4⚡CHAPTER FOURTEEN: A MÁSCARA DE MURMUR
Chapter Fourteen; A Máscara De Murmur
Em pouco tempo, aconteceria a chamada audiência de apelação. Jane e Cecile teriam uma última chance de tirar Barry da prisão, mas não sabiam como. Não possuíam novas provas ou recursos que pudessem usar. Se não agissem ou bolassem um plano, Barry ficaria preso pelo resto de sua vida. E nada poderia mudar isso. Nada. Em Iron Heights, a loira velocista se encontrava com Cecile na tentativa de falarem com Barry sobre o assunto.
— Obrigada por vir, Cecile. — Disse apertando as mãos da advogada.
— Sem problemas, Jane.
— Não é como se o Barry estivesse muito confiante sobre essa audiência de apelação...
— Tenha esperança. — Disse em um tom otimista. — Ainda temos alguns dias de preparo.
— Eu sei, mas não tivemos novas ideias para inocentar o Barry.
Estavam de frente para o lugar de visita onde Jane falava com seu marido pelos telefones através da barreira. Ele não estava ali. Onde é que estava, afinal?
— O problema é que ele não parece estar aqui... — Observou Cecile.
— Sra. West Allen. — Uma voz conhecida disse vindo de trás.
Cabelos crespos, pele negra, olhos escuros, cavanhaque bem ordenado.
— Diretor Wolfe. — Disse Jane surpresa.
— Infelizmente não poderá ver seu marido hoje, ele se meteu em uma briga.
— Uma o quê?
— Uma briga no pátio.
— O quê?! — Disse Jane, confusa. Barry não era assim. — Ele está bem?!
— Sim, está bem. Não se feriu muito. A culpa não foi dele. Mas, segundo protocolo de Iron Heights, os envolvidos tem que passar uma semana isolados.
— Ele está seguro lá?!
— Não poderia estar mais. É bem comum, na verdade.
Cecile, naquele momento, captou algo vindo do homem. Uma onda... Um poder... Uma sensação... Uma voz... Podia enxergar seu interior, a verdade. Wolfe estava mentindo. Ele dizia que Allen estava seguro, mas sua mente dizia outra coisa.
Que loirinha idiota. Allen está seguro até meia noite, depois ele pertencerá à Amunet.
Os recentes poderes de Cecile eram extremamente úteis. Eles fizeram-na perceber a verdade. Ela leu a mente de Wolfe e descobriu que agora o homem estava trabalhando com Amunet Black. Meia noite daquele dia, Barry seria entregue à criminosa. Não demorou para ela retornar.
— O que houve? — Jane perguntou.
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— Wolfe está traficando meta humanos?! — Joe perguntou, ligeiramente confuso. — Todos são desonestos nessa cidade?
— Sempre soube... — Disse Cisco. — Ele sempre pareceu presunçoso naqueles ternos italianos de lã. Céus, ele é literalmente um lobo em pele de cordeiro.
— É uma parceria perfeita. — Caitlin disse. — A Amunet comercializa metas e o Wolfe tem uma prisão cheia deles.
— E sendo o diretor, ele consegue fazer os detentos sumirem sem causar suspeitas. — Disse Jane. — Maldito.
— Falarei com o Singh. — Disse Joe.
— E vai falar o que, pai? Não pode dizer que a sua namorada grávida com poderes psíquicos gestacionais contou a você.
— É verdade. — Cecile disse. — Singh vai achar que você é um pai desesperado em tirar um filho da prisão.
— Onde está o Harry? — Joe perguntou. — Ele pode ajudar.
— Foi para a Terra 2 ver a Jessy. — Disse Cisco.
— Certo, estamos sem opções dentro da lei e eu não posso tirar o Barry de lá em super velocidade e nem o Cisco pode tirar ele de lá com uma brecha. Como impedimos isso?!
— Oi, gente. — Disse Ralph, entrando no córtex. — Desculpem o atraso.
— Está tudo bem.
— Não, não está! Eu esbarrei com um velho parceiro de negócios. Ele é um idiota com uma barriguinha pra fora — Enquanto Ralph falava das características do homem, seu corpo as adquiriam. Sua barriga cresceu. —, com aquela barbinha idiota e aquele cabelo grisalho... — Segundos depois, ele se transformou no homem. — Earl é um otário! — Foi quando percebeu sua voz. — Por que minha voz está, exatamente, como a dele?
Ralph havia se transformado, totalmente, no homem. Mas como? Aparentemente, suas habilidades elásticas possuíam muito mais utilidades. Cisco ligou as câmeras do córtex e as conectou no monitor, mostrando a Ralph como ele estava.
— Meu Deus... — Exclamou Jane, abismada.
— Cacete, eu sou ele! Que droga, eu não quero ser ele! Como desfaço essa barriguinha?! E esses cabelos?! E essa barba toda mal feita?! Que pesadelo!
— Caitlin, como isso é possível?
— As habilidades elásticas de Ralph vão além de se esticar, pelo visto. Suas células conseguiram se regenerar com base nas do Earl somente com os pensamentos do Ralph.
Ralph começou a se contorcer e, segundos depois, voltou ao normal. Jane havia tido uma ideia. Agora que os poderes de Ralph haviam se mostrado com mais utilidades, poderiam ser usados para impedir o plano do esquema de Amunet.
— Pessoal. — Jane os chamou, chamando toda a atenção da sala para si. — Se o Ralph pode mesmo se transformar em qualquer um, pode se transformar no Diretor Wolfe e se encontrar com a Amunet antes de meia noite.
— E cancelar o negócio antes de acontecer. — Disse Cecile.
— Eu vou cancelar o que? — Perguntou Ralph, que estava um pouco perdido.
Um tempo depois, Ralph estava praticando sua transformação. Ele olhava para uma foto de Wolfe e tentava reproduzir em si. Precisaria mudar até mesmo a cor de pele e o estilo do cabelo para se parecer com o carcereiro. Tentou várias e várias vezes, mas a cada vez parecia pior.
— Que tal? — Ele perguntou ao time após tentar mais uma vez.
Seu rosto estava brutalmente esticado e amassado, achatando-o. Estava parecido com qualquer coisa, menos com o Diretor Wolfe.
— Sabe aquela pintura que ganha vida em It: A Coisa? Está igualzinho. — Disse Cisco.
Ralph voltou ao normal, frustrado.
— Isso é impossível! — Ele exclamou.
— Não, Ralph. Não é impossível. — Disse Caitlin. — Suas células polimerizadas estão ligadas ao seu pensamento. Você deve poder se transformar em quem pensar.
— Não dá!
— Ralph, quando aprendi a ter velocidade eu tive que aprender a tirar da minha mente todos os meus outros pensamentos. Acha que consegue fazer isso? — Jane o perguntou.
— Certo, vou tentar.
— Faça mais do que tentar! A vida do meu marido está em suas mãos e nós contamos com você!
Aquilo o pressionou.
— Acho que o que você quis dizer foi "Sem pressão, Ralph". — Disse em um tom irônico. Logo depois, ele tentou novamente. Dessa vez ele havia conseguido. Era o próprio Wolfe agora. — Minha Nossa Senhora, consegui! Uau! Talvez eu possa salvar o Barry!
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Ralph entrou no bar onde Amunet operava, tentando imitar a postura de um carcereiro respeitado. Certamente não era nada fácil. Não importava o quão sério tentava parecer, menos conseguia. Se esbarrou em uma mesa, quase a derrubando. Ignorou completamente e fingiu estar tudo bem. Os homens do bar ficaram um pouco desconfiados.
— Wolfezão para Equipe Flash. — Disse ao microfone. — Entrei, e agora?
— Ralph, o líder principal da operação da Amunet é o Norvok. — Caitlin disse. — Então deverá falar com ele primeiro.
— Pegue uma bebida. — Disse Jane. — Aja como durão.
— Barman? — Ralph o chamou. — Algo bem gelado, por favor.
Logo depois, Norvok surgiu atrás dele. Ralph se assustou, mas tentou não demonstrar.
— O que diabos está fazendo aqui? — Ele perguntou, pensando que Ralph era Wolfe.
— Gostaria de falar com a Amunet sobre o negócio, por favor.
— Pode falar com ela quando acontecer, há meia-noite.
— Droga, Ralph. Ninguém fala com o Diretor Wolfe assim! Ele é um homem respeitado. — Jane o disse pelo microfone.
Ralph segurou Norvok e o empurrou contra a parede, tentando o intimidar.
