5⚡CHAPTER FOUR: ÚLTIMAS NOTÍCIAS
Chapter Four; Últimas Notícias
Nora havia ido morar com seus pais no apartamento. No futuro, aquele seria o lar dela. Porém logo quando chegou viu que sua casa era muito diferente no passado. Possuía um aspecto mais rústico, se comparado ao das casas de 2049. Independente disto, ela aceitou dormir lá. De noite, ouvia os roncos de seu pai e dava risadas. Ela sempre quis experimentar este tipo de sensação. Sempre quis experimentar amor paterno. Ainda era estranho para ela ver sua mãe tão feliz, gentil e amorosa com todo mundo. Ela sempre achava que tinha algo errado, afinal vivera sua vida inteira com uma mulher que não a dava a ela o tipo de amor necessário, pois havia perdido o seu.
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Jane havia acordado bem cedo. Ela iria fazer o melhor café da manhã possível para agradar sua filha. Foi ao mercado e comprou todos os ingredientes necessários. Comprou mais Waffles, farinha, ovos, recheio, geleia e frutas. Ela daria o seu melhor na cozinha. Começou fazendo um bolo com farinha e ovos. Havia escolhido o sabor de chocolate, pois era o preferido de Barry. Talvez, vendo seu pai contente, Nora ficaria feliz também. O problema era que havia acabado o achocolatado do estoque do mercado. Sendo assim, ela teve de improvisar com cacau. Cortou frutas e fez Waffles em formato de raios. E tudo isso ao som de Mirrorboll.
— Meu Deus, querida. — Exclamou Barry ao ver tudo aquilo. — O que você...
— Bom dia. — E beijou-o. — Hoje eu fiz o café da manhã. Apenas sente-se e coma.
— Parece realmente delicioso. — Disse Nora surpresa.
Se sentaram e começaram a comer.
— Esse bolo tá incrível. — Disse Barry se deliciando com o recheio improvisado de chocolate.
— Eu não sou muito fã de bolo. — Nora disse. Droga, pensou Jane. — Mas esses Waffles...
— Estão bons?
— Estão muito schway. — Disse Nora.
— Estão muito o quê?
— Schway. — Ela repetiu. — Ah, vocês não tem essa gíria ainda. Esqueçam.
— Estão animadas para verem meu jogo de softball hoje? — Perguntou Barry. Assentiram que sim. — Só espero que eu não fique preso no campo direito como no jogo do ano passado...
Péssimas lembranças de fato.
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— Muito bem, queridos companheiros. — Disse Sherlock no córtex. — Agora vocês contam com a ajuda da mente mais brilhante do multiverso quando a questão é solucionar mistérios. O maior detetive de todos os tempos, Sherlock Wells! E o melhor: Ele está disposto a ajudá-los a pegar o Cicada, para pagar sua dívida. Porém, antes, precisamos bater um papo. Responder algumas perguntas que podem soar óbvias, mas devem ser levantadas. A primeira delas é... Como o Cicada conseguiu suas habilidades?
— A manifestação de poderes varia. — Disse Caitlin.
— Belo ponto, Caitlin Snow. Outra pergunta... O que sabemos até agora sobre Cicada?
— Sabemos que ele matou duas pessoas. — Disse Jane. — Quase três. Vanessa sobreviveu, está em coma no hospital, mas viva.
— Exatamente, Srta. West-Allen. Se eu puder ser um pouco mais específico... Não pessoas, certo? Meta humanos.
— A adaga dele enfraquece os poderes deles. — Disse Nora.
— Não só isso, mas ele também controla a adaga. É como uma extensão dele mesmo. — Completou o detetive. — Então, sendo assim, chegamos a conclusão de que...
— Talvez ele e a adaga tenham adquiro poderes ao mesmo tempo.
— Exatamente, Barry Allen. Sendo assim, temos um enigma. Se conseguirmos resolvê-lo, conseguiremos derrotar o Cicada. Ou, pelo menos, traçaremos um caminho para isso.
— Temos que ir. — Barry disse à Jane. Estava na hora do jogo.
— Barry, boa sorte no jogo. — Disse Sherlock. — Espero que marque um touchdown.
— É softball. — Disse Nora. — Não é futebol americano.
— Ah, então espero que marque uma cesta!
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Jane, Barry e Nora correram até o local onde aconteceria o jogo. Barry colocou seu uniforme. O uniforme de seu time. Era azul. Ele se preparava em um dos cantos vendo o treinamento da equipe adversária. Jane, vendo aquilo, pôde ter ainda mais a certeza de que seu marido seria humilhado. No mesmo tanto era rápido, era péssimo nos esportes.
— Olhe para eles. — Barry disse. — Se acham muito melhores que nós.
— É porque eles são, Barry. — Jane disse-o dando risadas. Barry começou a fazer olhares desconfiados. — O que foi?
— O Jonesy não chegou ainda. — Barry disse. Notou o técnico perto. — Aí, técnico, o Jonesy não chegou. Então eu posso ir para a terceira base?
— Campo direito, Allen. — Disse rigidamente.
E o maior pesadelo de Barry Allen havia se concretizado.
— Amor, eu te amo, mas deixe a terceira base para um jogador que consiga, ao mínimo, lançar a bola. — Jane disse-o.
— Qual é?! — Ele a questionou. Logo depois, a beijou.
— Arrasa. — Ele assentiu. Logo depois, ao ver seu marido correr sem super velocidade, Jane percebeu que ele não iria arrasar. — Senhor amado, parece uma gazela.
O jogo começou. A bola estava com a equipe adversária, que sabia como manusear a bola. Depois de alguns minutos, a bola voou na direção de Barry. Era o momento perfeito para uma jogada, mas... Não foi bem isso que aconteceu.
— Ele joga meio... — Cecile, na plateia, disse.
— Ruim. — Completou Nora. — O vovô Joe me contou algumas histórias de como a minha mãe sempre humilhava o Barry nas partidas de softball da escola.
— Eu era muito boa, tá? — Disse Jane.
Cada vez que o jogo avançava mais, ficava nítido como Barry não conseguia correr rápido o bastante para pegar a bola e, quando conseguia, ele caia ou então lançava a bola para o time adversário.
O celular de Nora fazia um som de alarme bem alto de vez em quando. Era bem curto, mas bem estranho.
— O que é isso, Nora? — Cecile a perguntou.
— É um aplicativo bem legal chamado Spyn Zone. As notificações avisam assim que alguma coisa acontece na cidade.
— Que nem o antigo blog da Iris? — Perguntou Jane.
— Nunca vi o blog da tia Iris, porém sem dúvidas este aqui é mais moderno. A dona desse vlog sabe bem das coisas.
— Quem é?
— Essa menina aqui. — Nora mostrou no tablet. — Spencer Young.
— Ah, a Spencer Young? — Disse Jane. — A Iris sempre reclamava dessa menina, porque ela foi expulsa da Central City Picture News. Ela queria ficar mais famosa e criar um nome de marca para ela a qualquer custo. As vezes, eu ainda a vejo no Jitters escrevendo no laptop dela.
— Eu acho ela fofa. — Disse Nora.
Voltando a prestar atenção no jogo, viram Barry correndo pelo campo em busca da bola, porém sempre que ele chegava perto ela era lançada para outro jogador que estava do outro lado do campo. O sol estava quente, então ele suava. Ainda mais com um campo tão grande. Barry parou por alguns segundos para respirar quando a bola voou em sua cara, o derrubando. Só ouviu o barulho do técnico o xingando de todas as formas possíveis. Jane estava ficando com pena de seu marido, mas ele era ridiculamente ruim. Até mesmo a bebê Jenna conseguiria jogar melhor que ele, pensou Cecile dando risadas internas. Joe, vendo, desejou ter os poderes da esposa para ouvir o motivo das risadas. Ela escutava os pensamentos dele e ria ainda mais. Foi quando captou algo diferente. Uma sensação que não era boa. Parecia uma mente humana tomada por um controle. Ao olhar para o campo, viu um atleta correndo. Ele havia acabado de chegar. Não usava camisa de time e carregava consigo uma mochila. Cecile se esforçou para ler com detalhes a mente do garoto, e conseguiu. Sua cabeça foi ao limite. Começou a doer desesperadamente. Ele estava sendo tomado pela raiva, porém não a dela.
— Aquele é o Jonesy? — Perguntou Barry à um colega de time que estava ao seu lado.
— Alguém para ele! — Gritou Cecile colocando suas mãos na cabeça.
