CAPÍTULO 55 - O amor não é tudo
Não estou mentindo, negando
Que eu me sinto muito melhor agora
Que você se foi pra sempre
E agora você se foi pra sempre
(Theree Days Grace- Gone Forevever)
Existe um antigo ditado popular que diz: o tempo cura tudo. Não sei ao certo até onde vai todo o seu potencial com cura, mas de fato pude comprovar que o tempo é capaz de, aos poucos, curar todas as dores de um coração partido. Desde que decretei o fim do meu fatídico relacionamento com Loki, meus dias, gradativamente, foram tornando-se melhores. Embora, vez ou outra, uma tristeza imensa emergia das profundezas de meu ser e tomava conta de mim.
Dois dias após o fim de nossa estranha relação, Freya e Loki realizaram um banquete para celebrar a união de ambos os deuses. Eu, é claro, não participei de tal celebração. Esperava que eles fossem felizes. Porém, bem no fundo do meu egoísmo, eu torcia para que tal relacionamento, desse errado.
Todavia, com ou sem no deus da mentira, eu tive que seguir em frente. Assim, durante o decorrer de duas Luas, eu me enfiei na magnífica biblioteca do palácio de Asgard e passei o tempo imersa pergaminhos que cheiravam a pele envelhecida e a pó.
Todos meus esforços concentraram-se na missão de descobrir a verdadeira função da Lança de Dagda, pois desse modo, eu teria uma vaga ideia do que poderia vir a ser o terceiro — e último — Teste dos Deuses.
Todas as manhãs eu levantava, ia até a cozinha, jogava conversa fora com as servas e então eu partia para a biblioteca e só saia de lá, ao anoitecer.
Minha rotina tornou-se monótona e segura. Procurar as informações para salvar Acme da morte, mantinha-me sobre o controle e me impedia de pensar no Loki e em todas as lembranças dolorosas que sua mera imagem trazia.
Foram dias parcialmente tranquilos, pois a medida que o tempo decorria, menos esperança eu nutria de manter Acme a salvo das garras dos deuses de Asgard. Mais de duas Luas havia se passado e eu não tinha descoberto qualquer informação que servisse de ajuda a Acme. Ao certo Frigga havia posto um fim em todas elas, e ainda assim, dia após dia, eu vasculhava cada perímetro da vasta biblioteca asgardiana, em busca de qualquer fragmento de esperança. Acme precisava viver, para que eu pudesse partir em paz.
No quarto dia antes do último Teste, Odin decretou que faria um baile em homenagem Acme. Pois de acordo com o deus supremo, era necessário comemorar as vitórias que minha amiga alcançara, além disso as celebrações serviriam para acalmar os nervos aflorados, tanto de Acme, assim como de todos os abutres asgardianos que estavam ansiosos pelo desfecho dos Testes dos Deuses, independente se o resultado levasse a morte da jovem grega. Acme, por sua vez, aceitou de bom grado a decisão do deus supremo, com a condição de que todos os convidados fossem mascarados. Talvez eu tenha sido a única a compreender suas razões. Ela não queria ver os rostos de pessoas que pouco se importavam com seu destino; ela queria aproveitar a única noite em que não seria a garota dos Testes dos Deuses, e ser apenas uma jovem que nutre o desejo de passar a eternidade ao lado daquele a quem ama. Acme merecia ser feliz, nem que fosse por uma única noite.
No mesmo dia em que recebi o convite para tal festividade, também recebi um outro pedaço de pergaminho que encheu-me de imensa tristeza. Naquele dia tivesse acesso à informação que devastaria o mundo e todos os sonhos da minha amiga. Então eu tive que decidir se a deixaria sonhar e assim a lançaria de vez para o caminho de sua morte, ou se traria de volta a realidade e manteria viva, para usufruir de uma vida infeliz.
Naquele dia, ao retornar à câmera particular que havia reservado, notei que havia um desconhecido envelope lacrado junto os vários pergaminhos que eu já havia concluído a leitura.
Desconfiada, coloquei a cabeça para fora da porta, olhei para ambos lados do corredor a procura da pessoa que tinha invadido minha privacidade, mas deparei-me apenas com o vazio. Quem quer que fosse que depositou o misterioso envelope sobre a mesa, tinha partido sem deixar rastros.
Fechei a porta atrás de mim, e um tanto receosa, peguei o envelope e li a missiva que nele havia:
Acredito que fará bom uso dessa informação.
L.
Meu coração disparou sob meu peito, eu conhecia apenas uma pessoa cujo nome se iniciava com a letra gravada no bilhete. Depois de tanto tempo, Loki decidiu interromper com o silêncio que havia estabelecido entre nós e decidiu grafitar-me com suas singelas palavras que carregavam um mar de esperanças vazias.
Com muita avidez, rompi o lacre, retirei o desgastado e quase ilegível fragmento de pergaminho e comecei a lê-lo:
Das armas mais poderosas que foram forjadas em Nidavellir duas estão em posse de deuses Aesir: o Mjölnir forjado pelos irmãos anões Brokk e Eitri que fora entregue a Thor, filho de Odin, e Gungnir, a célebre lança a qual Loki, pai das mentiras, presenteou Odin, o deus soberano da dinastia Aesir e Protetor de Asgard, como prova de sua boa amizade. No entanto, existe uma potente arma tão forte e letal quanto estas as quais foram citadas. Tal instrumento foi denominado pelos Anões como a Lança de Dagda.
Dizem que tal lança fora uma das primeiras armas produzidas pelos exímios Anões artesãos, assim que eles foram exilados em Nidavellir e começaram a manipular os mágicos metais precisos que podem apenas ser encontrados em suas escuras Montanhas.
As histórias também contam que a Lança de Dagda fora criada com o único propósito de exterminar os dois dragões negros que habitavam na escuridão das minas de Nidavellir. Tal lança que brilha como ouro, é capaz de rasgar e penetrar qualquer tipo de pele, couro ou escama de qualquer criatura que exista nos nove mundo da Yggdrasil. Assim, apenas esta arma possuía o poder de rasgar as duras, e praticamente impenetráveis, escamas tão negras quanto a noite, de ambos os dragões que não tinham qualquer intenção de deixar Nidavellir que deveria ser o novo lar do povo anão.
Os Anões, que apesar de suas baixas estaturas, eram guerreiros demasiados fortes e habilidosos, travaram uma árdua batalha contra os dragões. Centenas de vidas foram tiradas pelas garras de tais ferozes criaturas, e outras tantas foram incineradas até virarem nada além de pó. Contudo, após as incontáveis derrotas, o guerreiro anão conhecido como Durin I, numa árdua batalha sangrenta, escalou as montanhas de corpos dos seus companheiros de guerra, e enquanto o dragão de maior porte batia as asas alçando vôo ao seu encontro, notoriamente determinado a matá-lo, o anão esticou o seu braço, ajeitou a sua poderosa arma e a mirou no peito escamoso fera negra. A Lança de Dagda cortou o vento em uma velocidade descomunal e acertou o local exato onde jazia o coração da criatura.
Os relatos descrevem que o urro tenebroso que saiu da boca do dragão, fez toda Nidavellir tremer. Seu coração ainda batia fracamente, quando Durin I, aproximou-se do gigantesco animal estirado no chão, e o encarou com demasiada cautela enquanto ansiava pelo seu fim. A fera, por sua vez, o olhou com seus exuberantes olhos amarelos, soltou um longo suspiro e finalmente, morreu.
Durin I, retirou a Lança de Dagda do coração do dragão e preparou-se para abater o seu companheiro que com um veloz rasante, traçou um curso em sua direção claramente determinado a vingar o que todos presumiam ser o seu irmão. O guerreiro anão aprumou-se novamente e se preparou para o segundo embate. Novamente ele manuseou a Lança e aguardou o momento exato para atacar seu destemido e furioso oponente. Todavia, inesperadamente, o dragão soltou um único rugido, deu meia volta, e partiu montanha acima, deixando Nidavellir para trás.
Ninguém sabe quais foram as razões que o levaram a desistir da luta por seu território. Entretanto, é de conhecimento do povo anão, que tal dragão exilou-se nos cantos mais remotos de Svartalfheim onde aguarda o momento ideal para voltar a Nidavellir, vingar seu companheiro e recuperar a terra que lhe fora roubada. Assim a Lança de Dagda permanece em Nidavellir, em posse dos Anões, a espera de ser usada no retorno de seu inimigo mais antigo, ou até que algum guerreiro obstinado, munido da lança supracitada, marche até o refúgio do dragão e o extermine de uma vez por todas, colocando o fim nessa antiga história de guerra que remete às origens da sombria e rochosa Nidavellir.
Nidavellir: breve história sobre a Lança de Dagda
Assim que concluiu a leitura, tive a certeza absoluta de qual seria o último Teste dos Deuses: Acme fora — injustamente — escolhida para ser a guerreira que deve enfrentar o dragão sobrevivente e colocar um fim na história que deveria dizer respeito apenas aos anões.
A fúria efervesceu sob minha pele fazendo com que fagulhas de fogo faiscassem nas pontas de meus dedos. Acme mal conseguirá enfrentar as bestas aladas do Labirinto de Nidavellir, ela não seria capaz de vencer um dragão sem que a sorte estivesse, claramente, do seu lado. Contudo, ela não poderia contar com a sorte para vencer tal desafio. Portanto, tinha a certeza absoluta de que minha amiga deveria fugir, pois lutar pela imortalidade apenas a levaria para sua morte.
Depositei o pergaminho de volta ao envelope e dispensei um curto tempo analisando a meticulosa caligrafia Loki. Não sabia onde ele havia encontrado aquela informação, assim como também não fazia ideia das razões que levaram Loki a ajudar-me novamente. Ao certo o deus da mentira estava ansioso com minha partida e por isso facilitava o meu caminho até ela.
Limpei minha mente de qualquer pensamento que remetesse a tal deus, e parti a procura de Acme com o objetivo de convencê-la a fugir antes do baile a sua homenagem.
Não fora difícil encontrar minha amiga, já que assim ao pisar no Palácio de Asgard, ouvi algumas criadas comentarem com muita animação, que a jovem grega estava em seu quarto experimentando vestidos para ir ao seu baile. Sabendo disso, imediatamente, rumei em direção aos seus aposentos que ficavam no andar acima do meu.
Ao chegar ao meu destino, encontrei a porta de seu quarto fechada. Como sabia ser educada quando me convinha, fechei minha mão e delicadamente, dei leve batidas sobre a madeira. Instantes de depois, uma de suas servas entreabriu a porta, olhou para mim e anunciou minha visita. Acme, como esperado, pediu para que me deixasse entrar e também solicitou que nos deixasse a sós.
A bela jovem grega ostentava um largo sorriso enquanto admirava seu reflexo no amplo espelho que fora trazido junto com os mais magníficos vestidos tragos de todas as alfaiatarias de Asgard.
Seus ondulados cabelos loiros, estavam perfeitamente arrumados numa linda trança que escorria até o meio de suas costas. Ela trajava um exuberante vestido de festa dourado que refletia como se tivesse sido tecido com fios de ouro. Acme, então, voltou-se em minha direção e com seus olhos verdes brilhando mais do que nunca, ela perguntou animada:
— E então, o que achou? — Alisou o belo vestido que moldava-se perfeitamente nas curvas de seu corpo.
— Você está incrivelmente linda! — exclamei evidenciado a mais pura verdade.
Minha amiga sorriu ainda mais. Fazia um bom tempo desde que tinha a visto tão alegre como encontrava-se em determinada ocasião.
— Vou usá-lo no baile, junto com essa máscara. — Pegou uma delicada máscara dourada e levou ao seu rosto.
O adereço cobria apenas seus olhos e sobrancelha, assim como apenas o alto de seu assimétrico nariz. Seus olhos tornaram-se ainda mais verdes em contrastes com o dourado da máscara. Já seus lábios carnudos que ficaram evidenciados, estampavam um largo e imaculado sorriso.
Não pude evitar me sentir culpada por trazer uma notícia tão triste que acabaria com sua felicidade. Era tão injusto dilacerar seu coração, no único dia em que ela realmente se sentia feliz.
— Vejo que estás melhor, para tanto suponho que sua visita não está relacionada ao deus da mentira. — começou ela — Então devo lhe perguntar: a que devo a honra de sua visita?
Olhei em seus olhos que irradiava alegria e poderei se devia ou não acabar com seu dia, e assim, destruir com toda sua esperança. Por fim, sutilmente escondi o pergaminho em meu manto, que pareceu tornar-se tão pesado como o chumbo, e apenas disse:
— Eu preciso de ajuda sobre o que vestir no baile. Como bem sabe, sou péssima para com os assuntos relacionados a moda.
Senti o peso da culpa pairar sob meus ombros. Eu deveria ter lhe dito a verdade, mas naquele dia, não fui capaz de acabar com sua tão rara empolgação.
Acme bateu palmas completamente extasiada e começou a me mostrar uma porção de vestidos que haviam trago para sua escolha.
Fingindo que também estava empolgada, analisei e experimentei vários vestidos, até que finalmente decidi que usaria um de tonalidade vermelha, pois ambas concordamos que o preto já estava demasiado batido.
Faltou apenas encontrarmos uma máscara, visto que daquelas das que estavam disponíveis para uso, nenhuma combinou com o traje que eu havia, meticulosamente, selecionado.
Acme, por conta de sua completa animosidade, sugeriu que ambas fôssemos ao centro comercial de Asgard para comprarmos o acessório que me faltava, no entanto, consegui convencê-la de que poderia realizar tal compra sozinha. Não queria prolongar minha presença ao seu lado, pois a culpa estava me corroendo e intoxicando o que sobrara de meu coração.
Integralmente respaldada pela desculpa esfarrapada, deixei o seu quarto, mas ao contrário de ir ao centro comercial, marchei ao encontro de Thor: o único que poderia arrumar a bagunça que a vida de Acme se tornou.
Embora o palácio de Asgard, fosse imenso, depois de uma longa estadia nele, tornava-se fácil encontrar os habitantes em suas localidades, visto que geralmente eles frequentavam os mesmos lugares cuja rotina sofria pouca alteração. Desse modo, logo descobri que Thor estava no grande salão de treinamento em combate, a qual eu já outrora eu já frequentado com Loki.
Ao chegar no meu destino, não fiz questão de ser anunciada. Assim, escancarei as enormes e pesadas portas do salão de combate, e com grande determinação, interrompi o treinamento que ocorria entre Thor e Balder.
— Erieanna! — ambos os deuses exclamaram claramente confusos.
— Eu mesma! Em carne e osso! — Abri um largo e irônico sorriso.
Tanto Thor, quanto Balder permaneceram a me fitar com confusão estampada em suas faces. Eles ainda seguravam as armas e escudos em suas mãos, porém, não efetuaram qualquer ação além de me olhar.
— Preciso falar com você, Thor. — Apontei o dedo em sua direção, enquanto caminhava até ele.
O deus do trovão rapidamente soltou o machado que segurava em suas mãos, e completamente alarmado, começou a indagar:
— Aconteceu algo com Acme? Ela está bem? Onde ela está?
Havia pavor refletido em seus olhos verdes. Thor, ao que parecia, temia perder sua amada.
— Acredito que Acme nunca esteve bem, já que desde que pisou em Asgard, sua vida corre perigo por conta dos malditos Testes dos Deuses a qual teve de enfrentar apenas para permanecer ao seu lado. — eu respondi com certo rancor.
A breve calma voltou a ocupar o semblante do deus a qual minha ira era destinada.
— Se veio me criticar por isso, saiba que está culpando a pessoa errada. Nunca fui favor de Acme enfrentar os Testes dos Deuses, ao contrário, por infinitas vezes tentei convencê-la de que não era necessário arriscar sua vida pela imortalidade e enfatizei que continuaria a amá-la, ela sendo imortal ou não. — Ele pegou seu machado que tinha derrubado no chão. — Acme é tão teimosa quanto você. Talvez, a teimosia, seja uma característica mortal.
— Assim como o egoísmo, que pode ser uma característica de todos deuses. — retruquei furiosa.
Thor, que também estava furioso, dispensou a atenção que me concedia, mas antes falou:
— Se isso é tudo que veio dizer... Sugiro que parta! Talvez você possa convencer Acme a desistir de enfrentar o último Teste, porque eu não fui capaz de realizar tal proeza. — Balançou seus largos ombros.
— Talvez você não tenha tentado o suficiente. — rebati impetuosa — Ela está correndo risco de morte por sua causa, para tanto, é de sua responsabilidade livrá-la dessa merda dos Testes dos Deuses. — Acusei-o sem qualquer remorso. — Por sorte, trouxe-lhe algo que pode lhe ajudar a convencê-la a desistir de caminhar em direção ao fim de sua vida. — finalizei ainda mantendo o segredo da informação a qual eu portava.
Thor voltou, novamente, toda atenção para mim.
— Que informação? — inquiriu desconfiado.
Desviei meu olhar para Balder que permanecia em silêncio, apenas observando o embate que recorria entre eu e o deus do trovão, e só então falei:
— Dispense seu companheiro de treinamento e eu lhe direi tudo que precisa saber.
Balder que inesperadamente recuperou a capacidade de falar, soltou abruptamente:
— Não se dê o trabalho de repetir o que Erieanna disse, eu estou aqui e escutei perfeitamente o pedido. — Intencionou a deixar o salão de combate, no entanto seu irmão o impediu de concluir tal ação.
— Balder pode ficar! — declarou com autoridade. — Não temos segredos para com o outro, dessa forma, seja qual for a informação que venha a transmitir, podes compartilhar com Balder também.
Analisei ambos os deuses enquanto ponderava se devia ou não, repassar a informação a qual estava em posse. Todavia, de eu precisava da ajuda de Thor, e se Balder também pudesse desprender qualquer auxílio a favor de Acme, eu o receberia de bom grado.
Saquei o envelope que mantinha escondido sob meu manto, e o entreguei ao Thor.
O deus cuja a face tornou-se a nítida imagem da confusão, franziu o cenho ao pegar invólucro semiaberto em suas mãos. A medida em que Thor desbravava a leitura do pergaminho, a cor esvaia gradativamente de seu rosto. Suas mãos tremiam quando ele repassou o pergaminho para Balder, que totalmente imerso em seriedade, iniciou a leitura silenciosa.
— A história que eu conheço, narra que ambos os dragões morreram sob a Lança de Dagda, nas mãos de Durin I. — disse ele sem querer acreditar que Acme deveria enfrentar a ira de um temido dragão no último Teste.
— Ao que parece, essa é uma informação falsa. O dragão não somente está vivo, como Acme fora escolhida para ser a destemida guerreira que deve matá-lo. — repliquei diminuindo consideravelmente, as suas esperanças.
— Onde encontrou esse pergaminho? — Balder finalmente perguntou.
Fitei os olhos do deus que me olhava com desconfiança.
— Encontrei nos cantos mais reclusos da biblioteca do palácio de Asgard. — menti, pois assim como Balder não confiava em mim, eu também não confiava nele.
Balder semicerrou os olhos evidentemente, era sabido que ele duvidava de minha resposta.
— Estranho, isso não se parece com os pergaminhos de Asgard, essa escrita é menos robusta, lembra-me os registros dos Anões. Até mesmo a pele se assemelha àquelas encontradas em Nidavellir. — o belo deus pontuou sabiamente.
"Então foi de Nidavellir que Loki trouxera tal informação". Pensei constatando o fato de que o deus da mentira sempre estava um passo à minha frente.
— Se a origem de tal pergaminho é ou não Nidavellir, eu realmente não sei lhe afirmar. Contudo, posso garantir-lhe que encontrei-o nas estantes mais escondidas, dentro das câmaras pouco frequentadas, no frio subsolo da biblioteca de Asgard. — expliquei com o intuito de dispersar qualquer desconfiança que ainda pairava naquela sala.
Balder refletiu por um longo momento, mas depois de tanto refletir em seus pensamentos, finalmente decidiu aceitar a minha palavra.
— Sinto lhe informar, meu caro irmão. Porém, tudo indica que essa informação é verdadeira. — proferiu Balder com muito pesar. — Entretanto, posso verificar mais a fundo e descobrir toda a verdade, não somente sobre o que consta em tal pergaminho, mas também a respeito de como e qual, de fato, será o último dos Testes. — assegurou ele definitivamente determinado a ajudar seu irmão.
— Faça isso. — disse Thor— - E por favor, tente manter sigilo sobre esse assunto.
Balder acenou levemente com a cabeça e começou a se dirigir para fora do salão. E ao passar por mim, o deus apenas disse um curto e amistoso:
— Até breve, Erieanna.
Não o respondi e também não sorri. Somente o encarei com severidade, em um notório aviso de que eu o mataria se ele pusesse, ainda mais, minha amiga em perigo.
Escutei as portas abrirem e fecharem atrás de mim. Balder deixou-nos, e com sua saída, o caos se abateu sob o deus do trovão.
— Se isso for verdade... Acredito que ambos temos a certeza de Acme não vencerá tal dragão. — confidenciou Thor sentido a dor e o medo tomar conta de si.
— É por isso que tens de convencê-la a partir. Faça o que for preciso para mantê-la a salvo. Se for necessário partir seu coração, para que ela possa viver... Então o faça. Acme não merece morrer para satisfazer a sede por sangue de seu povo. Ela merece mais do que você pode oferecer. Não é justo que ela tenha que escolher entre o amor, ou a morte. — proferi tais palavras, usando de meus últimos recursos para salvar minha amiga. Se ela vivesse, iria me odiar até o resto de sua vida. No entanto, ela estaria viva para me odiar, estaria viva para amar novamente, estaria viva para fazer suas escolhas sem a intervenção de qualquer deus.
— Você é muito cruel. Se algum dia tivesse sido capaz de amar alguém, ou se alguém tivesse partido o seu coração e arrancado dele todo o seu amor, você jamais iria me sugerir que eu fizesse tal coisa. Não pode pedir o que não compreende. Você não faz ideia do que dizes. — rebateu, e em sua voz havia um sentimento de repugnância. Thor julgava-me injustamente, ele nem sequer me conhecia.
Diminui a distância entre nós, e o encarei com desprezo.
— É você que não me conhece. — proferi pausadamente — Se me conhecesse saberia que eu falo com a propriedade de quem já teve um coração partido, e sobreviveu para afirmar, que no final das contas... o amor não é tudo.
Não tive qualquer intenção de aguardar que ele justificasse sua leviana acusação. Apenas encerrei aquela amarga declaração, virei-me de costas e deixei o deus do trovão remoer seus pensamentos conflituosos. Estava em suas mãos a chance de salvar, ou não, Acme. Tudo dependeria do quão egoísta ele poderia ser. E no fundo, eu torcia para que Thor, filho de Odin, fosse diferente de todos os deuses cujo egoísmo fazia parte da essência. Não obstante, de nada importava o que eu fizesse, nenhuma ação poderia alterar do fato de que Acme sofreria pelo amor que lhe trouxe mais dor do que felicidade.
Infelizmente, nós duas, ambas mortais, havíamos escolhido as pessoas erradas para amar.
(CAPÍTULO SEM REVISÃO)
Olá minha gente! Tudo bom com vocês?
Espero que estejam gostando da história.
Infelizmente tenho que deixar um aviso um pouco desagradável, a história vai demorar ao menos uma quinzena (ou mais) para ser atualizada, pois estou estudando para um concurso publico que ocorrerá dia 08/09. Espero que me compreendam :)
Saibam que jamais abandonarei essa história!
No mais, deixo uma imagem de Acme completamente satisfeita por você ter deixado o seu voto ;)
Bjus, Tia Lua
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