— Escuta aqui, seu cachorrinho inútil! Marque uma reunião com sua chefe agora ou arrancarei esse seu olho de cobra e vou estrangular você com ele, entendeu?!
Norvok se sentiu intimidado. Se ele soubesse que era Ralph jamais iria sentir medo. Porém ele o via como Wolfe. Wolfe era capaz de atrocidades, algumas até mesmo presenciadas por Norvok.
— Tudo bem, cara. Beleza. — Disse. — Vem comigo.
Ralph seguiu o capanga até Amunet, que praticava luta boxe. Em volta dela, estavam outros capangas e a criatura da máscara com a boca perfurada. Murmur. Estavam garantindo a segurança da chefe criminosa para caso algo acontecesse.
— Diretor. — Amunet o disse. — Presumo que esse não seja um daqueles bons encontros de emergência. Algumas horas antes do grande projeto criminoso.
— Temos de adiar o negócio. — Disse Wolfe.
— O quê?
— Meus ouvidos lá fora disseram que a polícia foi avisada. Não sei como. Talvez a CCPD tenha hackeado as câmeras ou algo assim.
— Você disse que não haviam câmeras. — Amunet o refutou.
Droga, ela me encurralou, pensou ele.
— Eu disse? Ah, sim. Eu disse mesmo. Mas aí, depois, instalei algumas.
— Instalou, é? — Amunet ajeitou o terno do homem. — Tem algo de errado com o grande e mau Wolfe... Se você for mesmo ele, quero dizer.
— Que droga isso significa? — Ele perguntou à criminosa. — Sou o mesmo cara com quem você sempre negociou.
— Certo, e quem seria esse cara?
— Aquele que te dá a mercadoria. — Ralph estava encenando bem, apesar de seus erros. — Você precisa bem mais de mim do que preciso de você. Então quando digo que o negócio deve ser adiado, é porque tem que ser adiado!
Amunet se sentiu um pouco ameaçada, mas ao ver os que estavam de seu lado viu que um simples carcereiro de penitenciaria não poderia fazer nada com ela. Além de que a mesma comanda o maior esquema criminoso e corrupto da cidade. Mexer com ela era como mexer com a própria morte.
— Tudo bem. — Ela respondeu delicadamente, preocupando Dibny.
Foi quando algo aconteceu. Um imprevisto. A orelha de Ralph começou a derreter. Estava tentando se esticar para voltar ao seu normal.
— Que droga é essa?! — Exclamou Norvok.
— As vezes odeio que mintam para mim. — A vilã disse. Segundos depois, Ralph já havia voltado ao seu normal. — Murmur, pegue ele.
A criatura começou a se contorcer pela sala, perseguindo Ralph, que corria o mais rápido que podia. Murmur atirou adagas extremamente afiadas que perfuraram as costas de Dibny, o atrasando. Logo depois ela começou a o socar de diferentes de formas. Naquele mesmo segundo, a Fúria Escarlate surgiu salvando Ralph.
— Quem é você, afinal?! — Jane perguntou olhando nos olhos escuros cobertos pela máscara de boca costurada. O ser não respondeu, apenas começou a enfrentá-la de igual para igual. Por algum motivo, a Fúria Escarlate ficava mais lenta ao tentar enfrentar o inimigo em super velocidade. O que estava acontecendo? — Como faz isso?! — Jane só havia uma opção. Uma que não a colocava de frente para o perigo. Ela começou a correr em volta dos prédios próximos e atirou um poderoso raio, derrubando e desmaiando Murmur.
Ela correu até o corpo desmaiado e, antes mesmo de prendê-lo, viu sua máscara. Estava bem ali, parada. Era o momento perfeito para ela descobrir quem estava por trás dela. Jane não perdeu tempo e, após fazer um pouco de esforço, tirou a máscara. Não poderia acreditar no que estava vendo. Cabelos castanhos escuros com destaques vermelhos. Um corpo pequeno, pele morena escura e olhos castanhos em forma de amêndoa. Aquela era Melanie, sua amiga de infância.
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Melanie acordou, ainda um pouco atordoada. Ao abrir seus olhos, viu onde estava. Era uma sala dos Laboratórios STAR. Uma cela, especificamente. À sua frente, estava a menina de pele pálida, cabelos loiros na altura dos ombros e olhos verdes desbotados que complementam sua pele pálida. Jane West Allen, ou, Fúria Escarlate.
