𝐂𝐚𝐩. 𝟕 ♡ 𝐀𝐋𝐋 𝐌𝐘 𝐋𝐎𝐕𝐄
"Devo cair fora do amor, meu fogo na luz.
Para perseguir uma pena ao vento.
Dentro do brilho que tece uma capa de prazer.
Move um thread que não tem fim.
Por muitas horas e dias que passam em breve."
- ALL MY LOVE ♡ LED ZEPPELIN
★ SCOTT ♡
Megan estava frente a frente comigo.
Ainda não superei o fato de ter meu primeiro beijo roubado. Não é um momento especial como todos dizem nos livros, mas foi legal pra mim. Eu beijei ela duas vezes. Foi apenas um beijo muuuito rápido, mas aquilo significou bastante para mim. E dizer que eu era o único a não ter beijado na minha família. Tirando o Josh, é claro!
Deveria focar na leitura, entretanto meu olhar insistia em cair até os lábios avermelhados da ruiva. Droga Scott, você é muito idiota.
- Você não vai ler? - me encarava com certa futilidade.
Busquei pelo trecho mais curto, lendo logo em seguida.
- Estas alegrias violentas têm fins violentos. Falecendo no triunfo, como fogo e pólvora que num beijo se consomem. - li atentamente, sem olha-la.
- Assim que se olharam, amaram-se; assim que se amaram, suspiraram; assim que suspiraram, perguntaram-se um ao outro o motivo; assim que descobriram o motivo, procuraram o remédio. - nossos olhares se encontraram, fazendo suas bochechas ficarem coradas em meio as sardas.
- Só ri de uma cicatriz quem nunca foi ferido. - seus olhos estavam presos em mim quando terminei de sussurrar o desfecho do poema.
- Professora... posso ir ao banheiro? - Megan se levanta, apreensiva.
- Claro. - professora Ramirez sorri. - Está tudo bem?
- É... está sim. Obrigada. - agradeceu, enquanto saia da sala.
Devido a sua repentina saída, a mochila cinzenta de Megan ficara enganchada no braço da cadeira de ferro.
- A Megan esqueceu a mochila. - uma garota de cabelo verde comentou, enquanto a pegava.
- Deixa comigo! - me levanto de forma brusca.
- Tem certeza? Por que eu deveria confiar em você?! - ela me pergunta, agarrando a mochila.
- Eu sou o vizinho dela. - puxo a mochila de volta.
- Eu sou amiga dela, então... - agarra a alça da mesma para si. - Eu entrego pra ela! - torceu o nariz em uma careta.
- Como quiser. - dei de ombros, sentando-me novamente.
O sinal toca. Ah céus, somente mais algumas horinhas.
Educação física é a pior matéria existente no mundo por conta das minhas péssimas notas em quaisquer esporte que envolva pontuação ou velocidade. Eu sou devagar, entenda isso! O único esporte pelo qual sou razoavelmente bom, é o boliche.
Sim, no boliche!
Eu sempre ia com meus amigos para o clube de boliche na Califórnia. E eu amava quando conseguia mais pontos que eles. Apostávamos dez pratas em cada jogo. Parece uma quantidade um tanto quanto miserável, mas para quem sempre ganha - no caso, eu -, isso era verdadeiramente recompensador.
A questão é que eu odeio basquete!
Um esporte que envolve tanta agilidade - coisa, que eu já disse que não tenho- e trabalho em equipe.
Não me leve a mal, mas trabalhar em equipe não é o meu forte.
Minha mãe sempre diz que nós devemos ser mais sociáveis e cooperativos, mas não consigo levar isso a sério.
Lembro-me da vez em que eu e meus amigos resolvemos invadir uma casa abandonada. Nosso plano era fazer dele um ponto de encontro. Uma idéia idiota, referindo-se à um bando de garotos com quatorze anos.
Os vizinhos nos pegaram invadindo a residência, e o resultado foi cinco adolescentes na delegacia, enquanto esperavam pelos seus amáveis pais. Por ser o mais velho dos meus irmãos, sempre tive a responsabilidade de ser um ótimo exemplo para eles. Para ser bem honesto, eu odeio estabelecer o papel de pai lá em casa. Eu só tenho dezessete anos e já ganho esse título por apenas ter nascido uns dois anos antes das gêmeas.
Ser o mais velho dos irmãos têm lá as suas vantagens, mas durante boa parte do tempo você acaba sendo o velho que eles nunca tiveram, ter que arcar com as consequências e obrigações que você não faria se o seu pai não tivesse te abandonado.
★ MEGAN ♡
Poemas açucarados e cheios de promessas que jamais serão cumpridas não são o meu forte. E assim que Scott e eu lemos aqueles trechos, tudo me fazia lembrar o babaca do Steve. Eu sei que preciso superar, mas é tão difícil! Tivemos uma coisa muito importante um com o outro e não sei se vou conseguir esquece-lo tão rápido assim.
Entrando no banheiro feminino, sigo para a última cabine, a abrindo. Permaneço em silêncio, enquanto ouvia passos chegando próximo de onde estava.
Uma lágrima teimosa rolou pelo meu rosto, limpando-a com as costas da mão.
- Megan?! - ouço uma voz conhecida.
- Lindsay? - escancaro a porta, assustando a loira.
- Você está chorando? - ela se ajoelha na minha frente, enquanto eu ainda permanecia sentada sobre a tampa da privada.
- Não! - esfrego meus olhos com o dorso. - Caiu um cisco no meu olho. - menti de forma mais óbvia possível.
- Você está sendo irônica ou acha que sou burra?! - arqueia as sobrancelhas, tocando no meu queixo.
- Preciso responder? - funguei, forçando um sorriso.
- Idiota. - deu um meio sorriso.
- Eu estou bem. - me levantei. - Só estou com sono. Não dormi bem na noite passada, só isso.
- Mas você precisa matar aula pra fazer isso?! - fez o mesmo que eu.
O barulho do sinal da escola já tinha sido acionado, mas não queria sair daqui.
- Eu não quero.
- Um pouco de ânimo, poxa! - caminha até o espelho. - Você é muito melhor que isso.
- Eu gosto tanto do seu senso de humor! - ironizo, logo atrás dela.
- Não brinca? - ela limpa os seus óculos com um pano lilás que tirou do bolso da calça jeans. - Eu amo a forma como você é dedicada com os estudos também. - vira para mim. - Mas você precisa ir para a aula, Megan.
- Eu tenho educação física, e eu odeio! - me encosto na parede com azulejos asquerosamente encardidos.
- Scott também tem essa aula, exatamente agora. - apoia o corpo na pia amarelada.
- Sério? Eu vou ficar aqui então!
- Por quê? - sorriu, petulante. - O gato comeu a sua língua ou o meu irmão tomou esse trabalho dele? - riu baixinho, fazendo-me enrubescer. - Desculpa. É que eu nunca imaginei que veria vocês se beijando na cozinha da minha casa.
- Tivemos aula de literatura e...
- E? Conta garota, eu preciso saber! - juntou as mãos em súplica.
- E foi legal... talvez sejamos bons amigos. Até porque, foi apenas um selinho idiota.
- Se foi tão idiota assim... por que você está tão preocupada com o que ela vai pensar de você? - cruzou os braços, levantando umas das sobrancelhas e mostrando um pequeno sorriso nos lábios.
-Eu não estou preocupada, é que eu...
- Você?
-Você está matando aula! - desconversei, abrindo a porta do banheiro para que passasse.
- Ah não! - ela sai correndo para fora do banheiro.
Ri, sentindo-me um pouco estúpida por saber que talvez ela tenha razão nessa história.
Em passos vagarosos, chego até o grande ginásio de basquete do Riverview ball.
Entrando no vestiário feminino, senti um certo vazio nas minhas costas. Caramba, eu esqueci a minha mochila!
- Procurando por isso?! - uma voz feminina surge atrás de mim.
- Hillary! - virei-me, sorrindo para a garota asiática.
- O que te fez sair correndo daquela maneira? - estendeu a mochila para mim, pegando-a de imediato.
- Eu roubei o primeiro beijo de alguém. - fiz uma careta, deslizando o zíper da mochila.
- De uma garota? - Hillary sentou no banco que fica no próprio vestiário.
- Não! Por que pensou isso? - tirei meu uniforme de dentro.
- Sei lá, é a força do hábito. - deu de ombros, sorrindo. - Isso não me parece uma coisa tão ruim assim, não acha? - enrolou alguns fios verdes de seu cabelo entre os dedos.
- Cada um conhece o seu coração, não é mesmo? - sorri de volta.
Hillary vem de família oriental. Seu cabelo verde e seus piercings são completamente fora do padrão da moda dos anos 90, e dizem muito sobre sua personalidade.
Hillary é herdeira de uma família muito rica, mas diferente do que vemos, sua família está bem longe de serem esnobes. Seus pais são pianistas, o que fez com que ela amasse a arte da música clássica. Mozart é tipo a paixão platônica, sabe? É muito bizarro, mas eu gosto da forma como ela é autêntica e não tenta ser algo que não é.
★
Me sento em uma parte da arquibancada, retirando da mochila o meu velho e amarronzado caderno de anotações. As azuis de Lycra e a camiseta de mesma cor é totalmente cafona e não muda absolutamente nada em mim; porque meus pés simplesmente não vão encostar no piso reluzente da quadra de basquete.
- Faz muito tempo desde que não leio suas anotações. - Steve sentou do meu lado.
- E você não vai ler de novo. - repousei a pequena agenda sobre o meu colo.
- Eu sei o que está pegando, e eu errei por ter feito aquilo. - sentou ao meu lado. - Eu sou um babaca! - afagou o cabelo úmido de suor devido ao esforço no jogo de basquete.
- Você é muito além de um babaca, Parker. Você mentiu para mim... mais uma vez. - olhei para seu rosto vermelho.
- Eu não menti, caramba! - riu, desdenhando-me. - Você sempre deixou bem claro que não me queria de volta. - sussurrou, reforçando a minha vontade de tapear seu rosto.
- Mas e se eu quisesse fazer as coisas de um jeito diferente? - aumentei o tom de voz, ganhando olhares de algumas líderes de torcida.
- Ah, não vem com esse papinho pra cima de mim. - resmungou, cruzando os braços e saindo do banco.
- EU ESTAVA TE DANDO UMA CHANCE DE MUDAR! - minha voz ecoou pelo ginásio, atraindo a atenção da técnica. Steve paralisou com os lábios entreabertos.
- Chega de mimimi, é hora de fazer alguma coisa. - Assoprou o apito amarelo. - Senhor Parker, já pra quadra! - virou a aba do seu boné rosa para trás. - Carter, vai para o time dos iniciantes. - guardei meu caderno na mochila, bufando e querendo socar a carinha linda do Steve. Joguei a mochila debaixo do banco, correndo até a corda pendurada no teto.
- O que é isso? - Scott apareceu de repente, me intimidando.
- Você precisa agarrar essa corda e subir lá em cima. - apontei para o teto.
- Parece coisa fácil. - apertou os olhos, espalmando a mão no rosto suado. - Melhor que basquete, que por sinal, eu sou péssimo!
- Vai lá então, Leonardo DiCaprio! - tapeei seu peito, dando espaço para que subisse.
- Não foi dessa forma que eu quis dizer.
- Claro! - sorri, apontando para a corda. - Suba e me surpreenda.
- Tudo bem. Eu vou, mas se eu conseguir, você sobe também. - colocou as mãos na cintura, ofegante. - Nunca mais jogo basquete. - suspirou.
- Combinado. - assenti com a cabeça.
O garoto agarrou a corda, mas não ousava em subir.
- O que? Está com medinho? - ri, levantando as sobrancelhas.
- É lógico que não! - balançou a cabeça, negando. - Eu tô pensando.
- Em como não chorar depois que cair no chão?
- Ei, menos conversa e mais ação! - a treinadora ordenava.
Scott colocou todo o seu peso na corda em apenas um impulso. Eu fiquei de queixo caído quando o garoto chegou ao topo e tocou o sino.
- Beleza, Bank Tower... agora desce daí. - balancei a corda, fazendo Scott descer rapidamente.
-Do que você me chamou? - seu sorriso foi de orelha a orelha, tombando a cabeça para o lado. - Bank Tower? - colocou as mãos na cintura, fazendo uma careta.
- Sim, por causa do U.K Bank Tower. Sabe, ele é o segundo maior arranha-céu de Los Angeles e você é bem alto então...
- Legal... - me interrompeu. - Figueroa.
- Figueroa? - uni as sobrancelhas.
- Ele é mais baixo que o Bank Tower. - riu, cruzando os braços.
- Então esses são os nossos apelidos? - franzi o cenho - Me chama de Meg. - estendi a mão.
- Tuuudo bem, Meg. - a apertou, sem tirar os olhos de mim. - Eu gostei do meu apelido. - soltei um riso nasalado.
- Srta. Carter! - diretor Coleman aparece na porta do ginásio.
- Sim, diretor? - deixo Scott e caminho até o lado de fora do ginásio. - Precisa de algo?
- Não mude de assunto. - ele pega meu braço de forma agressiva, me machucando pra caramba. - Precisamos conversar sobre Jonas McFly. - me levou com certa rispidez enquanto agarrava meu braço com força.
- Você está me machucando! - me esquivo do seu braço, mas ele o aperta ainda mais.
- É o que você merece depois de quase acabar com o meu emprego! - sussurrou no meu ouvido, me arrastando até a sua sala.
Diretor Coleman fechou a porta logo atrás de mim, pedindo para que me sentasse na cadeira em frente a sua mesa.
Eu odeio Jonas McFly por um desses motivos; sua família é rica e pode comprar qualquer um, inclusive o diretor da escola que sempre enche o saco da sua família.
Com as pernas trêmulas e encolhidas debaixo da cadeira amarronzada, o uniforme de Lycra parecia queimar meu corpo devido ao nervosismo.
- Allysson me contou sobre o seu desentendimento com o senhor McFly. - Ele senta em sua cadeira, suspirando.
- E daí, eu vou ganhar alguma coisa com isso? - esfreguei a região machucada, rolando os olhos.
- Você não está arrependida? - alisou a sua barda branca, pensativo.
- Por que eu deveria estar? - Uma leve ardência tomara conta do meu braço. - Toda essa merda envolvendo o Jonas tem que acabar agora! - espalmei com força a mão na mesa de madeira.
- Controle-se, Carter. - praquejou, aumentando o tom de voz.
- Você também. Não se esqueça do seu segredinho sujo. - apoiei os cotovelos no tampo, me esticando.
- Isso é uma ameaça, Megan?
- Não, mas se isso serviu para você, talvez seja. - dei de ombros, escorregando meu corpo pela cadeira.
- Você deveria ser como as outras garotas, entende? - passou a mão pela sua cabeça careca.
- Como assim? - fiz uma careta, me ajustando na cadeira.
- Mais submissa, sabe?
- Mulher nenhuma deve ser submetida a esse tipo de relacionamento, Coleman. - pontuei, sentindo minha garganta queimar.
- Você é muito jovem para opinar sobre isso. - gargalhou, tirando um charuto de uma caixinha marrom sobre a sua mesa.
- E você não é muito velho para andar querendo garotas que poderiam ser suas netas, não é?. - um sorriso sádico brotou em meus lábios.
- Do que está falando senhorita Carter? - acomodou-se melhor em sua poltrona de couro, gaguejando. - Onde quer chegar com isso?
- Eu não sei, mas você pode ter um caso com a Allysson Wilson. - cruzo os braços, suspirando. - Mas eu a entenderia. Ela é muuuito esperta ao ponto de fisgar um velhote, e conseguir uma bolsa de estudos em Harvard. Sabe, o lance com o relacionamentos de limbo? - me estiquei, roubando seu charuto. - A diferença é que ela ganha boas notas trocando amassos com um cara que está prestes a conhecer o asilo. - seu rosto pálido sumiu, dando vida a um tom avermelhado em seu rosto. - Imagina se a escola descobre? - pego o isqueiro que está na sua outra mão.
- Você está me ameaçando mesmo, então? - me observava enquanto acendia o charuto.
- Jamais, mas se fosse uma mentira, você não me questionaria sobre isso ser uma ameaça. Estou errada? - entrego o cigarro aceso. - Eu não fumo, pegue. - ele pega cautelosamente, levando até os lábios finos.
- Obrigada. - disse sem jeito.
- Você não precisa me agradecer. Apenas resolva essa situação, e impeça que essa confusão chegue nos ouvidos da minha tia. - me levanto da cadeira. - E sim, é uma ameaça. - serpenteio até a porta. - Ah, e você deveria parar de fumar.
- isso não é da sua conta. - retirou o cigarro da boca, saindo uma fumaça da mesma.
- É, claro que sim! Afinal, Allysson não gosta de fumantes. - fechei a porta assim que um de seus troféus foi jogado na minha direção, batendo no vidro da mesma.
★
Não retornei para o ginásio, já que me sentia na obrigação de ter uma palavrinha com Allysson. Vasculhando os arredores da escola, a encontro aos beijos com Rick perto da sala das máquinas do lado de fora da Riverview high.
Tenho nojo do Rick que divide sua saliva com o Coleman. Isso chega a me causar enjôos. Me encosto na parede logo ao lado deles, mas o beijo deveria estar muito bom para que ninguém tivesse me notado.
- Tudo bem? - pergunto, sorrindo.
- Megan! Não era para você estar na diretoria? - Alysson limpa o canto dos lábios, se assustando.
- Sim, mas sabe como é... - reviro os olhos. - Odeio ouvir sobre a namorada do diretor Coleman. - bufo, colocando as mãos no rosto.
- Namorada? - Rick arruma seu cabelo bagunçado.
- É, fiquei sabendo que o diretor Coleman está tendo um caso com uma mulher muito conhecida no bairro. - o garoto ri com minha resposta.
- Isso é tão patético! - afagou o cabelo castanho claro, abraçando a namorada de lado. - Eu preciso me juntar com os garotos, até mais. - dá um beijo casto nos lábios da garota que nem imagina que o trai.
- Como você descobriu? - ela puxa meu braço com força.
-Ah, então é verdade! - sorrio, puxando meu braço de volta.
- Eu nunca namoraria um velho. Eu tenho o Rick todinho pra mim.
- Estranho, porque o nosso amado diretor confirmou tudo. - olho para minhas unhas com o esmalte preto descascado.
- Idiota! - praguejou.
- Olha, eu super apoio vocês! - toquei seu ombro, usando meu sarcasmo.
- Você vai espalhar pela escola?
- Ainda não, mas você tem que ser uma boa menina.
- Isso é uma ameaça, por acaso?
- Apenas um aviso, querida. - Assoprei um beijo, recebendo o seu dedo do meio como resposta. - Coleman odeia má educação! - ri, dando meia volta e escutando todos os resmungos da morena.
A vingança é um prato que se come frio, entende?
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