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CAPÍTULO 69 - Eu vou lutar!

𝑉𝑜𝑐𝑒̂ 𝑚𝑒 𝑙𝑒𝑣𝑎 𝑎𝑡𝑒́ 𝑜 𝑙𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒 

𝑉𝑜𝑐𝑒̂ 𝑚𝑒 𝑒𝑚𝑝𝑢𝑟𝑟𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑒 

𝑉𝑜𝑐𝑒̂ 𝑚𝑒 𝑣𝑒̂ 𝑒𝑠𝑐𝑎𝑝𝑎𝑟 

𝑆𝑒𝑔𝑢𝑟𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑓𝑜𝑟𝑡𝑒 

[...] 𝑉𝑎𝑖 𝑑𝑒 𝑏𝑜𝑚 𝑎 𝑚𝑎𝑙 𝑎 𝑝𝑖𝑜𝑟, 𝑡𝑎̃𝑜 𝑟𝑎́𝑝𝑖𝑑𝑜.

𝑻𝒉𝒓𝒆𝒆 𝑫𝒂𝒚𝒔 𝑮𝒓𝒂𝒄𝒆 - 𝑻𝒆𝒍𝒍 𝑴𝒆 𝑾𝒉𝒚

O que é ser livre? Esse questionamento passou a rondar em minha cabeça, desde que me tornei livre, e principalmente, depois que eu me encontrei em terras celtas. Pois, de alguma forma, eu me sentia presa e sufocada por aquela gente — o meu povo. Eu só queria encontrar um lar e me agarrar a qualquer pedaço de felicidade que porventura viesse a brotar em meu caminho. Porém, a felicidade estava longe demais para ser alcançada, assim como a minha liberdade, que havia fugido mais uma vez.

— Pegue suas coisas — comandou Cernunnos, assim que aterrissamos de volta em meu quarto — Vou levá-la para um local seguro. Você precisa ser protegida. — Informou apreensivo, enquanto seus olhos atentos, procuravam pela janela o indício de qualquer espião.

— Por que aqui não é seguro? E onde é aqui, afinal? — Minha voz soou estridente, evidenciando o meu péssimo humor.

Eu não queria deixar aquele quarto. Aquelas quatros paredes amareladas haviam se tornado o meu único refúgio naquele lugar desconhecido. Eu precisava me agarrar em algo, e tinha decidido que, por ora, aquele era o meu abrigo.

Enquanto travava uma batalha interna contra meus medos, observei Cernunnos que esfregou o rosto impaciente.

— Estamos no Bosque Sagrado. É um reino místico que se situa entre os véus dos mundos. Estamos entre a Irlanda e Escócia, aqui e ali. Vivemos em sintonia entre o mundo dos deuses e dos homens. Estamos protegidos pela Natureza, nas terras do clã Tuatha Dé Danan. — explicou vagamente — Nosso reino é demasiado extenso, e como faz fronteiras com diversas civilizações, temos vários portais espalhado pelos mundos dos mortais. Isso facilita nossa passagem pelos mundos, mas em tempos de guerra, são como uma ferida aberta em nossas fraquezas. Estamos, mais precisamente, em minha casa, embora não a reconheça como um lar. Passo mais tempo junto as florestas dos bosques, cuidando do equilíbrio e atendendo as preces dos homens que ainda clamam por mim. Esse não é um lugar seguro. Se Odin comandar um ataque pelo Bosque, não temos nada para nos defender além das árvores, e por mais que sejam fortes, elas não darão conta de pará-lo. — Seu olhar desviou da janela e se fixou em mim — Não posso permitir que morram, quando há formas de evitar tal massacre. Eu te levarei para Mag Mell.

Mag Mell, meu pai já havia contado lendas a respeito das magníficas planícies de felicidade infinita que, segundo o conhecimento do povo, diziam que tratava- se uma ilha, cravada no meio do mar, que era protegida por magia tão antiga quanto o céu e terra. Um reino governado por Manannán Mac Lir — O deus dos mares e Senhor do mundo dos mortos. Um lugar cujos prazeres e a alegria são eternos, onde não há doenças, medo, fome ou qualquer punição. Dizem que é um local destinado aos mortos, entretanto, há relatos homens e mulheres que foram afortunados e conheceram Mag Mell, ainda em vida. Dizem Cuchulain, filho de Lugh com uma mortal, em uma de suas aventuras, atracou seu barco em tal ilha e ficou deslumbrado com as maravilhas que nela encontrou. Existem também, aqueles que digam que até mesmo viajantes comuns, empurrados por uma tempestade, podem chegar ao mítico reino. Eu sempre achei que lugares como Mag Mell, não existiam além das fantasias dos homens, todavia, eu conheci o esplendoroso Campos Elísios e todo o seu sublime. E ao que tudo indicava, ainda em vida, eu conheceria Mag Mell.

— Junte seus pertences, devemos partir o quanto antes. — comandou, Cernunnos, permeado de preocupação.

Em silêncio, abri o baú disposto no fim da cama, peguei apenas uma troca de roupa e ergui o olhar para o deus cornífero que acompanhava meus movimentos com apreensão.

— Estou pronta para partir. — declarei friamente.

Cernunnos levou o olhar para o vestido verde que eu segurava, depois levantou seus olhos em direção ao meu rosto. Sua sobrancelha arqueou, antes indagar:

— Há algo mais que deseje levar?

— Eu não trouxe nada comigo. — Nada além do meu coração partido, pensei. — Acredito que não terei dificuldade em encontrar vestes e Mag Mell.

Cernunnos diminuiu a distância entre nós e me abrigou em seus braços fortes e quente como o calor da manhã. Seu coração batia forte sob seu peito. Tive a sensação de que muitos sentimentos se debatiam dentro de si.

— Eu sinto muito, Erieanna. Sinto muito por tudo que lhe aconteceu. — Sussurrou contra minha cabeça. — Dói saber o quanto sofreu. Dói saber que eu não estive por perto para te proteger. Dói saber que de todas as pessoas do mundo, as suas preces foram as únicas que não chegaram até a mim. — Sua voz estava embargada pelo choro e suas lágrimas molhavam os meus cabelos — Jamais permitirei que te machuquem novamente. Farei tudo que estiver ao meu alcance para te manter segura de todo mal. Não falharei dessa vez. Eu prometo.

Fechei meus olhos e me permiti desfrutar da sensação de conforto que ele me transmitia. Por um instante o mundo se tornou apenas eu e ele, um homem e uma mulher entrelaçados nos braços do outro. Não havia guerras, nem medo. Não havia passado e nem futuro. Era apenas o ali e o agora. Apenas dois corações batendo. Até mesmo o caos ficou em silêncio.

— Podemos ir, minha pequena?

— Sim. — sussurrei, abraçando-o com força.

A calmaria da magia nos envolveu com delicadeza. Instantes depois, pousamos suavemente em Mag Mell.

Era noite, porém o local estava iluminado por uma luz bruxuleante que transmitia uma estranha sensação de tranquilidade. Estávamos em um grande salão que era iluminado por uma magia tão pura que fazia meus pelos eriçarem. A minha frente se estendia uma curta escadaria que levava ao trono esculpido entre as ondas do mar. Atrás dele, se estendia a esplêndida visão do céu noturno que velava as moradias abaixo de si. Meus olhar se perdeu nos desenhos da cúpula que se estendia acima do andar intermediário do trono, contando as mais diversas histórias de guerra e de povos que desbravaram o mar. Ao lado das pilastras que seguravam as escadas, haviam flores dos mais variados tipos e tamanhos que avançavam livremente até encontrar o teto. Eu estava deslumbrada, contudo fui obrigada a parar de admirar aquele lugar de beleza indescritível, quando uma figura desvaneceu frente ao trono e começou a descer os degraus, caminhando de forma imponente em nossa direção.

— Estava esperando por vocês. — declarou o homem de porte forte, cujos ondulados cabelos negros emolduravam sua face austera encoberta por uma barba escura. — Seja bem-vindo, Cernunnos — O homem o abraçou amistosamente.

Logo em seguida, seus olhos de um vivido azul como o mar, fixaram-se em mim.

— Presumo que seja Erieanna. — Analisou-me com certa demora, tentando encontrar algo em meu rosto que nem eu sabia se existia.

— Parece que todos sabem quem eu sou, embora eu nunca saiba com quem estou falando. Sempre me encontro em desvantagem, desde que cheguei aqui. — eu disse, tentando fazer com que o estranho parasse de me olhar daquela forma, como se quisesse saber o que eu escondia sob minha pele.

O ser exibiu seus dentes brancos perfeitamente alinhados. Entretanto, o seu olhar ainda me fitava com desconfiança.

— Sou Manannán Mac Lir, deus do mar e Senhor dos mortos. — informou, com típica segurança que apenas os verdadeiros líderes ostentavam.

— É um prazer conhecê-lo. — Sorri, educadamente, se eu ia habitar em seu reino, seria sensato sermos aliados.

Manannán, contudo, não me deu qualquer atenção e iniciou um diálogo com Cernunnos, agindo como se eu não estivesse presente naquele salão. Os dois, começaram a se afastar, concedendo-me espaço para explorar aquele belo salão.

— Foi sensato da sua parte trazê-la para cá. Este é o lugar mais seguro de nossos reinos. Ninguém além de nós sabe como entrar ou sair dessa ilha. Ela ficará segura aqui. — Escutei a conversa enquanto eles subiam a escada em direção ao trono.

Algo dentro de mim despertou a desconfiança. Tive a estranha sensação de que seria traída. Assim, fingindo desinteresse, comecei a percorrer o salão enquanto me concentrava em ouvir furtivamente o que ambos os deuses discutiam. Fazia tempo que eu não usava aquele truque, eu estava meio enferrujada, mas ainda assim conseguiu ampliar minha audição, e através do vento, escutei todo o plano que haviam reservado para mim.

— Vou fortificar o escudo que protege Mag Mell. Ninguém entrará ou sairá daqui sem permissão. — explicou Manannán ao Cernunnos.

— Erieanna precisa ficar protegida. Quero guardas na porta de seu quarto. Quero guardas vigiando seus passos. Quero que a acompanhem onde quer que esteja. Ela precisa ficar segura. — declarou Cernunnos, incisivo.

O medo começou a se infiltrar em meus poros. Aquilo não era segurança, era uma prisão. Ragad já havia agido de tal forma comigo e a história não acabou bem para ambos.

— Tens minha palavra de que eu a protegerei. Afinal, estamos em guerra por causa dela, não é? Erieanna passou a ser importante para todos do nosso clã. Gostemos dela ou não, ela precisa ser protegida. — retrucou Manannán, com rispidez.

— Se algo acontecer com ela enquanto eu estiver fora, Odin será o menor dos seus problemas. — ameaçou, Cernunnos.

— Se não confia em mim, leve-a embora e encontre outro lugar para guardá-la. Não tenho interesse em manter inimigos em meu mundo. — bradou Manannán, enfurecido.

— Preciso ter a certeza de que ela estará aqui quando eu voltar. — disse Cernunnos, como uma súplica.

— És livre entrar ou sair de Mag Mell quando bem desejar. Podes ver com seu próprio olhos o quão bem ela estará conosco. — assegurou, Manannán impaciente.

Fez-se um silêncio profundo antes de Cernunnos indagar, resignado:

— Onde ela ficará?

— Na torre Nemetons, juntos aos druidas dos Bosques. Aquele é o local mais seguro, em termos de magia, de toda a ilha. Se algo der errado, e porventura Odin consiga encontrar Mag Mell, terá de enfrentar a magia antiga dos Bosques, bem como os druidas que lá residem, antes de vencer a própria torre e alcançar Erieanna. Não há lugar mais seguro que este, eu garanto.

"Uma torre?" Pensei alarmada. Cernunnos estava perdendo a sanidade. Ele não podia estar inclinado a me trancafiar em uma torre, sabendo que eu era perfeitamente capaz de lutar por minha sobrevivência.

Aquela conversa perigosa já tinha tomado um rumo muito ruim, por isso eu tive que interromper:

— Não vou ficar presa em torre alguma quando posso lutar! Parem de me tratar como se eu fosse um objeto precioso que não pode ser quebrado! Eu tenho o direito de fazer minhas escolhas e eu escolho lutar! — exclamei, tomada pela ira.

Cernunnos, me desferiu um olhar selvagem, desceu os degraus com agilidade. O imponente deus colocou à minha frente, destilando ira por cada poro de seu corpo.

— Não, você não vai lutar contra os deuses, porque é apenas uma mortal. Não posso permitir que caminhe de encontro a morte. — sibilou, e seus os olhos verdes brilharam com a raiva.

— Você veio ao meu encontro e me ajudou quando eu mais precisei. Serei eternamente grata por isso. Contudo, Cernunnos, suas ações não lhe garantiram o direito de mandar em mim, então se eu digo que vou lutar, é porque eu lutarei. E não há nada que possa fazer contra isso. — afirmei, erguendo o meu queixo de modo desafiador.

Ele aproximou seu rosto do meu e nossos narizes se tocaram. Sua ira se mesclou com a minha, naquele momento, éramos inimigos mortais.

— Isso é o que veremos! — Inesperadamente, ele agarrou meu braço e desvaneceu levando-me para dentro da maldita torre.

Senti a magia antiga serpentear a minha volta. Ouvi as folhas sussurrarem junto a brisa morna do vento que as embalavam. Ao longe, escutei murmúrios de vozes baixas ecoarem pela noite, antes de eu avistar a cintilância de uma suave luz azul descer pelo céu, e se perder por trás das densas árvores. Tentei desvanecer de volta ao meu quarto, de volta para a casa de Cernunnos — o único lugar que eu conhecia com familiaridade. Entretanto, quanto mais eu tentava fugir, quanto mais me concentrava em voltar para aquele quarto e suas paredes amareladas, mais desesperada eu ficava, pois meus esforços não me levavam a lugar algum. Eu estava presa naquele maldito lugar.

A fúria brutal tomou conta de mim. Senti o sangue ferver sob minhas veias. A ira cruel e sem compaixão, se apossou por completo. Tomada pela raiva, fechei meus punhos e soquei o rosto de Cernunnos com tanta força, que o deus se desequilibrou e caiu no chão.

— Seu bastardo egoísta! Não acredito que teve a coragem de me prender aqui! — rugi, determinada a atacá-lo novamente.

Cernunnos que estava jogado no chão, com o nariz sangrando, arregalou os olhos quando notou que eu estava prestes a queimá-lo.

— Erieanna, pare! — Gritou, bloqueando as chamas com um escudo invisível.

— Eu vou te matar, Cernunnos! E depois que eu fizer isso, vou colocar Mag Mell abaixo até que eu encontre uma forma de sair desse lugar. — Continuei a lançar chamas e mais chamas de fogo em sua direção.

Apesar dos meus ataques, Cernunnos conseguiu se pôr em pé e permaneceu a resistir a minha fúria. Estava quase vencendo suas barreiras protetoras, quando longas garras despontaram de seus dedos, antes dele tomar a forma de um lobo gigante de pelagem tão branca quanto a neve. Desprovida de qualquer medo, a criatura avançou ferozmente entre as chamas, e me derrubou no chão duro e frio. O lobo raivoso pousou sobre mim, e com suas grandes patas, bloqueou minhas mãos. Seu peso me impedia meus movimentos. Eu era uma presa, pronta para ser abatida.

Senti o hálito quente da fera tocar minha face. Vi suas presas pontiagudas pairarem tente ao meu nariz enquanto rosnava ferozmente, pronta para me estilhaçar em um estalar de dedos. Seus brilhantes olhos azuis continham uma ameaça silenciosa. Alguém tinha que ceder, ou aquilo acabaria em morte.

Tomada pelo pânico, forcei-me a pensar com sensatez. Por fim, naqueles momentos de puro terror, cheguei à conclusão de que Cernunnos era um maldito egoísta, mas ele tinha razão. Eu sozinha não era capaz de enfrentar os Deuses. Afinal, eu era apenas uma mortal.

Controlei minha respiração tentei me acalmar. Era difícil apaziguar as batidas do meu coração, enquanto sustentava o preso de um lobo gigante sobre mim.

Conforme eu me acalmava, o lobo também foi retomando o controle. Os pelos começaram a se enterrar sob a pele bronzeada de um homem, enquanto os dentes afiados aos poucos desapareceram. Os felinos olhos azuis foram substituídos pelos familiares tons de verde, e por fim, as garras voltaram ao normal. Cernunnos encontrava-se completamente nu em cima de mim.

— Sinto muito por isso. Não foi minha intenção te enfurecer, ou tampouco te assustar. — ele lamentou, despontado, ainda com respiração ofegante.

— Só quero que saia de cima de mim. — pedi entredentes, ávida para fugir de seu alcance.

Ainda chateado, Cernunnos colocou-se em pé e caminhou até uma das janelas daquela torre. Ao observá-lo com prudência, notei que os músculos de suas costas estavam contraídos devido a sua apreensão.

Ajeitei meu vestido que havia subido pelas minhas coxas, e retirei os cabelos grudados em meu rosto.

Tentei ignorar a presença do deus naquela maldita torre, mas sua respiração acelerada teimava em invadir meus ouvidos. Enfurecida, puxei os lençóis da cama que se encontrava há alguns passos atrás de mim e o joguei em direção ao deus.

— Cubra-se vá embora. — O lençol branco se agarrou em seus chifres.

Desviei o olhar para um ponto qualquer daquele lugar antigo, enquanto Cernunnos enrolava o pano em sua da sua cintura. Após cobrir sua masculinidade, ele tentou se aproximar de mim.

— Não ouse se aproximar. Eu ainda estou muito brava com você. — adverti, sentido as chamas faiscarem em meus dedos.

Um silêncio sepulcral pairou entre as paredes daquela antiga torre, ameaçando nos consumir. Ambos nos encarávamos, mas as palavras sequer tinham coragem de deixar nossos lábios. A verdade pairava sobre nós: por pouco não havíamos ferido um ao outro.

— Para uma mortal você tem um soco muito forte. — Forçou um leve sorriso, enquanto massageava o nariz.

Tentei, inutilmente, esconder o leve sorriso que se formou em meus lábios.

— Você mereceu muito mais que um soco. — rebati, sentando na cama. Baixando a guarda, finalmente.

— Quem sabe eu mereça um beijo da próxima vez? — arriscou, sem jeito. Nem parecia ser o imponente deus que há pouco havia se transformado em um lobo que me atacou com ferocidade.

O silêncio dominou o ar, mais uma vez. Muitas coisas haviam acontecido naquela noite. Existia apenas uma linha fina nos unindo; um elo tão frágil que estava prestes a romper.

— E quando será essa próxima vez? — perguntei, incapaz de esconder a tristeza que invadiu meu coração.

Cernunnos ameaçou a se aproximar, porém, incerto da possibilidade de mim rechaça-lo, decidiu parar há pouco passos diante de mim.

— Prometo que virei te visitar com frequência. Aqui não é uma prisão, minha pequena. Não ficará trancafiada nessa torre. E, embora ela seja o local mais seguro da ilha, sabia que és livre para explorar toda Mag Mell. Poderá ir às festas, as celebrações. Praticar a magia junto aos druidas ou treinar com os guerreiros. Podes ser quem desejar e fazer o que bem entender. Aqui não haverá o frio para assombrar seus pensamentos, e o cheiro fúnebre da morte não te alcançará. Dê uma chance para esse lugar, tente fazer dele o seu lar. Mas, se por acaso não se encontrar aqui. Prometo te levarei para onde quiser. Te levarei para os confins do mundo, se esse for o seu desejo quando essa maldita guerra acabar. Só peço que apenas tente.

Havia tanta urgência em seu tom de voz, que eu não consegui permanecer apática ao seu pedido. Cernunnos tinha ido ao meu encontro quando eu mais precisei. Ele cogitou a possibilidade de deixar seu povo por mim. Ele lutaria uma guerra por mim. Eu deveria ao menos tentar.

— Tudo bem. — Suspirei resignada — Peço apenas que não me deixe no escuro a respeito dos acontecimentos da guerra. Vidas serão ceifadas por minha causa. Eu mereço, pelo menos, saber o que se passa além dessa ilha.

O deus exibiu um largo sorriso, então finalmente tomou a Coragem para se aproximar. Ele se agachou entre as minhas pernas, e depositou suas mãos fortes em minhas coxas.

— Mereço um beijo agora. — Sorriu, preguiçosamente.

— Não homem lobo, não mesmo. As imagens de suas presas ainda estão bem vivas em minha mente. Não sei se quero correr o risco de ter meus lábios dilacerados por elas.

Cernunnos gargalhou alto. Seu riso grave era gostoso de se ouvir.

— Prometo que serei cuidadoso. — ronronou, apertando minhas coxas.

Era isso o que éramos: uma confusão de fúria e cumplicidade. Ele despertava o melhor e o pior em mim.

Encarei sua bela face emoldurada por um queixo forte. Tive vontade de passar os dedos por seu nariz reto, bem como em sua boca perfeitamente esculpida. Seus olhos verdes que carregavam junto de si a própria selvageria, sempre capturavam o meu olhar. Então, em um movimento meticulosamente calculado, coloquei minhas mãos sobre as suas, e lentamente, comecei a me inclinar em direção ao seu rosto. Nossos narizes se tocaram e Cernunnos prendeu a respiração, ansiando pela ação que viria a seguir. Seus olhos tão verdes quanto as folhas, refletiam seu desejo, enquanto seus lábios se abriram para receber o meu beijo. Entretanto, contrariando suas expectativas, eu apenas sussurrei bem próximo a sua boca:

— Vá embora, Cernunnos.

Descrença surgiu em seu olhar, antes dele rir.

— Eu vou, mas antes deixarei uma lembrança. — Um sorriso malicioso brotou em seu rosto. Ele, então, avançou em direção ao meu pescoço e cravou as presas afiadas em minha carne. Instintivamente, afundei as unhas em suas mãos, e contive o leve ardor que surgiu em meu pescoço. Senti sua língua acariciar o ponto que acabará de morder, e logo em seguida, seus lábios chuparam minha pele, fazendo todos os meus pelos se arrepiar.

Com um sorriso sarcástico estampado em sua face, Cernunnos voltou a me devorar com seus olhos selvagens, e antes de partir, prometeu:

— Te vejo em breve, pequena, maldosa e forte, Erieanna. Você sempre estará em meus pensamentos. — Então se foi deixando apenas a marca da sua mordida estampada em meu corpo.

E ali, cercada pelas antigas pedras daquela torre tão velha quanto o mundo, eu decidi que faria o possível para fazer de Mag Mell o meu lar. Contudo, um sentimento primitivo dentro de mim insistia em advertir que uma prisão nunca deixaria de ser uma prisão. Independentemente do quão bela fosse, suas grades invisíveis, cedo ou tarde, me sufocariam.

Eu estava presa, mais uma vez.

(CAPÍTULO SEM REVISÃO)

Olá pessoal, tudo bem com vocês?

Não sei muito o que falar, além de que, assim como o Cer, eu voltarei em breve.

O que acharam do capítulo? 

Não esqueçam, ajude a autora deixando o seu voto!

Bjus Tia Lua

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