— Jane?! O que você... — Melanie levou alguns segundos até perceber sobre o que se tratava. — Ah, você é ela. Você é a Fúria Escarlate.
— E você é o Murmur. Me diga apenas um motivo, Melanie. É só o que eu te peço, por enquanto. Pensei que éramos amigas e que você era uma boa pessoa.
— Eu tive de fazer isso.
— Por que?!
— Porque Michael Amar é meu pai biológico. — Jane ficou apenas sem dizer nada. Estava em choque. — Eu sei, tive a mesma reação que você está tendo agora. Mas é a verdade. Meu nome verdadeiro é Melanie Amar. Minha mãe me contou a verdade faz uns anos.
— Esse é o motivo de você cooperar no maior esquema criminoso de Central City?
— Meu pai, antes de virar ladrão e ser preso pela Equipe Arqueiro, trabalhou com a Amunet. Eles eram aliados. Ele tinha uma dívida com ela, e eu estou pagando ela.
— Colocando uma máscara e se chamando de Murmur?
— Sim. Era assim que ele era conhecido pelos murmúrios que fazia na prisão. A boca costurada na máscara é uma homenagem à ele.
— Então ele morreu.
— Sim. Depois da batalha envolvendo o Darhk, ele foi levado sob custódia de volta. Isso antes dele morrer esfaqueado dez vezes no pulmão por uma gangue criminosa. Além de cumprir a dívida, estou trabalhando para a Amunet porque ela vai descobrir qual é a gangue.
— Aí você vai matá-los?
— Sim, como fizeram com meu pai.
— E como se contorce daquele jeito?
— Eu também estava no ônibus, Jane. Eu mudei. Você também, pelo visto. Sério? Esperava muitas coisas de você, mas Fúria Escarlate? Então o Barry é o Flash. Por isso que só você tem aparecido na cidade, porque Barry está preso por assassinato.
— Injustamente.
— Injustamente?
— Um meta chamado DeVoe nos manipulou. Ele também é o culpado por transformar você e todos os outros do ônibus em metas.
— Então diga a ele que agradeço.
— Você mudou mesmo, Melanie. Eu nem te reconheço mais.
— Não pode me deixar presa como um animal aqui.
Jane apenas saiu dali e correu até o córtex, onde viu o Time Flash. Tentavam pensar numa forma de impedir Amunet, mas estavam correndo contra o tempo.
— Tem que haver uma forma. — Disse Cisco.
— E tem. — Disse a loira. — Indo até Iron Heights, meia noite, e impedir o negócio.
— Jane, você está falando de lutar contra a Amunet e uma prisão cheia de guardas armados no território deles. — Caitlin disse-a. Mas não restava opção.
— É a única opção que nos resta. Exatamente meia noite, nós entramos lá. Cisco, você abre uma brecha e nós atravessamos.
Um tempo depois, seguindo o plano, Cisco abriu uma brecha. Era, exatamente, meia noite. Jane e Nevasca atravessaram. Esperavam encontrar um cenário de luta, mas não. Estava tudo escuro. No pátio da prisão, estava Barry. Ele estava parado, imóvel, com um olhar destruído. Algo terrível havia acabado de acontecer, e Jane podia sentir.
— Querido, o que houve?
— DeVoe. — Ele respondeu, secamente. — Ele matou todos.
— Todos quem?
— Todos os metas do ônibus que estavam aqui. No meio da negociação com a Amunet, ele surgiu e matou todos. Becky, Kilgore, Rundine, Mina... Cada um deles. Ele usou uma ferramenta da cadeira flutuante e roubou seus poderes. Consequentemente, morreram.
— Ah, droga... — Exclamou Jane. DeVoe estava criando um plano ainda maior. Ter adquirido os poderes dos metas para, logo depois, os matá-los tinha uma importante função no grandioso e mirabolante plano do vilão. — Agora vamos para casa, querido.
— Não. — Ele respondeu com olhares transbordados de receio.
— Barry. — Cisco o chamou na tentativa de convencê-lo, mas nada o faria mudar de ideia.
— Não posso. Se for para eu sair daqui, somente perante a lei. Eu tentei fugir com os prisioneiros e impedir a Amunet, mas isso não vai mais acontecer. Afinal, todos morreram. Vou ficar até vocês darem um jeito de me tirar daqui legalmente. Só assim eu me sentiria liberto.
Jane sabia que nada iria o convencer. Barry Allen, de todas as pessoas que ela já conhecera, era o mais certinho de todos. Ele nunca faria algo de ruim. Desde sempre tomou suas decisões com base em seus princípios e no que considerava ser certo. Sempre seria assim, até mesmo em momentos realmente complicados. Afinal, aquela poderia ser a única chance que teriam de tirar o velocista dali. Ele estava disposto a viver o resto de sua vida ali se fosse certo, mas não era. Nada daquilo era certo. Barry não era culpado. DeVoe era o grande vilão.
— Essa pode ser a nossa única chance de te salvar. — Afirmou Cisco.
— Todos nós temos que decidir quem somos... Este é quem eu sou.
Aquele não era ele, e Jane sabia disso. Ele não tinha aqueles olhares acabados, aquelas olheiras quase roxas, a falta de brilho nos olhos, a falta de esperança... Aquele estava longe de ser o Barry. DeVoe havia o destruído. Aquele lugar havia cuidado disso.
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Era o tão esperado dia da audiência de apelação. Jane estava sem esperanças. Não tinham novas provas. Seguiu até o tribunal, onde encontrou Cecile. Alguns minutos antes do inicio, a advogada disse a loira que, noite passada, ela e o Time Flash haviam criado um plano. Um plano que, sem dúvidas, funcionaria. Um plano infalível, mas para isso teriam de esperar a chegada de alguém ao tribunal. Mas quem?
— Novas provas, Sra. Horton. — O juiz pediu. — Foi o que a senhora disse a este tribunal, disse que havia as encontrado. Mas não as vi, nem ouvi e nem nada sobre. E as circunstancias não mudaram de forma que me faça solicitar um novo julgamento. A menos que tenha algo a acrescentar, essa audiência de apelação acabou.
— Entendo, meritíssimo, mesmo. — Disse Cecile. — Mas se puder esperar mais alguns minutinhos, eu tenho certeza de que...
— Cansei de esperar. Ou tem algo de novo a acrescentar ou não tem. Qual dos dois?
A pessoa esperada ainda não havia chegado, já era tarde demais.
— Não tenho mais nada a acrescentar, Meritíssimo.
Marlize sorriu com aquilo. Por mais que já soubesse do que iria acontecer, sorriu para Jane presunçosamente.
— Então eu julgo a apelação de Barry Allen como...
— Espere. — Uma voz disse, entrando no lugar.
Cadeira de rodas, cabelos bagunçados, um olhar sério, terno. Mas não podia ser... Não naquele corpo pelo menos. Todos do tribunal se levantaram perplexos. Marlize se assustou como nunca antes. Aquilo não estava no plano dela. O juiz ficou paralisado.
— DeVoe?! — Jane questionou extremamente confusa.
— Não é o DeVoe. — Cochichou Cecile. — É o Ralph.
Ralph havia se transformado em Clifford DeVoe, assim como fizera com o carcereiro Wolfe.
— Imagino que esteja me procurando, Meritíssimo.
— Como diabos isto aconteceu?! — O juiz questionou. — O senhor foi encontrado no apartamento de Barry Allen. Estava morto.
— Fui esfaqueado. Ouvi uma voz falando sobre incriminar alguém. Essa manhã, acordei em minha própria casa. Eu também estou surpreso.
— Sra. DeVoe. — O juiz a chamou. — Isto faz algum sentido para a senhora?
— Não, eu estou tão surpresa quanto o senhor, Meritíssimo.
— Meritíssimo... — Cecile o chamou. — A nossa cidade tem vários e vários registros de pessoas que pareciam mortas e que surgiram bem vivas depois.
— Isto é impossível!
— Impossível? Excelência, é tão impossível quanto um homem e uma mulher que correm na velocidade do som? — Jane sorriu. — Central City é o ar do impossível.
— Tenho tantas perguntas quanto o senhor, Meritíssimo. — Disse Ralph. — E estou ansioso para trabalhar junto das autoridades para resolver este mistério.
— Tenho certeza de que a CCPD mostrará grande interesse nisso. Acho que o tribunal deve considerar que Clifford DeVoe está vivo e bem. Barry Allen está livre de todas as suas acusações e ordeno que seja solto da Penitenciaria Iron Heights nesse instante.
Jane se emocionou. Lágrimas saíam de seus olhos e desciam por seu rosto. Finalmente ele estava livre. Poderia tocá-lo novamente. Haviam vencido... Vencido o plano de DeVoe. Marlize estava com tanta raiva. Ela não poderia fazer mais nada para deixar Barry preso. Ele estava livre, e nada poderia mudar isso. Cecile estava tão feliz. Haviam conseguido. Aquele julgamento havia ficado na história do júri. Nenhum dos presentes imaginavam o desfecho daquela história. Jamais poderiam imaginar que em uma simples audiência de apelação tudo aquilo aconteceria. Não era nada comum. A vítima, antes morta, aparecendo viva e sem saber explicar o que aconteceu. De fato, o plano do Time Flash havia sido genial.
⚡
E lá estava ele, sentado na mesma mesa que almoçava e jantava durante sua infância. Ao lado do corredor que sempre jogava bola. Aquela casa estava repleta de memórias, e Barry se sentia extremamente feliz por poder estar ali novamente, ainda mais ao lado das pessoas que ama. Todos estavam ali. Seus amigos, sua esposa, sua família... Não precisava de mais nada para alcançar a felicidade. Ele já tinha tudo.
— Está em seu lar. — Jane disse ao seu marido, acariciando o rosto do velocista.
— Você é o meu lar. — E a beijou logo depois sorrindo.
Joe agarrou Barry por trás e o abraçou com bastante intensidade. Estava feliz em ver seu garoto bem e de volta para eles. Pensava que jamais o veria se não através de um vidro.
— Como está, Barry?
— Bem, eu acho. Estou em casa.
— Acho que você está precisando de uma boa refeição. Vou fazer um bolo de carne. O seu favorito. — Joe o disse, lembrando dos velhos tempos quando Barry ainda era criança.
— Bolo de carne? Que nojo. — Disse Cisco. E todos o olharam com estranheza. — Me perdoem, mas acho que bolo de carne é um prato muito superestimado.
— Pessoal estou livre agora, não importa o que aconteceu antes. Estou feliz de estar aqui com todos vocês.
— Um brinde a isso. — Disse Caitlin.
— Barry. — Jane o chamou. — Esqueci de te contar uma coisa. Melanie é o Murmur.
— Murmur? O meta da Amunet?
— Sim. Ela é filha biológica de Michael Amar e se juntou à Amunet para encontrar a gangue que assassinou o pai dela. Ela estava no ônibus e ganhou a habilidade de se contorcer da forma que o Murmur faz. O novo, ao menos. Nem sei como ela foi capaz...
— Pessoas mudam, querida.
— Menos você, ao visto.
— Hoje celebramos, amanhã voltamos a tentar prender o homem que te incriminou. — Joe o disse. Estava decidido a pegar DeVoe.
— Um brinde a isso. — Jane disse. E brindaram. Porém havia algo nos olhares de Barry. Ele olhava fixamente para um ponto perto da porta, pensativo. Estava muito preocupado. Jane já sabia o que era. Ele, certamente, estava pensando em DeVoe e em como jamais conseguiriam capturá-lo. — Barry, vamos vencer ele.
— Não, não é isso... — Então o que era? — É que lá, em Iron Heights... Não tinha nada impedindo o DeVoe de invadir a ala de metas e absorver os poderes deles. Lá estava o Mago do Tempo, a Pião e vários outros inimigos que derrotamos. Ele poderia ter absorvido os poderes deles e mais, mas não roubou.
— Ele só quer os metas do ônibus... — Disse Jane.
— Sim, ele quer os poderes deles para alguma coisa, todos eles.
— Conhecemos um meta do ônibus...
Ralph chegou na casa logo depois, um pouco atrasado. Todos o encaravam justamente por ele ser um meta do ônibus. Ele era uma vítima de Clifford. Estava incluído no grande plano de DeVoe. Assim como todos os metas, ele era mais um da qual o vilão precisava dos poderes. Jane também se lembrou de Bryan. Ele também era um meta do ônibus. Logo, assim como Ralph, estava em perigo.
PRCIOU_STILES ©
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