𝟎𝟏.
EU SEI O QUE LOLA SANCHEZ
FEZ NO VERÃO PASSADO.
Durante seus dezesseis anos de vida, Lola nunca esteve tão nervosa para um primeiro dia de aula, nem mesmo na primeira vez em que pisou em uma escola, quando ainda era uma criança chorona e a ideia de passar horas longe de sua mãe era assustadora. Nem mesmo quando faltou a primeira semana de aula em seu novo colégio, e quando voltou, todos já se conheciam e estavam com grupos formados, com exceção a ela. Nem quando planejou assistir o discurso de abertura do ano letivo, e em seguida fugir do colégio junto de seus amigos para passarem o dia em um parque de diversão. Não, nenhum plano, problema ou ansiedade antes do primeiro dia letivo havia sido capaz de deixar Lola Sanchez tão apavorada quanto ela se sentia naquele momento.
A garota lavou o rosto pelo que deveria ser a terceira vez desde que entrou no banheiro, como se a água fosse capaz de limpar todo o nervosismo que sentia, como se fosse apenas sujeira em sua bochecha e não um sentimento que estava a corroendo por dentro. Lola sabia que não poderia ficar escondida no banheiro para sempre, na verdade, já devia ter saído do cômodo e ido até a cozinha, onde tomaria seu café da manhã e iria até o lado de fora para esperar o ônibus escolar.
Sabia que ficando parada no banheiro, perderia os minutos que tinha para comer.. Não que fosse conseguir comer alguma coisa, uma de suas reações físicas ao nervosismo era o fato de nada ficar muito tempo em seu estômago, quando estava nervosa e comia, acaba vomitando tudo minutos depois.
━ Vamos, Lola, você consegue.. Enfrentou o reformatório, o colégio vai ser fácil. ━ Ela disse para si, enquanto encarava seu reflexo no espelho. ━ Já enfrentou o primeiro dia várias vezes, você consegue.
As palavras não a consolaram muito, só a fizeram concluir que deveria parar de falar sozinha.
Sanchez respirou fundo, reuniu toda sua coragem e finalmente abriu a porta do banheiro, saindo do local. A garota caminhou até seu quarto, a cama e o guarda roupa já estavam montados, mas ela ainda não tinha terminado de desempacotar e organizar todos os seus pertences, então várias caixas estavam espalhadas pelo quarto.
Maria Dolores, apelidada de Lola, não era nova na região, ela vivia no Valley desde seu nascimento, porém a jovem e sua mãe tinham se mudado para um apartamento diferente, em um bairro diferente. Segundo Fernanda Sanchez, viver na antiga casa, um lugar cheio de memórias de seu falecido marido, não estava sendo fácil e ela precisava se afastar do lugar se quisesse superar, o que Lola sabia que não era completamente verdade. Morar naquela casa sem Brenton realmente era difícil, mas ir embora não se parecia nada com algo que sua mãe faria, Fernanda nunca foi o tipo de pessoa que simplesmente chuta um problema para longe na esperança de esquecer ou esconder de si mesma, ela não evitava o luto, o encarava de frente.
Lola não era boba, ela sabia que a antiga casa tinha sido colocada à venda porque precisavam de dinheiro, e também sabia que isso era sua culpa. Além de ter sido sentenciada a dois meses no reformatório, o juiz determinou que Sanchez deveria pagar por todas as despesas na reforma do restaurante que tinha sido destruído, desde móveis, pintura e decoração até novos fogões e utensílios culinários, a garota não tinha esse dinheiro e sua mãe muito menos, Fernanda não tinha muitos itens de valor para vender, então vendeu o maior de seus bens: sua casa. A mulher usou o dinheiro para pagar o que a filha devia ao restaurante e para alugar um apartamento.
Fernanda já estava vivendo no apartamento a pouco mais de dois meses, e Lola havia chegado a dois dias quando foi liberada do reformatório, após cumprir sua pena. Sentiu seu estômago revirar ao pensar na culpa que sentia, ao pensar no enorme sacrifício que tinha sido feito por sua mãe, que precisou vender a casa que ela e seu marido se orgulhavam tanto de ter construído.
A garota pegou sua mochila, que estava jogada em cima da cama, e foi até a cozinha, ficando surpresa ao ver que sua mãe estava ali, sentada em uma das cadeiras, com uma xícara nas mãos.
━ Mãe? Você não deveria estar no trabalho? Ou o meu celular está com o horário errado e eu podia ter dormido por mais uma hora... Droga! ━ Ela reclamou, já estava preparada para deixar sua mochila no chão quando ouviu a resposta da mulher.
━ Eu pedi para entrar um pouco mais tarde. ━ Fernanda contou. ━ Vou levar você para o colégio hoje.. Estou pensando em conversar com o delegado e mudar meu horário definitivamente.
Fernanda era policial, uma das mais dedicadas em todo o departamento de polícia da cidade. A mulher sempre sentia que era uma das únicas pessoas ali realmente interessadas em trabalhar, visto que a polícia não podia ser considerada um dos pontos fortes do Valley.
Lola jamais esqueceria do olhar no rosto da mãe quando chegou no restaurante destruído e encontrou sua filha. Nem imaginava que tipo de comentários a mulher escutou vindo dos moradores locais, era uma policial cuja filha tinha sido presa. A garota não tinha prejudicado apenas sua própria imagem, mas a imagem de sua mãe também.
━ Você não precisava ter pedido para entrar mais tarde, não quero atrapalhar seu trabalho. ━ "Mais do que eu já atrapalhei" ela pensou e puxou uma cadeira, para que pudesse se sentar. ━ Tá tudo bem, mãe, você pode continuar entrando no mesmo horário, eu posso pegar o ônibus escolar, o porteiro disse que ele passa no fim da rua.
A mais velha franziu o nariz, não parecendo convencida. Lola não sabia ao certo se a preocupação de sua mãe era com a garota retornar para a "vida real" depois de dois meses detenta, ou se a mulher apenas queria se manter de olho, garantir que ela chegaria no colégio, porque não confiava na filha. Sanchez apostava na segunda opção.
Em seu primeiro mês no reformatório, Fernanda não fez nenhuma visita, não mandava cartas e nem telefonava, podia estar fazendo o possível e impossível para pagar a dívida da filha, para tentar negociar uma diminuição da pena mas não queria ver Dolores. Estava irritada, muito irritada.
Quando a policial finalmente decidiu visitar Lola, a primeira coisa que disse foi que não confiava mais na filha, que não tinha a menor ideia de quando voltaria ou se voltaria a confiar.
━ Prefiro levar você hoje. ━ Soltou a xícara que segurava, a deixando na mesa.
A garota assentiu com a cabeça e um silêncio constrangedor tomou conta do ambiente. Era estranho como as duas costumavam ser tão próximas, e agora todas as conversas pareciam terminar em silêncios constrangedores. Lola disse a si mesma que era uma questão de tempo, que logo tudo voltaria ao normal mas no fundo tinha medo de que não voltasse.
━ Você não vai comer nada? ━ A mais velha perguntou ao ver que a filha não tinha encostado na garrafa de café e nem pegado alguma das panquecas que estavam na mesa.
━ Eu não estou com fome, mas as panquecas estão lindas, vou comer quando eu voltar para casa.
Foi a vez de Fernanda assentir com a cabeça e Lola se preparar para mais um daqueles silêncios. A ideia de ir para o colégio era assustadora, mas ficar em casa naquele momento também não estava sendo exatamente agradável.
━ Lola. ━ A mãe começou. ━ Eu realmente espero que você não volte a andar com seu antigo grupo.
━ Eu não vou, não falo com eles desde o que aconteceu. Não precisa se preocupar com isso, não vou cometer o mesmo erro duas vezes.
Ela parecia ter mais coisas para dizer, provavelmente xingaria o grupo, mas se controlou já que estava na hora de saírem do apartamento. A mulher se levantou e a filha vez o mesmo, a acompanhando enquanto seguiam rumo aos corredores do prédio.
🥋
Lola estava apavorada, mas ninguém precisava saber disso, então ela tentou caminhar pelos corredores do colégio com a maior naturalidade que conseguiu, como se já estivessem no meio do ano e ela fizesse o caminho até as salas de aula todos os dias, quando na verdade era o primeiro dia letivo e todos os olhares estavam focados nela.
Algumas pessoas cochichavam baixo quando a garota passava, outras não faziam questão de disfarçar então falavam alto e apontavam. Algumas pessoas pareciam assustadas, arregalavam os olhos e saiam de perto quando viam que Sanchez estava se aproximando, outras riam e faziam piadas com a situação, um dos alunos jogou algemas nela durante a aula de Matemática, outro gritou "As merendeiras tem que tomar cuidado, Lola Sanchez é conhecida por destruir cozinhas" no corredor, além de outras provocações.
Quando o horário do intervalo chegou, Lola não estava nada animada para estar em um ambiente onde nem podia se esconder atrás de um caderno quando todos olhassem para ela, além de não ter ideia de em que mesa sentaria, alguém iria querer se sentar com ela?
Respirou fundo, reunindo coragem e caminhou até o refeitório. Seu estômago estava roncando por não ter comido nada de manhã, então pegou um prato na cantina e olhou para as mesas espalhadas pelo local. Por um momento, cogitou dar meia volta e sair dali, se esconder no banheiro ou no armário do zelador e comer por lá mesmo.
━ Posso me sentar aqui? ━ Ela ouviu um garoto perguntar para dois outros garotos em uma das mesas. Ele estava de costas para Sanchez, então ela não conseguia ver seu rosto.
━ Desculpa, a mesa está bombando. ━ Um dos garotos da mesa respondeu, ele tinha o cabelo escuro e usava uma blusa de flanela. Gesticulava enquanto falava e seu tom de voz era irônico. ━ Vou colocá-lo na lista de espera, mas vai ficar para o próximo semestre.
━ Certo. ━ Disse e estava se afastando, quando o garoto da mesa chamou.
━ Não, estou brincando. ━ Disse e apontou para uma das cadeiras vazias. ━ Senta.
Lola sabia que não podia continuar ali parada escutando a conversa do grupo, então aproveitou a deixa para se aproximar mais e perguntar.
━ Eu também posso sentar aqui?
Os garotos da mesa se entreolharam surpresos. Ela temeu que eles estivessem com medo ou que não quisessem uma criminosa na mesa deles, mas quando o garoto da flanela falou novamente, ela viu que a surpresa era por outro motivo.
━ Você? Uma garota, quer sentar.. Com a gente? ━ Com as sobrancelhas arqueadas, ele apontou para ela. Em seguida, olhou para o garoto sentado ao seu lado. ━ Olha só, Eli, a mesa 'tá mesmo bombando.
O garoto de suéter, Eli, olhou para Lola mas desviou o olhar quando percebeu que ela estava olhando para ele. Em resposta à pergunta do amigo, apenas assentiu com a cabeça e o outro continuou a falar.
━ Senta aí. ━ Ele disse, ainda parecia impressionado.
━ Obrigada. ━ Ela agradeceu e deixou sua bandeja em cima da mesa.
Lola puxou uma das cadeiras vazias e se sentou. Ela olhou para os três, conhecia de vista os dois que já estavam sentados, mas nunca tinha falado com eles antes, enquanto era a primeira vez que via o outro menino, ele devia ser aluno novo.
━ Miguel. ━ O primeiro garoto que pediu para sentar ali, se apresentou.
━ Demetri. ━ O mais tagarela deles também se apresentou e apontou para o amigo ao seu lado. ━ Esse é o Eli, é um homem de poucas palavras.
━ Eu sou a Lola. ━ Ela disse, enquanto colocava o canudo em seu suco de caixinha.
━ Lola Sanchez. ━ Demetri disse. ━ Todo mundo na escola te conhece.
O comentário deixou Dolores nervosa, mas Demetri não parecia estar com medo dela e nem prestes a zoá-la, o que a deixou mais calma.
━ Me conhecem por um péssimo motivo.
━ É verdade que você ━ Ele estava prestes a fazer uma pergunta mas parou quando notou que Miguel estava olhando para as garotas que tinham acabado de entrar no refeitório. ━ Cara, não se torture. São as meninas más.
Lola direcionou seu olhar para a mesa onde as garotas ricas e populares estavam sentadas, seu estômago se revirou com a lembrança do mês que passou sentada naquela mesa, não era rica, mas estava alcançando a popularidade antes de tudo acontecer.
━ Você fala com elas ou.. ━ Miguel começou, sem conseguir terminar a frase, continuava olhando para aquela mesa.
━ Claro! O tempo todo. ━ Demetri ironizou. ━ Saímos depois da escola, nos beijamos. O Eli é o rei do baile, transa mais do que qualquer um. Não é, Eli?
O mais tímido exibiu um pequeno sorriso.
━ Falar com elas? Você percebe em que mesa está, certo? Você acabou com toda a esperança de perder a virgindade antes da faculdade. ━ Ele continuou e Miguel arregalou os olhos. ━ Bom, pelo menos agora nós temos a Lola, somos um grupo quase legal, fomos de "super ultra mega perdedores" para só "super mega perdedores"
Lola riu com o comentário. Podia ser uma coisa pequena, mas ela não conseguiu evitar de sorrir ao se dar conta que ele tinha falado como se agora a garota fosse parte do grupo, e nenhum dos outros dois se opôs a isso. Sentiu que a deixariam sentar na mesa no dia seguinte, no depois dele, no outro e assim por diante. Talvez o ano letivo não fosse ser um completo fracasso.
━ Super mega perdedores? Acho que podemos subir um pouco e virar só "super perdedores" ━ Ela disse, em tom de brincadeira.
━ É, estar em um grupo que seja só "super perdedores", seria bem legal, devíamos negociar isso. ━ Miguel acrescentou na brincadeira.
━ Tá, podemos negociar isso. ━ Demetri disse, e Miguel levantou a mão para que Lola batesse. ━ Mas não fiquem muito esperançosos, "super perdedores" é o único degrau que vamos conseguir subir, não dá para subir mais que isso estando nessa mesa.
Eli riu do diálogo, mas a expressão em seu rosto logo mudou.
━ Droga, a Yasmine está olhando para nós. ━ Ele disse. ━ Deve estar rindo de mim.
Ele se encolheu ainda mais, Lola queria ajudar ou consolá-lo de alguma forma, mas não sabia o que dizer, então estendeu seu suco de caixinha como se perguntasse se ele queria, o garoto só negou com a cabeça em resposta.
━ Não acho que ela esteja rindo. ━ Miguel disse. ━ Só porque são gostosas, não significa que sejam más.
Lola bebeu um gole de suco e olhou para a mesa.
━ Na verdade, elas são más sim. ━ Sanchez confirmou e suspirou.
Yasmine nem fazia questão de disfarçar que estava falando sobre Eli, o olhar da loira não saia dele e o grupo de garotas ria do que quer que ela estivesse dizendo. O garoto desviou o olhar e tentou esconder com a mão a cicatriz que ficava acima de seu lábio.
Não era a primeira vez que Lola via a cicatriz do garoto ser alvo de piadas, isso acontecia o tempo todo. Sanchez se lembrava de ficar com dó da situação, não ria da zombaria mas também nunca tentou fazer nada para impedir ou ajudar. Naquele momento, disse a si mesma que talvez fosse egoísta, afinal só agora que sabia o que era ter pessoas rindo e te incomodando, só agora que sabia como doía, sentiu vontade de fazer alguma coisa.
Lola tirou o canudo e apertou a caixa de suco, o líquido espirrou em seu rosto, parte dele respingando em sua blusa. Fez isso mais uma vez só para garantir caso a loira não tivesse visto e jogou a caixinha vazia em sua bandeja.
━ Lola, 'tá tudo bem? ━ Miguel perguntou e ela olhou para a mesa de Yasmine, notando que os olhares das garotas estavam focados na Sanchez, enquanto riam. Havia sido uma coisa pequena, mas pelo menos tinham desfocado de Eli um pouco.
━ Se você queria acertar sua boca, sinto muito te informar, mas sua mira é horrível. ━ Demetri disse.
Eli, que parecia menos nervoso agora que o grupo não estava mais rindo dele, pegou os guardanapos em sua bandeja e estendeu para Lola.
━ Aqui.
━ Valeu. ━ Ela agradeceu, pegando os guardanapos de papel e secando seu rosto.
Quando terminou, deixou os papéis na bandeja que logo seria jogada no lixo.
━ Não ligo se Yasmine é a garota mais malvada da escola. ━ Demetri disse, o olhar focado na mesa das meninas populares. ━ Eu mataria vocês só para ela cuspir na minha cara.
━ Sem agir, nunca terá chance. ━ Miguel disse.
━ É verdade, mas também nunca vou sofrer uma rejeição humilhante. ━ Disse, enquanto mexia no pudim com sua colher. ━ Eu estou em paz com minha depressão. A última coisa que preciso é ser suicida.
Para a surpresa de todos na mesa, Miguel se levantou.
━ O que você está fazendo? ━ Demetri perguntou.
━ Atacando primeiro.
O garoto saiu, caminhando em direção a mesa das garotas.
━ Não sei se ele é corajoso ou inocente... Mas isso não vai acabar bem. ━ Lola disse.
━ Corajoso e inocente. ━ Eli concordou.
━ Merda. ━ Demetri reclamou. ━ Espero não sermos pegos pelo estilhaço.
Lola pensou em chamar Miguel e perguntar se ele tinha certeza do que estava fazendo, se estivesse ali a mais tempo, sabia que a maioria das garotas naquela mesa, o zoaria pelo resto da vida por sua tentativa de aproximação.. Ou quem sabe o improvável acontecesse e o plano do novato funcionasse, mas Sanchez tinha até medo de ver o resultado.
Porém antes que Miguel pudesse chegar na mesa, Kyler e seus amigos sentaram ali e o garoto se afastou, voltando para mesa.
━ Então, como foi? ━ Demetri perguntou, ironicamente.
Com a presença de Kyler no refeitório, foi a vez de Lola se encolher, torceu para que o rapaz não notasse que ela estava ali e por um momento, até cogitou a possibilidade de que ele realmente não tivesse visto que Sanchez estava ali, mas assim que Samantha saiu do refeitório, o Park se levantou junto dos amigos, seus olhares estavam em Lola.
Um dos garotos populares abriu a mochila, tirando de lá três chapéus de policial que ele, Brucks e Kyler colocaram na cabeça. De repente o som alto de sirenes de um carro da polícia ecoou pelo local, Lola conseguiu ver que vinha do celular de alguém na mesa dos populares.
Eli e Demetri se entreolharam e depois olharam para Sanchez, sabendo que aquilo era para ela, a garota também sabia. Miguel pareceu confuso, ele tinha visto os alunos incomodando Lola durante as aulas mas não sabia ao certo o motivo, já que aquele era seu primeiro dia.
━ Você quer sair daqui? ━ Eli perguntou, a voz soando baixa e tímida assim como todas as outras vezes em que ele tinha falado na conversa. Ela assentiu com a cabeça em resposta.
A adolescente se levantou, mas antes que pudesse sair dali, o grupo já estava vindo em sua direção. Os sons de sirene continuavam e Brucks balançava algemas nos dedos.
━ Lola Sanchez, você está presa. ━ Kyler anunciou. Um sorriso se fazia presente no canto de seus lábios. ━ Você tem o direito de ficar calada, tudo o que disser pode e será usado contra você no tribunal.
━ Deixa ela em paz! ━ Miguel exclamou.
━ Quer apanhar mais, Reia?
━ Olha quem acabou de sair da cadeia e já vai voltar para lá. ━ Yasmine disse enquanto filmava a Sanchez.
━ A mamãe não vai ficar nada feliz com isso. ━ Kyler disse e fez um biquinho.
Lola queria sair dali, queria dar um soco no rosto do garoto e provavelmente teria feito se não fosse a menção a sua mãe, a mulher confiaria ainda menos na filha se ela conseguisse uma detenção por bater em alguém no primeiro dia de aula.
━ Você pode me acusar o quanto quiser, Kyler, mas eu sei o que você fez. ━ Ela disse, a voz soando firme apesar de seu coração estar acelerado.
Memórias da pior noite de sua vida vieram até a mente de Lola. Ela respirou fundo, se sentia cansada demais para pensar na história completa, cansada demais para pensar em qualquer coisa.
━ Ah, você sabe? Eu também sei bem o que você fez. ━ Ele pegou o celular no bolso e depois de digitar alguma coisa, mostrou a tela para a garota. ━ Todos sabem muita coisa que você fez, Lola.
Ela olhou para a tela do celular, encontrando uma página no Facebook cujo nome era "Eu sei o que Lola Sanchez fez no verão passado", o título era referência a um filme e na página haviam postagens de diversos alunos do colégio.
Seu sangue pareceu ferver e Lola jogou o celular do Park longe e saiu correndo dali. Ela ouviu Kyler gritar algo sobre como ela iria pagar por isso, mas a garota pouco se importou com isso, continuou correndo.
Sanchez entrou em uma sala vazia e se fechou lá dentro, sentada no chão com as costas apoiadas na porta, ela pegou o celular em seu bolso. Suas mãos tremiam enquanto procurava pela página na rede social, sabia que ler as postagens era se torturar mas fez mesmo assim. Haviam "relatos" sobre ela, vindos de pessoas que a jovem nunca tinha trocado mais de três palavras, onde era colocada como uma criminosa que já roubou coisas e bateu em alunos, foi colocada como uma traidora seja de namorados ou de amigos mesmo que nunca tivesse namorado ou sido amiga dos autores da postagem, encontrou até mesmo relatos sexuais. As pessoas estavam mesmo acreditando em todas aquelas mentiras? Era assim que todos os alunos no colégio achavam que Lola era?
Uma das primeiras coisas que aprendeu no reformatório foi a não chorar, chorar só piorava as coisas, você precisa parecer forte, mesmo que não esteja, o importante é que as pessoas acreditem que você está. Naquele momento, ela realmente tentou não chorar, reuniu todo o seu autocontrole mas as lágrimas começaram a escorrer mesmo assim.
🥋
Lola ficou aliviada por sua mãe ter ido buscá-la, assim não precisou lidar com todos aqueles olhares no ônibus escolar. No caminho de volta para casa, Fernanda perguntou sobre seu dia e para não preocupar a mãe, a garota disse que o dia tinha sido melhor do que ela esperava e que até tinha feito novos amigos.
Quando chegou no apartamento, tomou banho e se jogou em sua cama, pretendia passar a noite toda assistindo qualquer reality bobo para se distrair, mas sua mãe apareceu na porta do quarto com um aviso.
━ Os Moskowitz vem jantar aqui hoje.
━ Moskowitz? ━ Lola perguntou confusa. ━ Quem são eles?
━ Eles moram no apartamento da frente. ━ Contou. ━ Trouxeram uma torta para mim quando eu me mudei para o prédio e foi assim que conheci a família, Esther e eu ficamos amigas então marcamos pelo menos um jantar por mês. Agora que você voltou, achei que seria bom conhecer os vizinhos, quem sabe te ajude a se adaptar mais rápido aqui.
Ela ficou surpresa ao ouvir aquilo, sua mãe tendia a ser fechada com desconhecidos e até mesmo cética, se eles tinham conseguido se aproximar dela, realmente deveriam ser legais, mas Lola achava que não tinha nenhuma bateria social sobrando para um jantar.
━ Mas eu já estou de pijama.
━ É só trocar. ━ Ela disse como se fosse óbvio, realmente era óbvio. ━ Vai ser bom, filha, os Moskowitz tem um filho da sua idade e que estuda no seu colégio, pode até fazer um novo amigo.
Ótimo, alguém de West Valley High School que provavelmente tinha lido todas aquelas coisas sobre ela naquela página.
Lola não queria participar daquele jantar e estava prestes a dizer isso, mas conseguia ver que sua mãe estava animada para jantar com os amigos, mesmo que tentasse disfarçar. "Você vai estragar isso também?" uma parte de si perguntou.
━ Tudo bem. ━ Lola disse. ━ Vamos jantar com os Moskowitz.
OI, LEITORES!!
O que acharam do primeiro capítulo, ein? Quais as primeiras impressões de vocês sobre a Lola? Eu realmente espero que vocês tenham gostado.
Por algum motivo desconhecido (empolgação, talvez? ) nas minhas fanfics mais recentes, todos os primeiros capítulos estão saindo gigantescos. Vocês gostam de capítulos mais longos ou preferem mais curtos?
No próximo capítulo teremos dois jantares! Um entre os Sanchez e os Moskowitz, e o outro com o Kyler nos LaRusso como na série, onde vocês vão ser introduzidos aos queridos irmãos Humphries, a Nickie e o Matt.
Enfim, caso essa seja a primeira fanfic minha que você está lendo.. Oi, eu sou a Ju, e tenho tendência a tagarelar nas notas finais!
Obrigada por lerem, espero ver vocês no próximo.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro