, tirei minha espada de seu pescoço e despenquei de joelhos no solo. Um riso histérico escapou da minha boca. Mal acreditava que tinha vencido aquela muralha. Logo em seguida, Geróid também começou a gargalhar e todos caímos no riso.

Naquele dia eu havia conquistado o respeito daqueles homens. Nunca mais eles voltariam a me olhar com desprezo. Foi naquele dia que se deu início a nossa amizade, pois os guerreiros que outrora não passavam de estranhos, acolheram-me em suas tendas, limparam e costuraram meus machucados enquanto contavam variadas histórias sobre suas aventuras em Midgard.

Já estava quase escurecendo quando, Finn abriu um barril de cerveja e fez como que todos brindassem em meu nome, celebrando as minhas vitórias. Perdi a noção do tempo na companhia daqueles homens e suas bebidas. Já era noite quando Cáel adentrou na tenda, onde me encontrou cercada por seus homens, enquanto eu ria e bebia junto deles. Contudo, eu fui a única a não perceber a sua presença.

— O Cáel é muito esquisito. Não sei como vocês suportam suas mudanças de comportamento. Eu já teria mandado ele ir a merda. — revelei, rindo, um pouco embriagada.

Todavia, ninguém — absolutamente ninguém—, riu do meu comentário. Ao contrário, todos estavam em silêncio, completamente imóveis, olhando para algo atrás de mim.

— Eu também já teria te mandado à merda se eu não fosse obrigado a te vigiar. — Sua voz grave, atravessou o ar e chegou aos meus ouvidos.

O sorriso desapareceu da minha face. Alguém deveria ter me alertado que ele estava atrás de mim.

Virei meu rosto para encará-lo. O guarda tinha uma expressão carrancuda estampada em sua face. Ele realmente estava bravo.

— Bem, quanto a isso não posso fazer nada. Mas sinta-se livre para me mandar a merda quando chegar o momento de partir. Não ficarei magoada, eu prometo. — rebati, um tanto irônica e voltei a tomar a minha cerveja.

— Você não deveria estar na sua torre, princesa. — ele disparou no mesmo tom irônico.

Sua frase petulante provocou uma repentina crise de raiva em mim. Ele poderia ter me chamado de outras formas, menos de princesa, pois àquilo eu nunca fora.

Levantei-me de supetão para confrontá-lo. Não foi uma boa ideia, o álcool atingiu em cheio a minha cabeça, deixando-me zonza. Ignorei a tontura e marchei em sua direção, proferindo em voz alta:

— Eu vou te mostrar quem é princesa, seu bastardo.

Eu tinha intenção de esmurrar o seu rosto pretensioso. No entanto, antes que eu chegasse até ele, tropecei em algo e quase me estatelei no chão. Por sorte, Cáel foi rápido em me segurar em seus braços.

— Tem razão, você não é uma princesa. Princesas não são desastradas, tampouco vestem roupas de homem. — explicou, em meio a um sorriso torto.

O álcool já devia ter tomando conta de mim, pois minha única reação foi a de gargalhar alto, ainda presa nos braços fortes de Cáel.

Meu riso dissipou o clima ruim que se abatera naquela tenda. Instantaneamente, os homens voltaram a rir e beber.

— Você é engraçado. — falei, saindo de seus braços

— Achei que eu fosse esquisito. — Cáel, provocou.

— Isso também. — Chacoalhei os ombros e parti a procura de mais bebida.

Naquela noite, demorei a voltar para minha torre, estava tão à vontade com aqueles guerreiros, que não tive vontade de deixar suas companhias. Então bebemos uma boa cerveja, rimos, dançamos e cantamos músicas de bardo cujas histórias eu não conhecia.

Apesar de toda resistência de Cáel em relaxar e aproveitar aquele momento de descontração, em uma certa ocasião até dançamos juntos enquanto batismos os pés e palmas em um ritmo contagiante.

Eu já me encontrava demasiada embriagada, quando Cáel insistiu que eu deveria retornar a minha torre. Ele enganchou meus braços nos seus e guiou-me pelo caminho escuro enquanto eu ria alto, incapaz de me controlar.

Com muito esforço, fui capaz de subir as escadas, sentido Cáel desprender muita força para carregar meu corpo entorpecido pelos — quase infinitos — degraus.

Chegamos, por fim, em frente ao meu quarto. Completamente tomada pelo álcool, desvencilhei do apoio de seus braços e posicionei-me de costas para porta, forçando meu corpo a permanecer o mais ereto possível.

— Podes dormir tranquila, bela donzela, eu a manterei segura. — Zombei com uma voz grave, tentando imitá-lo.

Cáel, esboçou um sutil sorriso em seu rosto e avançou em minha direção, diminuindo consideravelmente a distância entre nós. O guarda, porém, apenas estendeu os braços por cima do meu ombro e abriu a porta atrás de mim.

Seu rosto ficou tão próximo do meu, que por um instante, eu tive vontade de tocá-lo.

— Você é uma bêbada muito engraçada. — ele disse, com seus incríveis olhos castanhos fixos nos meus.

— E você é um guarda muito sério. — resmunguei, torcendo os lábios.

Cáel, contudo, encarou-me intimamente, de uma forma que nunca fizera antes, e sussurrou:

— Gosto da confusão dos seus olhos. Gosto de ver as cores do mundo se alterando em seu olhar. Gosto que eles olhem para mim. — Seu olhar não deixou o meu por nenhum instante, quando ele revelou aquelas palavras que mexeu com sentimentos perigosos os quais eu tentava soterrar dentro de mim.

Incapaz de controlar meus instintos que me traíram, eu levei minha mão em seu rosto e acaricie a sua barba lisa macia.

— Eu acho que gosto de você, embora não deveria. — sussurrei, levando meu rosto na direção do seu.

Sua respiração quente tocou o meu rosto com suavidade despertando desejos que até então estavam adormecidos dentro de mim.

Nossas bocas ficaram tão próximas, que eu era capaz de sentir o calor dos seus lábios contra os meus.

— Dê-me um motivo para não avançar. — supliquei, com uma parte de mim ansiando por seus lábios e a outra implorando para que ele me afastasse.

— Eu não seria louco. — Cáel grunhiu, antes de se apossar da minha boca, envolvendo seus braços fortes em minha cintura.

Senti sua barba roçar minha pele, enquanto sua boca devorava a minha. Um familiar sensação de prazer percorreu todo o meu corpo quando nossas línguas se encontraram. Foi um beijo bruto e desesperado que trouxe à tona toda uma realidade que ambos tentávamos esconder. Cáel, então, separou nossos lábios, ofegando a procura de ar. Sua boca ainda estava colada na minha quando ele disse em meio a um gemido:

— Erieanna. — Despertei para realidade quando o ouvi pronunciar o meu nome.

Algo em sua voz e na forma como me tocava, fez com que minha mente fosse levada de volta ao Loki. Sentir a sua barba em minha pele também não ajudou a dissipar as lembranças que me atormentaram. Por um instante substitui Cáel por Loki e aquilo me deixou mal. Eu não era capaz de continuar a beijá-lo sem que a sensação de que eu tinha o usado pairasse sobre mim.

— Sinto muito, isso não deveria ter acontecido. — Rapidamente, separei-me de Cáel, entrei no meu quarto e fechei a porta atrás de mim, sem ter coragem de encará-lo.

Sentindo as lágrimas brotarem em meus olhos, eu disparei a passos trôpegos até a minha cama, tentando, em vão, encontrar um refúgio dentro do caos que havia em mim.

Apesar do meu estado de embriaguez, fui capaz de conjurar um feitiço que bloqueava os sons do meu quarto, e só então eu me permiti chorar. Chorei porque estava bêbada demais para controlar minhas emoções. Chorei porque todas as lembranças de Loki vieram à tona, sufocando-me. Chorei porque, apesar de tudo, eu ainda o amava, e amá-lo ainda doía. E no meio do meu torrencial de lágrimas eu descobri que eu não era capaz de esquecer o passado, pois ele ainda estava vivo dentro de mim.

Então eu dormi em meio ao choro, sabendo que o amanhã seria um dia melhor.

(CAPÍTULO SEM REVISÃO)

Olá minha gente, tudo bom com vocês?

Sei que demorei para atualizar a obra, mas é por conta do final de semestre e os bilhões de trabalhos para entregar e seminários para apresentar em EaD. No mais, finalmente consegui, atualizar a obra! 

Espero que estejam gostando a história.

P.S: Não se esqueçam de clicar na estrelinha e deixar o seu voto! ;)

Bjus, Tia Lua

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro