𝐂𝐚𝐩. 𝟓 ♡ 𝐖𝐄𝐋𝐋 𝐓𝐇𝐀𝐓'𝐒 𝐍𝐎𝐓 𝐂𝐎𝐎𝐋
"Ele fez a mala e deu um beijo de despedida nos filhos.
Ele esperou toda a sua vida para pegar aquele vôo.
E quando o avião caiu, ele pensou
'Bem, isso não é legal' "
— IRONIC ♡ ALANIS MORISSETTE
❥ 25 DE SETEMBRO DE 1997
❥ MEGAN ♡
A semana foi a mais agitada possível!
Para a minha infelicidade, o armário de Lindsay ficava ao lado do meu. E quando eu falo de agitação, eu quero dizer sobre ela me irritar com uma aproximação.
Allysson espalhou o seu convite de aniversário por toda a escola — inclusive para mim, o que me faz acreditar que tenha sido engano —, ocorrendo no sábado à noite em sua casa.
E adivinhe só? Hoje é sábado e são oito horas em ponto. Isso significa que ainda faltam exatamente uma hora e meia para desistir dessa festa e ficar em casa assistindo Lagoa azul.
Mas sabe o que é mais difícil? Ouvir pela segunda-feira que todos se divertiram pra caramba, enquanto eu não fui nem para fazer parte dos móveis. Caminhei até o espelho redondo pregado na parede, observando minha camisa preta por dentro da calça jeans larga e meus coturnos com cadarços pretos também. Sem maquiagem; nunca me imaginei usando sombras coloridas e blushes que faziam qualquer garota parecer um palhaço assassino.
— Megan, está na hora. - Julie bate na porta, com a voz baixa.
Ainda não fizemos as pazes, e acho difícil disso acontecer de forma espontânea.
— Já vou! - olho mais uma vez para o espelho, pegando a pequenina bolsa atrás de mim sobre a colcha azul-petróleo da minha cama.
A estreita escada que me leva do sótão — meu quarto — até o corredor do segundo andar, está largada às traças. Preciso arrumá-la antes que seja tarde demais. Está tão... mas tão caro chamar um empreiteiro, que preciso de algumas aulinhas com Jacobson sobre reformas e seus milagres pela casa.
— Eu vou com o Rick e a Zarah - Kate me assustou, parando-me na escada que dá para o andar de baixo. — Você precisa arrumar uma carona ou não vai poder ir! - espichou os lábios em um biquinho, debochando do fato de não ter como chegar na residência dos Wilson's sem uma carona.
Dei de ombros, fazendo Kate bufar e sair pela porta de casa quando ouvimos o barulho da buzina do Impala amarelado de Rick.
O ronco do motor tomou lugar assim que a morena entrou para dentro do carro, usando toda a sua altivez para quem duvida que ela tivera um dia ruim.
Agarrei o celular abre-e-fecha — como Steve fala — digitando seu nome na pequena lista de contatos. Sinto meu estômago revirar quando penso na idéia de pedir uma carona para o próprio.
O brilho excessivamente forte de duas luzes refletindo em meu rosto, é o suficiente para deixar minha visão turva. O carro pequeno e amarronzado foi ganhando forma cada vez que piscava.
— Quer uma carona para a festa? - a cabeça de Scott saiu pelo vidro lateral do Chevette. Sim, eu sou fã de carros, e por isso sei o nome de muitos deles.
Tapei meu campo de visão com as mãos, já que a luz teimava em bagunçar minha visão novamente.
— Oi, Megan! - revirei os olhos quando ouvi a voz de Chloe do banco do passageiro.
— Podem ir, estou esperando uma pessoa. - menti, me encostando no pedestal branco da luz elétrica.
— Certeza? - Lindsay colocou a cabeça para fora do carro pelo lugar dos bancos traseiros. — Vai esperar até quando? - ajeitou os óculos de grau que deslizavam pelo seu nariz.
— Hum, sei lá... - batia um dos pés, cruzando os braços também. Que dúvida! — Quer saber? Dane-se essa pessoa! - fiz a volta no Chevette, entrando no espaço vago ao lado de Lindsay.
— Liga essa lata-velha, Scott! - Lindsay deu batidinhas no ombro de Scott, recebendo um olhar feio do irmão.
— Como é que se diz?
— Por favor, Scott. - revirou os olhos, bufando.
Sorriu vitorioso, saindo de frente da minha casa,e rumando novamente para a estrada.
A casa é cheia.
cheia ao ponto de adolescentes trombarem uns nos outros. O cheiro de álcool está forte, e eu não estou nem um pouco afim de dar uma olhada nos outros cômodos da casa.
Assim que chegamos, Chloe e Lindsay se separaram de nós, correndo até a novas amigas líderes de torcida que Chloe fizera amizade. Scott parece estar desconfortável com tanto movimento e uma mistura de aromas que são de causar náuseas.
— Nunca foi em uma festa? - cheguei perto do seu ouvido, ainda assim elevando meu tom de voz. Ele negou com a cabeça. — Bem, então aproveite essa experiência. - olhou para mim, esboçando um sorriso sem graça.
— Acho que vou ir embora. - veio de encontro no meu ouvido, fazendo-me arrepiar com seu hálito quente. — Parecem um bando de animais se enroscando no corrimão da escada. - meus olhos foram guiados até a escada e os casais que estavam literalmente se enroscando no corrimão laranja.
Ugh, nojento!
— Eu vou estar dentro do carro se precisar de alguma coisa. - deu um meio sorriso, se afastando de mim.
Serpenteando entre as pessoas que dançavam ao som Pump up the Jam, uma vez ou outra, pisavam nós meus pés e me amassavam em um tipo de sanduíche humano. Essa música nem é tão boa, mas o ritmo dela faz a letra grudar na nossa cabeça. Fala sério, nostalgia demais!
Cada vez que dava mais um passo e alguém trombava em mim, minha cabeça latejava com o forte barulho das batidas das caixas de som. Eu estou tão ferrada que conseguia ver o vislumbre dele. E não, não era o Steve.
Era. Somente. Ele.
Era ele que estava na festa do Steve, no meu baile de formatura do fundamental e em todas as minhas comemorações de aniversário. Sempre foi ele para me atormentar nessas malditas festas. Só queria um buraco para sumir.
Passando pelo corredor com balões dourados e brancos no teto, senti alguém puxar meu cabelo.
— E aí, princesa! - a voz bêbada de Jonas chegou no meu ouvido, junto com o hálito horrível de cerveja e algum tipo de droga. Nojo desse cara.
— Me solta! - tentei puxar meu cabelo de volta, mas é em vão. — Você se meteu com a garota errada. - dei uma cotovelada em seu estômago, fazendo-o vomitar por cima do meu ombro. — Ah que merda, cara! Vomitar no meu ombro? - irritadiça, segui até o banheiro do andar de cima.
★
O banheiro com ladrilhos azuis e uma toalha creme jogada no cesto de roupas sujas devido ao vômito que tivera na minha roupa, moldava o fracasso que essa festa está sendo.
Abrindo a porta e saindo enquanto tropeço nos próprios pés, carregando uma garrafa de whisky em uma das mãos. O hálito quente e a boca dormente estavam me ajudando a sentir um sono desgraçado.
Descendo as escadas com a ajuda dos casais das escadas, vejo um Steve de braços cruzados e me fuzilando com os olhos.
— Qual garrafa é essa? - Segurou minha mão, me ajudando a descer o último degrau.
— Quarta ou quinta. - rolei os olhos, rindo. — Olha esses casais, amor. Poderia ser nós!
— Você está sendo sarcástica ou se drogou? - pegou meu rosto, apertando uma das bochechas.
— Eu bebi, eu acho. Você viu a minha professora? Esses alunos não me deixam procurá-la! - dei de ombros, bufando. — Bando de burros! - senti minhas pernas ficarem bambas.
— Por hoje, já chega! Você está muito mal. - me pegou no colo, me incentivando a abrir os braços e festejar.
— Iupi! - ri escandalosamente, observando o teto de gesso ganhar uma pintura de um céu estrelado. Ou será que eu estou do lado de fora da casa?
— Vem, te levo pra casa. - me colocou no chão, pegando na minha mão.
— Já tenho carona - sorri, soltando sua mão. — É o meu táxi particular! - me sentei na grama, ficando em posição de lótus. — cadê o meu sino?
— Caramba, você está muuuito bêbada. - ouvi a risada de Steve. — Pra que o sino, querida?
— Pra chamar o meu táxi, oras! - espalmei a mão na testa. — Lembrei... Ugh! O Scott me trouxe aqui. - apoiei a mão na grama, me levantando. Meu corpo caiu novamente na grama úmida.
— Pega minha mão, vou te levar para casa. - estendeu sua mão.
— O SCOTT ME TROUXE! - fiz uma careta, cruzando os braços.
— Ele não está aqui, está? - sua voz sai como um sussurro na minha cabeça.
— Estou sim! - arregalo meus olhos, quando Scott aparece na minha frente. — Parece que alguém bebeu demais. - riu, pegando minha mão já estendida.
— Como posso confiar em você? Como vou saber que não irá fazer nada de ruim com ela? - os questionamentos de Steve me deixavam perdida e com uma vontade imensa de usar o braço de Scott como travesseiro.
— Sou o vizinho dela, e não sou esse tipo de cara. - bocejei, agarrando o braço do loiro.
— Você confia nele, Megan? - Steve cutucou meu braço. — Acredita nesse cara?
— Com certeza. - sorri, sonolenta. — Ele é super bonzinho. - eu vou me sentir estúpida depois que me acordar amanhã.
— Vou te levar pra casa. - o braço de Scott foi parar nos meus ombros, oferecendo seu casaco. Eu acho, já que eu estava morrendo de calor.
Abriu passagem para que entrasse no banco do passageiro, me agasalhando no seu casaco. Tudo bem, agora eu estou com frio.
— Não esquece do cinto. - cruzou o cinto pelo seu corpo. — Eu te ajudo.
Jogou a faixa preta pelo meu corpo até uma coisa que prendia meu cinto ali. Caramba, eu estou tão bêbada que nem sei o que estou dizendo.
— Não esquece de tomar uma ducha, também. - engatou a chave, ligando o motor. — Parece que alguém vomitou em você.
— É porque alguém vomitou em mim!
— Sim, foi o que eu disse. - olhou para o espelho retrovisor.
— Foi o Jonas. Ele é nojento e quase me deu uma surra uma vez. - murmurei, encolhendo os joelhos no banco rasgado.
— Ele quase te bateu?! - movia de um lado para o outro o volante. — Tem idéia do quanto você correu perigo?
— Fica quieta e dirige, vovó. - toquei no ombro largo da minha avó. Não, espera. Acorda Megan! Essa não é a sua vó. — Quero dizer... Scott.
— Você está bêbada pra valer. - riu, me causando dor de cabeça.
— Para o carro.
— O que?!
— Para o carro. Eu vou vomitar.
Scott parou o carro, eu abri a porta e vomitei na calçada. Agora a minha boca está com um gosto amargo e nojento. Droga!
Limpei a boca com o dorso, fechando a porta para mim.
— Você está melhor, agora? - perguntou, pausadamente.
— O que você acha? Dirige esse carro de uma vez por todas!
O ronco do seu Chevette parou quando estacionou em frente a minha casa.
— Entregue.
— Minha mãe não pode me ver assim.
— Sua mãe? - sua pergunta me fez balançar a cabeça.
— A minha tia Julie. - corrigi.
— Ah, claro. O que pensa em fazer?
— Vou para algum lugar, mas pra casa eu não volto hoje.
O olhei, e o garoto estava concentrado na direção do retrovisor.
— Você pode dormir na minha casa. Não seria um problema para minha família. - deu de ombros.
— Ah, você é incrível! - o abracei de lado.
— Eu esperava te ouvir dizer que não precisava. - sussurrou, me fazendo dar um tapa na sua nuca. — Mas você é bem-vinda na minha casa. - ouvi sua risada baixa.
— Eu preciso te beijar ou algo assim? - inclineu meu rosto na direção do seu, fazendo biquinho.
— Naaaão. - afastou meu rosto com a mão. — Eu não vou beijar uma garota bêbada.
— Não sabe o que está perdendo. - fiz uma careta, bagunçando o cabelo. Brincar com as mechas dele, me acalma.
— Se perder significa não precisar trocar inúmeras bactérias, inclusive vômito na sua boca... então sim, eu estou perdendo. E perder nesse caso, é uma coisa boa!
— Dane-se! - saí do carro, apoiando meus braços no teto dele.
— Vai querer ou não? - fez o mesmo que eu.
— Bom, eu não tenho muitas opções. Então... - desviei o olhar. — Me leve para a sua casa. - estendi minha mão do outro lado do carro que ele estava.
— Okay. - fez a volta, pegando meu braço.
— Não pode pegar minha mão, é sério? - fui ignorada. — Você vai ver, amanhã!
— Se você estiver sóbria, talvez.
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