Antes que Jane pudesse pensar em reagir, raios roxos e amarelos surgiram no campo. Era Nora. Ela pegou a mochila que Jonesy carregava e a lançou para cima. Segundos depois, a mochila explodiu nos ares. Porém havia algo errado com Nora. Ela não estava tendo o consentimento do que fazia. Cecile pode perceber isso ao ler a mente dela. Barry correu ao campo e chegou até a filha. Jonesy foi parado pelos técnicos.
— Nora, você conseguiu. — Barry disse-a.
Ela voltou ao normal. O que estou fazendo aqui? Perguntou em sua mente.
— O que aconteceu?
— Você acabou de salvar todo mundo.
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— O esquadrão antibombas terminou a busca. — Disse Barry. — Está tudo limpo.
— Nora, como você sabia que a mochila ia explodir? — Perguntou Jane confusa.
— Eu não sei. — Ela respondeu confusa. Cecile ouviu a mente da garota e ela realmente estava confusa. — Em um instante eu estava sentada com vocês, no outro eu estava no campo com o papai. Aí ele me disse que eu tinha salvado todo mundo.
— Não se lembra de mais nada? — Perguntou Caitlin.
Uma notificação foi lançada no Spyn Zone.
— O que foi isso? — Perguntou Cisco.
— "Mulher velocista salva multidão de bomba durante jogo de Softball da CCPD." — Leu Nora.
— Mas já? — Questionou Jane. — Acabou de acontecer e a Spencer já publicou? Que rápido.
— Allen, hora de voltar pra delegacia. — Disse um policial. — Jane, você também.
— Querido, pode me cobrir por enquanto? Preciso fazer uma coisa antes.
— Tudo bem. — Ele respondeu. — O que você vai fazer?
— Nada demais. — Respondeu.
Se Cicada lesse o post, Nora poderia se tornar seu próximo salvo. A velocista imediatamente correu até Spencer, que, como sempre, estava no Jitters em seu computador. Ela possuía cabelos enrolados, olhos castanhos claros e sempre estava sorrindo. Porém, de alguma forma, aquele sorriso parecia ser presunçoso. Spencer reconheceu Jane assim que a viu, mesmo que já fizesse um tempo desde a última vez. Mas também não era para menos. Os olhos verdes âmbar de Jane poderiam ser reconhecidos em qualquer lugar.
— Jane Alisson West...
— Jane West-Allen. — A loira a corrigiu.
— Ah, se casou? E tirou o Alisson do nome? Que pena, eu gostava. Enfim, já faz muito tempo. Eu segui o conselho da sua irmã, sabia? Comecei a escrever um blog. Saí da CCPN. Sabia que os metas são o assunto do momento? Pois é.
— Na verdade, é justamente sobre isso que eu quero falar com você, Spencer. — Jane disse fechando o notebook da garota. — Confidencialmente.
— Claro... O que foi?
— Encontrei uma fonte que acha que os metas estão sendo atacados.
— Humm, interessante. Quem está atacando?
— Bem, ninguém sabe. Nem a CCPD, mas esses metas, inclusive o Flash, a XS e a Fúria Escarlate, estão em perigo.
— XS? — Ah, droga. Falei demais... — Aquela nova velocista tem um apelido?
— Sim, tem. Escute, este não é o ponto. O ponto é que escrever matérias sobre a XS pode torná-la um alvo do inimigo que está matando metas.
— Ou pode torná-la famosa. As pessoas já estão obcecadas por ela. E pelo meu aplicativo ainda mais. Além disso, nenhuma ameaça impediu sua irmã de escrever sobre o Flash no passado.
— Era diferente. — Spencer iria retrucar, mas Jane a cortou. — Escute, Spencer, pare de escrever sobre isso!
— Ou o quê, Jane? — Provocou com um sorrisinho de intimidação.
— Ou eu mesma te obrigo a parar. — E saiu dali.
Spencer só não havia levado aquilo a sério... Mas deveria levar, pode acreditar. Jane correu aos Laboratórios STAR, onde Barry e Nora estavam. No hangar inferior, especificamente.
— Mandou muito bem. — Barry disse-a.
— O que eu perdi? — Jane perguntou se juntando a eles.
— Aconteceu um incêndio num prédio perto do centro. — Disse Barry olhando para Jane. — Nora apagou tudo criando vórtex de ar. Nossa filha mandou bem.
— Arrasei. — Nora disse animada. — Eu realmente não sabia que era tão difícil criar vórtex de ar. É fácil, mas mantê-los numa direção especifica por mais de vinte segundos é muito difícil.
— Basta movimentar seu braço em voltas e manter a mesma frequência. O Dr. Wells me ajudou com isso na primeira vez. — E se lembrou da verdade. — Digo... Eobard Thawne.
— O Flash Reverso? Ele... Ajudou você?! — Questionou Nora extremamente curiosa.
— Ele matou o Harrison Wells da Terra 1, um homem inocente, para tomar seu rosto e se passar por ele. Assim, ele me treinou e me usou para mandá-lo de volta para o futuro.
— E você o matou?
— Não... Eddie Thawne, um ancestral do Eobard e ex-namorado da Iris, atirou no próprio peito com uma arma. Assim, Thawne nunca iria nascer. Ele foi apagado da existência.
— Então como ele continuou existindo?
— Como sabe que continuou? — Indagou Jane.
— É... Eu li no museu. — Ela disse.
— De alguma forma, ele voltou e ajudou nazistas da Terra-X. Depois disto, fugiu e eu nunca mais o encontrei. — Disse Barry pensativo.
— Enfim, não vamos falar do passado. — Jane disse. — Barry, por que você não ajudou a Nora no incêndio?
— Ah, esquecemos de mencionar esse detalhe. Eu corri para Vegas, por algum motivo. Mas não tive consciência disso. Eu estava lá com ela e, de repente, eu estava em Vegas.
— Foi a mesma coisa que aconteceu comigo no jogo de Softball. — Disse Nora. — E com o Jonesy. Do nada, apagamos e fazemos coisas e, depois, nossa consciência volta.
— Será que foi indução hipnótica? — Sugeriu Caitlin chegando ao local.
— Olha, parece algo bom, mas eu teria percebido se alguém tivesse tentado me hipnotizar. — Disse Barry.
— Pois é. — Concordou Nora. — E por que alguém nos hipnotizaria para salvar pessoas?
— Publicidade. — Disse Jane já entendendo o que estava acontecendo. — Spencer Young quer ficar famosa deixando você famosa. — Jane disse olhando para sua filha.
— Você não sabe disso, mãe.
— Ela admitiu quando estávamos conversando. — Logo depois, Jane apertou algumas teclas e, no monitor, apareceu uma postagem do Spyn Zone: "O FUTURO É FEMININO... GAROTA VELOCISTA EM CENTRAL CITY?" — Olhem o horário da postagem.
— 19h52m. — Leu Barry. — O incêndio na CCPD nem havia sido alertado ainda.
— Creio que fique fácil criar uma notícia quando você mesma a cria. — Disse Jane.
— Então ela é uma meta que usa hipnose para criar notícias? — Questionou Caitlin. — Isso sim é fake news.
— Não acho que seja ela. Ela é fofa. — Disse Nora. — Mãe, acho que você está se precipitando.
— Nora, não estou.
— Está sim! — Insistiu.
— Quer saber? Vamos descobrir. Tenho um plano.
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Harry, quando veio à Terra 1 pela primeira vez para enfrentar o Zoom, trouxe consigo relógios que identificavam metas. Fora assim que o resto do time, além de Jane, havia descoberto sobre os poderes de Cisco. Se Nora usasse um desses quando chegasse perto de Spencer, iria descobrir se ela era ou não uma meta humana. Barry e Jane se posicionaram em uma van perto do Jitters onde Spencer estava. Através de um microfone escondido no moletom de Nora, escutariam a conversa entre as duas. A velocista do futuro não queria acreditar que uma pessoa como Spencer, que aparentava ser boa, era alguém que só se importava com curtidas. Porém Jane tinha certeza de que aquilo era verdade. Barry concordava com sua esposa, porém não queria magoar Nora. Sendo assim, não opinou. Cada vez mais, Jane ficava chateada com o relacionamento que estava criando com sua filha. E temia mais ainda o futuro.
— Obrigada. — Spencer agradeceu pelo café à garçom. — Sabe, vocês deviam criar uma bebida da nova velocista. A XS. — A garçom assentiu e saiu dali. Nora entrou no Jitters e, assim que viu Spencer, andou até sua mesa. A garota se assustou ao perceber a presença da velocista do futuro. — Caramba, que susto.
— Desculpe, Spencer.
— Eu... Te conheço?
— Nora... — Barry disse ao microfone. — O objetivo era apenas se aproximar 1,5 m dela e apertar o botão. Não dialogar...
— Não, não conhece. — Nora respondeu, ignorando seu pai.
— Mas você me conhece.
— Sim, conheço. Você é Spencer Young. Leio tudo que posta no Spyn Zone. É um ótimo aplicativo. As histórias fantásticas e muito bem escritas. Sou uma grande fã.
— Nora... — Disse Jane ao microfone.
— Eu adoro conhecer fãs. — Spencer respondeu em um tom, surpreendemente, adorável. —Especialmente fãs fofas e adoráveis como você. — E sorriu para Nora.
Dentro da van ao lado, Barry e Jane se entreolharam.
— É... — Barry disse um pouco confuso. — O que está acontecendo?
— Ela está flertando com nossa filha. — Disse Jane saindo da van. — Já volto.
— Ela está... O quê? — Barry ficou alguns segundos raciocinando, quando finalmente entendeu. — Ah!
E como Barry Allen era lerdo. Essa era uma de suas principais características.
— Você tem um nome? — Spencer perguntou à Nora.
— Nora! — Disse Jane já entrando no Jitters. Sorriu forçadamente para Spencer. — Não quer checar a hora?! Estamos um pouquinho atrasadas.
— Peraí, conhece ela? — Perguntou Spencer.
— Conheço. Ela é a minha... Minha... — Nora ligou o relógio. Após alguns segundos uma mensagem apareceu na tela: Nenhum meta encontrado. Nora sorriu.
— Bom, já estou indo. — Spencer disse. — Espero ter um encontro fofo com você qualquer dia, Nora. — E saiu dali.
Jane ficou confusa quanto ao resultado do relógio. Estava tudo indicando para Spencer. Se não era ela, quem era? A história combinava perfeitamente com uma escritora mimada que quer apenas fama e, para isso, não se importaria em usar seus poderes. Mas o relógio que Harry desenvolveu nunca errava. Sendo assim, novas perguntas se estabeleciam.
— Eu disse, mãe. — Nora disse-a sorrindo. Estava muito feliz. Claramente, havia gostado de Spencer ter flertado com ela.
— Sério, filha? Ela?
— Ela é atraente! E fofa.
— Ela é perigosa, Nora. Estou tentando te proteger, certo?
— Você não cansa de fazer isso?! — E virou as costas para Jane.
— Nora, volte aqui agora mesmo! — Disse Jane já cansada. — O que isso significa? É por isso que me odeia? Vamos resolver logo isto!
— Esqueça.
— Não! — Jane respondeu friamente. — Eu não vou esquecer!
— Quer mesmo saber? Você mentiu para mim!
— Eu... O que?! Eu jamais mentiria para minha própria filha.
— Jamais?! Então o que é isso?! — Nora reajustou a gola de seu moletom, mostrando uma cicatriz próxima de seus seios. Era bem profunda, mas estava bem cicatrizada. Jane não entendeu. — Você instalou um chip inibidor de poderes em mim para tirar minha velocidade e, até seis meses atrás, eu nem sabia que tinha poderes! Minha vida inteira foi uma mentira porque você quis "me proteger". Mas advinha? Não preciso que faça isso. E tudo isso apenas porque você tinha medo de que eu tivesse um destino como o do meu pai.
Finalmente Jane entendia. Não era porque ela se tornou fria após a morte de Barry. Isso também, mas o principal motivo era outro. Ela havia tentado proteger sua filha de seus poderes, impedindo-a de ser quem deveria ser. O motivo disso era que ela, mais do que todos, sabia os riscos que a velocidade trazia. Ela tinha medo que Nora tivesse um destino como o do Flash, mas acabou fazendo com que ela a odiasse. E não poderia mudar, pois aquilo havia acontecido no futuro que Nora conheceu. Estava destinada à ser odiada por sua filha.
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— O que está fazendo? — Perguntou Barry vendo Jane usando os computadores.
— Nora me bloqueou, então estou tentando usar o computador quântico para obrigá-la a aceitar minhas ligações, mas não estou conseguindo!
— Isso não é... Um pouco extremo?
— É, Barry. É muito extremo! Eu estou desesperada. Então sim, é louco e desesperado. Mas, recentemente, eu tenho me sentido uma louca e desesperada também. — Jane respirou fundo. — Eu jurei que dar espaço à ela faria ela mudar comigo, mas o problema não é ela. Sou eu. Não sei como pude fazer isso com ela, Barry.
— Mas não fez. Jane, não pode se culpar por algo que talvez faça no futuro.
— Posso sim, Barry. Eu suprimi os poderes da nossa filha. Mantive em segredo uma grande parte de quem ela é durante toda a vida dela. Eu fiz isso!
— Ela vai te perdoar.
— E se o meu pai fizesse algo assim com você depois da explosão do acelerador? — Barry ergueu seus olhos. — Viu? Não consigo entender como pude fazer algo assim com ela. — E lágrimas eram suprimidas pelos olhos de Jane. Lágrimas que queriam sair, mas a raiva as impedia.
— Também não entendo, mas nem preciso. Eu sei que tudo que faz por nossa família é por amor. Então, seja lá qual seja o seu motivo no futuro, acredito que era o certo a ser feito, e você deveria acreditar nisso também.
— Não tive um motivo. Eu estava apenas preocupada de Nora ter o mesmo destino que você.
— Tenho certeza de que você fez o que era preciso, querida.
— Bom, está difícil ter certeza disto.
— Que bom que eu tenho certeza por nós dois. — E beijou a testa de Jane. Ela tinha tanta sorte em ter ele. Um alarme começou a tocar. Jane olhou para os computadores. — A CCPD está recebendo ligações de pessoas no jogo de futebol no Estádio de Central City... Bomba.
— Está nos jornais também. — Afirmou Ralph entrando no córtex.
— A CCPD já evacuou o estádio. — Leu Caitlin.
— Vamos lá. — Disse Jane olhando para Barry. — Temos que desarmar a bomba.
— Temos que encontrá-la antes. — Disse Barry.
— O que houve? — Perguntou Nora entrando no córtex.
— Explicamos no caminho. — Disse Barry a ela.
Logo depois, os três velocistas saíram dos laboratórios e correram até o estádio. Assim que chegaram, começaram a vasculhar toda a área em busca da bomba. Jane vasculhou cada cadeira, em baixo de cada arquibancada, ao lado de cada compartimento. Mas nada. Não havia nenhum explosivo. Assim que retornou ao centro do campo, viu as expressões de Barry e Nora. Certamente, não pareciam ter encontrado nada. Foi quando, ao microfone, Cisco os disse algo.
— Pessoal, olhem a data da postagem da Spencer. — Disse ele mostrando ao resto do time que estava no córtex.
— 11h5m. — Leu Ralph.
— Agora olhem o horário em que a polícia foi alertada.
— 11h10? — Questionou Ralph. — Cinco minutos depois.
— Caitlin, me dê uma ajuda? — Pediu Cisco. — Pode dar uma olhada na tomografia do Oficial Jonesy? Vou comparar ao código do post da Spencer pelo descompilador.
— Consegui. — Disse Caitlin enviando o arquivo.
— Vamos descobrir o que está por trás dessa belezinha. — Disse Cisco já comparando através do programa descompilador. Segundos depois, obteve uma resposta. — Sincronização total. — Leu. — O código corresponde perfeitamente ao da Spencer.
Logo depois, no placar que marca os pontos do jogo no campo, uma notícia apareceu: "XS mata o Flash e a Fúria Escarlate."
— São as notícias! — Exclamou Cisco aos velocistas pelo microfone.
— O quê? — Questionaram Jane e Barry ao mesmo tempo.
— É assim que a Spencer hipnotiza as pessoas. Elas leem suas manchetes.
— Nora, não olhe para o placar! — Jane disse-a, mas já era tarde. Os olhos de Nora estavam com códigos, como os do Kilgore. Ela estava sendo hipnotizada. — Oh, merda.
Nora correu e atirou raios contra seus pais. Assim como na manchete dizia, ela iria matá-los. Em seu olhar não haviam mais expressões humanas. Estava tomada pelo ódio. Ódio distribuído de maneira não natural. Por hipnose.
— Nora, precisa sair dessa! — Barry disse-a se levantando.
— O que preciso fazer é matar vocês.
Logo depois, Barry e Jane começaram a correr pelo estádio, e Nora os seguia na intenção de matá-los. Não sabiam o que fazer. Não podiam impedi-la. E, se quisessem, iriam ter de matá-la. Além de que, mesmo que estivessem dispostos a isso, a linha do tempo iria se bagunçar. Nora atirou mais raios contra os dois, que caíram ao chão da grama molhada do campo. Ela iria matá-los ali mesmo. Porém, algo aconteceu. Uma brecha se abriu e, de dentro, saiu uma figura encapuzada com uma arma em mãos. Ele atirou e Nora caiu no chão. Barry verificou a pulsação e o coração. Estava viva, apenas desmaiada. Provavelmente o tiro havia sido apenas um dardo sedativo. Jane e Barry olharam para a figura, afim de descobrir quem era.
— Quem é você?! — Questionaram já pensando que se tratava de uma ameaça.
Foi quando a figura retirou seu capuz, revelando um rosto conhecido. O mesmo rosto do maior detetive do multiverso, porém com um sorriso gigantesco, uma sobrancelha levemente retraída, olhares animados e, em suas mãos, baquetas.
— HR?! — Jane e Barry disseram ao mesmo tempo.
— Essa Terra nunca para de me surpreender. — Ele respondeu-os. — O que aconteceu no tempo em que estive fora?
— Muita coisa, amigo. — Disse Barry abraçando-o.
— HR?! — Questionou Cisco ao microfone.
— Isso mesmo. Pessoal, sabem onde a Spencer foi?
— A CCPD desativou todas as torres de celular da área para impedir a detonação imediata da bomba. — Disse Caitlin. — Ou seja...
— Ela deve estar perto. — Completou Sherlock. — Para poder mudar as manchetes também, claro.
— Ela está no estádio. — Disse Ralph.
Jane começou a vasculhar a entrada e, no estacionamento, estava Spencer.
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— Nunca me canso do café desta Terra. — Disse HR com dois expressos em sua mão.
— Spencer está presa em Iron Heights. — Disse Barry chegando ao córtex junto de Nora e Jane. — E, logicamente, o HR está tomando café.
— Quem é esse sujeito? — Perguntou Sherlock desconfiado.
— Ah, sou Harrison "HR" Wells. O prazer é todo meu. O seu rosto é bem bonito, meu camarada.
— Ah, obrigado... O seu... Também.
— Bom, acho que a equipe mudou um pouco, né? — Disse HR. — Vejo novos rostos aqui, como... — E olhou para Ralph. — O seu! Quem é você?
— Ralph Dibny. Eu sou... Um cara que estica.
— Oh, interessante. E... — Olhou para Nora. — Você. Aliás, me desculpe pelo sedativo.
— Sem problemas.
— Sem ressentimentos? Bom, fico aliviado. Quem é você, exatamente?
— Ela é nossa filha. — Disse Jane. HR se assustou. Olhou para Nora e, em seguida voltou seus olhares para Barry e Jane. — Longa história...
— Isso é tremendamente bizarro, mas, ao mesmo tempo, faz sentido. Você tem o rosto de seu pai e os olhos de sua mãe. E como estão, pessoal? O que eu perdi desde que fui embora?
— Nada demais, apenas um professor de faculdade com um cérebro gigante que tentou fazer com que os cérebros de todas as pessoas do mundo voltassem a ser bebês. — Disse Cisco. — A filha do Barry que veio do futuro, um ceifador meta humano com uma adaga maneira...
— E o que você fez nesse tempo, HR? — Perguntou Caitlin.
— Eu vivi muitas aventuras! Todas elas incríveis! Viajei por todo o multiverso, conheci heróis, equipes, versões alternativas de mim mesmo e de vocês...
— Que tal nos contar alguma?
— Hm... Vejamos... Já sei! Que tal uma em que um dinossauro viajante do tempo invadiu a cidade? Foi na Terra 234. Esse dia foi louco.
— Tá legal, a partir de agora preferimos que guarde suas histórias para você. — Pediu Cisco.
— Pelo menos, agora sem a Spencer, podemos voltar a focar em problemas maiores. — Disse Barry.
— Sim, podemos. — Complementou Sherlock. — Vejamos...
— O Sherlock acha que descobriu a chave para a identidade do Cicada, pessoal. — Disse Caitlin.
— Uma pista crucial para nos ajudar a desvendar nosso pequeno mistério... Todos nós conhecemos o som característico do Cicada. E também sabemos que tem haver com a máscara dele. — Disse o detetive com ela em mãos. — Mas não é somente por isso, é porque ele tem um problema nos pulmões.
— O quê? — Perguntou Nora. — Que tipo de problema?
— Historicamente, há um evento que faz com que o David Hersch se torne o Cicada, mas não desta vez. Há um Cicada diferente porque...
— Porque a Nora nos ajudou a destruir o satélite. — Disse Jane olhando para Barry.
— Exatamente, o golpe da Nora no satélite mudou a trajetória dos destroços, que agora atingiram outra pessoa e feriram o novo Cicada. — Explicou Sherlock.
— Mas como ele conseguiu os poderes? — Perguntou Ralph.
— O DeVoe encheu os satélites de matéria escura. Faz sentido os destroços terem também. — Disse Cisco.
— Então o Cicada e a adaga foram criados no dia do Esclarecimento. — Afirmou Jane.
— Os poderes foram adquiridos ao mesmo tempo.
— Mas esperem, a parte da adaga ainda não faz sentido. — Disse Jane.
Foi quando Barry percebeu algo de diferente no celular da Spencer. Na parte de trás dele, haviam raios de matéria escura. E então, vendo aquilo, ele ligou o quebra-cabeça.
— Pessoal... O satélite não criou somente metas. Criou tecnologia meta também.
— Que coloca habilidades meta-humanas nas mãos de qualquer um. — Cisco disse. — Que... bizarro.
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Jane se aproximou de onde estava Nora. A noite era fria e escura. Os Laboratórios STAR estavam bem iluminados e aquecidos, diferente do resto da cidade. A loira tentava encontrar as palavras certas para falar com sua filha, em busca de conseguir contornar a situação e manter uma boa relação com ela. No futuro, Jane havia escondido os poderes de Nora para mantê-la segura, mas esse tipo de segredo não se guarda da filha de dois velocistas. A garota passou toda sua vida se perguntando por que, mesmo ela sendo filha do Flash e da Fúria Escarlate, não havia nascido com super velocidade. Ela apenas queria honrar o legado de seus pais. E saber que sua mãe escondeu aquilo dela foi uma das maiores decepções que ela poderia ter.
Jane, pensando na situação, teve a certeza de que jamais faria isso com Nora. Ela jamais teria coragem de esconder algo tão importante dela, algo que pode e iria moldar o coração de Nora. Ao que parece, o desaparecimento de Barry na crise a destruiu tanto a ponto de ela ter medo de que sua filha tivesse o mesmo destino, mas isso não era direito dela escolher. Nora estava de pé junto a uma das janelas dos Laboratórios STAR, observando a cidade lá fora com um olhar distante. Ela podia sentir a presença de sua mãe se aproximando, mas não se virou imediatamente. Quando finalmente virou, seus olhos se encontraram com os da Fúria Escarlate, e havia um misto de raiva e tristeza neles.
— Nora... Podemos conversar?
— Acho que não temos nada para conversar.
Jane se aproximou lentamente, sentindo o coração apertar diante da dor eminente nos olhos da filha. Ela colocou uma mão gentil sobre o ombro de Nora.
— Nora, me escute. Eu sei que foi um erro terrível da minha parte. Eu não tenho certeza, mas estava com medo. Medo de te perder, assim como perdi o seu pai na Crise. Eu queria te proteger, mas agora vejo que isso foi um erro. Você merecia saber a verdade, e merece a chance de abraçar o que você é. Eu sinto muito por eu mesma no futuro não ter visto isso.
Nora respirou fundo, lutando contra as lágrimas que ameaçavam escorrer por seu rosto. Ela sabia que a mãe estava sendo sincera.
— Eu só queria ter a chance de honrar o legado de vocês, de fazer a diferença. Mas você tirou isso de mim, mãe!
— Eu não posso mudar o futuro, mas posso mudar o agora. Eu só quero continuar mais tempo com você. Eu adoraria isso mais do que qualquer coisa, sério! Você é forte, corajosa e tem um lugar ao lado de seu pai e de mim. Nós enfrentaremos o futuro juntas, eu prometo.
Mãe e filha se abraçaram, compartilhando um momento de reconciliação e esperança nos Laboratórios STAR, enquanto a noite lá fora continuava a avançar, e o futuro se tornava mais brilhante para ambas.
PRCIOU STILES ©
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